A postagem de hoje vai um pouco na contramão do que circula por aí sobre a tragédia francesa cujo número de vítimas já passou a casa da centena.
Não, eu não vou defender o E.I. nem vou cair na esparrela de ficar comparando o que aconteceu na França com o rompimento da barragem de Mariana, MG. Isso é de uma desumanidade absurda e já tem muita gente se prestando a isso nas redes sociais, meu assunto aqui é outro...
Este ataque terrorista à França serve como mais uma confirmação de uma série de acontecimentos que podem passar desapercebidos, dentre eles podemos destacar que:
O perfil dos conflitos está mudando, basicamente, do final dos anos 90 pra cá. Se antes você tinha países lutando contra países, vide as duas guerras mundiais só para citar um rápido exemplo; agora temos grupos que buscam suas autonomias diante de um ou mais países. Podemos citar como exemplo os bascos que buscam independência da Espanha, os Curdos na Turquia e mais recentemente o E.I. embora os meios para conseguir isso sejam diferentes entre si nos casos citados, dá pra notar que o perfil entre os conflitos está mudando.
O que nos leva ao segundo ponto desta lista: Por que é tão difícil combater o E.I.?
Poderia responder que é por causa do conhecimento que eles possuem da região que dominaram, ou por causa do treinamento militar que dão aos seus soldados, ou até mesmo pela falta de "vontade" de outros países de extingui-lo porque ainda não os incomoda, mas prefiro acreditar que somado a tudo isso (é bom que se diga) há uma dificuldade muito maior: a de reconhecer o inimigo.
Antigamente se reconhecia o inimigo pelo uniforme que usava: o soldado vermelho tinha que atirar no soldado azul; ou pela fisionomia, ou qualquer outra característica marcante, por exemplo. Mas e quando o seu inimigo não tem um "rosto"?
E quando o seu inimigo pode ser desde o cara alto de camisa social sentado ao seu lado no ônibus a mulher de vestido que passeia pela rua olhando vitrines?
No caso do E.I. funciona bem por aí. Por ser um grupo que recruta pessoas de várias partes do mundo, ele não tem um rosto, uma identidade. O cara sentado do seu lado no ônibus pode ser um extremista e você jamais fará ideia disso. Este fato é um agravante que torna tão difícil a eliminação do grupo e de suas atividades.
Uma saída? seria estrangular financeiramente o grupo que consegue dinheiro através de sequestros, roubos e da venda do petróleo das áreas que estão sob seu controle. Porém, como é que se pára isso também?
(eu sei que o pára perdeu o acento, mas ainda não me acostumei a isso. Me perdoem professores de Português e entendidos do assunto, mas essa não dá pra aceitar)
(eu sei que o pára perdeu o acento, mas ainda não me acostumei a isso. Me perdoem professores de Português e entendidos do assunto, mas essa não dá pra aceitar)
Agora um outro detalhe, que muito pouca gente se recorda, é que a origem do Estado Islâmico pode ser explicada em parte quando os EUA, sob alegações, comprovadamente falsas, de que o Iraque possuía armas nucleares, invadiu o país e depôs Saddam Hussein (líder sunita num país de maioria xiita), levando um grupo de sunitas radicais e se levantar contra o governo iraquiano, governado por xiitas agora, através de táticas terroristas dando origem ao que hoje se conhece como E.I.
O que nos convida a pensar que quando o Tio San comete terrorismo de Estado, tá tudo bem e tudo certo, mas quando grupos terroristas se levantam o mundo usa sua indignação seletiva e logo condena os ataques.
Veja bem, com isso não estou defendendo o E.I. e muito menos que Saddam fosse mantido no poder no Iraque. O que me incomoda nessa questão toda é essa indignação seletiva que não se revolta quando um país invade o outro - contra a vontade da ONU, é bom que se diga - "instaura a democracia" e deixa para trás um rastro de rancor, sangue e violência que não poderia culminar em outra coisa que não o que estamos vendo agora. O que faz pensar: "será que algum dia eles serão apresentados a diplomacia ou mesmo farão questão de buscá-la?"
Para sintetizar a postagem de hoje, deixo abaixo uma charge do Latuff sobre o atentado na França que exprime belissimamente o que eu tentei colocar no texto acima dentre outras considerações.
O que nos convida a pensar que quando o Tio San comete terrorismo de Estado, tá tudo bem e tudo certo, mas quando grupos terroristas se levantam o mundo usa sua indignação seletiva e logo condena os ataques.
Veja bem, com isso não estou defendendo o E.I. e muito menos que Saddam fosse mantido no poder no Iraque. O que me incomoda nessa questão toda é essa indignação seletiva que não se revolta quando um país invade o outro - contra a vontade da ONU, é bom que se diga - "instaura a democracia" e deixa para trás um rastro de rancor, sangue e violência que não poderia culminar em outra coisa que não o que estamos vendo agora. O que faz pensar: "será que algum dia eles serão apresentados a diplomacia ou mesmo farão questão de buscá-la?"
Para sintetizar a postagem de hoje, deixo abaixo uma charge do Latuff sobre o atentado na França que exprime belissimamente o que eu tentei colocar no texto acima dentre outras considerações.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/album/2015/11/14/charges-repercutem-ataques-terroristas-em-paris.htm |
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