terça-feira, 15 de dezembro de 2015

"Vende-se ar engarrafado"

Aproveitando que as últimas postagens foram sobre a COP, hoje vamos falar sobre algo que se achava inimaginável e, para alguns, até motivo de piada, mas que se provou ser uma triste realidade, embora com um certo quê cômico. 

Depois de, pela PRIMEIRA VEZ, a cidade de Pequim declarar alerta vermelho em relação à poluição da cidade, uma empresa chinesa começou a vender ar engarrafado do Canadá. A novidade, que parece absurda, logo pegou o gosto dos chineses e todo o estoque já foi esgotado na empresa. 

Facetas exploradoras, aproveitadoras e cruéis do capitalismo à parte, esta notícia, curiosa para não dizer outra coisa, nos convida a refletir sobre alguns questionamentos para o nosso futuro e o das gerações que nos sucederão. 

A primeira delas diz respeito a enorme cara de pau, na falta de um termo melhor, das autoridades da cidade de Pequim em ligar o alerta vermelho para a poluição da cidade, quando, já à época das olimpíadas, o nível de poluição nas áreas de competição, inclusive em Pequim, era 102 vezes acima do considerado aceitável pela ONU. 102 VEZES!  É só agora eles vêm dizer que o nível é alarmante?

Além disso, começamos a perceber, nas pequenas coisas, como esse acordo que vem sendo costurado na COP é de extrema importância para o planeta. Precisamos urgentemente de medidas globais para reverter esse quadro de poluição, agravamento do efeito estufa, aquecimento global, alterações climáticas e etc...

Do contrário, estaremos fadados a um cenário apocalíptico onde a guerra não será pelo petróleo, mas pela água. E isso já ocorre em alguns lugares, como no Oriente Médio, por exemplo, só pra citar um deles.

Contudo, fica um pouco difícil de você buscar soluções para um problema global quando nos deparamos com notícias como essa aqui.   

É de se revirar de raiva um discurso desse. Principalmente quando um símbolo da luta contra o desmatamento faria aniversário hoje, se estivesse vivo. 

Perdão, Chico Mendes, perdão. Mas a luta continua!

Aliás, o Google está prestando uma bela homenagem a este símbolo da luta contra o desmatamento. Vale a pena conferir. 


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A urgência por um acordo em Paris

Antes de iniciar a postagem desta semana, queria me desculpar pelo atraso na mesma. Ontem estava sem internet e só conseguir regularizar a situação hoje. 
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Na semana passada, comecei falando sobre mais uma COP, a 21ª, que está sendo realizada em Paris, e alertei sobre mais um jogo de empurra que seria feito sobre um acordo que tem uma pressa enorme para ser feito, mas anda a "passos de formiga e sem vontade". 

Quase que no mesmo tom, o fantástico publicou no domingo passado uma reportagem que faz um alerta sobre a importância dessa COP 21. 

A reportagem apresenta inclusive um vídeo que projeta como diversas cidades litorâneas serão atingidas pelo aquecimento global. Embora, é bom deixar bem claro que este é um problema numa lista enorme onde podemos também citar a migração compulsória, a perda de biodiversidade, de terrenos agricultáveis, uma reconfiguração espacial de países com áreas litorâneas, além da perda de território, aumento das médias térmicas da Terra, entre outros. 

Enquanto isso, vemos que o acordo ainda emperra numa questão antiga sobre o que cada país deseja em relação ao mesmo. Se de um lado temos os países centrais acreditando que todos devam arcar com os custos de maneira igual, de outro temos os países periféricos e em desenvolvimento alegando que a maior parcela de culpa cabe aos países centrais e, portanto, o maior esforço para resolver essa solução deve partir deles através de financiamentos de pesquisas, compartilhamento de informações e desenvolvimento de tecnologias capazes de retardar esse quadro alarmante. 

