Não é novidade pra mim, muito menos novidade pra você que a cada relatório sobre mudanças climáticas realizado pelo ONU, uma chuva de más notícias sobre o futuro do nosso planeta irá ocorrer; traçando assim um tenebroso século XXII para a humanidade (alguns já preveem até para a metade deste século).
Aqui no Brasil os pontos críticos do relatório não mudaram:
- Savanização da Floresta Amazônica.
- Desertificação da Caatinga.
- Perda significativa de importantes biomas como o Pantanal e os Campos Limpos ao Sul do País.
- Alterações drásticas nos regimes de chuvas no Norte do país - com a escassez - e no Sul do país - com o excessivo volume de chuvas.
- Intensas ondas de calor.
Esses e outros pontos críticos parecem os componentes de uma caixa de Pandora que tão logo será aberta, se continuarmos a explorar a Terra de forma predatória. Junto a essa lista de alterações vem outra ainda pior que traz as consequências dessas alterações. Tais consequências variam desde o aumento do regime de estiagem no Norte do país; a extinção de biomas como a Caatinga; os constantes deslizamentos de terra, podendo acarretar em perdas materiais e humanas, com o aumento das frequentes chuvas no Sul do país; o aumento das ondas de calor, podendo causar sérias doenças à população, principalmente a crianças e idosos que podem até chegar à óbito; perda de áreas agricultáveis e da biodiversidade em nosso planeta; e daí por diante...
Este cenário apocalíptico se desenha desde agora, principalmente porque muito pouco foi feito para a redução dos gases estufa ou até mesmo para proliferar em larga escala práticas de desenvolvimento sustentável. Aliás, pelo contrário, principalmente quando nos remetemos a questão da agricultura em nosso país, onde é cada vez mais flagrante que a fronteira agrícola avança para a Amazônia, além de pressionar indígenas e quilombolas para o uso de suas terras para a prática agrícola.
Ainda relacionado a agricultura, com a perda de terras agricultáveis, podemos ter uma alta no preço dos alimentos que pode restringir o já escasso acesso aos alimentos, principalmente por parte da população pobre. Embora a que se abrir um parêntese neste quesito, visto que a alimentação hoje em dia é mais um problema de distribuição e desperdício do que propriamente um problema de produção. Se hoje somos capaz de produzir alimentos para alimentar 6 vezes o planeta, fica nítido que o problema é de distribuição e não de produção.
Soma-se a isso a questão do desperdício em outras áreas como água e energia... Recente levantamento feito mostra que há um desperdício de mais de 40% da energia produzida em nosso país que se perde nos linhões de transmissão; e que, no caso, da água, chegamos a desperdiçar, em alguns estados, mais de 50% da água das tubulações até chegar a nossa casa....
Problemas esses que poderiam ser corrigidos com investimentos em infraestrutura, visando combater esse desperdício, são "resolvidos" com a construção de mais usinas hidrelétricas e mais capturas de rios para abastecimento de água à população. Como resultado podemos ter um estresse hídrico tão grande que pode nos levar a escassez da água, além do recorrente uso as termoelétricas, que são altamente poluidoras...
Figurando também nesta lista está a possibilidade da morte de milhares de idosos e crianças que podem não resistir as ondas de calor e ao aumento da temperatura global (aliás, isso já está acontecendo, mas - ainda - não aos milhares).
Isso sem contar que as disputas pelos recursos podem levar a guerras civis ou até mesmo entre nações levando a uma tragédia pior ainda...
Para que esta caixa de Pandora não se abra e o caos não se instale no planeta todo; diversas medidas podem e devem ser tomadas. Desde o investimento em "energia limpa" passando por novas práticas agrícolas como a agroecologia, além da utilização do conceito de desenvolvimento sustentável trazido às cidades, há uma gama de possibilidades que podem manter esta caixa bem fechada. Basta vontade política para isso e expurgar o pensamento mesquinho de que daqui há 60 anos, não estaremos mais aqui, então, não precisamos nos incomodar com isso... Primeiro porque com o avanço da medicina, é bem provável que estejamos por aqui sim; segundo porque nós podemos até não estar, mas nossos filhos e netos com certeza estarão... O problema no meio dessa última parte é que esse pensamento é uma questão cultural que, como tal, levaria anos para ser dissolvida em meio a um programa de reeducação da população em relação a esse pensamento.
Talvez a onda do desenvolvimento sustentável, lá nos anos 60 e 70, tenha dado o empurrão que faltava para o início dessa reeducação, mas agora esse empurrão parece ter perdido sua força e voltamos a esmorecer...
Em 2020 o prazo para a redução de gases poluentes prometida pelo Brasil, entre 36,1% e 38,9%, se encerra. E, do jeito que as coisas vão, será mesmo que iremos conseguir cumprir essa promessa?