quinta-feira, 29 de março de 2012

NASA divulga vídeo sobre correntes oceânicas da África

Eu já havia divulgado na nossa página no facebook mas resolvi publicar aqui também. Recentemente a Nasa divulgou um vídeo sobre as correntes oceânicas da África, o vídeo é lindo e vale a pena ser visto. 


                        




Tava Demorando: Xenofobia na Grécia

Infelizmente não é de se espantar que diante de toda a crise movimentos neonazista surgissem na Grécia e começassem a se voltar contra imigrantes que residem no país do Mediterrâneo. 

Sob as mesmas alegações de sempre: os imigrantes estariam roubando empregos dos gregos; o grupo já atacou imigrantes pelo país e já tenta ganhar cadeiras nas próximas eleições. 

Como se não bastasse isso, o grupo encontra apoio entre os gregos e pode ser que nas próximas eleições eles consigam algumas cadeiras de fato. 

Chega a ser absurdo que gente com pensamento tão pequeno ainda encontre apoio para difundir essas práticas completamente condenáveis. Todo esse episódio ainda remete a uma antiga questão que vem desde da segunda metade do século passado: quando precisavam de mão de obra pra reconstruírem os países arrasados pela guerra, os europeus não pensaram duas vezes e até faziam campanhas de atração de imigrantes; agora que o continente vive tempos de crise, os imigrantes não servem mais... Isso é tratar pessoas como se fossem material descartável, é ridículo. Mais ridículo ainda é que há pessoas que compactuam com essa ideia... 

O empobrecimento geral e o elevado número de imigrantes ilegais na Grécia deram origem a um violento grupo neonazista, intitulado "Amanhecer Dourado" (Jrysi Avgi), que pode conseguir representação parlamentar já nas próximas eleições antecipadas, previstas para abril e maio.
Após os distúrbios do último dia 12 de fevereiro, uma inquietante pintura apareceu em um dos locais atingidos do centro de Atenas: "Fogo aos hebreus", acompanhada pelo símbolo de uma forca em que estavam penduradas uma estrela de David e outra anarquista.
"Amanhecer Dourado" - cujo símbolo lembra uma suástica - está ganhando terreno e seus integrantes não duvidam em expor publicamente seus ideais xenofóbicos e sua opção pela rejeição aos imigrantes, que, por sua vez, são qualificados como uma "escória humana".
"Invadiram nossa terra e tiraram nossos trabalhos. Se conseguirmos o poder, vamos deportar todos os imigrantes e fechar novamente nossas fronteiras com minas, cercas elétricas e guardas", explicou àAgência Efe Ilyas Panayotaros, porta-voz do partido e candidato a deputado.
Fundado em 1993 pelo ex-oficial do Exército grego Nikolaos Mijaloliakos, o partido mantém vínculos com outros movimentos neonazistas europeus e, segundo as denúncias da imprensa e políticos gregos, com elementos da Junta Militar deposta em 1974 e, inclusive, com grupos da atual polícia.
Até o momento, o partido ainda não tinha recebido um apoio eleitoral relevante. Mas, nas últimas eleições municipais de 2010, a legenda conseguiu eleger um vereador na Prefeitura de Atenas (em alguns distritos com até 20% dos votos).
As enquetes das eleições gerais apontam que o partido deverá superar a barreira eleitoral dos 3%, o que poderia garantir uma dezena de cadeiras no parlamento.
Na última semana, no bairro de Aghios Pantelimonas, a tensão era evidente. Cerca de 2 mil pessoas participavam de uma passeata sob o lema "Fora neonazistas". No entanto, para evitar um possível confronto, as tropas antidistúrbios interromperam a manifestação e bloquearam a rua com ônibus blindados.
Isso porque, na Praça de Aghios Pantelimonas, aproximadamente 50 militantes do "Amanhecer Dourado" se manifestavam contra a imigração.
"Não há nazistas na Grécia. Eu seria um nazista simplesmente por ser um europeu branco e democrático que não quer imigrantes no seu bairro? A Grécia é muito pequena, mas a Ásia é muito grande. Portanto, podem voltar para os seus países", afirmou à Agência Efe Constantinos Alopis, um dependente, de 35 anos, que ganha 500 euros por mês.
Nos últimos anos, este bairro do centro de Atenas foi muito afetado pela crise e o desemprego aumentou visivelmente, algo que também afeta os próprios imigrantes, que vivem em grande número nessa região, muitos deles ilegais.
Muitos imigrantes, conscientes de que não há trabalho na Grécia, desejam agora ir para o norte da Europa. Porém, os controles de fronteira e a Regulamento Dublin II (que permite a terceiros Estados devolver à Grécia os imigrantes que entraram na União Europeia por suas fronteiras) os retêm no país mediterrâneo.
"Já são mais que nós no bairro e se dedicam apenas ao roubo e ao tráfico de drogas", criticou Eleni, uma moradora dos arredores de Aghios Pantelimonas.
Um idoso do local também assegurou que os militantes do "Amanhecer Dourado", "aproximadamente 400 em todo o bairro", se organizam e "protegem" os moradores dos supostos ataques dos imigrantes.
"Nossos integrantes participam junto com outros cidadãos nos grupos de autodefesa. De fato, nós queremos que eles sejam declarados oficiais e que disponham de plena autoridade", apontou o porta-voz de "Amanhecer Dourado".
No entanto, segundo diversas ONGs, os ataques são mais frequentes na outra direção, já que nos últimos três meses de 2011 foram registrados 63 ataques aos imigrantes e poucos chegaram a ser solucionados pelos tribunais.
Nesta semana, um tribunal de Atenas adiou pela quarta vez um processo pelo esfaqueamento de um refugiado afegão pelas mãos de três nacionalistas gregos, dado que um dos acusados não compareceu ao julgamento alegando razões médicas.
Trata-se de Zemis Skordeli, que apesar de não ser uma integrante, é considerada "amiga" do partido "Amanhecer Dourado".
"Não temos uma posição comum sobre se o "Amanhecer Dourado" deveria ser proibido", relatou àAgência Efe Kostis Papaioannou, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Grécia.
"O que temos claro é que a lei condena os discursos racistas que promovem ações violentas e, portanto, devemos cobrar das autoridades para a mesma ser cumprida", completou. 


