O assunto de hoje parece ser um tema já batido, mas que tem passado despercebido aos olhos do público em geral que assiste a tudo com uma morosidade que só seria explicada se fosse o caso de estar acontecendo em outro país, mas não é.
Menos de um ano depois as instalações olímpicas criadas para os jogos do Rio de Janeiro estão se deteriorando por conta do abandono dos gestores públicos municipais, estaduais e federais.
Não é difícil de encontrar notícias e mais notícias acerca do descaso do governantes com o "legado olímpico". Obras inacabadas, parques que até agora não foram abertos ao público, áreas enormes sem utilização, chegando até ao absurdo de uma arena fechada estar com ar condicionado ligado 24 horas para não deteriorar o piso.
Todos esses elementos acabam transformando o legado em largado olímpico. Os bilhões gastos para a realização do evento se perdem no tempo (e em tempo recorde) em meio a briga dos gestores que realizam entre si um jogo de empurra para ver quem arcará com as despesas de tais elefantes brancos.
Tal como certos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014 hoje se tornam verdadeiros sumidouros do dinheiro público devido a sua subutilização, observamos o legado olímpico se desfazer e junto com ele a ótima oportunidade que tivemos de remodelar a cidade, principalmente no que tange a sua mobilidade.
Talvez, se os gestores olhassem mais para o exemplo de Barcelona em 92, que reestruturou radicalmente a cidade, melhorando-a para a população e colhendo os frutos dessa transformação até hoje; não veríamos o legado ser soterrado nas areias do esquecimento.
Não à toa, também se tornam frequentes as notícias de cidades que retiram suas candidaturas de Megaeventos, seja Copa do Mundo ou Olimpíadas. Parece que mundo a fora, as pessoas já perceberam que os recursos e os espaços destinados para sediar tais eventos podem ser melhor utilizados, ou mesmo transformados, sem que para isso haja a necessidade de um evento que pode trazer consigo, se não for bem aproveitado, prejuízos incalculáveis. A Grécia que o diga...
Talvez o nosso problema tenha sido a falta de uma política de Estado que foi trocada por uma política de governo - problema essa histórico se analisarmos com mais cuidado as políticas públicas no país - que pensa sempre em curto prazo e não realiza mudanças necessárias para a nação, mas sim para garantir a próxima eleição, seja um segundo mandato ou a tentativa de emplacar um sucessor.
Fato é que espaços que agora deveriam servir à população, em especial aquelas que não puderam desfrutar dos jogos ao vivo, vivem trancados e consequentemente abandonados à própria sorte de uma gestão que, ao fim da festa e de uma arrecadação astronômica, quer deixar para os donos da casa o apagar das luzes e a arrumação da casa.
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