Pois é... Infelizmente notícias como a que está relacionada abaixo, me causam certa aflição. Toda vez que vejo notícia sobre seca no Nordeste, penso logo nessa maldita indústria da seca.
Pra você que desconhece, ela funciona da seguinte forma:
Ocorre
quando há estiagem prolongada no sertão, o que dificulta a prática da
agricultura na área. Diante disso é decretado estado de calamidade pública
pelos governos locais, o que acionada a ajuda (dinheiro) do Governo Federal.
A liberação de verbas ocorre e é
direcionada para frentes de trabalho que ocorrem, no geral, através de obras
públicas que geralmente são atividades como construção de poços e açudes em
latifúndios; que são justificados pela proteção a população (crianças podem
tomar banho e poluir o açude).
Porém, essa prática mantém o
coronelismo, já que os donos das grandes propriedades podem trocar a água de
seus açudes pelo voto de seu candidato a um cargo político. Ou até mesmo manter
a exploração para com os pequenos e médios proprietários, já que os grandes
proprietários podem cobrar uma taxa dos pequenos e médios por água retirada de
seus açudes.
Agora, juntando a notícia abaixo, com esse esquema sujo e o ano em que estamos (ano eleitoral), qual você acha que é a possibilidade disso realmente acontecer? Pois é...
Balanço das defesas civis estaduais aponta que 8,3 milhões de pessoas já são afetadas pelos problemas da estiagem em oito dos nove Estados nordestinos –somente o Maranhão não informou os afetados nas cinco cidades com decreto reconhecido. O número vem crescendo ao longo das semanas, já que muitas comunidades estão consumindo o restante da água armazenada em chuvas do ano passado.
Segundo dados de um mapa de chuvas do Nordeste em julho, divulgado pelo Lapis (Laboratório de Processamento e Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas), as regiões semiáridas dos Estados de Sergipe e Alagoas registraram precipitações, mesmo que em pequena quantidade, que ajudaram a revitalizar o pasto dos animais. Já Estados como Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba continuam sem chuvas nas regiões semiáridas.
Dados de estações de captação de chuvas instaladas na região, em áreas como o Sul do Ceará e Piauí, noroeste da Bahia e oeste de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, não registram nenhuma chuva este mês. A previsão é de que só chova dentro de dois meses.
A SECA DO NORDESTE EM JULHO
Agravamento
“As chuvas têm se concentrado na faixa litorânea do Nordeste, onde a estação chuvosa vai de abril e agosto. Mas nas regiões agreste e sertão, os meses de maior concentração das chuvas são fevereiro, março, abril e maio. E este ano as chuvas foram consideravelmente abaixo da média histórica. A seca ambiental já está deflagrada há três meses. E como a distribuição das chuvas é pequena, nos próximos meses a tendência é de a situação agravar mais nessas duas regiões”, informou o meteorologista e coordenador do Lapis, Humberto Barbosa.
Apesar das chuvas que caíram em algumas áreas, os problemas causados pela falta de água persistem no Nordeste. “As chuvas registradas nos poucos municípios do agreste e do sertão do Nordeste não são suficientes para reverter as secas hídrica e agrícola. As chuvas que poderão alterar o quadro atual de secas na maior parte do Nordeste, sobretudo do sertão, estão previstas a partir de outubro”, disse.
Na Bahia, Estado mais atingido pela estiagem e onde 2,7 milhões de pessoas são afetadas, a situação ainda é considerada crítica. “Choveu muito pouco, quase que de forma insignificante. Nesse inverno houve algumas chuvinhas que molharam o solo, fizeram brotar a vegetação. Mas do ponto de vista do acúmulo de água, que é o mais importante, não existiu. A chuva, sem sombras de dúvida, ameniza o calor, diminui a evaporação, mas não reverte o quadro”, disse o coordenador da Defesa Civil da Bahia, Salvador Brito.
Com o fim da validade dos decretos municipais, muitas prefeituras já publicaram novos decretos de situação de emergência para garantir a agilização de gastos públicos. “Vários municípios estão demandando esses novos decretos, embora tenhamos uma portaria federal que está em vigência até 23 de setembro. Até lá eles estão cobertos, mas precisam renovar, para atender as necessidades do ente município. Verbas federais já estão garantidas.
Por conta da falta de acúmulo de água nos municípios, o serviço de assistência aos moradores de áreas atingidas aumentou durante o inverno. “A distribuição de carro-pipa aumentou porque essa água dessas chuvas não fizeram reserva nos municípios mais afetados”, disse Brito.
NÚMEROS DA SECA NO NORDESTE
Prejuízos
A seca causa uma série de prejuízos à área rural. Em Pernambuco, o prejuízo na produção de carne já chega a R$ 824 milhões, além de mais R$ 32 milhões na pecuária de leite, entre os meses de março e abril, totalizando R$ 856 milhões, segundo dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco. A estimativa de perda de peso dos animais nesses três meses é de 30% para os bovinos e de 15% para os caprinos e ovinos.
No Ceará, houve redução de 87% na safra de grãos de 2012, em comparação com o ano anterior. Dos 178 municípios, 162 tiveram perda de mais de 50% na produção, segundo dados do Comitê de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Ceará. As culturas mais afetadas são feijão, milho, mamona, arroz e algodão.
Na Bahia, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) avalia que a pecuária de corte, assim como a de leite, apresenta sinais de redução de oferta de animais para abate. A previsão é de que, em 2013, haja menor oferta de bois prontos para serem comercializados, devido à antecipação de animais que só seriam ofertados no próximo ano.
Investimentos
Em balanço encaminhado ao UOL, o Ministério da Integração Nacional informou que já foram gastos mais de R$ 300 milhões em ações emergenciais. A principal das medidas, o Bolsa Estiagem, havia pagado até este mês de julho R$ 60 milhões a 113 mil famílias de regiões atingidas, incluindo Minas Gerais, onde 4.587 famílias afetadas pela seca são beneficiadas. Outra medida direta ao agricultor foi o pagamento do Garantia Safra, que destinou R$ 158 milhões a 233 mil beneficiados.Investimentos
O ministério também afirma que já empenhou R$ 60 milhões para a recuperação de 2.400 poços, que devem atender a 120 mil famílias. Desse total, R$ 48,1 milhões já foram empenhados e R$ 6,5 milhões pagos aos Estados de Bahia, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Os demais Estados ainda dependem de envio de documentos. Para socorro e assistência já foram pagos R$ 101 milhões dos R$ 125 milhões previstos no orçamento. (Com Agência Brasil)