A velha rixa entre o Desenvolvimento Sustentável e o Desenvolvimento a qualquer custo

Ta aí umas das rixas que, como tantas outras, se arrastam por décadas. Desde que o movimento sustentável ganhou força, nos anos 60, a temática foi posta e jogo e a partir disso travou-se uma luta ideologicamente intensa sobre os modos de desenvolvimento pelo mundo. 

Hoje, vemos o retrato dessa disputa com bastante clareza na América Latina. Sempre nos vemos a volta com esse embate entre explorar nossas riquezas de modo predatório e pensar em uma maneira de se utilizar dos mesmos, mas de modo sustentável. 

Só que o que vemos é que cada vez mais tendemos a explorar de modo ganancioso os nossos recursos. Em nosso país isso se reflete no famigerado Código Florestal. As alterações propostas para o mesmo revelam nitidamente que a exploração acerca de nossos recursos se tornará cada vez mais predatória e sem um pingo de respeito a natureza. 

No Chile, no Equador (como mostra a reportagem abaixo) a situação é a mesma. Enquanto parte da população (aquela que já tem o poder concentrado em suas mãos e que pretende aumentar a sua riqueza a qualquer custo) defende a exploração desenfreada com unhas e dentes e, no caso do Equador, se valendo de um discurso pífio que chega a beirar o absurdo. Já do outro lado, estão os povos nativos ou comunidades tradicionais como se costuma dizer que defendem o uso consciente e sustentável dos recursos, pois além de pensarem de modo que beneficiem a todos, sabem que se a exploração for feita de modo predatório quem mais sentirão os efeitos disso serão eles. 

Enquanto isso essa disputa ideológica segue, mas infelizmente sabemos que mais para o lado da exploração predatória do que para o lado da sustentável. Como diz o pessoal do Greenpeace "Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come!"


No dia 22 de março, a capital do Equador, Quito, é um dos retratos mais fiéis da atualidade política, econômica e social da América Latina. Isso porque, hoje, duas grandes concentrações populares ocorrem na cidade.

De um lado estão indígenas, ambientalistas, setores do movimento camponês, estudantil e docente, que finalizam uma marcha de 15 dias após terem cortado o país de sul a norte. O protesto é encabeçado pela Conaie (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador) e pede o fim das políticas extrativistas do governo. Sobretudo, estão contra a mineração industrial.

Na outra ponta estão os apoiadores do presidente Rafael Correa, gente que compartilha os ideais da Revolução Cidadã. A manifestação governista é liderada pelo próprio mandatário, que, nas ruas, conta com o apoio de ministros, membros de sua administração, parlamentares e militantes de seu partido, Alianza País.

Na capital equatoriana, no dia 22, estão em disputa duas noções distintas de desenvolvimento, dois projetos políticos, duas visões de mundo, duas maneiras de entender riqueza e bem-estar. Parecem irreconciliáveis — e esperemos que a disputa se dê apenas no nível discursivo. As autoridades anunciaram haver tomado todas as medidas possíveis para evitar que os grupos se encontrem. Suas ideias, porém, estão em embate claro e aberto.

Governo vs. Indígenas

O grupo liderado pelo movimento indígena quer uma mudança radical na política de desenvolvimento do Equador. Apoiaram Rafael Correa nas eleições de 2006, na convocatória para uma Assembleia Constituinte, em 2007, e no referendo que aprovou a nova Constituição, em 2008. Mais que isso, a Conaie foi uma das grandes responsáveis pela construção do momento político que elegeu o presidente.

Mas a aliança acabou com a aprovação da Lei de Mineração, em 2009. Os indígenas — assim como muitos equatorianos — não aceitam que o país continue trilhando o caminho do extrativismo, o que significa exportar recursos naturais com baixo valor agregado e, em troca, ficar com impactos ambientais que empobrecem comunidades inteiras.

Já Rafael Correa faz questão de lembrar que foi eleito pela maioria dos cidadãos do Equador em duas ocasiões. É, pois, representante da vontade popular. Em discurso perante seus apoiadores, no dia 22, disse aos grupos opositores que, se desejam fazer valer suas ideias, devem antes ganhar as eleições. “Somos maioria e não estamos dispostos a que os mesmos de sempre queiram acabar com cinco anos de avanço e progresso”, bradou.

Em coro com o chefe de Estado, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando Cordero, defendeu a mineração e assegurou que a extração de cobre e ouro irá beneficiar as comunidades tradicionais. “Precisamos de 40 bilhões de dólares para oferecer todos os serviços básicos a todos os cidadãos equatorianos”, expressou. “Precisamos conseguir esse dinheiro.”

Mocinhos e bandidos

Não há mocinhos ou vilões na história. Rafael Correa foi eleito com o mandato histórico de reverter os malefícios causados por duas décadas de neoliberalismo no Equador. No período em que os governos do país fizeram ouvidos surdos ao povo e acataram as recomendações do FMI, quem sofreu foi o Estado. Por consequência, as políticas públicas em educação, saúde, agricultura, indústria, segurança, moradia, energia se enfraqueceram — e o povo empobreceu.

O presidente vem atacando tais problemas. Por isso, tem ganhado o voto da população. Para continuar com seu projeto, porém, precisa de dinheiro. E escolas, hospitais, estradas custam caro. Rafael Correa segue o famoso bordão escrito pelo aventureiro alemão Alexander Von Humboldt no século XVIII e frisa: não podemos continuar pobres se estamos sentados sobre um saco de ouro.

Para o presidente, o caminho mais curto até o dinheiro — e o desenvolvimento — é a mineração. Mesmo porque as reservas petrolíferas equatorianas, responsáveis por metade do PIB nacional, estão com os dias contados.

Entretanto, a coalizão de organizações sociais que começa a orbitar novamente em volta do movimento indígena, como ocorria nos anos 1990, pede uma mudança radical de paradigmas. Todos querem o desenvolvimento do Equador, claro: mas não concordam com os métodos do governo. Avaliam que o extrativismo de hoje é o mesmo que norteia a economia equatoriana desde sempre — e têm a seu lado a verdade histórica de que vender matérias-primas para os países ricos pode até ter gerado riqueza, porém jamais trouxe desenvolvimento.

