domingo, 31 de julho de 2011

Aviso aos navegantes

Caros leitores do blog, 

Sei que ando em falta com as atualizações do blog, mas foi por um bom motivo: estive ocupado durante esse tempo com a minha monografia. 

No próximo fim de semana, voltarei ao normal com as atividades do blog. 

Desculpas pelo longo atraso. 

domingo, 10 de julho de 2011

Cinema, Pipoca e Geografia! - Grande Demais Para Quebrar

Resultado de imagem
A indicação desta vez trata-se de um tema que ainda é muito recorrente e muito recente: a crise americana de 2008. O filme "Grande demais para quebrar" explica como ocorreram os acontecimentos que levaram a crise de 2008, bem como mostra os desdobramentos da mesma e como o governo americano interviu para contornar essa crise.

Apesar do filme se utilizar muito do "economêshá uma parte que se passa no ministério da fazenda deles que explica de uma forma bem palatável como ocrreu a crise. 

É um ótimo filme para se entender a crise e como ela se deflagrou, bem como seus desdobramentos e também serve para mostrar (fica aqui uma provocação) se realmente o Estado deixou de intervir na economia alguma vez...
  

domingo, 3 de julho de 2011

E na Grécia tudo vai de mal a pior...

Desde que ocorreu a crise nos EUA em 2008, a Grécia vem passando uma crise que parece interminável. Mesmo que esta crise tenha se desenhado com os prejuízos das olimpíadas sediadas pelo país em 2004, a crise de 2008 pare ter sido o fim da linha para a Grécia que agora vive de pires na mão pedindo ajuda aos outros países do mundo... 

E não tardou a chegar a "ajuda". Porém, a mesma mão que dá ajuda, toma com uma violência de uma eficiência nefasta. Em troca dessa ajuda o FMI e agora até a União Européia pedem que a Grécia passe por reformas, leia-se reduzir os gastos públicos e aumentar os impostos. Já viram algo parecido por aqui no início dos anos 90 ? Eu também... 

Sabendo que a redução dos gastos públicos significará demissão de funcionários e a redução da assistência do Estado, a população recebeu essa ajuda de forma negativa e com razão. O problema é que o país está endividado até o pescoço e não está vendo outra solução a não ser se vender em troca de ajuda, totalmente intencionada...

É a velha cartilha do neoliberalismo ressurgindo na Grécia... 

A União Européia prometeu ajuda financeira à Grécia para evitar a falência no país. O dinheiro só será concedido, no entanto, se o Parlamento grego aprovar plano de austeridade, finalizado durante negociações com os credores internacionais.
Em comunicado, os 27 líderes do bloco afirmaram que medidas como redução de gastos públicos e aumento de impostos precisam ser finalizadas nos próximos dias e que isso dará base para estabelecer parâmetros do novo programa de desembolso pela UE e FMI.
O primeiro-ministro grego, George Papandreou prometeu aprovar a reforma radical da economia. O ministro de finanças Evánguelos Venizelos fechou em reunião com inspetores da EU e do FMI acordo sobre aumentos adicionais de impostos e cortes de gastos públicos.
O texto foi analisado em uma primeira reunião com Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, a premier alemã Ângela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy. Depois, o documento passou pelo crivo dos outros 27 dirigentes e do presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet.
O novo pacote de austeridade deve ser votado na próxima semana é essencial para que a Grécia receba a ajuda, de 12 bilhões de euros. Segundo informações da agência Estado, um segundo plano também poderia ser acionado, disponibilizando 110 bilhões de euros para o país em crise.
As medidas, que visam conter gastos, tiveram repercussão impopular. Isso porque é provável que os trabalhadores sejam os mais prejudicados, com o corte de empregos e aumentos dos impostos. A aprovação do pacote gerou cisão interna até mesmo no partido do governo socialista. Membros afirmaram que não votarão pela aprovação do pacote.


Extraído de cartacapital.com.br

Trabalho Escravo + Desmatamento = Ferro Gusa... Só aqui mesmo...

Recentemente foi publicado uma notícia que pra mim é estarrecedora. Foi revelado que siderurgias mantém o mercado negro de produção de carvão que favorece o desmatamento e o trabalho escravo na Amazônia. 

