segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ETA anuncia fim da luta armada

Na semana passada o Grupo separatista ETA anunciou o fim da luta armada, gerando desconfiança das autoridades por esta não ter sido a primeira vez que isto ocorre. 

O grupo que começou como um movimento não armado, na época da ditadura espanhola de Francisco Franco, foi violentamente perseguido pelo ditador, o que levou o grupo a adoção do combate armado. O que não justifica a adoção...

O grupo separatista reivindica uma área correspondente ao noroeste da França e norte da Espanha para criar um Estado Basco independente.

Diante disso, diversos conflitos entre o grupo e as autoridades dos governos dos dois países já ocorreram e vários atentados já foram organizados pelo ETA contra ambos os países, o mais famoso deles foi um atentado no aeroporto em Madri em 2006. 

Se prestarmos atenção vamos ver que do final do século passado pra cá, há uma mudança de tendência quanto a questão dos conflitos: Antes desse período, podemos notar que os conflitos se deram entre países, como as guerras mundiais, por exemplo. Mas, do período citado pra cá, vemos que esta tendência muda, ou seja, não vemos mais conflitos de um país contra outro país, mas sim de grupos contra uma nação, ou até mais de uma. Mostrando assim que há certa mudança no "modo clássico de fazer guerra".

O caso ETA é apenas um dentre tantos exemplos; assim como também é o IRA na Irlanda e os curdos que buscam um estado independente na Turquia que configuram essa mudança de conflito. 


O grupo separatista basco ETA anunciou nesta quinta-feira (20) que abandonou definitivamente a luta armada, segundo comunicado divulgado pelo jornal "Gara", canal habitual dos comunicados do grupo.
"O ETA acaba de anunciar que 'decidiu pelo fim definitivo de sua atividade armada'', disse o jornal basco "Gara", citando um comunicado do grupo.
O premiê da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, afirmou que o anúncio é uma "vitória da democracia".
Mais de 850 mortes
O ETA, que matou mais de 850 pessoas em seus 50 anos de história a favor de um País Basco independente, no norte da Espanha e sudoeste da França.
Ele estava enfraquecido pela repressão policial, com a detenção de vários de seus dirigentes mais importantes, e pelo aumento do apoio basco à saída política.
O grupo também se encontrava havia vários meses sob a pressão de seu ilegalizado braço político, o Batasuna, para anunciar cessar-fogo.

O grupo armado havia declarado em janeiro uma trégua 'geral e verificável', algo que havia sido recebido com ceticismo pelas autoridades espanholas, que exigiam um fim definitivo da violência.

O ETA rompeu diversas promessas de cessar-fogo no passado, o mais recente em 2006, quando uma trégua foi rompida por um violento ataque a bomba no aeroporto de Madri.Declarações de cessar-fogo têm sido vistas por analistas como tentativas da organização de se reagrupar e lançar novos ataques.

Extraído de g1.com.br

A polêmica dos transgênicos

Desde que os alimentos transgênicos, ou seja, os alimentos modificados geneticamente (seja para fins como se adaptar a climas diferentes do habitual, seja para resistir às pragas, seja para terem uma produtividade maior) começaram a ganhar vulto no cenário internacional que a polêmica a cerca do mesmo continua: seriam esses alimentos bons ou prejudiciais a saúde ?

Há estudos que publicam que sim, há outros que publicam que não (isso depende muito de quem financia a pesquisa). Mas o fato é que acerca deste tema muita coisa ainda está obscura e que talvez nem os próprios cientistas saibam.

Essa polêmica já causou medidas como a proibição por parte de alguns países de comercializar este tipo de alimento em seu território, o que na prática não adianta muita coisa, pois corremos o risco de consumir alimentos geneticamente modificados sem saber. 

Mesmo que hoje em dia existam empresas com especialização nisso (hoje em dia se ganha dinheiro com tudo, incrível!) não há como exercer um controle 100% eficaz pois nada impede que agentes polinizadores, como abelhas e pássaros, possam espalhar as sementes desses alimentos sobre outras propriedades.

Apesar de muitos defenderem o uso destes alimentos, seja pelo ganho com o mesmo preparado para render mais a cada safra, seja pelos mesmos serem resistentes a diversos tipo de praga; do outro lado há relatos que afirmam que tais alimentos podem causar desde doenças graves como câncer, passando por esterilizações de pessoas, chegando até a perda do sabor dos alimentos. 

Fato é que não há uma posição de consenso definida sobre os transgênicos e que os riscos e/ou benefícios que tais alimentos podem trazer, só serão ratificados ou desmistificados ao longo do tempo.


Não é novidade que a produção de alimentos orgânicos é mais benéfica para o meio ambiente e para a saúde das pessoas.  Qualquer pessoa que tenha consumido uma fruta cultivada sem agrotóxicos sabe que seu sabor é superior.
Uma reportagem recente do jornal Clarín relata a perda do sabor original de alimentos como o tomate e a carne, devido à transformação do modo de produção.
Na reportagem, especialistas do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina explicam as causas da alteração de sabor. No caso dos tomates, as espécies nativas foram substituídas por variedades transgênicas com um aspecto mais vistoso, mais resistência (não amolecem rápido) e maior rendimento (um pé de tomate híbrido rende 20 quilos contra seis da espécie nativa).
O problema é que seu sabor é diferente do tradicional, entre ácido e doce, e existem dúvidas sobre a equivalência de seu valor nutritivo.
Quanto à carne bovina, os especialistas explicam que os bois criados em confinamento consomem mais cereais oleaginosos, o que faz com que sua carne comece a ficar parecida com a de porco. Já a carne dos bois criados em pastagens contém Ômega 3, elemento encontrado no capim.
Segundo o INTA, a carne de frango tem menos gordura, mas como as aves confinadas andam muito pouco, têm menos tonicidade nos músculos e retém mais água, que se perde no momento do cozimento. Tudo isso contribui para alterar o sabor.