“Com ouro e cobre, o país mais pobre” ou “A água vale mais que o ouro” são slogans que dão o tom dos protestos que cruzaram o Equador nas últimas duas semanas. São as comunidades indígenas e camponesas as que mais sofrem os efeitos colaterais da exploração de recursos naturais.

Enquanto as cidades se beneficiam da balança comercial positiva, os povoados da montanha e da floresta, que têm os poços de petróleo e as minas no quintal de casa, veem seus cursos d’água, solo e ar contaminados por uma variedade de metais pesados e elementos tóxicos. Assim, ficam impossibilitados de viver de acordo com seus costumes e tradições — direito assegurado pela Constituição de 2008.

Não por acaso, a marcha nacional do movimento indígena e aliados, que foi chamada de Marcha pela Vida, foi programada para chegar a Quito em 22 de março, quando se comemora o Dia Mundial da Água.

Luta pelo desenvolvimento

O mesmo confronto político que ocorre nas ruas da capital equatoriana agora, explicitamente, reproduz-se por todo o continente latino-americano, desde o norte do México até o sul do Chile. Com maior ou menor intensidade, movimentos indígenas, camponeses e organizações sociais estão se posicionando contra a execução dos grandes projetos de desenvolvimento em curso na região: represas, agronegócio, mineração, petróleo e projetos imobiliários.

Não porque sejam contra o desenvolvimento, mas porque querem outro tipo de desenvolvimento. Um desenvolvimento que não seja sinônimo de devastação ambiental, de repressão aos movimentos sociais, de desrespeito aos meios de vida comunitários. Um desenvolvimento que, como diz o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, garanta a igualdade entre os homens, quando a diferença os inferioriza, mas que permita também a existência de diferenças, quando a igualdade os descaracteriza.

É um desafio formidável, que nem o presidente Rafael Correa nem seus colegas progressistas ao longo da América Latina estão sabendo enfrentar. Os “governos de esquerda” mostraram que existe um caminho alternativo ao neoliberalismo. Porém, não conseguiram formular uma saída ao sistema que, ao longo dos séculos, tem sido vertedouro de desigualdades na região. O extrativismo gera destruição ambiental, empobrece as comunidades e concentra renda.

A marcha que chega à capital equatoriana no dia 22 de março quer colocar um ponto final nesta lógica. A manifestação liderada pelo presidente Rafael Correa acredita que o governo pode utilizar o dinheiro que virá da exploração mineral para suprir as necessidades básicas da população. É uma batalha eminentemente política. Nas ruas de Quito, um resumo dos desafios que enfrentam os povos latino-americanos.



Tadeu Breda é autor de "O Equador é Verde — Rafael Correa e os Paradigmas do Desenvolvimento" (Editora Elefante, 2011)







quinta-feira, 22 de março de 2012

Um dia mundial da água para não se comemorar - Parte 2: Nossos rios

Uma análise de rios por 11 estados de nosso país feita pela ONG S.O.S Mata Atlântica comprovou o que já se suspeitava há tempos: grande parte de nossos corpos hídricos fluviais estão comprometidos. 

Como principais causas da poluição de nossos rios estão o despejo de esgoto in natura nos rios e a agricultura (essa última por conta da grande quantidade de agrotóxicos que despejam em nossos rios, além da captação em demasia de água dos corpos hídricos com desperdício ímpar). 

Como mostram tanto este quanto o post anterior, ainda há muito o que fazer para realmente termos um dia mundial pra água para comemorar e não para lamentar... 

Análise feita em 49 rios de 11 Estados brasileiros traz uma má notícia para o Dia Mundial da Água, comemorado hoje: nenhum deles apresentava uma situação considerada boa ou ótima. Em termos de contaminação, 75,5% foram classificados como “regular” e 24,5% com nível “ruim”, de acordo com levantamento conduzido pela SOS Mata Atlântica em localidades que, no passado, foram cobertas pela floresta.
As avaliações foram feitas entre janeiro de 2011 e o início de março deste ano durante visitas da expedição itinerante A Mata Atlântica é Aqui, que busca a interação com as populações para alertá-las sobre o problema de contaminação dos rios, riachos, córregos, lagos, etc.
No evento, as pessoas são convidadas a investigar as condições de um ou mais corpos d’água por meio de um kit de análise da água. “É feita assim uma avaliação pontual, um retrato da situação naquele dia. E o resultado é bastante preocupante. Não encontramos nenhum rio em situação satisfatória”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS.
O kit classifica a qualidade das águas em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos). Malu explica que os níveis de pontuação são compostos pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), padrão definido no Brasil por resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), obtido pela soma da pontuação de 14 parâmetros físico-químicos, biológicos (como temperatura, vermes, coliformes fecais e oxigênio dissolvido) e de percepção, como odor, turbidez e presença de espumas, de lixo, de peixes.
Segundo a pesquisadora, os dois principais responsáveis pela contaminação são a agricultura irrigada - que, segundo ela, “capta grande volume de água e devolve agrotóxicos e erosão” - e a falta de saneamento básico, que permite que o esgoto doméstico seja jogado nos corpos d’água. 

“Nossa campanha visa a população porque só com mobilização da sociedade esse quadro vai mudar. Mas esse ainda não é visto como um problema prioritário. Na última eleição presidencial, falta de saneamento era só a oitava preocupação das pessoas”, diz a pesquisadora. 

Ao longo desse período foram avaliadas amostras nos Estados do Ceará, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Muitos dos rios já tinham sido analisados na primeira expedição, entre maio de 2009 e dezembro de 2010. Em geral, o quadro não melhorou.

No primeiro levantamento foram feitas 70 análises: 69% dos rios ficaram no nível regular, 27% ruim e 4% péssimo. Alguns passaram de ruim a regular, como o Rio Tietê, em Itu. Já outros caíram um degrau, como o Rio Criciúma, na cidade catarinense do mesmo nome, que perdeu cinco pontos e ficou ruim.

