Há tempos se discute a reforma da previdência. Não é uma especificidade do governo atual que parece ter se debruçado sobre a proposta tão logo a crise bateu na nossa porta.
Contudo, há uma série de nuances que devem ser contempladas, mas que estão passando ao largo da discussão acerca desta proposta de reforma da previdência que mais está parecendo uma imposição, e bem amarga à população brasileira.
Não há o que se discutir com relação ao aumento da expectativa de vida do brasileiro. Embora não satisfatoriamente, não há como negar que a qualidade de vida do Brasil andou conferindo uns aninhos a mais à população brasileira.
Com isso, naturalmente, a longevidade faz aumentar o tempo pago de contribuição do INSS ao trabalhador que não é mais do que uma obrigação do órgão público, visto que contribuímos durante toda a nossa vida para tal. Porém, se pararmos para analisar que a população brasileira também está envelhecendo, podemos afirmar, de maneira simplória, que o número de aposentados será maior do que o número de trabalhadores, causando, portanto, rombo na previdência.
Até aí, os argumentos se montam na necessidade de uma reforma da previdência brasileira. O problema é a forma como isso está sendo feito e as outras possibilidades que poderiam (deveriam) ser implementadas antes de chegarmos a esse extremo.
Muito se fala por alto dessa tal reforma, mas não se vê um mísero esforço do governo para explicar a população em geral a forma como ela será feita e a necessidade da mesma. Ao invés disso, monta-se um circo que trata a reforma como ultra-secreta, mas não se faz um debate ou consulta pública para discutir seus pontos principais.
Dizer que sentou com as centrais sindicais para debater a reforma, não é dizer que se discutiu ela com a população. Principalmente porque as pessoas podem discordar da instituição e, mais ainda, porque não se sabe o que foi discutido entre presidente e centrais sindicais.
Assim, a tão balada reforma da previdência, vai passando de maneira que o principal interessado e afetado pela mesma é marginalizado nessa discussão e tenta se inteirar pescando notícias (que são dadas com a profundidade de um pires) nos telejornais das emissoras de TV. Sorte de quem tem internet e pode procurar ficar a par do que acontece (se souber procurar, é claro, pois também pode terminar tão marginalizado quando o pessoal da TV...)
Como se não fosse pouco tratar a reforma da previdência como um rolo compressor em cima do trabalhador, há ainda questões que sequer foram levantadas e que permanecem na penumbra.
Como se não fosse pouco tratar a reforma da previdência como um rolo compressor em cima do trabalhador, há ainda questões que sequer foram levantadas e que permanecem na penumbra.
Podemos levantar aqui uma questão em relação as fraudes na previdência social. Sabe-se e não é de hoje que existem inúmeros casos de fraudes envolvendo a previdência social, mas o que parece não haver é um esforço para combatê-lo mais ostensivamente. Se bem que, ultimamente, parece que o trabalho da PF se resumiu à Lava Jato...
Quem sabe, talvez, se houvesse uma fiscalização maior em torno dos benefícios, essa reforma não precisasse ser tão brusca?
Quem sabe, talvez, se houvesse uma fiscalização maior em torno dos benefícios, essa reforma não precisasse ser tão brusca?
Outra questão que pode ser levantada e que também não é de hoje, diz respeito as super aposentadorias. Enquanto uns trabalham a vida toda e no final nem o salário integral recebem, outros recebem aposentadorias e pensões que equivalem, muitas vezes, a um carro popular!
Por que isso não é revisto? Por que isso não é fiscalizado? Por que permitem que isso ocorra?
Outro ponto também importante se refere ao fato da reforma não contemplar todos os trabalhadores. Por que os militares ficaram de fora da reforma?
Se esses pontos fossem vistos antes, será mesmo que chegaríamos a situação em que chegamos hoje?
E como se esses pontos, apenas levantados aqui, não fossem suficientes para levantar inúmeros questionamentos acerca desta reforma, quem está pedindo à população que entenda (engula) essa proposta se aposentou com 55 anos...
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