Extraído de TreeHuggerBrasil

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Estado a serviço de quem ?

A empresa Nissan irá montar sua fábrica no Rio de Janeiro, mas especificamente em Resende, no norte do estado fluminense. 

A decisão da montadora se deve pela proximidade do local com os portos de Itaguaí e do próprio porto do Rio de Janeiro, permitindo assim a facilitação do escoamento de sua produção. 

A fábrica também contou com incentivos fiscais do governo do Estado para se instalar no local, entre eles a doação do terreno onde a empresa construirá sua fábrica. 

É esse o ponto em que eu queria chegar... 

Quero deixar bem claro que não sou contra o estado buscar desenvolver regiões que estão sob sua tutela, mas o meu ponto aqui é discutir outra coisa... 

A galera que acompanha o blog já deve ter visto que volta e meia eu sempre posto aqui uma frase que diz mais ou menos assim: "o Estado parece sempre estar mais a favor dos empresários do que da população"

E está aí mais um exemplo disso. Para me fazer claro sobre isso vou utilizar as palavras do Marcelo Freixo, deputado estadual aqui no Rio de Janeiro, que disse o seguinte:

"O governo vai trazer a Nissan p/ Rio. O terreno equivale a 22 estádios do Maracanã e será DOADO pelo governo. O povo do Bumba não tem casa"

Para quem não se lembra, em Abril do ano passado uma chuva torrencial assolou Niterói e, em consequência disso, o Morro do Bumba, em Niterói, veio praticamente abaixo. Na época jornais, revistas e a televisão publicavam notícias sobre o ocorrido incessantemente. Mas, com o tempo, as pessoas assoladas pela tragédias foram aos poucos sendo esquecidas e hoje em dia vivem em um quartel do exército no município de São Gonçalo, vizinho a Niterói. 

E é aí que entra o meu questionamento, reforçado pelas palavras do deputado estadual: Terreno para construir uma casa para essas pessoas morarem o governo não acha, mas um terreno com o tamanho de 22 Maracanãs para uma fábrica acha rapidinho não é ?

Claro que sei que tem a questão do onde morar, não se pode deslocar estas pessoas para locais muito longe de onde residem, pois suas vidas estão fixadas naquele local. O que questiono aqui é a falta de vontade política do governo em resolver a questão dessas pessoas do Bumba. Não estou jogando a culpa no governo do Estado do Rio, mas acho que com um pouco de vontade política - a mesma que tiveram para doar o terreno a Nissan - o governo do Estado poderia se articular com a Prefeitura de Niterói para resolverem esta questão e assim dar um lar a estas pessoas que foram assoladas pela tragédia e que agora vivem esquecidas. 

E volto a dizer: é triste ver como o Estado é todo pelas grandes empresas e não por sua população. População essa que só é lembrada em época de eleição.... 




A Nissan Motor Co., Ltd. anunciou hoje planos de investimento de R$ 2,6 bilhões (US$ 1,5 bilhões*) na construção de uma nova fábrica em Resende, no Estado do Rio de Janeiro, para o desenvolvimento, produção e lançamento de novos produtos. A unidade fabril, cuja produção está prevista para ser iniciada no primeiro semestre de 2014, terá capacidade para produzir até 200 mil unidades por ano de produtos Nissan sob a Plataforma V, para venda no Brasil. A fábrica deverá criar até 2 mil empregos diretos e pelo menos duplicar este número, se considerarmos toda a cadeia de abastecimento e comunidade envolvida.
A nova planta industrial é um passo importante na estratégia da Nissan como fabricante líder nos mercados do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo de países que vem demonstrando um rápido crescimento. Em junho deste ano, a empresa divulgou detalhes da 'Nissan Power 88", uma estratégia de médio prazo que inclui os planos de se tornar a marca asiática líder da indústria automotiva no Brasil – a quarta maior do mundo em volume de produção – e atingir pelo menos 5% do mercado no País, até 2016.
"Assim como ocorrido na China, Rússia e Índia, estamos investindo em regiões que apresentam maior potencial de crescimento", disse Carlos Ghosn, presidente e CEO da Nissan Motor Co., Ltd. "O Brasil tem se mostrado o motor que impulsiona o crescimento do mercado latino-americano. Estamos ansiosos para contribuir para o cenário econômico brasileiro e sua indústria automotiva, no século 21”, afirmou.
"A vinda da Nissan orgulha o Rio de Janeiro. É resultado do trabalho que estamos realizando para atração de empresas, consolidando o estado como um polo do setor automotivo, e que gera milhares de empregos diretos. Nos próximos anos, nossa produção de veículos pode chegar a um milhão, se levarmos em conta a duplicação das outras companhias do setor. Essa escala permitirá atrair a rede de fornecedores e tornará o Rio cada vez mais competitivo em novas disputas por montadoras”, disse o governador Sérgio Cabral.

Investimento em Resende
O investimento da Nissan no Rio de Janeiro vai subsidiar a construção de uma fábrica totalmente nova. Resende foi escolhida por sua proximidade com os portos de alta qualidade de Itaguaí e do Rio de Janeiro, disponibilidade para início da produção em curto espaço de tempo e fácil acesso à mão de obra qualificada e fornecedores.
A futura capacidade de produção da Nissan virá complementar a atual, de 59 mil unidades por ano, provenientes da planta industrial da Renault, localizada em São José dos Pinhais, no Estado do Paraná. A unidade fabril da Nissan, no Paraná, continuará a produzir o Nissan Livina, o Grand Livina, X-Gear e o Frontier, além de expandir a produção dos modelos Renault.