Um dia mundial da água para não se comemorar - Parte 1: PDBG

PDBG ou programa de despoluição da Baía de Guanabara é como ficou conhecido o programa fomentado na RIO-92 e que até hoje não teve nem 20% de suas metas cumpridas. 

O programa que pretendia a completa despoluição da Baía de Guanabara no Rio de Janeiro se arrasta por décadas, causando rombos cada vez maiores ao cofres públicos. 

De frutos do programa só os elefantes brancos que foram as estações construídas no entorno da Baía, mas que não recebem esgoto algum para ser tratado, pois as tubulações que levariam o esgoto a ser tratado até as mesmas não foram construídas. (Só nesse país que isso acontece...).

Além de um símbolo da incompetência que se arrasou e arrasta por vários governos, o programa também é uma farra pra quem gosta de levar aquele trocado por debaixo dos panos... Esse foi o motivo pelo qual o Japão que inicialmente traçou uma parceria com o Brasil para despoluir a Baía desistiu do programa...

Mesmo sendo hoje um dia dedicado para reflexão de como estamos lidando com esse recurso natural vital a nossa sobrevivência, vemos que há muito têm pessoas que não se preocupam com o abastecimento e tratamento eficiente de nossa água para a população, mas sim que se preocupam com outros tipos de abastecimento... O monetário e o político...

RIO - O Dia Mundial da Água - data criada pela ONU e comemorada amanhã, 22 de março - tinha tudo para transformar este ano a Baía de Guanabara no cenário de uma festa especial. A três meses da Rio+20, a conferência sobre o desenvolvimento sustentável que deve atrair ao Rio de Janeiro mais de 100 chefes de Estado, a Cidade Maravilhosa poderia mostrar ao mundo a recuperação de sua baía, banhada por dezenas de rios, originalmente cercada por manguezais e antigo hábitat de golfinhos e tartarugas marinhas. 

Anunciado há 20 anos, durante a Rio-92, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara começou a ser executado em 1995, foi prorrogado oficialmente sete vezes e, após consumir mais de US$ 1 bilhão, continua inacabado. Hoje, apenas 36% de todo o esgoto gerado nos 15 municípios do entorno é tratado. Um dos maiores símbolos da beleza natural do Rio no passado, a baía recebe em média 10 mil litros por segundo de esgoto sem tratamento. Duas décadas depois, o cartão-postal do Rio de Janeiro continua lindo - mas seu odor é fétido.
Nenhuma das quatro estações construídas ao longo do projeto, que ficou conhecido pela sigla PDBG, está operando plenamente. O programa passou por seis governos desde a assinatura do contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 1994. Inicialmente, a previsão para conclusão da primeira fase de obras era de cinco anos, chegando a 51% de esgoto tratado. Além do fiasco e do atraso, há questionamentos sobre a qualidade do tratamento. Outra crítica comum é de que tenha havido um desvio do conceito original, mais amplo. Na prática, ficou restrito ao saneamento básico, sem um plano ambiental.
Recursos. O PDBG consumiu US$ 1,17 bilhão em recursos do BID, da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e do governo do Estado. O primeiro desembolso ocorreu no fim de 1994, ano de implantação do Plano Real, e o dólar teve grande variação no período de contrato: chegou a valer R$ 4 em 2002.
Até hoje o esgoto não chega à estação de tratamento de São Gonçalo, inaugurada no fim do governo Marcello Alencar (1995-1998) - faltaram as redes. A estação da Pavuna, projetada para tratar 1.500 litros por segundo, recebe menos de 200. Na de Sarapuí, com a mesma capacidade, são tratados de 600 a 900 litros/segundo.
A maior delas, a de Alegria, projetada para 5.000 l/s, opera com metade disso. As estações da Pavuna, de Sarapuí e de Alegria foram inauguradas no governo de Anthony Garotinho (1999-2002), e o atual governador, Sérgio Cabral Filho, reinaugurou as duas últimas, com tratamento secundário.
No contrato, estavam previstos 1.248 km de redes coletoras de esgoto e 178 mil ligações domiciliares. Foram executados apenas 603 km de redes e 54 mil ligações até novembro de 2006, segundo o último relatório do BID. De acordo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), foram instalados 697 km de redes coletoras desde 2007, início da atual gestão - o número de ligações domiciliares, também solicitado pela reportagem, não foi informado.
Denúncias. "Os principais problemas do PDBG foram a falta de transparência, de articulação com os municípios, de regulação da Cedae e, principalmente, a fraude cavalar de fazer as estações sem a rede", afirma o secretário de Ambiente do Rio, Carlos Minc. Autor de uma série de denúncias de irregularidades em obras do programa enquanto era deputado estadual pelo PT, Minc conseguiu em novembro de 2011 a aprovação no BID de um novo empréstimo de US$ 452 milhões para melhorar a coleta do esgoto despejado na baía.
O PDBG estava tão queimado que o programa mudou de nome para Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM).
Minc afirma que o volume de esgoto tratado no início do governo Cabral, em 2007, era de 20% e chegará a 40% ainda neste semestre. "A nossa meta é chegar a 2014 com 65% e na Olimpíada (em 2016) com 80%", diz.
O presidente da Cedae, Wagner Victer, apresenta números um pouco diferentes. "Quando entramos (em 2007), era pouco mais de 15% e hoje estamos em quase 50%. Vamos chegar a 80% da baía em 4 anos." A meta apresentada pelo BID junto com o novo financiamento foi mais conservadora: 80% até 2018.
Um símbolo dos erros do programa é o que ocorreu com a estação de Paquetá. Fora de uso por muito tempo, ficou deteriorada, e o governo desistiu de colocá-la em funcionamento.
"Chegamos à conclusão de que era mais barato passar os tubos por baixo d'água e levar o esgoto para a estação de São Gonçalo", diz Minc. Mas a de São Gonçalo precisa ser refeita. "Ela foi inaugurada três ou quatro vezes e não funciona até hoje", conta a engenheira Dora Negreiros, que participou da concepção do PDBG e preside o Instituto Baía de Guanabara.
Lixo. Minc afirma que estações de tratamento ficaram secas por até 13 anos "porque a grana para essas obras vinha de fora". "Já a grana para fazer redes, conexões, era do Fecam (fundo estadual), que ia para tudo, menos para saneamento e ambiente. Rede é debaixo da terra, o que dá voto é estação. São elefantes brancos, monumentos à incompetência, ao descaso, à ilusão."
Para Victer, os maiores problemas hoje são o lixo - um dos alvos (e fracassos) do programa original - e o fato de algumas empresas não quererem se conectar à rede de esgoto. "Vamos acabar com todos os lixões do entorno da baía este ano", promete Minc.
A recuperação ambiental da baía é um dos compromissos assumidos pelo governo para a realização da Olimpíada de 2016.


domingo, 18 de março de 2012

Um tiro no pé

Um especialista em assuntos de energia e clima publicou um livro que levanta polêmicas a respeito do clima e do futuro de nosso planeta com alterações climáticas. 