Como a produção de carvão legal simplesmente não supre o ritmo de produção de Ferro Gusa das siderurgias, as mesmas compram carvão de carvoarias ilegais, que se utilizam do trabalho escravo, e o transformam em carvão legal para sustentarem seu ritmo de produção. 

O esquema se mantém graças a uma corrupção enorme em que governo e empresas privadas são cúmplices. Algo que infelizmente não é nenhuma novidade... 

Uma denúncia em relação a isso já havia sido feita há 7 anos atrás, mas todos ficaram quietinhos e deixaram passar, o mesmo agora está sendo feito com essa denúncia. Só espero que o final não seja o mesmo. 

O carvão é utilizado para alimentar os fornos na queima de minério de ferro para a produção de ferro Gusa que é exportado e volta pra cá em forma de outra mercadoria com um valor agregado muito maior do que o ferro Gusa que vendemos... 

Inúmeras notícias são dadas sobre a corrupção que gera a destruição massiva da Amazônia e parece que nada é feito em relação a isso. Como dizem parece que eles só vão parar quando perceberem que a última árvore foi ao chão e eles notarem que dinheiro não se come. 


A produção do ferro gusa, um dos principais componentes da liga do aço, só é possível por conta da extração de madeira ilegal na Amazônia, de acordo com pesquisa feita pelo Instituto Observatório Social. Isso significa que, caso as empresas siderúrgicas decidam pela compra apenas de carvão produzido dentro da lei, o sistema brasileiro de produção de aço, que gera 32,9 milhões de toneladas anuais, entraria em colapso.

A estratégia de lavagem foi descoberta porque, pelos dados divulgados pelas próprias siderúrgicas, a quantidade de carvão que elas produziam é muito superior à sua capacidade oficial. O carvão vegetal, produzido a partir da queima de árvores, é utilizado no processo de transformação do minério de ferro, extraído de diversas minas na região do Carajás em ferro gusa, que é exportado.

A produção do ferro gusa, um dos principais componentes da liga do aço, só é possível por conta da extração de madeira ilegal na Amazônia, de acordo com pesquisa feita pelo Instituto Observatório Social. Isso significa que, caso as empresas siderúrgicas decidam pela compra apenas de carvão produzido dentro da lei, o sistema brasileiro de produção de aço, que gera 32,9 milhões de toneladas anuais, entraria em colapso.