A Estratégia de investimento de longo prazo para os mercados do BRIC
A expansão da Nissan no Brasil é um grande passo na estratégia da empresa de manter a produção necessária para sustentar um crescimento significativo nos mercados do BRIC. Desde 2001, a Nissan tem aumentado a presença de seus veículos no Brasil, Rússia, Índia e China – o crescimento passou de pouco menos de 50 mil unidades para cerca de 1,2 milhão de unidades, até o final do ano fiscal de 2010.

Nissan no Brasil
No Brasil, a Nissan tem crescido significativamente nos últimos dois anos, mais que duplicando sua participação de mercado, atingindo a marca de 1,7% de market share no acumulado de 2011. Por meio da entrada de novos modelos populares, como o Nissan March e o Nissan Versa e a duplicação da rede de concessionárias, a empresa pretende ganhar, no mínimo, 5% do mercado brasileiro, até 2016.
Novos produtos serão fundamentais para atestar a capacidade de crescimento da empresa no quarto maior mercado automotivo do mundo. Até 2016, a Nissan deve lançar dez novos produtos no mercado brasileiro, aumentando a sua penetração na cobertura de segmentos do mercado de 23%, antes do lançamento da Nissan March, para mais de 87%, até 2016. Em novembro, a Nissan irá lançar o sedã Versa, inédito no Brasil, aumentando a sua cobertura de mercado para 83%.
A expansão da rede de concessionárias da Nissan no Brasil também vai contribuir muito para que a empresa tenha maior competitividade no mercado. A Nissan opera hoje com 117 lojas em todo o País e tem planos de aumentar esse número para mais de 239, até 2016.

Sobre a Nissan
A Nissan Motor Co., Ltd., segunda maior empresa automotiva japonesa por volume, está situada na cidade de Yokohama e compõe a Aliança Renault-Nissan. Operando com mais de 248 mil funcionários no mundo, a Nissan forneceu aos seus clientes mais de 4,1 milhões de veículos em 2010, gerando uma receita de 8,77 trilhões de yens (US$ 102,37 bilhões). Fortemente comprometida com o desenvolvimento de produtos atraentes e inovadores para todos, a Nissan oferece uma ampla gama de 64 modelos sob as marcas Nissan e Infiniti. Pioneira no conceito de mobilidade com zero emissão, a Nissan fez história ao lançar o Nissan LEAF, o primeiro veículo 100% elétrico desenvolvido para o mercado de massa, vencedor de vários reconhecimentos internacionais, como o prestigiado prêmio Carro Europeu do Ano 2011. Para mais informações sobre nossos produtos, serviços e o compromisso com a mobilidade sustentável, visite nosso website http://www.nissan-global.com/EN/


* Taxa de câmbio calculada em R$ 1,75 para cada US$ 1,00


  


Extraído de businessreviewbrasil.com.br

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Primavera Árabe 3: Tunísia (Onde tudo começou)

O país que iniciou a chamada Primavera Árabe, a Tunísia, realizou no domingo passado eleições para a escolha do governo de transição no país. 

O partido que apresenta a preferência da população parece ter apresentado uma linha mais moderada e com isso pode largar na frente nessas eleições. 

Agora, assim como em todos os outros países que compõem a tal primavera árabe, é esperar e ver como se dará o futuro de cada nação que foi as ruas e fez sua própria revolução. 

Segue o vídeo sobre as eleições na Tunísia no link abaixo.



Extraído de msnvideos.com.br

Primavera Árabe 2: Uma rápida nota sobre a Líbia e Kadafi





Desta vez eu coloquei o vídeo antes do comentário com a intenção de que vocês vissem o vídeo primeiro para depois ler o comentário, pelo seguinte motivo...

Percebam que no início do vídeo a jornalista vai falar que empresas americanas e europeias exploravam o petróleo da Líbia. Mas, quando Kadafi chega ao poder, uma de suas medidas é nacionalizar o petróleo e, com isso, as empresas europeias e americanas que exploravam o petróleo são obrigadas a sair do país. E o que acontece logo após isso ? Os EUA colocam a Líbia na lista de países terroristas, só vindo a tirar anos depois justamente quando Kadafi permite que empresas americanas e europeias voltem a explorar petróleo e gás no país.

Ou seja, a lógica americana funciona da seguinte maneira: se eu posso te explorar você não é terrorista, mas se eu não posso te explorar você é terrorista. 

A que ponto chega o interesse econômico de um país em relação ao outro não ?

E pode ter a certeza de que os EUA vão interferir, e muito, nesse novo governo que surgirá na Líbia. 


Fonte: globovideos.com

Primavera Árabe: A Morte de Kadafi

Um dos últimos países a se juntar a denominada "Primavera Árabe" a Líbia, viveu essa semana um marco em sua história: a morte daquele que foi seu ditador por mais 40 anos, Kadafi. 

Inúmeros vídeos circulam pela internet com imagens do ditador ainda vivo, sendo capturado pelos rebeldes. Mas o final disso todos sabemos... 

Contudo, sua morte suscita questões complexas, cujas respostas me parecem estar longe de aparecerem. 

Há pouco tempo atrás, publiquei aqui um post sobre a situação da Somália e acho que uma questão que no referido post abordei, pode caber a Líbia...

A Somália vive em guerra civil desde 91 quando seu ditador foi expulso e não se chegou há um consenso sobre quem assumiria o poder... Posso estar sendo fatalista, mas acho que esse cenário pode se repetir na Líbia.

O que antes unia os rebeldes, lutar contra Kadafi e seus aliados, agora não existe mais. A partir disso, pode haver uma cisão entre os rebeldes na forma de governar o país, gerando assim conflitos que podem mergulhar o país em uma guerra civil assim como na Somália. 

