O efeito dominó que começou com a derrubada do ditador da Tunísia agora atinge a Líbia. Kadafi, há décadas no poder, resiste da forma que pode (leia-se violentamente) aos protestos da população que exige sua renúncia.
Vários membros de seu governo já pediram a renúncia de seus cargos no governo do ditador que agora usa a força pra tentar se mânter no poder.
Sua queda parece questão de tempo, mesmo que ele ainda mostre resistência. Fato é que a Líbia parece estar a um passo de dar xeque-mate em Kadafi que pode deixar o país que comandou durante décadas pela porta dos fundos.
O ditador líbio ordenou às forças armadas do país que combatessem os manifestantes nas ruas de Tripoli e Bengazi, incluindo ataques aéreos contra a população civil. Mais de 230 já morreram
A onda de protestos que tomou o Norte da África desde que o povo da Tunísia conseguiu derrubar o ditador Ben Ali encontrou a repressão mais violenta desde seu início ao chegar à Líbia. A população começou a ir às ruas na quinta-feira 17 e, desde então, tem sido atacada pelas forças de segurança, com saldo calculado de mais de 230 mortos até o momento.
Kadafi ainda não se pronunciou sobre os protestos que exigem sua queda, mas o filho do ditador, Said Kadafi, foi à rede de TV oficial líbia. Em entrevista, o herdeiro afirmou que o regime do pai não cairia com as manifestações e que haveria “rios de sangue” correndo pelas ruas caso o povo insistisse em seguir os exemplos de Tunísia e Egito.
A população continuou os protestos na capital Tripoli e em Bengazi, a segunda maior cidade do país. Nesta segunda-feira 21, a ameaça de Saif Kafadi confirmou-se. O governo ordenou ao exército que abrisse fogo pesado contra os manifestantes e centenas foram feridos e mortos.
Testemunhas do massacre também afirmam às agências de notícias que mercenários foram contratados para atacar a população. Vídeos enviados pelo Youtube e pelo Facebook mostram diversos feridos sendo atendidos em hospitais. As imagens são fortes.
Além da repressão por terra, Kadafi ordenou que helicópteros militares atacassem os manifestantes com metralhadoras. Há informações de que aviões bombardearam as ruas onde ocorrem os protestos, mas ainda não existe confirmação. Jornalistas não conseguem entrar no país. A rede de TV britânica BBC anunciou que um correspondente conseguiu entrar na Líbia, mas ainda não há maiores informações.
Em meio à repressão brutal, dois pilotos da força aérea líbia pousaram seus caças na ilha de Malta. Segundo as primeiras informações de agências de notícias, os dois receberam as ordens para atacarem a população em Trípoli, mas se recusaram a cumpri-la, desviando a rota para desertarem e pedirem abrigo na ilha.
O representante líbio na Organização das Nações Unidas (ONU), Ibrahim Al Debashi, foi uma das vozes dos “desertores” de Kadafi. Em entrevista à Al Jazeera, ele lamentou a repressão aos manifestantes. “O coronel Kadafi declarou guerra a seu próprio povo e está cometendo um genocídio na Líbia. A comunidade internacional precisa se posicionar contra o regime. Ninguém pode ficar em silêncio diante do que está acontecendo.”
Além da postura de Al Debashi, durante toda a segunda-feira embaixadores líbios em diversos países renunciaram a seus postos e exigiram a queda de Kadafi. Os representantes abandonaram os cargos na Inglaterra, na Indonésia, na Suécia, na Bélgica, na Liga Árabe e na União Europeia.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota oficial sobre a situação na Líbia na sexta-feira 18. Segundo o texto, “o Governo brasileiro acompanha com apreensão a situação na Líbia e repudia os atos de violência ocorridos durante as recentes manifestações populares, que resultaram em mortes de civis”.
Nesta segunda-feira, o ministro da pasta, Antonio Patriota, também se manifestou contra a violência na Líbia: “O Brasil repudia atos de violência contra manifestantes desarmados e vemos com grande preocupação os desenvolvimentos na Líbia, que parece que alcançaram padrão de violência absolutamente inaceitável”
Extraído de cartacapital.com.br
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