Segundo o mesmo se chegarmos ao fim do túnel com opções para reverter a situação de aquecimento do Planeta por conta dos efeitos do mesmo agravados pelo homem, a resposta seria "brincar com a atmosfera". 

Pois é... Agora imagine se cada país resolver brincar a sua forma com a atmosfera ? Imagine cada país fazendo experiências químicas coma atmosfera ? Temeroso, não ?

Até aqui tivemos Rio-92, Rio + 11, Protocolo de Kyoto, diversas COPs entre tantas outras tentativas e não conseguimos chegar a nenhum tipo de acordo global definitivo sobre o clima. Imagina então se cada um resolver controlar o tempo e o clima a sua maneira ? 

Como sabemos, o clima pelo mundo é constituído por sistemas que possuem ligações entre si e que o equilíbrio que sustenta todo esse sistema é bastante delicado. Sendo assim, as consequências de interferências, das mais diversas, por todo o planeta neste sistema traria consequências inimagináveis...

Acredito que seja um livro um tanto quanto alarmista demais... Ainda podemos chegar há um acordo onde se reduza a interferência humana sensivelmente nesses processos, o problema é que para que isso ocorra, precisamos de vontade política e que se pense mais no mundo como um todo do que cada país pensar em seus próprios interesses. Isso sem contar que brincar com a atmosfera mais me parece um tiro no pé do que a panaceia para essa questão. 

E se for muito tarde para salvar o clima cortando emissões de gases estufa? E se a quantidade de dióxido de carbono já acrescentada pelo homem à atmosfera for tão grande que irá produzir de qualquer maneira grandes mudanças em temperatura, com mudanças nos padrões de chuva e na química dos oceanos?
Sobram opções, de acordo com um novo livro, Suck It Up (Aspire), de Marc Gunther, um jornalista, blogueiro e palestrante especializado em energia e clima.
Se for tarde demais para que a geração eólica, solar e nuclear de energia nos salve, devemos então explorar medidas radicais, defende ele. Isto inclui brincar com a atmosfera, injetando nela gotículas que possam refletir parte da energia do sol de volta ao espaço, e aspirar o dióxido de carbono do ar ambiente.
A ideia de mudar a refletividade da atmosfera é uma forma da chamada geoengenharia, e ela apresenta toda sorte de novos problemas. Para começar, uma vez que for iniciada, terá presumivelmente de continuar para sempre. Outra é que países podem discutir sobre a quantidade de calor ou frio que julgam adequados, como famílias em longas viagens que ficam debatendo qual deve ser a temperatura dentro do carro.
A natureza mostrou que pode funcionar, diz Gunther, citando a queda global de temperatura verificada após a erupção do vulcão Pinatubo nos anos 1990, nas Filipinas. Mas brincar com a atmosfera pode ter efeitos coletarais, como mudanças em padrões de chuva que criariam novos ganhadores e perdedores, Na verdade, depois que um programa como este começar, ele pode ser culpado por todo tipo de mudanças, sem haver um modo definitivo de determinar se foi a geoengenharia que os causou, comenta o New York Times.


Construção de mansões leva a destruição de mata nativa no RJ

Chega a ser tão revoltante quanto repetitivo esse caso, mas mais uma vez foram publicadas denúncias contra pessoas construindo grandes mansões em detrimento de áreas de mata preservada e protegida. 

Como sempre a situação é a mesma: a construção é feita, a justiça só vê quando a construção já está terminada ou já começou, os infratores são autuados, posteriormente recorrem da decisão que se arrasta no tribunal e fica tudo por isso mesmo... 

O mais revoltante dessa situação é que quando são pessoas de classes mais baixas que se veem obrigadas a ocupar topos de morros e encostas por uma questão de necessidade e não de mero capricho, as mesmas sofrem desde remoção branca até mesmo expulsão de suas residências prontamente; seja para não manchar, no caso do Rio de Janeiro, a imagem de cidade maravilhosa camufladas em anúncios que pregam a melhoria para população, seja até mesmo pelo discurso de proteção de APAs ocupadas irregularmente pelos mesmos. Mas, engraçado como isso só acontece de fato com as pessoas das classes mais baixas... 

São em casos como esses onde vemos que cada vez mais quem deveria estar a serviço da população, está a serviço de interesses privados... 