Outro ponto que devemos ter atenção é que a morte de Kadafi não significa que agora a Líbia, como num passe de mágica, será democrática e igualitária. Não ! Para isso ocorrer um processo árduo e demorado está por vir. Um governo de transição deve ser a etapa inicial disso, mas como os Governos de fora vão querer se intrometer nesse entremeio (não é Tio San ?) procurando levar uma vantagem nisso, esse processo, se não for visto com o devido cuidado e estruturação que merece, pode acabar sendo um certo fiasco. 

Os rumos da Líbia agora parecem um tanto quanto nebulosos, temos de esperar pra ver os rumos desse país que agora se liberta de mais de 40 anos de uma ditadura. Mas, volto a dizer, é um processo que exige bastante cautela, ainda mais quando sabemos que as interferências externas serão inúmeras. 

O primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmoud Jibril, confirmou nesta quinta-feira que o líder deposto Muamar Kadafi, de 69 anos, foi morto na Líbia. Kadafi, que se agarrou ao poder por 42 anos até ser deposto por um levante popular iniciado em fevereiro que se tornou uma sangrenta guerra civil, foi morto por forças revolucionárias durante a queda de Sirte, sua cidade natal, o grande último bastião de resistência desde a queda do regime, há dois meses.

Autoridades do governo interino dizem que Mutassim, um dos filhos do Kadafi, morreu durante a captura do pai, enquanto há relatos não confirmados de que Saif al-Islam, apontado como seu sucessor, foi ferido e capturado.
Kadafi é o primeiro líder morto na Primavera Árabe, onda de movimentos populares que ocorrem no Oriente Médio e no norte da África desde dezembro para exigir o fim de governos autocráticos e mais democracia. Além da Líbia, regimes foram depostos na Tunísia e no Egito. Kadafi foi um dos líderes mais longevos do mundo, dominando o país por meio de um regime comandado por seus caprichos e atraindo condenação internacional e isolamento durante anos.

"Esperávamos por esse momento há muito tempo. Muamar Kadafi foi morto", disse Jibril na capital do país, Trípoli. Segundo o premiê, o líder deposto morreu de um ferimento causado por um disparo na cabeça. Kadafi, segundo Jibril, foi atingido durante o fogo cruzado entre seus partidários e combatentes do governo interino depois de ter sido capturado ao ser retirado de um duto de esgoto — apresentando o argumento de que ele não foi morto intencionalmente.
"Kadafi foi retirado do duto sem resistir. Quando o levávamos, foi atingido por um disparo no braço direito e então colocado em uma caminhonete", disse Jibril ao ler um relatório forense. "Quando o carro se movia, foi pego no fogo cruzado e atingido por uma bala na cabeça. O médico forense não pôde dizer se a bala era dos revolucionários ou das forças de Kadafi."
Também de acordo com premiê, Kadafi morreu poucos minutos antes de chegar ao hospital e será enterrado na sexta-feira na cidade de Misrata. O presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, declarará a libertação da Líbia no sábado.
Na coletiva em Trípoli, Jibril também pediu que a Argélia entregue os membros da família de Kadafi que se abrigaram no país. A mulher do líder deposto, assim como três de seus filhos - Aisha, Muhammad e Hannibal - fugiram para a Argélia em agosto. Saadi, outro filho de Kadafi, abrigou-se em setembro no Níger. A Interpol emitiu um mandado de prisão contra ele a pedido do CNT.
Além de Kadafi, o ministro interino de Informação da Líbia, Mahmoud Shammam, disse que Mutassim - filho e um dos conselheiros de segurança nacional de Kadafi - foi ferido quando se escondia com o pai. Um repórter da Reuters confirmou que viu o corpo, que teria sido colocado sobre cobertores no chão de uma casa em Misrata, coberto da cintura para baixo com uma capa de plástico azul. O corpo apresenta ferimentos no peito e pescoço.
Há relatos conflitantes sobre o paradeiro de Saif al-Islam, sempre apontado como sucessor de Kadafi. À rede de TV árabe Al-Jazeera, uma autoridade do governo interino afirmou que ele ainda estaria foragido no deserto da Líbia. Posteriormente, surgiram informações de que ele, que teria tentado fugir de Sirte em um comboio, estava cercado e sob ataque. Já a rede Al-Arabyia afirmou que ele foi morto. Mais tarde, a TV pró-Kadafi Al-Ra, que fica na Síria, disse que "não havia nenhuma verdade" nas informações sobre a morte ou captura de Saif al-Islam.
Outros dois filhos de Kadafi foram mortos previamente. A morte de Khamis em um confronto perto de Trípoli foi confirmada por uma rede pró-Kadafi nesta semana. O filho mais novo de Kadafi, Saif al-Arab, foi morto em um ataque aéreo da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em abril.
Antes da informação sobre a morte de Kadafi, o comandante do CNT Mohamed Leith anunciou que elehavia sido capturado. "Ele foi capturado em sua cidade natal, Sirte. Está muito ferido, mas ainda está respirando." Segundo ele, o líder deposto vestia um uniforme cáqui e um turbante.
Circunstâncias incertas da morte
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a morte de Kadafi "põe fim a um longo e doloroso capítulo da Líbia". "O regime de Kadafi chegou ao fim", disse, afirmando que "hoje é um dia importante na história" do país. Outros líderes ocidentais, que contribuíram para a queda do regime por meio de operações da Otan, consideraram que a morte de Kadafi marcava o "fim da tirania". A presidenta brasileira, Dilma Rousseff, afirmou que o mundo deve apoiar e incentivar o processo de transição democrática no país, mas ressaltou que uma morte não deve ser "comemorada".
Líbios saíram às ruas de todo o país para celebrar a notícia. "Nosso atual ambiente será aprimorado. Esperávamos por essas notícias. Líbia se tornará um local muito seguro. A comunidade econômica aqui ficará muito feliz, poderemos retomar nossos negócios. Estamos gratos aos EUA, à França e ao Reino Unido por sua ajuda", afirmou um residente de Trípoli.
Antes de o prêmie líbio declarar que Kadafi tinha sido atingido por um disparo na cabeça, as informações que surgiram foram confusas, levantando dúvidas sobre como exatamente ele foi preso e morto. Redes de TV árabes mostraram imagens do líder deposto ferido, com o rosto e blusa ensanguentados, mas vivo. Vídeos posteriores mostraram seu corpo sem vida sobre a rua, com sangramento na cabeça, enquanto combatentes o arrastavam
A maioria dos relatos coincide em indicar que o cerco ao líder começou quando ele estava escondido com seus partidários nos poucos prédios que ainda controlavam em Sirte, que fica na costa do Mar Mediterrâneo. Em meio a fortes combates, um comboio de 80 veículos tentou fugir do local. Um avião não-tripulado dos EUA avisou a Otan, que conduziu a ação contra o comboio, lançada por aviões da França. De acordo com o ministro francês da Defesa, Gerard Longuet, Kadafi estava no comboio de 80 veículos. Ele também disse que os bombardeios pararam o comboio, mas não o destruíram, possibilitando que os combatentes encontrassem Kadafi.



