Desde a crise americana, sentida na Europa, que os países do bloco europeu vem sofrendo com os efeitos e cambaleando para tentar se manterem.
O caso da Grécia não é diferente, embora a mesma tenha o agravante das Olimpíadas pra colocar na conta.
Agora a Grécia vive um drama que parece não ter fim. O país parece resistir à ajuda vinda da União Europeia, que só virá sob as mesmas condições que na América Latina foram aplicadas no fim dos anos 80 e início dos 90.
A resistência da sua população através de protestos e até conflitos por conta dessa aprovação até se justifica, e nós somos exemplos empíricos das razões para os gregos temerem que essa ajuda seja aceita pelo governo.
Do outro lado os países da União Europeia (leia-se França e Alemanha) estão pressionando a Grécia para aceitar o pacote (já houve até ameaça de retirar o país da zona do euro). O premier grego já está balançando no cargo e as coisas não andam bem por lá...
Contudo, há que se observar que apenas injetar dinheiro na Grécia não resolverá, já que virando o mês as contas virão novamente... O país agora precisa recuperar sua economia para tentar "por ordem na casa", o problema é que isso leva tempo... Tempo que a União Européia parece não estar disposta a esperar...
Como se não bastasse, o bloco parece viver um efeito dominó em relação a crises econômicas: Grécia, Portugal, Espanha e Itália sentiram demais os efeitos da crise em suas economias que já não eram fortes antes da mesma e agora demonstraram sua real fragilidade.
França e Alemanha, que parecem liderar o bloco, pressionam os países que estão em dificuldades econômicas a todo custo para aceitarem a sua ajuda e assim tentarem se recuperar da crise o mais rápido possível. Até porque não é interessante para os países que a União Europeia perca sua força ou mesmo que seja ameaçado de um possível desmoronamento (essa segunda opção eu acho difícil de ocorrer, mas não arriscaria impossível).
Pressionado, o premier grego George Papandreou voltou atrás e desistiu de referendo para decidir se a Grécia acataria pacote de ajuda do Euro. O pronunciamento foi feito na quinta-feira 3, no Parlamento grego. Na sexta-feira 4, o Parlamento apoiou o primeiro-ministro com um voto de confiança, mas a pressão para a renúncia e a formação de um governo de transição segue.
No início da semana, Panpadreou afirmou que realizaria um referendo popular para decidir se o país incorporaria ou não um pacote de 130 bilhões de euros, aprovado pelo bloco em 27 de outubro em Bruxelas. O político, no entanto, voltou atrás depois que o presidente da França Nicolás Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel pressionaram publicamente a Grécia: ou aceita sem referendo, ou sai da zona do Euro.
Papandreou afirmou estar preparado “para conversar com o líder da direita (Nova Democracia), Antonis Samaras, para avançar com base em um (governo) de consenso”. Samaras havia proposto durante a tarde a formação de um governo de transição que teria como missão ratificar o acordo europeu antes da realização de eleições legislativas antecipadas.
Na sexta-feira, o G-20 discutia em Cannes uma solução para a crise europeia, mas a premier Angela Merkel anunciou o fracasso das negociações. Para Merkel, nenhum país do grupo se comprometeu a investir na Linha de Estabilidade Financeira da Europa (EFSF), prevista por uma das propostas que havia surgido na reunião, em que cada país faria uma contribuição para o Fundo Monetário Internacional. (Claro, nenhum deles têm dinheiro nem pra eles mesmos, que dirá pra investir no FMI)
A Grécia deve aproximadamente 143% do PIB, o equivalente a 330 bilhões de euros. Sem a ajuda, o país já sinalizou que não conseguirá pagar salários e aposentadorias. Dessa forma, a Grécia depende de uma primeira parcela de oito bilhões de euros. “O ajuste vai ser muito draconiano”, analisa o pesquisador e professor do Instituto de Economia da Unicamp Fernando Sarti. Medidas de austeridade para contenção de gastos são a contrapartida para o auxílio.
O problema, segundo Sarti, é que, ainda que a Grécia precise desse dinheiro para garantir sua estabilidade momentânea, não conseguirá retomar o crescimento nunca se ficar submetida a medidas recessivas. “No médio-longo prazo, não consigo ver a grécia na comunidade”, diz o pesquisador, que vê na saída do país da Zona do Euro uma alternativa para que se retome o crescimento no futuro. “O pacote seria uma forma de impedir o caos, mas isso não resolve o problema”, diz ele.
Enquanto isso, os países ricos – que financiaram grande parte desse alto endividamento – lutam para que pequenos se salvem e possam quitar seus débitos. “França e Alemanha não tem interesse nenhum na dissolução da Comuidade”, diz Sarti.
Enquanto Espanha e Portugal lutam contra o desemprego e austeridade fiscal, a próxima da fila parece ser a Itália do ministro Silvio Berlusconi. O jornal alemão Spiegel coloca o país como o novo cavalo de batalha da UE, assim que o problema grego for “resolvido”. Pressionado pelos parceiros do bloco, Berlusconi concordou na quinta-feira 3 em ter suas medidas de austeridade monitoradas passo a passo.
Extraído de cartacapital.com.br
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