Ao que parece o discurso entre os EUA e o Brasil em relação a Honduras parece ter se estreitado mais um pouco. Ambos os países concordam que só a eleição não demonstra que está tudo resolvido; o gonerno brasileiro vai mais fundo e diz não reconhecer como legítima a eleição ocorrida em setembro ao passo que os americanos a legitimam; o que constitui ai o ponto de cisão entre ambos, levando muitos a dizer que agora Lula não era mais "O Cara" para Obama.
BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro minimizou nesta segunda-feira as diferenças com os EUA sobre a crise de Honduras e afirmou que ambos concordam que a eleição presidencial de novembro é insuficiente para que haja uma reconciliação no país da América Central.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou ainda que Brasil e Estados Unidos defendem que o presidente deposto Manuel Zelaya, desde setembro abrigado na embaixada do Brasil, possa deixar Honduras em segurança.
"Nós temos uma pequena diferença de apreciação sobre os efeitos da eleição. Mas coincidimos em algo: a eleição tanto para o governo dos EUA como para o governo brasileiro não é condição suficiente para normalização democrática", disse Garcia após encontro com Arturo Valenzuela, secretário assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA.
Ao contrário de Washington, o governo brasileiro não reconhece a legitimidade da eleição presidencial de Honduras no mês passado.
Segundo o assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Brasil e EUA exigem uma passagem segura para o presidente deposto Zelaya deixar Honduras e que o líder do governo de facto, Roberto Micheletti, deixe o poder.
"Nós achamos que o presidente (de facto) Micheletti deve partir, é o primeiro passo importante", afirmou. "E seria fundamental também que pudesse ser concedido um salvo-conduto ou qualquer outro instrumento que permitisse ao presidente Zelaya ir adiante", afirmou Garcia.
O governo brasileiro havia alertado que os Estados Unidos poderiam ficar isolados na região por reconhecerem a eleição que a maioria da América Latina considera ilegítima por ter sido convocada por um governo golpista.
"Nós realmente concordamos em alguns dos aspectos fundamentais do nosso relacionamento, e temos um ponto de vista similar sobre muitas questões no hemisfério", disse Valenzuela, quando perguntado sobre os diferenças com o Brasil sobre Honduras.
Zelaya foi expulso de Honduras por soldados armados em junho após tentar modificar a Constituição para buscar a reeleição, dando início à pior crise política na América Central desde a Guerra Fria.
Mais tarde ele voltou escondido a Honduras e está abrigado na embaixada brasileira na capital Tegucigalpa desde setembro, de onde faz campanha para retornar ao poder.
Tentativas de Zelaya de deixar o país após a eleição de novembro foram barradas pelo governo de facto. Na semana passada, ele disse teria recebido autorização para deixar o país desde que assinasse uma carta abrindo mão de voltar a ser o presidente. Seu mandato terminaria em 27 de janeiro.
Brasil e EUA decidiram realizar diálogos permanentes para ajudar a encerrar a crise de Honduras, segundo Garcia.
"As relações (Brasil-EUA) não estiveram más nunca. Elas estavam boas já no governo (George W.) Bush, sofreram um 'up-grade' com a eleição do presidente (Barack) Obama", disse.
"Teremos em determinados momentos apreciações distintas sobre questões. Isso é normal, é democrático nas relações entre países. Mas as relações entre EUA e Brasil são fundamentais e vamos cultivá-las da melhor forma possível", afirmou Garcia.
(Reportagem de Raymond Colitt)
Extraído de msn.com.br
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