Eles são multimilionários e querem exclusividade nas praias de conhecidos paraísos tropicais no litoral do estado do Rio Janeiro. Para isso, violam leis ambientais e constroem mansões em áreas ecologicamente sensíveis de mata atlântica, protegidas por lei. O perfil dos megaempreendimentos destes brasileiros é o tema de uma reportagem da revista americanaBloomberg. 
A reportagem cita a propriedade de Antonio Claudio Resende, fundador de uma grande empresa de aluguel de automóveis, que desde 2006 derruba vegetação nativa na Ilha da Cavala, em Angra dos Reis, para abrir espaço a uma mansão de 1,7 mil metros quadrados.
A casa está parcialmente abaixo do nível das árvores para se disfarçar em meio à mata, podendo ser identificada apenas de avião, segundo o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro.  O empresário luta na Justiça há quatro anos para não derrubar a construção.
Resende é acusado de usar documentos falsos a fim de conseguir permissão para levantar o imóvel e, por isso, foi indiciado por fraude e crime ambiental em 2007. O empresário pagou, de acordo com a revista, 4,8 milhões de reais em 2005 a uma empresa de engenharia em Angra dos Reis (RJ) que tinha o direito de ocupar a área.
Mas o caso de Resende, como exemplifica a publicação, não é uma exceção entre milionários brasileiros “apaixonados” pelas belezas naturais fluminenses.
O diretor de cinema Bruno Barreto destruiu, aponta a revista, uma área preservada na Ilha do Pico em Paraty para construir uma casa de 450 metros quadrados. Em 2008, ele se comprometeu em juízo a demolir a mansão e restaurar a área em dois anos, mas até o momento nada mudou e o cineasta recorre das queixas do governo na Justiça.
Outro caso recordado de violação de leis ambientais no estado é o da família que controla a construtora Camargo e Correa, que recebeu autorização para construir uma casa pequena e ergueu um complexo de mansões em frente à praia.
Os herdeiros de Roberto Marinho, fundador das Organizações Globo, também construíram em 2008 uma casa de 1,3 mil metros quadrados, com piscina e heliponto que desmatou uma área de mata protegida na praia de Santa Rita em Paraty. A praia pública e a área da residência são protegidas por dois guardas armados com pistolas a espantar quem tenta se banhar no local, afirma a Bloomberg. 
Em 2010, um juiz ordenou que a casa fosse derrubada e a área recuperada, mas os proprietários recorrem da decisão.
A revista ainda cita a gravação do filme Amanhecer Parte 1, da Saga Crepúsculo, que utilizou como locação a casa do empresário do ramo de distribuição de alimentos Ícaro Fernandes.
O milionário comprou em 2003 uma propriedade de 400 mil metros quadrados na Praia da Costa em Mamanguá, com montanhas cobertas por floresta nativa que são o habitat de macacos e animais que se alimentam de formigas, como tamanduás.
Fernandes foi processado por procuradores federais em 2004 por não ter licença para construção da casa de 15 quartos. A Justiça pediu que interrompesse a obra naquele mesmo ano, mas o empresário ignorou a ordem e agora deve derrubá-la. Ele recorre da decisão.
Segundo a Bloomberg, o empresário não quis comentar, mas seu advogado admitiu que a casa foi erguida sem licença e o empresário tenta negociar com a Justiça a manutenção da propriedade em troca da recuperar 95% da propriedade.



Aziz Ab´Saber

Na última sexta-feira, 16 de março, a Geografia sofreu uma perda irreparável. Perdemos Aziz
Ab´Saber. Geógrafo de suma importância para nossa disciplina, desenvolveu pesquisas principalmente relacionadas a dita Geografia Física (tenho minhas restrições quanto a esse termo, pois não acredito que haja divisões e que devemos ver a Geografia com um todo que é) que nos permitiram um conhecimento melhor de nosso país. 

Para conhecer melhor a obra deste fantástico geógrafo, recomendo o livro "O que é ser Geógrafo?" (pra mim, um livro indispensável tanto para professores de Geografia quanto para Geógrafos) Onde Aziz nos conta sobre suas pesquisas que nos permitiram um avanço enorme nos conhecimentos geográficos acerca de nosso país. 

Vá em paz Aziz e muito obrigado por suas grandes contribuições a nossa tão amada Geografia. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

Participação das brasileiras aumenta na economia do país

Aumenta a cada ano que passa a participação das brasileiras na economia do país. Crescem cada vez mais os cargos de chefia por elas ocupados, bem como o número de empregos formais. 

Com a votação na câmara para que empresas que não pagarem salários equiparados aos homens recebam multas, essa notícia junto com a possível implementação deste projeto confirmam que cada vez mais as mulheres vêm conquistando o seu merecido lugar não só no mercado de trabalho, mas em todas as vertentes. Mesmo que ainda falte muita coisa para alcançarmos o que seria o ideal, são essas vitórias do dia-a-dia que mostram o quanto nossas mulheres lutam a cada dia por uma vida melhor...

Parabéns a todas as mulheres pelo dia internacional de Mulher, embora a existência de vocês devesse ser celebrada todo o dia e não apenas em uma data isolada.


Com a sexta maior economia do mundo, o Brasil tem assistido nos últimos anos a uma crescente ascensão de sua população a uma nova classe média. E se antes os homens eram os protagonistas no mercado de trabalho, agora as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço.
Uma pesquisa divulgada pelo instituto Data Popular na terça-feira 6 mostra que o número de empregos formais exercido por mulheres obteve um crescimento de 75% no ano passado. Para 2012 o estudo prevê que as brasileiras devem movimentar 717 bilhões de reais, um número 66,6% superior aos dados de 2002, quando a renda da população feminina alcançou 430,5 bilhões.
Acompanhando as mudanças na sociedade brasileira, foi observado um ligeiro aumento do número da população feminina que faz parte da elite e um decréscimo significativo de sua participação nas classes emergentes. Atualmente há 98,6 milhões de mulheres no País, sendo que mais da metade delas faz parte da classe C. “Elas são o retrato de um Brasil que mudou e da própria melhoria de renda dessas mulheres, que aos poucos deixam as classes D e E para integrar a nova classe média brasileira”, afirma Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.
Os homens ainda são os principais detentores dos postos de trabalho formais, mas a quantidade de empregos ocupados pelo sexo feminino teve um aumento de 75%, contra apenas 59% de crescimento na quantidade de cargos ocupados por eles nos últimos dez anos.
Quanto às posições de chefia, entre 2003 e 2010 não houve mudanças no número de mulheres nos principais cargos. Apesar disso, elas têm consolidado seu espaço e já são a maioria em empregos de diretoria e gerência de empresas de interesse público: 71,2%.
Os resultados positivos têm surtido efeito até mesmo no otimismo dessas mulheres. De acordo com os dados, os homens se sentem mais infelizes quando comparam o momento atual com o ano anterior. Mas a maior parte delas acredita que as situações do Brasil e do mundo irá melhorar em 2012, assim como sua vida financeira, profissional e até mesmo amorosa.


1 ano do terremoto e tsunami que atingiram o Japão

No próximo domingo, 11 de março, completará 1 ano do desastre que varreu parte do Japão ano passado. O terremoto e o tsunami que atingiram o país, acabaram até provocando um acidente nuclear, o que piorou ainda mais a situação do país resultando em milhares de mortos e desaparecidos. 

