terça-feira, 30 de maio de 2017

Reforma da Previdência

Antes de mais nada, recomendamos a leitura deste post de umas semanas atrás

Para tentar ser o mais elucidativo possível antes de entrar neste assunto, gostaríamos de relembrar que a reforma da previdência já era pauta do governo anterior e que está sendo implementado pelo governo atual (ponto!). O que quer dizer que não falaremos aqui sobre governos ou seremos a favor deste ou daquele. 

Sendo repetitivo ao extremo com isso, não há posição pró ou contra ninguém. O que se quer discutir é a reforma em si. 

A polêmica reforma da previdência social levanta uma série de questões, cujas mais comuns queremos discutir no texto desta semana. Para fins didáticos, dividiremos as discussões em tópicos para facilitar o acompanhamento das discussões que seguirão neste texto. 

  • A Questão da Idade Para se Aposentar Para Homens e Mulheres. 

Segundo a proposta, a ideia é equiparar a idade da aposentadoria entre os sexos. A mesma já foi alterada pelo relator que propõe uma diferença mínima de 3 anos entre homens e mulheres. 

Neste aspecto parece haver uma falta de tato, pois já não é de hoje que se sabe que as mulheres têm dupla ou às vezes até tripla jornada de trabalho. Sendo, portanto, perfeitamente compreensível que se aposente antes dos homens. Mas só dois anos antes?

Em uma pesquisa rápida, conseguimos verificar que a diferença é de, no mínimo, 5 anos de diferença entre os sexos em diversos países pelo mundo. Vemos esta diferença como uma forma, embora não ideal, de compensar a diferença de jornada entre homens e mulheres que a nosso ver foi desconsiderada, principalmente em sua proposta inicial de equiparar a idade mínima para aposentadoria de ambos. 

  • O Tempo de Contribuição. 

É inegável que a nossa expectativa de vida tem aumentado ao longo dos últimos 40 anos e, para tanto, seja necessário alterar certos pontos na previdência. A questão é a forma como estão sendo alterados. Contudo, propôr idade mínima de 65 anos com praticamente 50 anos de contribuição para que a pessoa se aposente é no mínimo um atestado de aposentadoria para os sortudos que chegarem aos 3 dígitos em sua idade. 

Não é difícil de alcançar este raciocínio quanto lidamos com uma matemática básica: Se a expectativa de vida é de 75,5 anos e a reforma da previdência nos leva a 50 de contribuição com idade mínima de 65, das duas uma: ou começamos a trabalhar de carteira assinada desde os 15 anos ou vamos torcer para ultrapassarmos a expectativa de vida e ter fôlego para trabalhar até os 90 anos ou mais. 

Isso contando que não vamos ficar desempregados ou que praticamente o nosso primeiro emprego seja o último, o que sabemos que não acontecerá nem no melhor dos cenários. Sem contar que quanto maior a idade, maiores são os problemas de se recolocar no mercado de trabalho. Se aos 50 anos, as pessoas já encontram dificuldades, imagina procurar emprego com 60 ou 70 anos?

  • Dívidas das Empresas 

Uma das questões que mais tem rendido assunto nas redes sociais diz respeito a dívida das empresas junto ao INSS que ronda a casa dos R$ 430 Bilhões. Este assunto deve ser observado por diversos ângulos. 

Um deles diz respeito ao não pagamento da dívida inclusive por empresas públicas. Como se explica empresas anunciarem lucros bilionários, mas não terem dinheiro para pagar a previdência? Como se explica empresas financiarem campanhas de políticos, mas não possuírem dinheiro para o INSS?

Claro, também, que parte dessa dívida advém de massas falidas que não pagarão mais ao governo nem tão pouco aos seus funcionários a contribuição previdenciária. 

Dizer que a simples quitação da dívida resolveria o problema da Previdência pode ser um tanto audacioso, mas com certeza ajudaria bastante a equilibrar a instituição, não é mesmo? 

Isso sem contar as "facilidades" oferecidas pelos governos ao longo dos anos que permitem com que as empresas parcelem suas dívidas a perder de vista, literalmente. O resultado? dívidas que não serão pagas nunca pois as mesmas crescem a cada ano na proporção inversa de sua amortização. 

  • Exclusão de Certos Grupos. 

