Segundo o centro de pesquisas WRI, de Washington (EUA), aproximadamente 20% da população do planeta já vive situações de estresse hídrico (quando a água extraída de fontes e nascentes sobrepõe a capacidade disponível para aquela área), o que contribui ainda mais para um quadro de catástrofe climática, social e econômica.
Uso uso da água aumentou consideravelmente nos últimos anos e especialmente com o avanço não só da tecnologia, mas também com o crescimento populacional. Essa "equação" resultou numa necessidade cada vez maior por água; o que já está levando algumas regiões a falta da mesma ou a conviver com situações de grave estresse hídrico, o que pode desencadear em outros fatores.
Atualmente, a agricultura é um dos principais vilões no quesito de demanda por água. Especialmente quando se fala de uma agricultura irrigada onde não há o cuidado da utilização mais eficiente deste bem.
Grande parte da água usada em plantações agrícolas é desperdiçada, pois não há um controle rigoroso de quanta água que é utilizada para irrigar uma plantação ou a forma mais eficiente de sua utilização.
Também entra nessa lista a pecuária, embora em menor patamar, mas não menos preocupante, com a chamada "exportação virtual". Estima-se que dezenas de litros de água são utilizados para cada quilo de carne vendido, valor esse que se perde na exportação e não é cobrado no valor final do produto.
Mesmo que o fosse não resolveria a questão hídrica na pecuária, pois dificilmente seria revertido para contornar situações de estresse hídrico causadas pela própria atividade.
Soma-se a isso o fato (absurdo) de que a maior parte das plantações no mundo não são destinadas a pessoas, mas a fabricação de ração para animais que, mais tarde, serão parte da refeição da população.
População essa que também consome água e contribui para o estresse hídrico ser acentuado nas mais diversas escalas. O que compõe uma união de fatores que contribuem para uma situação calamitosa num futuro não tão distante.
A ocorrência do estresse hídrico em diversas áreas do planeta, pode acarretar (ou ser agravada) por processos de arenização e desertificação que podem ocorrer nessas áreas devido a demanda excessiva por água que pode "secar" as fontes disponíveis levando à alterações climáticas.
Por conseguinte, não fica difícil prever que pessoas migrariam para outras regiões (o que causaria o estresse hídrico em regiões onde antes não havia ou mesmo agravaria em regiões onde já ocorria), conflitos surgiriam (pelo controle de fontes e nascentes de água, como já há em certas áreas do Oriente Médio), o preço dos alimentos e de produtos da pecuária também poderiam se elevar (os mais pobres seriam afetados pela ausência de recursos para adquirir esses gêneros), mudanças climáticas poderiam ocorrer nas mais diversas escalas, paisagens seriam irreversivelmente modificadas e a lista não para...
Entretanto, ainda, não é o fim do mundo. Diversas são as formas que se apresentam para reduzir o estresse hídrico. Desde reaproveitamento da água, utilização da água da chuva, técnicas de irrigação mais eficientes e que combatam o desperdício (como a de gotejamento, muito utilizada em Israel), campanhas para o uso consciente da água, redução no consumo de carne, manutenção e aumento da eficiência das redes de abastecimento, são algumas das soluções que se apresentam para contornar essa situação que pode e, se nada for feito, vai se tornar um agravante no clima do planeta, com consequências sociais e econômicas.
Resta saber se diante de tantas soluções, que países estão dispostos a realmente executá-las?