A postagem desta semana é sobre a imagem abaixo que tem viralizado nos últimos dias em diversas redes sociais.
Fonte: https://ak-hdl.buzzfed.com/static/2016-02/2/8/enhanced/webdr01/enhanced-30124-1454419209-1.jpg |
Muitas postagens e comentários "saudosistas" estão sendo feitos em diversos lugares por conta da referida imagem que se trata de cotação do dólar tão logo o plano real fora lançado.
No meio desse saudosismo, algumas questões passaram despercebidas e outras bem ao largo do que este mero número representa.
Antes de mais nada, vamos voltar no tempo. Mais precisamente no ano desta cotação, 94.
Nesta época, o salário mínimo era de R$ 70... (está com saudade ainda?) e o nosso poder de compra era pífio se comparado ao que temos hoje.
Se for para comparar o agora com o passado, não basta comprar aquilo que interessa. Há de se comparar em toda a sua conjuntura.
Atualmente nosso poder de compra é muito maior do que o daquela época. O que pode ser notado pela simples comparação de salários mínimos. Mas isso por si só não justifica o imenso equívoco de um saudosismo infundado que impulsionou a replicação da imagem acima na velocidade da luz.
À época, a intenção do governo era parear o recém criado Real ao Dólar. Só para constar, nos anos 90, a Argentina tomou o mesmo caminho, numa política conhecida como dolarização da economia, e o resultado disso pode ser conferido até hoje.
Mesmo porque, em um raciocínio rápido e capitalista, para que eu compraria um produto cujo custo é em dólar, se eu tenho um mesmo produto, de qualidade semelhante ou até superior, por um preço bem mais baixo?
Claro que aqui caberia uma outra discussão sobre prós e contras de uma política de desvalorização da moeda nacional frente ao dólar, mas vou deixar isso para um outro post.
Meu ponto aqui é tentar demonstrar que não se pode comprar valores de antigamente a atual situação econômica do país. Até porque, você com certeza pode querer o dólar a este preço, mas nem por um decreto gostaria de ter o salário mínimo daquela época.
Temos uma inflação incômoda? Sim. Tivemos o nosso poder de compra reduzido? Também. Mas nem isso justifica esse saudosismo barato, fincado em uma comparação estapafúrdia que não pode e não deve ser considerada sob nenhuma hipótese.
Neste caso, nobre leitor, uma imagem não vale mais do que mil palavras. Mas estas mesmas mil palavras servem para explicar o enorme equívoco por trás dela...
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