Volta e meia, como na reportagem abaixo, se publicam dados sobre o trabalho escravo, ainda existente em nosso país. Herança maldita que nem deveria ter sido instituída, seja aqui ou em qualquer lugar, essa prática ainda se faz presente em atividades industriais e de agricultura onde pessoas, devido a sua condição de instrução ou legal (imigrantes ilegais) se submetem a condições precárias de trabalho como jornadas de trabalho de mais de 12 horas e salários irrisórios.
Por conta disso, a expectativa de vida dos que se submetem a esse tipo de trabalho tende a ser pequena, tamanha exploração a qual passam nesses serviços.
O governo até tem se mexido para acabar com esse tipo de exploração em âmbito nacional, mas acaba tampando o sol com a peneira. O que ocorre é que o governo apenas liberta os trabalhadores dessas condições, mas não oferece nenhum tipo de capacitação a esse trabalhador que acaba voltando a esse tipo de situação.
Outro problema que essa questão atravessa é a forma como muitas vezes essa questão é noticiada pelos jornais.
Recentemente, trabalhadores da construção da hidrelétrica de Jirau protestaram contra as condições de trabalho pelas quais passavam: truculência dos seguranças, moradia precária, comida ruim, etc. através de protestos e da paralisação das obras. Contudo, foram taxados pelos meios de comunicação como baderneiros e destruidores, tendo sempre suas reivindicações lidas em tom de puro desdém, como se o que eles recebessem já estivesse de bom tamanho.
E, as condições precárias, que deveriam ser mostradas e denunciadas, ficaram em último plano.
A questão é delicada e precisa ser erradicada de vez. Já passou da hora de varremos do mapa essa prática lamentável, mas de forma eficaz que é através da capacitação da mão de obra via educação de qualidade e todo o aparato necessário para que ela se realize: comida, condições de habitação satisfatórias, saneamento, professores qualificados... Enfim... Ainda há um longo caminho pela frente, mas que precisa ser trilhado com urgência.
Brasil ainda tem cerca de 20 mil trabalhadores que atuam em condição análoga à escravidão e os atuais métodos de combate à prática criminosa ainda não são suficientes para zerar a conta.
Quem admite a situação é o Ministério Público do Trabalho (MPT) que lançou nesta quinta-feira 27 uma campanha nacional para sensibilizar a sociedade desse problema que persiste mais de um século depois do fim da escravidão no país. A campanha busca atingir empresários, sociedade e trabalhadores por meio de propagandas de TV, rádio e uma cartilha explicativa.
A ideia é mostrar que o trabalho escravo não se configura apenas pela situação em que o trabalhador está preso em alguma propriedade no interior, sem comunicação. “A legislação penal brasileira mudou em 2003 e incluiu condições degradantes de trabalho e jornadas exaustivas como situações de trabalho escravo. O trabalho escravo não é só o que tem cerceio de liberdade, pode ser psicológico, moral”, explica Débora Tito Farias, coordenadora nacional de erradicação do trabalho escravo do MPT.
Essa mudança na percepção está levando os órgãos fiscalizadores a encontrar novas situações de trabalho degradante também no meio urbano, como em confecções e na construção civil. A campanha pretende ajudar a sociedade a identificar e denunciar essas práticas. “A pressão social hoje é um fator muito importante em qualquer tipo de campanha. É importante que a sociedade perceba que a comida, o vestido pode ter um componente de trabalho escravo”, afirma o procurador-geral do Trabalho, Otávio Lopes.
Segundo o procurador, a compra de produtos que respeitem a dignidade humana deve ser vista da mesma forma que já ocorre com produtos orgânicos e com a preservação da natureza. Atualmente, uma lista do Ministério do Trabalho detalha os empregadores que submeteram trabalhadores à condição análoga a de escravo. Mais conhecida como lista suja do trabalho, a publicação tem hoje 210 empregadores listados.
Lopes afirma que o principal problema para zerar o trabalho escravo no Brasil é a reincidência, uma vez que muitos trabalhadores resgatados e não qualificados acabam voltando para a situação que tinham antes. “Quando tiramos aquela pessoa da situação de trabalho e não damos uma alternativa de qualificação, não estamos ajudando, estamos enganando.”
De acordo com o MPT, as parcerias para qualificação do trabalhador estão sendo firmadas com administrações estaduais e locais, de acordo com a necessidade econômica de cada região.
Extraído de cartapital.com.br
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