Extraído de ig.com.br

domingo, 16 de outubro de 2011

Para Refletir...

A dica de hoje para refletir vem a partir do vídeo abaixo, dica do amigo e leitor do blog Daniel Pires. 

Você que acha que seu voto não vale nada ? Veja o vídeo abaixo e perceba que ele vale, e muito ! Na verdade vale mais do que em qualquer lugar do mundo... 

Estamos nos aproximando de mais um ano eleitoral, lembre-se deste vídeo quando for assistir e vote com consciência ou anule com consciência... A escolha é livre e parte de cada um de nós... 



A "Primavera árabe"

Iniciada no início deste ano com revoltas em países árabes contra seus governantes a "primavera árabe" deu nome aos movimentos das populações árabes que se levantaram contra ditaduras que estavam no poder há décadas. 

Países como a Líbia, o Iêmen, Tunísia, Egito, Argélia, Jordânia, Marrocos, Barhein e Síria se levantaram contra suas ditaduras e foram as ruas pelo fim das mesmas. Após diversos protestos e a queda de seus ditadores, a maioria desses países passam agora por transições entre antigos governos ditatoriais e um provável novo governo de base democrática. 

Sendo este movimento recente, fica complicado tecer algum comentário sobre o futuro dos países a partir de suas revoluções, pois cada caso é peculiar. No entanto, podemos ver algo no meio disso que pode ser considerado preocupante: símbolos do governo anterior querendo se estabelecer no novo. 

Estamos vendo que representantes das ditaduras derrubadas anteriormente, ao verem as mesmas sucumbido, decidiram "mudar de lado". E isso pode ser perigoso a medida em que pode não passar de pura "esperteza". 

Ainda é cedo pra dizer e também acho que o povo não irá permitir isso, pois não vão querer nada que lembre o antigo governo. Mas, é esperar pra ver...

O mais "engraçado" disso tudo é que vemos os EUA, como sempre, se metendo a elogiando a queda dos ditadores e bradando a liberdade nos países árabes... Se olharmos para o passado, vamos ver que foram justamente os EUA que colocaram os ditadores no poder ao dividirem o Oriente Médio como uma pizza para que o petróleo da região não fique na mão de um só, mas sim de vários e assim estimular a concorrência; mesmo assim o tiro ainda saiu pela culatra com a crise do petróleo de 73 via criação da OPEP, não foi EUA ?... 

E ainda saiu pela culatra outra vez quando as ditaduras começaram a fazer seus mandos e desmandos e os EUA agora não poderiam fazer muito, pois os mesmos já era soberanos e os EUA agora não podem mais meter o bedelho lá... 

Quanto a primavera, basta esperar pra ver. Mas é fato que vai ter um dedinho dos EUA nisso...

Marcado por uma série de manifestações no mundo árabe, o ano de 2011 se tornou um verdadeiro caldeirão de jovens sedentos por mudanças. Vivendo sob ditaduras, algumas delas quase que cinquentenárias, a geração das redes sociais usou seu poder de mobilização e utilizou a internet não apenas para rever velhos amigos ou fazer novos, mas para fazer revolução.  O alto índice de desemprego, principalmente entre esses jovens, a corrupção de dirigentes que enriquecem enquanto seu povo padece na pobreza, despertou o mundo árabe a uma nova perspectiva para o futuro.
Desde janeiro, com o primeiro levante, na Tunísia, o grito dos indignados correu os quatro cantos mundo árabe. Líbia, Egito, Argélia, Jordânia, Marrocos, Iêmen, Barhein e Síria aos poucos foram aderindo à primavera árabe. O cenário de revolta em todos esses países é semelhante e agora se esperam os resultados das revoluções que serão peculiares para cada caso. A Tunísia se prepara para eleições no próximo dia 23. A resposta dos eleitores, que se registraram para participar da votação, indicou um início de processo estável, ainda que tenha havido alguns protestos contra o governo interino composto por homens do ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali, que renunciou em janeiro.
Enquanto isso, na Líbia e no Iêmen, a população conta com o apoio de ex-aliados dos respectivos governos que trocaram de lado no turbilhão dos acontecimentos: Mustafa Abdul Jalil, ex-ministro da Justiça de Muammar Kaddafi, atual líder do Conselho Nacional de Transição (CNT); e Ali Mohsen, ex-chefe do exército, agora chefe da primeira divisão armada que tem travado batalhas com a guarda republicana.

