O post de hoje pode ser do conhecimento de alguns, principalmente dos moradores da Região Norte, mas como eu achei essa notícia pouco divulgada e a mesma pode ter causado alguma confusão em alguns professores no início letivo deste ano, resolvi postar aqui.
Desde o dia 10 de Novembro de 2013, o Brasil voltou a ter quatro fusos horários. A medida veio por meio de um decreto assinado pela presidente Dilma no mês de outubro do mesmo ano, logo após um referendo de consulta a população afetada pelo mesmo.
Fusos horários são meridianos especiais criados pelo homem para definir as horas em qualquer lugar do mundo; já que a hora não pode ser a mesma em todo o lugar.
Para calcular os fusos horários tomou-se por base o Meridiano de Greenwich, a "hora zero" e usou-se o seguinte princípio: Em termos geométricos, por ser uma esfera, a Terra possui 360° que, divididos pelas 24 horas do dia, acaba-se chegando a um valor de 15° graus. Assim, a partir do Meridiano de Greenwich, a cada 15° percorridos para LESTE, adianta-se o relógio em 1 hora. Já a cada 15° percorridos para OESTE do Meridiano de Greenwich, atrasa-se o relógio em 1 hora.
Ao realizar esta conta, temos o mapa do fuso horário mundial teórico. Quando dizemos que o mapa é teórico, significa que o mesmo foi feito "a conta fria", ou seja, ignorando as divisões políticas crias pelo homem. Isso podemos perceber na figura abaixo, com o mapa teórico dos fusos horários brasileiros.
No mapa acima podemos observar que estados são "divididos ao meio" por conta dessa divisão teórica dos fusos. Os casos mais emblemáticos são o do estado do Pará e de parte o Oeste do Amazonas.
Com isso, o governo brasileiro, em 2008, realizou alterações no fuso horário de nosso país. Para a realização da alteração o Governo alegou que estados cortados pelo fuso e/ou com o fuso horário muito distante em relação ao de Brasília teriam prejuízos econômicos, sociais e culturais, além de haver enorme confusão nos municípios que, por conta dessa marcação, poderiam abrigar dois fusos, confundindo os moradores.
Embora o Governo tenha utilizado essa justificativa, muito defendem que essa mudança só ocorreu por pressão das grandes redes bancárias que teriam que adaptar seus sistemas a horários diferentes de encerramento e abertura, gerando assim um gasto significativo; além das redes de televisão que teriam que adequar sua grade de programação aos fusos horários, também gastando mais dinheiro para ajustar suas transmissões a cada horário e também as classificações indicativas. Por exemplo, uma novela das 20:00 exibida em São Paulo, só poderia ser exibida no Acre duas horas depois, pois em caso de transmissão simultânea a novela passaria no Acre às 18:00 e a classificação indicativa não permite certas cenas de novela das 20:00 no horário das 18:00...
Com isso, o mapa de fusos horários passou a ser organizado de uma nova forma a partir de Junho de 2008 (mapa acima). Com isso, o estado do Pará foi totalmente incorporado no "horário de Brasília", fazendo parte do "segundo fuso" brasileiro e o "quarto fuso" foi extinto com a incorporação do Acre e de parte do Amazonas ao "terceiro fuso" brasileiro.
Contudo, a reorganização dos fusos horários brasileiros não foi bem aceita pela população que fazia parte do até então quarto fuso brasileiro, correspondente ao Acre e a parte do Amazonas. Através de uma série de protestos que culminaram em um referendo onde a maioria esmagadora a população votou pelo retorno do quarto fuso brasileiro, a presidente não teve outra opção a não ser decretar a volta do quarto fuso horário. Assim, com a assinatura de um decreto em outubro do ano passado o Brasil voltou a ter quatro fusos horários a partir de 1° de Novembro de 2013 (ver mapa acima).
É compreensível a luta da população desta parte do país para voltar a seu fuso horário antigo quando descobrimos que o mesmo, antes de ser modificado em 2008, perdurou por mais de 90 anos naquela região. Isso faz com que gerações inteiras tenham se adaptado a este tipo de horário. Gerações estas que foram afetadas diretamente e em larga escala com a mudança ocorrida em 2008. Podemos comparar isso com a adaptação que parte do país passa em relação ao horário de verão. Quantos e quantos não levam semana para se adaptar àquele que mexe sensivelmente com nosso relógio biológico? Que dirá então para toda uma população que viveu a vida toda em um horário diferente e que, de uma hora para outra, teve que se adaptar a toda uma nova rotina?
Essa modificação pode até ser pequena para o resto do país, mas para a população que vive nesta região essa mudança representa a volta do estilo de vida com o qual estavam habituados e com o qual conviveram por toda uma vida. E, se por um lado, isso vai significar um problema de engenharia para bancos e emissoras de TVs que também terão que investir e gastar mais... Ninguém liga! A não ser os donos das empresas e seus sócios, mas isso, afinal de contas, não será problema para eles, pois dinheiro é o que não lhes falta para isso...