De 5 em 5 anos a China lança uma espécie de documento onde traça suas estratégias nas mais diversas áreas para o período descrito (sim, são os famosos planos quinquenais que ouvimos falar do sistema socialista e que podem sim ser associados à China que, afinal de contas, vive uma economia mista ou socialismo de mercado, dependendo do termo que preferir).
O documento, que compreende os anos de 2016- a 2020 traça uma ambição chinesa em ampliar sua produção energética, mais especificamente a energia hidrelétrica. Para tanto, o país pretende aumentar o número de barragens nos rios de seus país, visando assim o aumento da produção de energia.
O problema, dentre outros que salientaremos abaixo, é que a China é o berço de rios que também possuem larga importância para seus países vizinhos no continente asiático, como pode ser observado no mapa abaixo:
Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4278448/figure/fig01/ |
A intenção do governo chinês em ampliar sua produção hidrelétrica (que na verdade é uma continuação de uma iniciativa já tomada com a construção da hidrelétrica de 3 gargantas, a maior do mundo) é substituir sua matriz energética (principal fonte de obtenção de energia de um país), os combustíveis fósseis, por uma energia renovável.
Apesar do motivo expressar preocupação com o meio-ambiente, a execução da implementação de tais barragens causará uma série de consequências graves aos seus países vizinhos que também dependem dos mesmos rios que China, com a desvantagem da nascente estar localizada justamente neste último. Como consequências podemos citar:
- A redução do volume de água que chegaria ao delta dos rios, promovendo, por conseguinte, a salinização de suas áreas.
- Escassez de água para os mais diversos fins: alimentação, energia, turismo, transportes, etc...
- Perda de biodiversidade.
- Aumento nos preços da energia elétrica nos países afetados.
- Racionamento de água e de energia.
- Perda de sedimentos carreados pelos rios, que ficarão presos nas barragens prejudicando largamente a fertilidade nos solos das margens dos mesmos.
Além é claro dos motivos locais, ou seja, aqueles que afetariam a própria China como:
- Assoreamento dos rios.
- Perda de biodiversidade.
- Perda de grandes áreas agricultáveis.
- Remoção de população ribeirinha.
- Eutrofização das águas.
Apesar de todos esses pontos contra (que aliás toda energia limpa possui, só que a quantidade e os impactos são diferenciados em cada um - salientar isso não nos torna um defensor das energias poluentes, muito menos nos torna contrários a energia limpa. Nossa posição é a de que os impactos devem ser minimizados o máximo possível, pautado é claro na escolha pela energia limpa, sempre!) a China se mostra decidida em aplicar seus planos de expansão que afetarão diretamente uma série de países como Mianmar, Laos, Tailândia, Camboja, Vietnã, Bangladesh, Índia e Butão.
A Índia inclusive já chegou a externar sua preocupação, mas China minimizou a questão. Aliás, isto pode reforçar ainda mais o clima tenso entre os dois países que já dura anos por conta da região do Tibet. Resta saber que posição a China tomará bem como os demais países afetados; talvez o caso chegue até a ONU, mas acho difícil de acontecer pela força que a China tem não só regionalmente como mundialmente, principalmente nos últimos anos.
Com informações do Nexo Jornal.
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