Apesar disso, as áreas afetadas entraram em largo processo de reconstrução. O que pode ser visto clicando aqui.

Mesmo com o processo de reconstrução, que demandará um investimento de 400 bilhões de Reais, o equivalente aproximadamente ao PIB de Portugal, é difícil dizer quanto tempo levará para que todas as áreas atingidas sejam recuperadas. Fato é que esse desastre ficará na nossa memória e, principalmente, na dos japoneses.

O fenômeno natural que provocou o terremoto se deve as placas tectônicas que se movimentam uma ao lado da outra, ou uma sobre a outra, ou até mesmo uma por baixo da outra. Geralmente quando esses movimentos ocorrem sob muita pressão, ocasionam os terremotos. Dependendo da força dos movimentos os tremores podem nem ser sentidos ou causar verdadeiras devastações como a do Japão.

Para melhor compreensão desse processo, não só no Japão, mas ao longo do planeta, há esse vídeo que é bem didático para explicação deste fenômeno. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Desterritorialização também no Porto do Açu

50 (!) policiais militares e alguns seguranças, cumpriram uma ordem de reintegração de posse para retirar 8 (!) pessoas de uma casa que estava dentro dessa área se ser reintegrada. 

A casa fica na área que será destinada a construção de um distrito industrial e do Porto do Açu no Rio de Janeiro.

Ta aí, mais uma vez quem deveria agir em nome da população, agindo em nome do poder privado. O pior nisso tudo é que, se questionarmos isso, vão nos dizer que é pelo desenvolvimento e melhoria da economia do nosso estado, mas nós sabemos a economia de quem vai desenvolver e melhorar... 

Cerca de 50 policiais militares e alguns seguranças privados retiraram na manhã de ontem oito moradores de uma casa que havia sido desapropriada pela Codin (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro) em São João da Barra, norte do Estado. 

Vários imóveis na região foram desapropriados pela Codin para a construção de um distrito industrial e do porto do Açu, do grupo EBX, do empresário Eike Batista. 

O pagamento das indenizações foi feito pela LLX, braço de logística do grupo EBX. Segundo a Codin, a empresa antecipou o dinheiro para o órgão estadual. 

De acordo com a oficial de Justiça Mariana Lacerda, a LLX conseguiu uma liminar para reintegração de posse que começou a ser cumprida às 5h e terminou às 11h30. Houve protesto dos moradores, que foram ameaçados de prisão caso não saíssem. 

Oito pessoas foram retiradas da casa. Uma das moradoras, Maura Xavier Ribeiro, 48, disse que a polícia usou violência. "Bateram o pé na porta e tiraram todo mundo." 

OUTRO LADO
 
Segundo a LLX, muitas indenizações foram depositadas em juízo porque a documentação estava irregular. 

A LLX nega o uso de violência, mas admitiu que a família foi retirada com a ajuda de bombeiros. A empresa alega que a família não morava no local e só estava presente porque sabia da operação de reintegração.


A desterritorização em nome da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro

Já havia expressado anteriormente (1, 2) minhas preocupações acerca da realização dos eventos esportivos no Rio de Janeiro. 

Contudo, as mesmas voltam a tona com um problema cada vez mais flagrante: a desterritorialização dos moradores de comunidades do Rio de Janeiro para dar lugar as obras para tais eventos. 

Apesar de resistência oferecida pelo moradores, milhares de pessoas já foram removidas de suas casas. As que ainda permanecem em suas residências, protestam da forma que podem para que este processo seja extinguido. 

Mesmo que a Prefeitura do Rio alegue que indeniza as pessoas e lhes proporciona a moradia. Algumas questões devem ser pautadas:

  • A relação dessas pessoas com o lugar onde moram. Yi-Fu Tuan, já nos dizia da relação de "afeto" que as pessoas têm com o lugar onde vivem. Neste caso, o mesmo pode se colocar para essas pessoas; algumas delas, talvez, habitam essas áreas por décadas ou desde o seu nascimento. Sendo assim a relação de pertencimento das mesmas com o local é muito forte e não deve ser rompida de forma tão brusca. 
  • A remoção para locais distantes dos de origem dessas pessoas implica em outra questão a ser levantada. Geralmente, as pessoas removidas de suas casas, quando conseguem indenização e um local pra morar, são levadas para áreas da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Contudo, sua vida, seu emprego e seu lazer foram construídos nas proximidades do local onde moram; com essa mudança para um lugar mais distante não há como não pensar no quão comprometida ficam essas relações com esse distanciamento, levando talvez a impossibilidade de mantê-las. E sem emprego, como fica a situação dessas pessoas ?
  • Outra questão também é a da infra-estrutura. Geralmente, os locais para onde são enviadas essas pessoas não apresentam condições para que as mesmas possam se estabelecer nestes locais: empregos escassos, transporte deficitário (mais do que o normal), coleta de lixo irregular, distância considerável do centro da cidade... Tais percalços levam muitas vezes os moradores a venderem suas casas nestes locais e se deslocarem para comunidades próximas a sua antiga, a fim de conseguirem melhores condições para seu sustento. 
A luta continua e promete se estender até a realização dos eventos. Com isso, temos mais um capítulo que mostra como quem deveria agir a favor das pessoas, age cada vez mais contra elas... Seja desterritorializando-as, seja com preços abusivos nos transportes que aviltam cada vez mais a população. 
 


Supostamente deveria ser um momento triunfante para o Brasil.  Nos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016 que serão realizados aqui, as autoridades celebraram os planos para um “Parque Olímpico”, completo com um novo parque à beira da lagoa e vilas para os atletas, os apregoando como “um novo pedaço da cidade”.

Havia apenas um problema: as 4.000 pessoas que já vivem naquela parte do Rio de Janeiro, em uma ocupação ilegal de décadas que a prefeitura deseja remover. Recusando-se a sair facilmente e levando sua luta às ruas e à Justiça, elas têm sido uma pedra no sapato da prefeitura há meses.   