Em tese a reforma da previdência deveria ser para todos. Mas ao que parece a mesma se apresenta bem seletiva em diversos casos. Alguns grupos foram excluídos das reformas e passaram ao largo das discussões.

Claro que em alguns casos é perfeitamente justificável, a nosso ver, como policiais e bombeiros que se arriscam diariamente para salvar vidas alheias (antes do mimimi, não estamos fazendo aqui um juízo de valor sobre bons ou maus profissionais da área. Estamos nos atendo ao campo teórico, pois esta é uma discussão que aqui não cabe) e nos parece justo que suas aposentadorias sejam diferenciadas. 

Agora, novamente, a nosso ver, o que justifica a aposentadoria de um político ser "especial"? Qual o esforço hercúleo de um cargo desse frente a um pedreiro, um engenheiro, estivador, motorista de ônibus, químico ou qualquer outra profissão que justifique sua aposentadoria diferenciada?

Mais do que a possível necessidade de uma reforma da previdência, que até agora não se provou concreta, é a análise detalhada de como aplicá-la aos trabalhadores da forma mais equilibrada possível. 

  •  Contas Maquiadas. 

Essa é uma questão que talvez poucas pessoas saibam. Afinal de contas como se calcula verdadeiramente essa tal previdência?

Primeiramente, a previdência social faz parte de um todo maior chamado seguridade social. 

A seguridade social possui várias fontes de renda: contribuição dos trabalhadores, impostos e até mesmo as loterias (40% de todo jogo feito vai diretamente para este fundo). Somando-se tudo isso temos uma previdência superavitária. Acredite se quiser ou clicando no link acima. 

Mas, então, como o Governo vai pra tv dizer que a previdência está no vermelho?

A questão aqui é a maquiagem que se faz no balanço e um mecanismo chamado DRU (desvinculação de receitas da União). Primeiro porque quando o governo faz a conta, lança todas as despesas, mas não todas as receitas. Ou, por acaso, era de conhecimento público e notório que 40% de todo logo feito nas loterias iria para previdência?

Outra questão ainda é o DRU. Trocando em miúdos e de maneira bem simples, o DRU é uma maneira que políticos fazem para conseguir receitas para seus projetos ou do Governo conquistar aquilo que deseja dentro do Congresso. Com isso, o dinheiro que seria para a Previdência vai para outros, digamos, projetos. E a conta disso, adivinha pra quem fica?

Pra resumo de conversa e de uma forma bem mais visual que a exposta, deixamos abaixo uma série de vídeos sobre esta questão.


Obs.: O primeiro vídeo está aqui só pelas informações e não por quem as divulga... 









terça-feira, 23 de maio de 2017

Estaria a Antártida retornando ao seu passado geológico?

Recentemente foi divulgada uma pesquisa que aponta para o aumento da vegetação no continente gelado. 

A causa deste aumento da vegetação não poderia ser outra se não o aquecimento global. 

Com o aumento da médias térmicas do planeta, é de conhecimento público e notório que as geleiras vem recuando ao longo dos anos e o aquecimento global figura como principal responsável. 

Com o recuo das geleiras, pequenas áreas de solo passam a ficar expostas e, nas época de verão no continente, surge uma pequena vegetação de musgos e líquens. Essa vegetação tende a ser baixa por conta do clima hostil da Antártida e só aparece durante o verão. 

A mudança no continente pode representar uma alteração em sua paisagem que pode remetê-la ao seu passado geológico de mais de 50 milhões de anos quando o continente gelado era mais parecido com uma floresta tropical

No caminhar do aquecimento global, o princípio deste cenário pode ser visto já no próximo século, assim como a consequente mudança na biota local. Por enquanto, ainda não foram encontradas árvores no continente gelado, muito disso por conta do ambiente inóspito e das temperaturas extremamente baixas para tal. 

Apesar disso, cientistas ainda continuam monitorando a área para saber se esse aumento na vegetação persiste ou se é algo passageiro. Contudo, não é difícil imaginar que futuramente haverá uma mudança drástica no continente antártico e, consequentemente, no clima do planeta. Como isso nos afetará positiva ou negativamente é que é a questão...


terça-feira, 16 de maio de 2017

Geoplaylist - (Gabriel, O Pensador - Chega)

A dica de hoje vem junto com uma certa relutância de nossa parte em escrevê-la pois aborda um tema que não gostamos de tocar, a política.