Que os dois líderes à frente da transição de governo tanto no Iêmen quanto na Líbia são ex-aliados de ditadores não é segredo para ninguém, mas ainda é cedo para avaliar se eles são oportunistas. Segundo Magid Shihade, professor de Estudos Internacionais da Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, e autor do livro Not Just a Soccer Game: Colonialism and Conflict among Palestinians in Israel (sem previsão de lançamento no Brasil), existem muitas pessoas desonestas que se aproveitam da onda de sentimento do povo, “especialmente quando aparecem em vantagem”, como no caso de alguns países árabes. Mas não é fácil lidar com o povo, já que “tais figuras ou novos líderes terão de atender as demandas reais da população na etapa final da mudança”.
Na Líbia, mesmo sem a deposição de Kaddafi, que segue foragido, os rebeldes já se sentem representados no poder. O CNT, liderado por Abdul Jalil, tenta agora conciliar os anseios do povo em diálogo num país marcado pelos sectarismos e de rivalidades tribais e divisões étnicas. No Ocidente o Conselho já tem reconhecimento como governo legítimo de vários países.
Até o momento Jalil é o mais respeitado dentro do CNT, que conta com integrantes nacionalistas árabes, islâmicos, secularistas, socialistas e empresários. E até com ex-jihadistas da Al-Qaeda. Um gabinete provisório foi montado. O Conselho promete governar o país por um período de menos oito meses, e já comanda áreas que não estão sob o controle de Trípoli. O Conselho é, ainda, responsável pelo fornecimento de alimentos e serviços básicos nessas regiões enquanto as eleições são preparadas.  Em entrevista publicada em agosto no italiano La Repubblica, o líder do CNT afirmou: “Faremos eleições legislativas e presidenciais. Queremos um Governo democrático e uma Constituição justa. E, acima de tudo, não queremos continuar a ser isolados do mundo como temos estado até agora”. Ele também prometeu que “a ‘nova Líbia’ terá de ser um país diferente do passado, fundado nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade”.
No Iêmen, o ditador Ali Abdullah Saleh, com medo de que os ventos da primavera árabe culminassem com o estouro de uma revolução em seu país, anunciou em fevereiro que não concorreria à reeleição em 2013, mas negou-se a deixar o país antes do fim de seu mandato. O que de nada adiantou. Ferido numa tentativa de assassinato em junho, ele foi se recuperar na Arábia Saudita, onde passou os últimos três meses. Recentemente retornou ao país, falando em diálogo e paz. A população visualizava nessa ausência esperança da criação de um plano de mudança, mas suas esperanças foram por água abaixo. E a oportunidade de transição pacífica se distancia cada vez mais do país.
No mais recente episódio de violência, forças leais a Saleh e beduínos seguem em combate em Taiz, cidade ao sul do país. Na última quarta-feira 5, o saldo de mortos havia chegado a oito.
De um lado a guarda republicana liderada por Ahmed Saleh, filho do ditador no poder há 33 anos. E de outro, a primeira divisão armada, liderada pelo general Ali Mohsen al-Ahmar que já foi um forte aliado do presidente e se uniu aos manifestantes em março, incumbindo suas tropas de proteger o lado dos rebeldes em Saná. Na ocasião, ele afirmou, na rede de tevê Al Jazira que a crise estava ficando complicada e empurrando o país na direção da violência. “De acordo com o que sinto, e de acordo com o que muitos de meus companheiros e soldados sentem, anuncio meio apoio e nosso apoio pacífico à revolução dos jovens. Vamos cumprir nossos deveres de manter a segurança e a estabilidade”, afirmou.
Para Shihade, o professor de Estudos Internacionais, é possível que as pessoas mudem, sim. E no caso de Jalil e Mohsen, “nós enxergamos melhor o que eles fazem enquanto estiverem no governo, para então julgar seu desempenho frente às demandas do povo, especialmente em relação aos temas centrais como justiça econômica, liberdade e soberania do povo e do Estado”.
O especialista explica que todos os novos regimes e revoluções costumam incluir figuras de seus regimes anteriores, mas que o mais importante é observar as questões estruturais. “No mundo árabe, em geral, há insatisfação com a política dos últimos 40 anos de falta de transparência, de falta de justiça econômica, a falta de capacidade de resposta aos povos, desejos básicos e aspirações, dos sentimentos de repressão de regimes locais, e de oposição à agressão israelense e norte-americana. A nova etapa da política tem de responder a tudo isso”, afirma.
Os países em transição dificilmente continuarão com políticas do passado e isso vai dificultar o controle dos Estados Unidos sobre esses países. “Afinal, o enfraquecimento do poder global dos EUA foi um fator que levou à queda ou às revoluções contra os seus principais aliados na região, como Mubarak e Ben Ali. A questão principal é permitir ao povo de cada país fazer suas mudanças sem intervenções externas.”
Independentemente de ter origem nos velhos regimes, os novos governos terão de refletir os sentimentos da população. Se um líder do regime anterior participa do novo governo ele terá de reagir às novas realidades, caso contrário ele “provavelmente será deixado de lado por grupos políticos que estão moldando os acontecimentos atuais e a próxima fase na história da região.”
Ainda assim, não há nenhuma garantia de que surgirá um novo governo sem as marcas do antigo. “Temos que esperar e ver. A única garantia que temos é o povo está farto da velha política, e não aceitará o velho governo com roupagem nova. O povo quer a verdadeira mudança pedida nas ruas.”
Ex-aliados dos ditadores unidos agora aos insurgentes, Jalil, na Líbia, e Mohsen, no Iêmen, ainda não são apontados como traidores por nenhum dos lados. Para o professor Shihade, é surpreendente ver figuras do velho regime fazendo parte do novo governo, mas “é provável que isso não aconteça”.


Extraído de cartacapital.com.br

Um exemplo a ser seguido !

Uma cooperativa na Bahia, como mostra a reportagem abaixo, serve como um ótimo exemplo do que é verdadeiramente apoiar os pequenos proprietários de terra em nosso país. 

