Mais uma conferência para reavaliar o tratado de não proliferação nuclear vem aí...
Realizada de 5 em 5 anos a conferência procura discutir se o tratado é cumprido pelos países signatários além de medidas a serem tomadas caso o mesmo não seja comprido por um dos membros.
A última reunião começou com os mesmos contornos da reunião que se realizará este ano: EUA de um lado e Irã do outro e acabou por resultar em nada. Para 2010 parece que continuará estagnado já que de um lado teremos os EUA que insistem em aplicar sanções ao Irã enquanto este não suspender o seu programa nuclear, ao passo que fecha os olhos para países como Israel e Paquistão que possuem tecnologia nuclear.
Tudo bem que os dois últimos países citados não são signatários do acordo, mas é sabido que suas tecnologias nucleares se proliferam e muitas vezes há até o contrabando nuclear, como no caso do Afeganistão, e ninguém move uma palha sequer em cima deste assunto; claro que por interesses econômicos e políticos. Os mesmos interesses que levam a China e a Russia a buscarem a diplomacia com o Irã ao invés de apoiarem as sanções que tanto querem impor os EUA.
Irã que, por sua vez, se defende alegando se utilizar da energia nuclear apenas com fins pacíficos e acusando os EUA de impedirem o desenvolvimento dos outros países que optam por esse meio para se desenvolverem.
Com este cenário de queda de braço a reunião deste ano está perto de começar e se ambas as partes não chegarem a um acordo de caráter efetivo, parece que teremos mais uma reunião condenada ao fracasso.
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Irã e Egito estão se preparando para enfrentar os Estados Unidos e seus aliados em torno do direito de Israel e países em desenvolvimento de possuir tecnologia atômica. A batalha será travada numa reunião importante sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT).
O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad deve participar da conferência, que começa na próxima segunda-feira e continua até 28 de maio. Ele enfrentará a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que lidera a delegação dos EUA na conferência, que acontecerá na sede da Organização das Nações Unidas.
Diplomatas preveem que Ahmadinejad assumirá postura de desafio aos EUA e seus aliados ocidentais, acusando-os de tentar privar países em desenvolvimento de tecnologia nuclear e, ao mesmo tempo, fazer vista grossa para a capacidade nuclear de Israel.
Os 189 signatários do histórico tratado de controle de armas de 1970 --que visa impedir a proliferação de armas nucleares e pede aos países que possuem ogivas atômicas que abram mão delas-- se reúnem a cada cinco anos para avaliar o cumprimento dos termos do pacto e os avanços feitos para alcançar suas metas.
A última conferência de revisão do NPT, em 2005, foi amplamente vista como desastrosa. Após semanas de discussões sobre procedimentos, lideradas pela ex-administração dos EUA, Egito e Irã, a conferência terminou sem que fosse obtido um acordo sobre uma declaração final.
Analistas e diplomatas da ONU esperam que as coisas sejam diferentes desta vez e que a conferência consiga infundir vida nova em um tratado que não conseguiu impedir a Coreia do Norte de fabricar uma bomba nuclear nem forçar o Irã a encerrar seus trabalhos de enriquecimento de urânio.
Outros fatores que ressaltam a debilidade do NPT são a rede ilícita de fornecimento de materiais nucleares, liderada pelo Paquistão, e os avanços lentos sobre o desarmamento.
Presume-se que Israel possua um arsenal nuclear, mas o país não confirma nem nega a informação. Como a Índia e o Paquistão, Israel não é signatário do NPT e não vai participar da conferência.
Ahmadinejad é o líder de mais alto escalão a participar da conferência. Ele vai viajar a Nova York enquanto diplomatas dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, se reúnem quase diariamente em Manhattan para redigir um esboço de resolução impondo uma quarta rodada de sanções contra Teerã em função de seu programa nuclear.
Diplomatas dizem que os seis países estão longe de chegar a um acordo e que Rússia e China procuram diluir uma proposta de sanções redigida pelos EUA.
"Uma conferência bem-sucedida intensificaria a legitimidade do tratado, em um momento em que sua eficácia está em dúvida devido aos programas nucleares iraniano e norte-coreano", disse David Albright, chefe do Instituto de Ciência e Segurança Internacional, em depoimento ao Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara de Deputados dos EUA.
A Coreia do Norte retirou-se do tratado em 2003 e testou artefatos nucleares em 2006 e 2009. As potências ocidentais pedem penalidades mais duras para os países que se retiraram do pacto, incluindo a obrigatoriedade de inspeções mais rígidas da ONU e outras medidas que dificultariam o desenvolvimento de armas atômicas pelos países.
Enviados ocidentais dizem que, se a conferência tiver êxito, resultará em uma declaração que abranja os três pilares do NPT --o desarmamento, a não proliferação e o uso pacífico da energia nuclear.
Falando com jornalistas esta semana, o embaixador egípcio à ONU, Maged Abdelaziz, elogiou as novas iniciativas de desarmamento tomadas por Obama mas disse que os países em desenvolvimento querem mais. Além disso, disse que é importante não focar exclusivamente a ameaça nuclear representada pelo Irã.
O Egito enviou à conferência um documento de trabalho pedindo uma reunião internacional com a participação de Israel que começaria a trabalhar para um tratado para estabelecer no Oriente Médio uma zona de congelamento de armas nucleares.
Diplomatas disseram à Reuters que EUA, Rússia e os outros três membros permanentes do Conselho de Segurança estão abertos à proposta e esperam chegar a um acordo com Cairo.
Extraído de msn.com.br
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