Hoje o geoplaylist vai tratar da letra de "Chega" de Gabriel, O Pensador. 

O autor que já é conhecido nosso, rendendo inclusive um tcc sobre a confluência de suas músicas com determinados conceitos da Geografia Urbana, aborda na letra um desabafo não só sobre a atual conjuntura política de nosso país, mas de todo um conjunto que não já é de hoje e que só é sentido pelas classes menos abastadas de nossa sociedade. 

(Pausa para reflexão). 

Antes de todo o "mimimi" começar, queremos deixar bem claro o seguinte: se você acha que o texto abaixo é pró-Dilma, enganou-se! Por outro lado, se você acha que o texto abaixo é pró-Aécio, enganou-se outra vez!.

Hoje as discussões acerca de política se tornaram tão acaloradas quanto superficiais e polarizadas. Se criticamos um, automaticamente as pessoas já pensam que somos a favor do outro. Não se ouvem os argumentos, que na maioria das vezes são argumentos até a página 2, quando passam a ser ofensas; e amizades de anos são desfeitas em nome dessa polarização entre a estrela vermelha e o tucano azul. 

O que nos dá uma sensação de que vivemos uma guerra fria à brasileira, onde ambos não chegam as vias de fato, mas aqueles que os defendem sim (só pra constar agressão também pode ser verbal, literal e não só pelo meio da força física, ok?). Vemos instaurados então um clima de animosidade entre as pessoas que, na verdade, resolve tanto quanto discutir o sexo dos anjos ou qual time é melhor. 

A imprensa também faz sua parte e a imparcialidade nunca foi tão parcial quanto ultimamente. Tanto que temos que chegar ao ponto de procurar coberturas internacionais sobre a política do nosso próprio país para não cair nas armadilhas tendenciosas presas a cada texto de determinadas revistas aqui do Brasil. 

Nesse "tiroteio" o povo se perde em meio a uma avalanche de notícias que são repercutidas via redes sociais, onde você pode encontrar argumentos dos mais absurdos aos mais bem organizados possíveis. Associado a isso, também conseguimos ver a multiplicação dos professores de História. Nunca antes na história deste país a faculdade Facebook formou tantos entendidos em História do Brasil. 

Muito maior que isso, mas imperceptível no momento, está a política brasileira. A mesma atravessa um momento ímpar em nossa história cuja possibilidade de uma transformação não só na política, mas também em nossa sociedade se faz concreta. Mas o circo montado para "mortadelas" e "coxinhas" se digladiarem escamoteia a nossa chance de fazer diferente. 

Já está mais do que na hora de sairmos desta polarização e passarmos a enxergar acima disso para vislumbrarmos um futuro para o país e sua nação. Talvez uma terceira via, como fizeram os franceses ao elegerem Macron, tirando os dois partidos mais tradicionais da França de uma disputa eleitoral. 

Talvez nossa esperança esteja em uma terceira via, ainda não apresentada a nosso ver, que proponha mudanças de verdade na viciada e corrupta estrutura política brasileira, com reformas reais e necessárias, cuja participação do maior interessado, a população, seja essencial em sua condução. 

Apostar no novo tem seus riscos, mas com certeza nos parece melhor do que sempre mais do mesmo. 

(Fim da reflexão)

A música serve como um desabafo e pode ser utilizada para discutir diversos assuntos relacionados a política brasileira. Desde a alta carga de impostos, passando pelo descaso com a saúde e a educação públicas até mesmo o atual cenário político. O que pode ser a chance para que os alunos se expressem sobre o atual momento político e tirem suas dúvidas com os professores acerca daquilo que os inquietam, gerando uma ótima oportunidade para a troca de ideias em um espaço para que os alunos ouçam e sejam ouvidos, principalmente.



terça-feira, 9 de maio de 2017

A vitória de Macron põe um fim ao Frexit (pelo menos por enquanto)

Esta semana começou com o anúncio da vitória de Emmanuel Macron nas eleições para presidente francês. O candidato, até então novidade e azarão a princípio, corria por fora, mas alavancou suas intenções de voto na parte final das eleições e disputou o cargo mais alto da França com Marine Le Pen, uma velha conhecida dos franceses

De posição nacionalista e disposta a tirar a França da UE, a candidata derrotada por Macron chegou a pregar uma França fechada aos imigrantes e já teve seus discursos comparados aos de Hitler. Do outro lado, Macron tem uma visão centrista, pró UE e surgiu como uma novidade na corrida presidencial francesa. Novidade essa que parece ter agradado a população. 

