A insistência de Obama em manter tropas no Afeganistão para combater "os grupos terroristas nos locais onde eles se formam para assim evitar que eles realizem ataques na Europa e na América" vez dando cada vez mais dor de cabeça ao presidente... Os ataques tem se intensificado e o governo americano parece perder esta guerra. Pelo visto essa herança maldita do governo Bush de guerra preventiva ainda persiste e, assim como no governo dele, sem sucesso algo.
Nesta semana, enquanto se preparava para o summit sobre mudanças climáticas no palácio de vidro das Nações Unidas, o presidente Barack Obama percebeu que a estratégia David Petraeus para o Afeganistão, na qual colocou todas as fichas e um contingente adicional de 21 mil militares, tinha ido para o vinagre. E 58% dos norte-americanos são contrários à guerra contra o terror de Obama, na Ásia Central. Uma guerra de contrastes. De um lado, forças regulares com tecnologia de ponta: aviões sem pilotos, bombas penetrantes para atingir cavernas, etc. Do outro, camicases, minas, emboscadas e fanatismo.
Petraeus é o chefe militar para toda a região médio-oriental. No Afeganistão, segundo anunciado em março deste ano e visto como ovo de Colombo por Obama, a sua estratégia consistia em separar os talebans moderados dos duros, e ambos dos alqae-distas. Ao general Petraeus está vinculado Stanley McChrystal que, do Afeganistão e em uniforme estrelado de campanha, deu um ultimato a Obama, ou seja, precisa de mais 30 mil militares combatentes para os EUA não perderem a guerra.
Em março de 2009, quando Petraeus falou em introduzir, para celebrar posteriores acordos, cunhas a separar os distintos grupos, os talebans controlavam 70% do território afegão. O relatório que chegou esta semana a Obama destaca que os talebans controlam de 75% a 80% do território.
Não bastasse, Obama foi informado sobre a união dos “jovens leões” aos líderes históricos que expulsaram os soviéticos. Em outras palavras, a cunha de Petraeus é inviável. A coordenação entre os antigos senhores da guerra e os “jovens leões” está a cargo do mulá Mohamed Omar, que, em setembro de 2006, o-cupou Cabul, impôs a sharia (lei islâmica) e transformou a república num emirado islâmico. Omar, depois de 11 de Setembro de 2001, negou-se a entregar o genro Bin Laden para George W. Bush.
Dentre os “jovens leões” destaca-se o mulá Zakir. Ele foi um dos primeiros prisioneiros levados a Guantánamo: sua matrícula é a de número 08. Em 2007, os norte-americanos o devolveram ao presidente Hamid Karzai com o alerta de que se tratava de um nacionalista, com perfil filo-alqaedista e especializado em explosivos e emboscadas. No mesmo ano de 2007, Zakir fugiu da prisão e tornou-se um dos chefes talebans.
Além de coordenar os vários grupos, Omar foi recentemente eleito para presidir o conselho do movimento taleban, ou melhor, a Shura de Quetta (Paquistão). Não está fora de combate, como sustentava W. Bush e o certo é que as milícias talebans, a partir de 2003, se reorganizaram e atacam até em Cabul, uma zona dada como superblindada pelo comando da Nato-Isaf.
Na quinta-feira 17, no coração de Cabul, dois blindados Lince italianos foram arremessados a 25 metros de distância, em face de uma explosão com 150 quilos de dinamite misturada a fertilizantes e gasolina. O ataque matou seis jovens paraquedistas italianos, da tradicional divisão Folgore, e 30 civis afegãos.
Para enfrentar as tropas reunidas sob a bandeira da Nato-Isaf, os talebans contam de 15 mil a 22 mil guerrilheiros. Segundo os 007 da CIA, do tráfico de ópio bruto, os talebans embolsam 100 milhões de dólares, por ano: 1) Cada combatente recebe mensalmente de 100 a 300 dólares. 2) Os que estão em adestramento vencem mensalmente 1,5 mil dólares.
Um dos itens do budget controlado pela cúpula taleban é reservado para a compra de crianças-camicases. Segundo os 007 ocidentais, o preço de uma criança-bomba varia de 7 mil a 14 mil dólares. Em 2008, os talebans promoveram 116 ataques suicidas, 12 em Cabul, a mostrar vulnerabilidade e poder de infiltração.
Convém lembrar que, às vésperas das eleições presidenciais de agosto, Cabul foi por duas vezes bombardeada e a CIA se embaraçava para, internamente, justificar o injustificável. Ou seja, o candidato a vice-presidente da chapa de Hamid Karzai, o tadjique Mohammed Qasim Fahim, tinha sido ex-agente da CIA, apesar de grande traficante internacional de ópio e heroína.
Chrystal, no relatório a Obama, mostra que os talebans intensificam, de ano a ano, os ataques no Afeganistão. Até junho de 2007 foram 234 explosivos ataques. O número subiu a 308 em junho de 2008 e, até junho de 2009, ocorreram 736 ataques. A chamada missão Nato-Isaf, composta de 42 países, contabilizou, de 2001 até o último ataque a Cabul, 1.386 soldados mortos.
Pano rápido. Não empolga mais o discurso de que se deve combater os terroristas onde eles se organizam e são adestrados, para evitar ataques dentro dos EUA e da Europa. No meio da multidão, na basílica romana de San Paolo e por ocasião dos funerais dos paraquedistas dinamitados, levantou-se uma voz a incomodar o lacaio Berlusconi: “Retire-os logo. Por quantos mortos devemos esperar ainda?”
Não dá mais para defender um Karzai que permitiu o desvio de ajuda financeira destinada a fomentar a agricultura, a saúde, o consumo, a cultura, a renda, etc. O Afeganistão de Karzai, reeleito com fraude, é uma armadilha para Obama.
Extraído de cartacapital.com.br
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