Nós brasileiros sempre vivemos acusando os EUA de serem imperialistas e de quererem mandar aqui na América do Sul a seu bel prazer. Contudo, ao longo dos anos acabamos nos tornando idênticos a eles em relação a América do Sul.
O que antes era "justificado" como assumir um papel de liderança na América do Sul para impedir uma invasão americana, se mostra cada vez mais como uma intenção do nosso país de ser cada vez mais como o Tio San.
Prova disso está na matéria abaixo onde o governo brasileiro tenta implementar a construção de hidrelétricas em países vizinhos para nutrir sua própria demanda por energia, mas deixando os custos desse encargo para os países, no caso o Peru e a Bolívia.
Apesar da resistência de ambos os países, pode ser que eu esteja enganado, mas acho que mais cedo ou mais tarde esses projetos passarão e o nosso país mostrará sua face imperialista mais uma vez.
Não sou contra o desenvolvimento do nosso país, sou contra esse desenvolvimento se dar as custas de outros quando deveria se dar em conjunto com outros. É nítido que essas usinas tenderão a desenvolver muito mais o Brasil do que os páises onde elas serão construídas prejudicando assim os mesmos.
Passamos o tempo todo recriminando o jeito de agir dos EUA por conta do seu imperialismo e agora estamos fazendo exatamente o mesmo que eles...
São Paulo – Militantes e especialistas rejeitam a possibilidade de que hidrelétricas construídas na Amazônia boliviana sirvam ao abastecimento da indústria do Brasil. Um seminário realizado este mês em Cochabamba, na região central boliviana, emitiu a conclusão de que o governo de Evo Morales não deve levar adiante a construção de usinas no meio da floresta.
O principal alvo de críticas é Cachuela Esperanza, próxima ao estado brasileiro de Rondônia. A hidrelétrica terá potencial de geração de 990 megawatts, afetando uma superfície de 690 quilômetros quadrados. Estima-se que os efeitos serão a perda de parte da biodiversidade com a alteração no fluxo e no curso do rio Madeira. Os impactos sociais são o deslocamento de populações originárias e a perda de terras agricultáveis.
“Os projetos sobre o Rio Madeira são muito caros. Precisa-se grandes investimentos, e são grandes projetos para fomentar o desenvolvimento industrial do Brasil”, afirmou Enrique Gómez, especialista em eletricidade. “Com os preços atuais do gás, o mais rentável e econômico é a termeletricidade.”
A acusação é de que a energia gerada pela hidrelétrica será transferida ao país vizinho a um pagamento baixo em troca de um custo socioambiental muito alto. É aventada a possibilidade de que a Bolívia use boa parte desta energia para consumo interno, utilizando menos as termelétricas e, por consequência, tendo maior excedente de gás para a exportação a Brasil e Argentina.
Outra queixa diz respeito ao fato de a Bolívia desembolsar os US$ 2 bilhões previstos para a construção. Como o financiamento será feito pelo BNDES, uma grande empreiteira brasileira será contratada para conduzir os trabalhos.
Guilherme Carvalho, representante da Federação das Organização para Assistência Social e Educacional (FASE) de Belém, no Pará, afirmou em Cochabamba que os projetos voltados à integração sul-americana são, na verdade, uma maneira de garantir o crescimento econômico brasileiro e o benefício de suas empresas. “O Brasil tem uma estratégia muito clara, que é de transformar empresas brasileiras em multinacionais, então há todo um conjunto de medidas que são implementadas pelo governo brasileiro.”
A desconfiança no departamento de Beni, vizinho a Rondônia, começou ainda quando do início das obras de Jirau e Santo Antônio, próximas a Porto Velho. Organizações não governamentais e comunidades indígenas temiam que a mudança na vazão do Rio Madeira pudesse lhes prejudicar, provocando inclusive o alagamento de terras do outro lado da fronteira.
Já os projetos brasileiros estão em foco desde que nasceu a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-americano (IIRSA), durante a 1ª Cúpula de Presidentes, que teve lugar em Brasília no ano 2000. São diversos projetos com financiamento de bancos regionais ou do BNDES para a construção de estradas, pontes e hidrelétricas em toda a região. Alguns pesquisadores consideram que a finalidade da IIRSA é abrir todos os caminhos possíveis para facilitar a exportação brasileira e a expansão de seu mercado.
Outro vizinho
O Peru cancelou este mês as concessões para a construção da hidrelétrica de Inambari, outra que abasteceria majoritariamente o mercado brasileiro. O governo apresentou a justificativa de que é preciso fazer uma consulta prévia à população local, medida determinada pela convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Com capacidade instalada de 2 gigawatts, metade do consumo anual peruano, e investimento de R$ 4 bilhões, a usina ficaria a 300 quilômetros da fronteira com o Brasil e seria tocada por OAS, Eletrobrás e Furnas. Seria a primeira de cinco hidrelétricas que o país planeja implementar no vizinho, mas a chegada de Ollanta Humala ao governo deve tornar mais rigoroso o processo de discussão.
Extraído de cartacapital.com.br
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