Na última semana, a cobertura da eleição francesa ganhou certo destaque na imprensa mundial dada a ansiedade com que os outros líderes europeus, especialmente os da UE, aguardavam as prévias francesas e a eleição em si. 

Já era de conhecimento de todos que, caso fosse Le Pen a ocupar o cargo, o Frexit seria questão de tempo. Tal provável saída, seria mais um duro golpe para o bloco que perderia outra de suas economias mais importantes, abrindo assim um precedente ainda maior para que outros países dentro do bloco também o fizessem. 

Já Macron contava com o apoio de vários líderes europeus que clamavam por sua vitória para que a UE respirasse aliviada. Mais que isso sua vitória mostra uma França já saturada com o cabo de guerra existente entre os dois principais partidos do país que há anos disputam as eleições, mas que nesta ficaram, pela primeira vez, de fora do segundo turno. 

(...Aliás esta aí algo que um certo maior país da América do Sul podia aprender para as próximas eleições... Seria no mínimo interessante uma terceira via que se apresentasse para acabar com o cabo de guerra realizado por aqui entre tucanos azuis e estrelas vermelhas com um coadjuvante no meio que se contenta em vender-se para quem estiver no poder. Isso até mesmo quando ele está no poder.)

Macron surgiu como uma opção a este cabo de guerra. Vendeu sua imagem como distante desta disputa e como um candidato sem partido que teve sua campanha financiada por uma espécie de start-up composta, em sua maioria, por pessoas inexperientes mas com desejo de mudança.

O ex-ministro da economia e mais jovem a subir ao cargo mais alto da França terá agora o desafio de equilibrar um país que, apesar de sétima economia do planeta, ainda vive os resquícios da crise não só do bloco europeu, mas também tenta lidar com as questões migratórias originadas dos conflitos na Síria e no meio disso tudo, ainda arrumar a casa para os próximos cincos anos. Uma aposta e tanto dos franceses que, sinceramente, esperamos que dê muito certo. Cabe agora esperar, como sempre, as cenas dos próximos capítulos.  


terça-feira, 2 de maio de 2017

Geoplaylist - (Roberto Carlos - Amazônia)

A playlist de hoje volta no tempo e utiliza uma música antiga, mas bastante atual de Roberto Carlos, "Amazônia". 

A música nos remete aos açoites sofridos pela floresta das mais diversas formas - que até hoje são praticadas. Desmatamento, queimadas, avanço da fronteira agrícola, biopirataria e tráfico de drogas são assuntos que podem ser abordados durante esta música. 

Há também um outro ponto a ser explorado que está no refrão da música, "Amazônia, insônia do mundo!". 

Não sabemos se de forma intencionada ou se é pura associação de nossa parte, mas este refrão pode ser utilizado para elucidar uma falsa afirmação que ficou muito conhecida na segunda metade do século passado: "Amazônia, pulmão do mundo". 

Esta falsa afirmação nos leva a crer que grande parte do ar que respiramos é proveniente da floresta equatorial amazônica. Ledo engano. 

Primeiro porque quase todo o ar produzido pela floresta durante o dia é consumido pela mesma durante a noite, sobrando apenas uma pequena margem que nem de longe é suficiente para garantir o oxigênio do planeta. 

Segundo porque a maior parte do ar que respiramos é proveniente das algas marinhas. Pois é. Mas isto não significa de forma alguma dizer que as árvores não são importantes. Muito pelo contrário. Árvores são essenciais a vida humana e sem as mesmas, de certo que estaremos a um passo da condenação de nossa estadia na Terra. 

Gerando uma boa discussão acerca da floresta amazônica em temas que envolvem não só a sua destruição, mas também a necessidade de sua preservação, a música é uma boa introdução ao falarmos do tema e pode ser explorada das mais diversas formas.