Passado o reboliço sobre a saída emperrada do Reino Unido do bloco, hoje abordaremos um assunto ainda dentro do bloco e que também envolve saídas, mas essas não chamam tanto a atenção assim, embora ocorram por atacado.
Não é novidade que a União Europeia compartilha da livre circulação de pessoas e mercadorias. Na prática, isto significa que com apenas a sua identidade, um cidadão oriundo de um dos países do bloco, pode circular livremente por todos os países-membros; assim como as mercadorias circulam entre esses mesmos membros sem pagar impostos.
Essa livre circulação de pessoas tem gerado um impacto que pode estar passando despercebido, talvez porque não ocorra nos grandes centros dentro do bloco, mas sim em países de menor expressão. Trata-se de cidades fantasmas, surgidas pelo movimento migratório da população (principalmente jovens em idade de trabalhar) que procuram os grandes centros da economia da UE (Como a Alemanha e, até então, o próprio Reino Unido, por exemplo) em busca de melhores condições de vida.
Como resultado dessa migração, cidades pequenas e médias de países de menor expressão dentro do bloco acabam se tornando cidades-fantasma, seja pela falta de habitantes, seja pela falta de movimento do comércio.
Para o país, isto pode se tornar um problema, pois dependendo do volume migratório, o país pode se deparar com a escassez de mão-de-obra, desequilíbrio na previdência social, além de ter que criar políticas natalistas para repôr esse êxodo.
Mas nem tudo está perdido. Se pode ocorrer falta mão-de-obra por um lado, por outro o fluxo de dinheiro que pode entrar nesses países pode subir absurdamente. Trabalhadores erradicados em outros países podem enviar dinheiro para sua terra natal aos seus familiares ou até mesmo guardarem com o intuito de retornarem para seus países de origem e abrirem seu próprio negócio.
Porém essa não é uma exclusividade do bloco. Este fenômeno acontece com frequência em todo o planeta e nas mais diversas escalas. Podendo atrapalhar ou não o desenvolvimento do país envolvido.
Podemos aqui citar exemplos como brasileiros e mexicanos que procuram os EUA e até mesmo a Europa como locais para recomeçar a vida, deixando assim seus países de origem para começar vida nova em outro. Nesses casos, em específico, ainda não se vê um impacto significativo na pirâmide etária, embora a economia agradeça pelos dólares enviados por esses emigrantes.
Contudo, não podemos desprezar impactos futuros, haja visto que essas pirâmides apontam para o encolhimento de suas bases com o passar dos anos, o que significa que as pessoas tendem a ter um menor número de filhos, se comparado ao passado.
Também, podemos citar, numa escala bem menor, o caso das cidades dormitórios. Assim são denominadas as cidades onde as pessoas apenas "dormem", pois trabalham e, por consequência, acabam passando a maior parte de seu tempo em outra cidade. Como é o caso de cidades que circundam áreas centrais. Podemos citar as cidades da baixada fluminense como exemplo.
Fato é que, dependendo da etapa da evolução demográfica em que esteja o país, este fenômeno pode ou não apresentar maiores riscos. Em países como o Brasil, por exemplo, cuja pirâmide ainda se encontra em transição para uma população adulta, estes efeitos ainda vão demorar para serem sentidos, se é que chegarão a isso, haja visto o nosso contingente populacional.
Já para outros países, como você pode conferir aqui, esse problema já começa a incomodar, embora o dinheiro mandando pelos emigrantes para seus países de origem ainda parece compensar esse fenômeno.