Muitos creem que a saída é amenizar ao máximo as fontes poluentes, não para que elas deixem de poluir, mas para que poluam menos. Já outros acreditam que uma mudança de matriz energética pode ser o fio condutor deste acordo, reduzindo assim sensivelmente os níveis de poluição. 

Neste cabo de guerra parece não haver vencedores, pois ambos estão corretos em suas posições; já que o certo seria que as mesmas se complementassem, e não fossem tratadas como opostos. 

Instalar filtros nas indústrias, obrigá-las a tratar seus rejeitos antes de despejá-los na natureza, por exemplo, é tão importante quanto investir no aproveitamento das energias solar e eólica em escala industrial, para que o custo de sua produção seja barateado e assim possamos realmente aproveitar uma energia limpa, sem grandes impactos ao meio ambiente. 

Além dessas medidas, somam-se leis ambientais mais rigorosas e que se façam cumprir através de uma fiscalização mais combativa e eficaz. Talvez uma universalização de leis ambientais em determinadas situações fosse também um grande avanço, desde que se respeite a soberania de cada país. 

Com um leque tão grande de sugestões e medidas, a costura de um acordo que guie o mundo na direção certa para reverter o agravamento do efeito estufa não parece ser um trabalho hercúleo. Mas enquanto esse cabo de guerra persistir, veremos inúmeras COPs que naufragarão junto com as cidades litorâneas das animações do link acima; e o nosso planeta, com isso, vai pelo mesmo caminho...

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

COP 21

Mais uma COP está ocorrendo e mais uma vez o mesmo tabuleiro se monta, as mesmas jogadas são postas na mesa e o final é tão anunciado que essa reunião mais parece uma pré-férias para os chefes de Estado do que outra coisa. 

O primeiro movimento mais batido dessa cúpula é a expressiva falta de vontade política dos países centrais em se empenharem por um acordo sobre os impactos ambientais. O que aliás chega a ser engraçado, pois quem mais polui é quem menos quer reduzir os impactos causados. 

Enquanto isso, vemos o protocolo de Kyoto perder sua validade e seu vigor (se é que algum dia os teve) enquanto o novo acordo é costurado "com passos de formiga e sem vontade". Muitas questões e ideias são postas na mesa, algumas até de origem brasileira como a da responsabilidade comum, porém diferenciada. Nesta ideia, todos são responsáveis pelos impactos ambientais, mas cada um com sua parcela. Diante disso, cada país deveria apresentar formas de amenizar os impactos ambientais, cabendo, por exemplo, aos países desenvolvidos financiar, captar recursos e transferir tecnologias para combater os impactos ambientais causados pelo homem. 

A descrença, particularmente minha, diante dessas reuniões se dá pelo seguinte: em uma situação hipotética. um país se compromete a reduzir 50% das emissões em 100 anos. Por sua vez, outro país se compromete a reduzir os mesmos 50%, mas em 120 anos. Diante disso, o primeiro país resolve revogar seu acordo inicial, causando um efeito dominó, pois o segundo também resolve fazer o mesmo e, no final, não se chega a acordo nenhum. 

De uma forma bem simplista, esse tipo de situação, esse jogo de empurra na verdade, é o que acontece em toda COP. Os países centrais possuem a disposição de um caramujo para resolver criar um acordo, já os países periféricos pressionam por um acordo que jogue a conta pra cima quase que exclusivamente dos países centrais em que, destes últimos, partam as soluções e todo o financiamento possível para que o mundo consiga sair dessa crise. E assim, andamos em círculos durante reuniões cuja expectativa é que saia um acordo panaceia para a questão climática global que se agrava a cada segundo, mas a realidade passa ao largo disso.

Apesar de tudo, líderes como Obama inflamam discursos de salvar o Planeta. Contudo, ainda acho que teremos mais uma reunião para assistir um cachorro correr atrás do próprio rabo. Pior para a gente, para o Planeta e para as futuras gerações; se é que elas chegarão a existir...