De acordo com o estudo, a maior parte do carvão utilizado na queima do minério de ferro a transformação no ferro gusa é produzida em carvoarias ilegais. Para entrar nas siderúrgicas, o material é “legalizado” por meio de um esquema de corrupção envolvendo servidores do estado do Pará e empresas monitoradas.
A estratégia de lavagem foi descoberta porque, pelos dados divulgados pelas próprias siderúrgicas, a quantidade de carvão que elas produziam é muito superior à sua capacidade oficial. O carvão vegetal, produzido a partir da queima de árvores, é utilizado no processo de transformação do minério de ferro, extraído de diversas minas na região do Carajás em ferro gusa, que é exportado.
Através de dados divulgados pelas próprias siderúrgicas, a quantidade de ferro-gusa que elas diziam produzir era muito superior à capacidade máxima que poderia ser feita com o carvão que compravam legalmente. Em algumas empresas, apontou o estudo, a diferença chegava a 155%. Assim, os pesquisadores concluíram que parte desse ferro era produzida com carvão sem procedência definida em carvoarias clandestinas, que depois utilizavam as “monitoradas” para lavar seu produto ilegal.
“O problema é muito visível: as carvoarias estão lá”, afirma Marques Casara, jornalista que participou da pesquisa e acompanhou os problemas. Segundo ele, nas carvoarias não cadastradas, os trabalhadores vivem condições desumanas e queimam madeira sem nenhum tipo de proteção, às vezes nem mesmo com materiais mínimos de segurança – como calçados.
Casara acredita que a maior parte dos setores envolvidos na cadeia produtiva do aço sabe que financiam empresas que usam trabalho escravo e desmatam ilegalmente grandes trechos da floresta amazônica. “Siderúrgicas sabem do problema e seguem a política de obter o carvão a qualquer custo”, comenta o jornalista.
O uso de trabalho escravo e desmate ilegal foi denunciado em um relatório há sete anos. Um termo de compromisso foi assinado entre as empresas e autoridades da região, que começaram a ser monitoradas e a comprar apenas carvão produzido de acordo com a lei.
No entanto, mantendo as aparências, as empresas passaram a comprar o carvão sem procedência definida, muito mais barato.
Para isso, foi necessário suborno intensivo de funcionários do governo do Pará, que, entre outras práticas, emitiam documentos falsos permitindo extensos desmates em áreas de reserva. Investigações feitas pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal mostram que servidores inseriam crédito de madeira no sistema da Secretaria do Meio Ambiente, legalizando práticas de desmatamento sem fiscalização ou visitas às áreas.
“Já teve muito servidor que foi preso, mas aparentemente o problema não foi estancado”, diz Casara.
O jornalista afirma que todo o sistema de produção de aço não tem feito grandes esforços para se viabilizar sem o desmate ilegal de reservas na Amazônia.
Para mudar esse cenário, seria necessário um longo período de adaptação para que as empresas passem a usar carvão produzido apenas com madeira de reflorestamento. “Eles precisam parar de fritar a Amazônia para fazer ferro gusa”, diz.
Apesar de o esquema só ser possível por causa da conivência dos diversos setores envolvidos (como as maiores empresas que exploram ferro-gusa), o Ministério Público está tomando providências para que as companhias que usam o aço e siderúrgicas internacionais saibam do fato e parem de sustentar a cadeia clandestina, através do envio de cartas.
Fazem parte da cadeia produtiva marcas internacionais como Thyssenkrupp. NMT e Nucor Corporation.
“As diversas entidades (governo e siderúrgicas locais) foram pegas com a mão na massa. Elas não têm como responder: estão tentando ficar quietas para esperar a poeira baixar”, afirma Casara.
Nova Ipixuna
A pesquisa concluiu ainda que Nova Ipixuna, cidade onde, em 24 de maio, foram assassinados os lideres extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo – que denunciavam ilegalidades na região – é a jóia dos madeireiros e das carvoarias.
O Observatório Social, que organizou a pesquisa sobre as carvoarias, já havia divulgado em fevereiro matéria que mostrava que um milhão de metros cúbicos de carvão (cerca de 16 mil caminhões carregados) tinham sido esquentados por uma quadrilha que atuava na cidade com a ajuda de políticos, empresários e funcionários públicos.
O problema é que o município se encontra justamente na fronteira entre a mata intacta e o cinturão do desmatamento. José Cláudio denunciava grupos que desmatavam para, justamente, produzir grandes quantidades de carvão para alimentar a cadeia do aço.
Extraído de cartacapital.com.br

Ensaio e ressalva sobre a UPP

Já publiquei aqui em posts anteriores (1) (2) (3) ensaios sobre as UPPs e os motivos que acredito que estão por de trás de sua implantação. Pois bem, com um comentário recebido de um leitor do blog, a quem agradeço o comentário, que atentou para um descuido meu, resolvi reexaminar os posts e em cima dos mesmos continuar a fundamentar minha hipótese. Para isso, peço que observem o mapa abaixo. Se ficar muito ruim a visualização do mapa, CLIQUE AQUI.















O mapa está um pouquinho defasado, pois outras unidades já foram inauguradas, como a do Engenho Novo, mas ele serve para demonstrar minha hipótese. 

Com as olimpíadas e a Copa do Mundo chegando a nossa cidade, uma questão histórica que assola a nossa cidade se colocou na mesa dos governantes com rápida urgência em ser resolvida, leia-se maquiada, a segurança. 

Diante desses novos eventos que atrairão milhões de pessoas, nosso governo teve de pensar em uma solução para resolver a questão da segurança, não nossa, mas daqueles que virão aí... 

Com isso se pensou nas UPPs e sua implantação gerou, e ainda gera,  todo aquele circo televisivo que assistimos pela televisão. Impossível não se recordar da cena dos bandidos correndo da Vila Cruzeiro ao vivo no RJTV não ?

Pois bem, o esquema vem sendo implantado e diversas UPPs existem e outras tantas serão implantadas... Contudo, como geógrafo em formação que sou, achei no mínimo curiosa, mas nada espantosa, a distribuição espacial dessas UPPs e queria dividir isso com vocês.

