Uma das principais regiões da Rússia - tanto na questão econômica (petróleo) quanto estratégica (passagem para outros países) - a região do Cáucaso entra em conflito com a capital russa reivindicando sua separação do país que, por sua vez, combate essa tentativa separatista.
Esta questão já vinha se arrastando ao longo dos anos, desde 1991, mas agora chegou ao seu ponto mais crítico desde a ultima guerra entre os dois: com o atentado realizado no metrô na capital russa cuja autoria o governo atribui aos tchetchenos: uma das etnias separatistas que habitam a região do Cáucaso; que é considerada uma barril de pólvora devido a quantidade de grupos separatistas que habitam aquela região.
MOSCOU (Reuters) - Duas mulheres-bomba mataram pelo menos 38 pessoas em trens lotados do metrô de Moscou no horário do rush desta segunda-feira, suscitando receios de uma campanha mais ampla contra a capital da Rússia por parte de militantes islâmicos do norte do Cáucaso.
O primeiro-ministro Vladimir Putin, que consolidou seu poder em 1999 ao lançar uma guerra para esmagar o separatismo tchetcheno, interrompeu um viagem à Sibéria, declarando que "os terroristas serão destruídos."
Testemunhas descreveram o pânico em duas estações centrais de Moscou após as explosões, com passageiros caindo uns sobre os outros em meio a nuvens espessas de fumaça e poeira, enquanto tentavam escapar do pior ataque contra a capital russa nos últimos seis anos.
Outras 64 pessoas ficaram feridas, muitas delas gravemente, e as autoridades disseram que o número de mortos ainda pode subir. O representante máximo de segurança da Rússia disse que as bombas estavam repletas de parafusos e varas de ferro.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque imediatamente, mas o chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB), Alexander Bortnikov, disse que os responsáveis têm ligações com o norte do Cáucaso, região de maioria muçulmana e marcada pela insurgência, cujos líderes já ameaçaram atacar cidades, oleodutos e gasodutos em outras partes da Rússia.
"Foi cometido um crime terrível em suas consequências e hediondo em seu método", disse Putin aos serviços de emergência em chamada de vídeo.
"Confio que os organismos de segurança não pouparão esforços para encontrar e castigar os criminosos. Os terroristas serão destruídos."
O Kremlin tinha declarado vitória em sua batalha contra separatistas tchetchenos, que já travaram duas guerras com Moscou. Mas no último ano a violência se intensificou nas repúblicas vizinhas do Daguestão e da Inguchétia, onde a militância islâmica coincide com rivalidades entre clãs e quadrilhas criminosas, em meio a um ambiente de pobreza.
O chefe do FSB, principal sucessor da KGB da era soviética, disse: "Foram encontradas partes dos corpos de duas mulheres-bomba, e os dados iniciais indicam que essas pessoas tinham ligações com o norte do Cáucaso."
É provável que os ataques ao metrô convertam a insurgência no norte do Cáucaso em uma questão política de primeira importância para os líderes russos. Críticos disseram que os ataques da segunda-feira deixaram claro o fracasso da política do Kremlin na Tchetchênia, onde grupos de defesa dos direitos humanos acusam as forças russas de ações brutais.
A primeira explosão destruiu o segundo vagão de um trem do metrô pouco antes das 8h, quando o trem estava na estação de Lubyanka, perto da sede do FSB, o principal serviço de segurança interna da Rússia. Ela matou pelo menos 23 pessoas.
Uma segunda explosão ocorreu menos de 40 minutos mais tarde no segundo ou terceiro vagão de um trem que aguardava na estação de metrô Park Kultury, em frente ao parque Gorky, matando outras 12 pessoas, segundo funcionários do Ministério das Emergências. Outras três pessoas morreram no hospital.
O presidente norte-americano, Barack Obama, e líderes da União Europeia condenaram os ataques.
"O povo americano se une ao povo da Rússia em oposição ao extremismo violento e aos ataques terroristas hediondos que demonstram um descaso tão grande pela vida humana. Condenamos esses atos ultrajantes", disse Obama.
O número de mortos faz do ataque de hoje o pior em Moscou desde fevereiro de 2004, quando um atentado suicida deixou pelo menos 39 mortos e mais de 100 feridos em um trem do metrô.
Esse ataque foi atribuído a separatistas tchetchenos. O líder rebelde Doku Umarov, que luta por um emirado islâmico que abranja toda a região, jurou no mês passado levar a guerra às cidades da Rússia.
(Reportagem adicional de Ludmilla Danilova, Dmitry Solovyov, Darya Korsunskaya e Conor Sweeney)
Extraído de msn.com.br
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