Ao que tudo indica parece que a novela sobre a situação política de Honduras está longe de seu fim. Parece cada vez maior o impasse entre o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o governo provisório de Honduras. Negociações entre as partes teriam começado quando o presidente deposto se refugiou na embaixada brasileira mas agora ao que tudo indica elas voltaram a esfriar...
Por Mario Naranjo e Gustavo Palencia
TEGUCIGALPA (Reuters) - O presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, observava nesta quinta-feira com pessimismo um acordo firmado com o governo de facto diante do fracasso das tentativas de convocar o Congresso para uma sessão especial para votar sua restituição.
Depois de meses de negociações para voltar ao poder com apoio da comunidade internacional, Zelaya e o governo de facto concordaram na semana passada em formar um governo de união e deixar para o Congresso decidir se o deposto mandatário deveria retornar à Presidência.
Quarenta e um deputados zelayistas tentavam conseguir uma maioria simples para convocar uma sessão e reinstalar seu líder, mas não obtiveram o apoio de outras forças políticas no Congresso de 128 membros.
De acordo com um cronograma estabelecido pelos negociadores de Zelaya e do governo de facto, o governo de união deveria ser formado nesta quinta-feira. O líder deposto defende que deve ser restituído antes da designação dos funcionários do governo de união.
"Até a meia noite nós temos que esperar o cumprimento do acordo. Seria uma pena que um acordo aprovado por toda comunidade internacional não fosse cumprido", disse Zelaya à Televisión Nacional do Chile desde a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde está abrigado.
O mandatário reconheceu anteriormente que faltavam poucas horas e que não via no horizonte "nenhum indício de que tenham interesse ou vontade política de cumprir com esses acordos".
Embora o prazo para formar o governo de unidade nacional vença nesta quinta-feira, o ex-presidente chileno Ricardo Lagos, chefe da missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), reconheceu que poderia levar um pouco mais de tempo para cumprir esse ponto do compromisso.
"Quem sabe possa haver um entendimento neste sentido, configurar um governo de união nacional e, desta maneira, começar a ter um avanço concreto neste conflito que já leva tanto tempo", disse Lagos em seu retorno ao Chile.
As negociações políticas ocorriam enquanto simpatizantes zelayistas se dirigiam ao centro de Tegucigalpa a fim de pressionar pela restituição do presidente deposto.
No centro de Tegucigalpa, a uns 200 metros de onde estavam os simpatizantes de Zelaya, uma bomba de baixa intensidade explodiu sem deixar feridos, informou a polícia.
Durante a madrugada, uma granada explodiu em uma rádio que apoia o governo de facto, causando ferimentos leves em um funcionário e danos materiais.
Enquanto isso, o Congresso hondurenho aguarda a opinião da Corte Suprema e do Ministério Público antes de decidir sobre a restituição do mandatário.
Em Washington, Ian Kelly, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, insistiu que a solução da crise política, incluindo a restituição de Zelaya, está agora nas mãos dos hondurenhos.
Zelaya alertou que se não for restituído nesta semana, a comunidade internacional não reconhecerá as eleições de 29 de novembro, que foram convocadas antes de ele ser deposto.
(Reportagem adicional de Rodrigo Martínez e Antonio de la Jara em Santiago)
Extraído de msn.com.br
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