No país marcado pela distribuição irregular da terra e pelo latifúndio que vem desde os tempos do Brasil-Colônia. Jamais o nosso país deu a devida atenção aos pequenos proprietários como deveria. É como se negassem o fato de que são eles os responsáveis pelos alimentos que consumimos, enquanto que o que é produzido pelos latifúndios é majoritariamente exportado, sobretudo pra engordar porcos...

Sem o devido apoio, seja ele técnico ou financeiro os pequenos proprietários no nosso país são verdadeiros heróis cujo valor não é reconhecido pelo Governo que acha que cumpre sua parte através de programas assistencialistas como o Programa Nacional da Alimentação Escolar onde Prefeituras são obrigadas a comprar 30% de suas merendas escolares com agricultores familiares. Apesar de ser um começo, está muito longe do que deveria ser realmente feito...

Mesmo com todo esse descaso e os agricultores familiares travando batalhas para sobreviverem quase que diariamente, as soluções encontradas por eles são de uma criatividade ímpar que merecem destaque bem como serem espalhadas por todo o país. 

Este é o caso da cooperativa da reportagem na qual os pequenos produtores conseguiram melhorar tanto sua produção quando seus rendimentos. E o que é melhor: com soluções que reduzem a agressão ao meio ambiente. 

Um modelo a ser seguido e transmitido... Mesmo sabendo que os grandes latifundiários talvez tentem embarreirar isso...

Em meio a árvores secas, galhos tortos e uma rala vegetação rasteira para pastagem do gado se esconde uma construção incomum ao cenário do semi-árido de Vitória da Conquista, cidade a 509 quilômetros de Salvador. O Complexo Industrial da Cooperativa Mista Agropecuária de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (COOPASUB), inaugurado em 26 de setembro, é um exemplo de projeto capaz de viabilizar a agricultura familiar como fonte de geração de renda na zona rural do Brasil.
O setor, apesar de enfrentar problemas constantes, como a falta de apoio técnico aos pequenos agricultores no plantio, manejo correto da terra, comércio da produção ou ausência de infraestrutura, é responsável pelo sustento de 12,3 milhões de pessoas, ou quase 75% da população em atividade no interior do País.

Além disso, a agricultura familiar exerce um papel de destaque na economia nacional, produzindo 70% do feijão, 58% do leite, 30% dos bovinos e 87% da mandioca consumida na cesta básica dos brasileiros, segundo o mais recente Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2009, mas com dados de 2006.

Para se fortalecer neste cenário, o complexo industrial da cooperativa da Bahia – terceiro maior produtor nacional de mandioca, enquanto o Brasil é o segundo mundial, de acordo com o IBGE, concentrou a produção do vegetal de 2,4 mil associados de 18 municípios nos arredores de Vitória da Conquista em uma central de 12 milhões de reais.
A cerca de 30 minutos do centro do município de 306 mil habitantes e financiado pela Fundação Banco do Brasil e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outras instituições, o local vai agregar valor aos produtos, antes artesanais, com embalagens de farinha de mandioca próprias para o comércio, além da produção de fécula. O item, mais caro e sofisticado, pode ser usado em tintas, beneficiamento de papel e, entre outras utilidades, na indústria alimentícia, setor com o qual a organização trabalha.
O empreendimento no bairro de Corta Lote, uma das maiores regiões produtoras de farinha do Brasil, tem capacidade para processar 100 toneladas de mandioca por dia, gerando 25 toneladas de fécula, de acordo com o diretor presidente da cooperativa, Izaltiene Rodrigues Gomes.
Mesmo funcionando há pouco mais de dois meses, conta o agricultor, de 50 anos, os resultados já são superiores ao programado. “Deveríamos estar processando 20 toneladas de mandioca por dia e gerando cinco de fécula, mas estamos fazendo o triplo disso”, diz à CartaCapital.
Os valores movimentados recentemente pela cooperativa também indicam um progresso exponencial no poder de comercialização. Poucos dias antes de fechar o balanço de setembro, o faturamento bruto era de 196 mil reais, com estimativas de atingir 250 mil por mês. “Antes dessa estrutura, a cooperativa faturava cerca de 30 mil reais por mês.”
No entanto, o maior cliente da cooperativa ainda é o Estado, por meio de seus programas de incentivo à agricultura familiar com o apoio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Temos o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que obriga as prefeituras a comprar 30% da alimentação escolar de produtores como os nossos e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).” Desta forma, a COOPASUB já venceu licitações para fornecer farinha de mandioca a cinco prefeituras, entre elas a de Salvador.
Por outro lado, a fécula, que tem um preço variável entre 2,5 a 3 reais o quilo – contra cerca de 1,6 real da farinha de mandioca -, não fica restrita aos programas do governo. Antes, o produto consumido na região, lembra o diretor presidente, vinha do Paraná, Mato Grosso e São Paulo com alto preço de frete. “O transporte custava 210 reais por tonelada, mais o valor de 1.160 mil reais a tonelada. Aqui vendemos a 1.250 e ainda sai mais barato.”
Empregos
O empreendimento, localizado na região que mais produz mandioca dos 13 municípios envolvidos na cooperativa e próximo a uma rodovia para escoar os itens, gerou 34 empregos diretos para os moradores de seu entorno. Entre eles está a irmã da professora primária Tatiane Brito. No dia da inauguração, Brito, de 27 anos, posa para as máquinas fotográficas e celulares de amigas em um dos gramados em torno da fecularia. A fecularia, diga-se, é a maior obra da região e deve melhorar a situação dos pequenos produtores locais. “Ainda assim, minha irmã ganha um salário baixo. Poderia ser maior não é?”, questiona Brito.


