Durante este período de crise é comum vermos em jornais e revistas governos – principalmente o americano – aprovando pacotes bilionários para tentar salvar algumas empresas. Contudo ao analisarmos esta situação com um pouco mais de zelo, podemos perceber algumas disparidades e algumas questões que podem passar despercebidas por nós.
Primeiramente é preciso entender como de fato essa crise se instaurou. Imagine a seguinte situação: Você vai comprar uma casa que vale 100.000, financiada por um banco a juros flutuantes (juros que acompanham o mercado) de 10% , ou seja, com isso o valor inicial deste financiamento sai por 120.000. Porém o banco precisa reaver este dinheiro o mais rápido possível, já que ele precisa reinvestir o dinheiro e/ou emprestá-lo a uma outra pessoa. Então o banco cria um título de dívida no valor de 118.000 e o negocia no mercado. Uma pessoa o compra, mas digamos que ela queira passar adiante, assim ela faz a mesma coisa que o banco e assim sucessivamente; porém vai se chegar uma hora em que o título de dívida passará a valer o valor real da casa – o que significa prejuízo – Assim, o que o banco faz. Ele aumenta os juros do seu financiamento e assim o financiamento que era de 120.000 passa a ter o valor de 160.000; você que comprou a casa não tem dinheiro para manter o pagamento deste financiamento, logo você não paga o financiamento e, por tabela, todas as outras pessoas e o banco não recebem. Assim foi desenhada a crise atual.
Atingindo empresas dos mais diversos setores a crise levou empresas a pedirem dinheiros aos governos para não falirem. Os governos prontamente atenderam e assim pacotes bilionários foram aprovados na tentativa de se recuperar essas empresas. O que, dentro deste contexto, levantam duas questões.
A primeira questão a ser levantada é a inversão brutal de valores que ocorre neste planeta. Se o dinheiro que foi liberado para “salvar” as empresas fosse distribuído por TODA A POPULAÇÃO MUNDIAL cada pessoa receberia em torno de R$ 90.000,00 a R$ 100.000,00. Com isso você para e olha para dentro do seu país e de outros também e observa que muitas pessoas trabalham a vida inteira e ganham um salário de fome e não conseguem juntar a quantia citada acima. Mostrando assim o poder que essas grandes empresas têm sobre os governos.
A segunda questão que surge se remete ao fato do sistema econômico vigente no mundo, o Neo-Liberalismo. Será que ele realmente existe?
Todos sabem que um dos pilares do Neo-Liberalismo é a não intervenção do Estado na economia, ou como muitos gostam de chamar “O Estado mínimo”. Ou seja, um Estado totalmente ausente das questões econômicas que agora passam a ser controladas pelas empresas. Pois bem, e o que mais estamos vendo diante dessa crise não é o Estado interferindo na economia? Seja através de pacotes bilionários, seja através de uma participação dentro delas. – como o governo americano que é acionista majoritário de GM dos EUA com a quebra da mesma em virtude da crise – O estado mostra assim que sempre foi e sempre será um principal fator dentro da ordem econômica vigente seja ela qual for. Sendo assim, o Neo-Liberalismo nada mais é do que apenas uma bandeira sobre qual se pode defender ou protestar, seria apenas um nome sobre o qual você pode realizar manifestações de apoio ou de protesto.
Mais do que uma crise financeira a mesma traz a tona discussões que nos levam a refletir sobre certas causas que, apesar de não muito divulgadas pelos veículos de comunicação em massa, devem ser sim debatidas e mostradas a todos. Fica aqui a minha parte...
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