Analisando esse mapa, vemos que a maioria esmagadora das UPPs estão localizadas na Zona Sul da nossa cidade (até aí nenhuma novidade, pois tudo o que é pra melhorar a cidade é implantando lá). Se nos remetermos a 2014, ano da Copa, e 2016, ano das olimpíadas, onde será que os turistas vão se hospedar ? Nem preciso responder... E é fato que com tanto gringo circulando por aqui é impossível não ver que também muito dinheiro estará andando por aí; e vai ficar muito feio as pessoas saírem daqui queimando o filme do Rio, além do que já fazem, dizendo que foram assaltadas aqui. Então... UPPs  para garantir  a segurança dos gringos...

Se observarmos também, vamos ver que há grandes concentrações de unidades das UPPs no centro da cidade, pois bem... Por onde todos esses gringos virão, pelo menos de forma maciça ? Pelo ar.

Pois é, se olharmos atentamente o mapa, vamos ver que há UPPs nas proximidades dos dois aeroportos da cidade. Mas o motivo não para só aí não, o centro é a principal ligação da cidade com todo o resto dela e as delegações vão circular de um canto pro outro para as arenas esportivas e como quase tudo converge pro centro da cidade aqui no Rio, pode ser que volta e meia eles tenham que passar pelo centro. Então, para recepcionar bem os gringos e garantir o seu deslocamento seguro pela cidade, UPPs no centro da cidade. 

Pois bem, como disse mais acima esse mapa está um pouquinho defasado, está faltando aí a UPPs do Bairro do Engenho Novo, por exemplo. Finalmente uma UPP na Zona Norte do Rio você pode  pensar, sim sim, mas pra você que é do Rio, Engenho Novo, esportivamente te remete direto a uma imagem não é ?. Pra você que não é ou que ainda não entendeu o que digo, estou me referindo ao Engenhão. Tido como o estádio mais moderno do Brasil, o mesmo também será usado tanto na Copa do Mundo quanto nas Olimpíadas. Agora pense comigo, UPP no Engenho Novo, próximo do Engenhão... Pois é... A galera que vai competir e ver os jogos nos Engenhão precisa se sentir segura não é mesmo ?

Mas aí você pode olhar e dizer que há uma UPP na Zona Oeste, a do Jardim Batan (agradeço mais uma vez ao comentário do leitor que me permitiu fazer essa correção, pois tinha confundido essa UPP com a do morro São João, que é a do Engenho Novo). Nisso não há como refutar, afinal está lá. Mas o que pouca gente sabe é que essa UPP foi criada em resposta ao assassinato de três policiais naquela área. É triste dizer, mas essa UPP foi um cala a boca do governo.

Então... O que eu quis dizer com tudo isso ?

Quis e quero dizer que o projeto de UPP nada mais é do que uma maquiagem no problema da segurança da cidade que se prepara para receber milhões de pessoas durante esta década e que não pode deixar uma impressão ruim em seus visitantes, ou pelo menos piorar as que eles já possuem. É triste dizer, mas UPP não foi feita pra pacificar a cidade, foi feita pra garantir segurança de gringo. Tanto é que a maior reclamação das comunidades que receberam a UPP é a de que elas não possuem um projeto social e que a primeira coisa que subiu depois que as UPPs foram instaladas não foi o Estado, mas sim caminhões de TVs por assinatura, de Provedores de Internet, de companhias de Luz....

Se o projeto da UPP fosse acompanhado de um projeto social tão grande quando foi esse projeto das UPPs, com certeza a cidade teria melhoras consideráveis e principalmente as comunidades que receberiam essas unidades. Mas, como o projeto é garantir a segurança e o bem-estar dos que vem de fora e não o nosso, infelizmente teremos que conviver com isso por um bom tempo... 

Posso até estar errado, mas será que haverá futuro para as UPPs pós Copa e Olimpíadas ?... Prefiro esperar, cético disso diga-se de passagem, para ver...

Ah, sim e antes que digam, não sou contra a realização dos eventos aqui, mas é meu papel de Geógrafo mostrar aqui a verdade sobre as coisas... É inegável que tanto a Copa do Mundo quanto as Olimpíadas trarão milhões de reais para cidade carioca. O que seria ótimo se esse dinheiro fosse revertido para melhorias na cidade e nas condições de vida de sua população, algo que sabemos que não será feito...

Mapa extraído de ig.com.br