Essa semana o Japão declarou que prorrogar o protocolo de Kyoto seria "sem sentido". De fato o é, mas só o é se continuar deixando de fora os dois principais países poluidores do mundo: a China e os EUA, onde o primeiro não entra porque é um país semi-periférico e o outro porque abandonou o protocolo.
Contudo a solução não seria desistir do protocolo, mas sim tentar a sua adesão por parte dos países supracitados. O protocolo irá expirar em 2012 e enquanto isso o jogo de empurra continua: os países periféricos e semi-periféricos acha que os países centrais signatários do protocolo devem renová-lo unilateralmente pois eles são os maiores responsáveis pelos problemas de poluição que ocorrem atualmente; por sua vez os países periféricos não querem pagar sozinhos por essa conta e não vão aceitar um acordo que não seja de ordem global, ou seja, que seja assinado e cumprido por todos: países periféricos, semi-periféricos e centrais.
Enquanto este maldito jogo de empurra não acabar, a Terra continuará a pagar o preço, mas até quando ?
TÓQUIO (Reuters) - O Japão é contra a prorrogação do Protocolo de Kyoto, que exige reduções das emissões de gases do efeito estufa pelos países ricos, e irá lutar por um acordo mais abrangente nas negociações da ONU, mesmo que fique isolado nessa posição, disse uma autoridade na quinta-feira.
Quase 200 países estarão reunidos em Cancún (México) de 29 de novembro a 10 de dezembro para tentar definir alguns elementos de um futuro acordo da ONU contra o aquecimento global. É praticamente impossível, no entanto, que um novo tratado completo resulte desse evento.
O Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, não inclui os dois maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa --EUA (que desistiram do tratado) e China (por ser um país em desenvolvimento). Por isso, simplesmente prorrogar sua vigência seria algo "sem sentido e inadequado", afirmou Hideki Minamikawa, vice-ministro japonês para assuntos ambientais globais.
"Países europeus a partir deste ano propuseram que seria ok prorrogar o período de compromisso do Protocolo de Kyoto se ele tiver a adesão de grandes emissores, mas temos de deixar claro que isso não é aceitável", disse Minamikawa a jornalistas.
"Mesmo que a questão da prorrogação do Protocolo de Kyoto se torne um item importante na pauta de Cancún e o Japão se achar isolado, o Japão não irá concordar com isso."
Ele ressalvou que, mesmo com a prorrogação, o Japão não pretende se desfiliar totalmente do Protocolo de Kyoto, mas que não se consideraria obrigado a cumprir suas regras.
O Japão se opõe a prorrogação do Protocolo de Kyoto por temer que isso entronize um marco regulatório que isente grandes economias emergentes e os EUA de compromissos com a redução das emissões de gases do efeito estufa.
Países em desenvolvimento defendem que as nações ricas prorroguem unilateralmente a vigência do Protocolo de Kyoto, alegando que foram os países desenvolvidos que mais contribuíram com a mudança climática, e por isso têm mais responsabilidade de combatê-la.
Extraído de reuters.com.br
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