Antes de construir o complexo, também dotado de um galpão de estoque, um estudo foi realizado para identificar os principais problemas enfrentados pelos pequenos produtores. Em 13 seminários por municípios da região, agricultores familiares responderam a questionários e indicaram o que era necessário para melhorar a produção, o beneficiamento, a acomodação e a organização do cultivo.
“Pediram a construção de uma unidade central de processamento de mandioca, a mecanização das áreas, assistência técnica e investimento estrutural nas casas de farinha, que não tinham condições higiênicas para produzir”, diz Gomes, o diretor presidente da cooperativa, enquanto seguimos em direção a uma casa de farinha no povoado de Dantilândia.
Cercada por plantações de mandioca e à beira de um morro, a bucólica casa é uma das 25 credenciadas pela COOPASUB, cada uma delas com capacidade de industrializar, em média, 30 sacos de farinha por dia. Contudo, somente na região de Vitória da Conquista e arredores há mais de mil estabelecimentos semelhantes.

No local, funcionam sistemas simples e baratos que aumentam a margem de lucro dos produtores e ajudam a preservar o meio ambiente. O diretor presidente da cooperativa se apressa para mostrar um exemplo. Caminha com cuidado pelo terreno árido e deserto da região e aponta para dois fornos embutidos nas paredes da lateral esquerda do estabelecimento. Um deles recebe lenha no nível do chão e o outro possui uma grelha a cerca de 40 centímetros do solo, sobre a qual a madeira é queimada. “No segundo forno, há uma economia de 50% no gasto de lenha, que, por sinal, é toda certificada, não vem de áreas de desmatamento.”

Na casa simples, dividida em um cômodo para armazenamento e outro onde fica um processador de mandioca, um forno para a queima do produto e uma espécie de peneirador mecânico, a farinha está literalmente no ar.
No quintal, outro sistema ecologicamente correto coleta a água residual da extração da fécula. O líquido desce por um cano, rumo a três caixas d´água em um buraco no chão. Nelas, os resíduos orgânicos decantam e, conforme a água vai sendo purificada, passa ao próximo recipiente. Na terceira fase, já pode ser eliminada sem causar danos à natureza.
O processo de economia e maximização dos lucros ainda inclui a produção, no complexo industrial da cooperativa, que tem parceria com universidades públicas da região e com a Embrapa, de ração animal moendo a casca da mandioca.
Além disso, os agricultores associados recebem manivas (mudas) melhoradas do vegetal, com a capacidade de produzir mais, gastando menos água e espaço, por exemplo. Há ainda a orientação do plantio correto, feito em curva de nível, sem queimadas e mantendo a distância certa de uma planta para a outra.
Renda
Um levantamento feito pela cooperativa mostrou que antes dos investimentos, os agricultores familiares da região recebiam menos de um salário mínimo, contra registros de até 1,5 mil reais por mês após o funcionamento do complexo.
Com uma maior capacidade de negociar, a cooperativa garante um mercado para a venda da produção de mandioca, antes a cargo do atravessador. “Antes a gente tinha que se desfazer das sobras”, diz o agricultor Eliseu Soares Moreira, de 40 anos, que saiu de Condeúba, a 40 quilômetros de Vitória da Conquista, apenas para conhecer a fecularia.
Após o início das atividades do complexo industrial, afirma Soares Moreira, houve um aumento de 50% nos rendimentos da renda com a mandioca. “É bom ter um comércio que ajude a gerar dinheiro, porque é difícil achar emprego nessa região, aqui o trabalho é na sua terra.”
Segundo Soares Moreira, o preço da tonelada do vegetal passou de 80 para 220 reais, uma diferença que pode ser investida nas despesas pessoais e de manutenção da terra. “A maior parte da renda vem da criação de gado, porque não dá para viver apenas da mandioca.”


Porém, os agricultores familiares locais acreditam na expansão do cultivo do item na região. Produtor de mandioca desde os dez anos de idade, Jacy Flores, agora aos 66 anos e vencedor do prêmio estadual de mandiocultura de 2011, é um dos mais eufóricos defensores do avanço do vegetal. “Antes não tinha com quem negociar, agora com a fecularia pode ser que falte mandioca.”
Enquanto mostra alguns detalhes do funcionamento da casa de farinha da Associação de Moradores e Pequenos Produtores de Mandioca de Dantilândia, ele afirma que o local produz 150 sacas de farinha por semana, o que poderia ser dobrado não fosse a falta de espaço.
Seguindo as previsões de Flores, os agricultores locais mostram-se animados em investir na mandioca, embora, dados da Embrapa mostrem que esse movimento não é exclusivo do semi-árido baiano. Em 2011, o cultivo do vegetal alcançou 19 mil quilômetros quadrados, área um pouco menor que o estado de Sergipe, 5,1% maior que no último ano. A safra deve atingir 27,1 milhões de toneladas, uma alta de 9,2%.

Cenir Xavier, de 62 anos, produz farinha apenas para o consumo em Poções, mas está aumentando sua plantação. “Os colegas já estão tendo um lucro maior, mas ainda sem uma noção de quanto mudou exatamente”, diz, apontando que eles recebem um adiantamento de 50% da cooperativa quando negociam o produto e recebem a outra metade ao entregá-lo.

No entanto, por não morar perto da central precisa pagar um frete de 1,5 real por quilômetro para transportar a produção no caminhão da cooperativa, o que o obriga a juntar o máximo de toneladas para enviar.
Segundo Gomes, os agricultores associados podem enviar ao complexo a mandioca in natura ou levá-la às casas de farinha para vender o subproduto depois.
Com um maior poder de comercialização e barganha, a cooperativa poderia sufocar a produção dos agricultores não associados, mas o diretor presidente diz o contrário. “Não há concorrência, na verdade, acredito que vai levar a um aumento dos preços deles”, declara, citando um exemplo anterior. “Quando começamos a comercializar a banana, o preço subiu de 0,10 centavos para 1 real o quilo e caixa foi de 5 para 50 reais. Com isso, os outros produtores que vendiam mais barato começaram a aumentar os preços.”


Extraído de cartacapital.com.br