“As autoridades acham que progresso é demolir nossa comunidade, para que possam realizar as Olimpíadas aqui por poucas semanas”, disse Cenira dos Santos, 44 anos, que possui uma casa na favela, conhecida como Vila Autódromo. “Mas nós os assustamos ao resistirmos.”

Para muitos aqui, a realização da Copa do Mundo de futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 em solo brasileiro é a expressão maior da elevação do país ao palco mundial, símbolos perfeitos do novo poder econômico e posição internacional.

Mas algumas das forças que permitiram a ascensão democrática do Brasil como potência regional --a expansão vigorosa da classe média, a independência de sua imprensa e as expectativas cada vez maiores de sua população-- estão infernizando os preparativos para ambos eventos.

Nos canteiros de obras dos estádios, os operários, ávidos em compartilhar da crescente riqueza ao seu redor e recém-empoderados pela taxa de desemprego historicamente baixa do país, estão pressionando agressivamente por aumentos salariais.

Os sindicatos já estão realizando greves em pelo menos oito cidades onde estádios de futebol estão sendo construídos ou reformados, incluindo uma greve em fevereiro de 500 operários na cidade de Fortaleza, no Nordeste, e um movimento nacional de 25 mil operários nas obras da Copa do Mundo tem ameaçado entrar em greve. Os atrasos nas obras estão alimentando problemas com a Fifa. O secretário-geral da entidade, Jerome Valcke, disse no final da semana passada que os organizadores brasileiros estão atrasados, acrescentando: “Vocês precisam de um impulso, é preciso dar um pontapé na bunda e organizar esta Copa”. O ministro dos Esportes do Brasil reagiu no fim de semana, dizendo que os comentários de Valcke foram “ofensivos”.

Enquanto isso, os moradores de algumas favelas que enfrentam despejo, estão se unindo e resistindo, diferente dos preparativos para as Olimpíadas de 2008 em Pequim, onde as autoridades removeram facilmente centenas de milhares de famílias da cidade para os Jogos.

Os moradores estão usando câmeras de vídeo e redes sociais para divulgar sua mensagem. E às vezes recebem ajuda da vibrante imprensa brasileira, de causar inveja a outros países latino-americanos.

Não apenas a imprensa e novos blogs concentram sua atenção nos despejos, como também perseguem as autoridades acusadas de corrupção envolvendo os planos para as Olimpíadas e para a Copa do Mundo.

“Esses eventos deveriam celebrar as realizações do Brasil, mas está acontecendo o oposto”, disse Christopher Gaffney, um professor da Universidade Federal Fluminense. “Nós estamos vendo um padrão insidioso de desrespeito pelos direitos dos pobres e estouros de custo que são um pesadelo.”

A cultura política do Brasil também contribuiu com sua parte para os atrasos, com escândalos de corrupção envolvendo importantes autoridades dos esportes.

Mas a remoção das favelas tem causado um desconforto nas ruas. Uma rede de ativistas em 12 cidades estima que até 170 mil pessoas poderão ser despejadas antes da Copa do Mundo e das Olimpíadas. No Rio, despejos estão ocorrendo em favelas por toda a cidade, incluindo a favela do Metrô, perto do estádio do Maracanã, onde os moradores que se recusaram a sair vivem em meio aos escombros das casas demolidas.

Os despejos estão trazendo de volta fantasmas em uma cidade com um longo histórico de remoções de favelas inteiras, como nos anos 60 e 70 durante a ditadura militar do Brasil. Milhares de famílias foram deslocadas das favelas em áreas litorâneas nobres para a distante Cidade de Deus, a favela retratada no filme homônimo de 2002.

À medida que o Rio se recupera de um longo declínio, alguns novos projetos são altamente bem-vindos, como um elevador para uma favela em um morro em Ipanema, ou os novos bondinhos nas favelas do Complexo do Alemão. As autoridades também insistem que os despejos, quando considerados necessários, seguem a lei, com as famílias recebendo indenização e uma nova moradia.

“Ninguém é despejado a não ser por um motivo importante”, disse Jorge Bittar, o secretário de Habitação do Rio.

Mas alguns moradores de favela acusam as autoridades de contribuir para desigualdades já consideráveis. O boom econômico do Brasil provocou despejos por todo o país, às vezes independente dos Jogos. Em várias cidades, os favelados frequentemente só descobrem que suas casas podem ser demolidas quando literalmente são marcadas para remoção.

Em Manaus, a maior cidade do Amazonas, os moradores encontraram as iniciais BRT, uma referência ao novo sistema de transporte, pichadas nas casas que seriam demolidas. Em São José dos Campos, uma cidade industrial, uma remoção violenta em janeiro de mais de 6.000 pessoas prendeu a atenção do país, quando tropas de choque invadiram, entrando em choque com ocupadores armados com bastões de madeira.

No Rio, muitas pessoas que enfrentam despejo moram nos bairros no oeste da cidade, onde grande parte dos espaços olímpicos está localizada e as favelas persistem em uma área vasta de condomínios margeados por palmeiras e shopping centers.

“A lei brasileira está se adaptando para a realização dos Jogos, não os Jogos estão se adaptando à lei”, disse Alex Magalhães, um professor de direito da Universidade Federal do Rio.

Organizações formadas pelos favelados também estão usando a lei e as redes sociais, em um país com o segundo maior número de usuários do Twitter, atrás apenas dos Estados Unidos.

Uma das disputas mais duras gira em torno da Vila Autódromo, uma favela marcada para remoção para abrir espaço para o Parque Olímpico.

“A Vila Autódromo não tem nenhuma infraestrutura”, disse o secretário Bittar. “As ruas são de terra. A rede de esgoto vai direto para a lagoa; é uma área absolutamente precária.”

Muitos na Vila Autódromo veem as coisas de modo diferente. Alguns têm casas espaçosas construídas por eles mesmos. Goiabeiras fazem sombra nos quintais. Algumas ruas têm carros estacionados, um sinal da expansão da classe média baixa do Brasil.

Os moradores levaram sua luta para a Internet, postando vídeos de discussões com as autoridades. Eles começaram a trabalhar com a Defensoria Pública buscando a paralisação da remoção, apesar de terem perdido em uma decisão chave recentemente.

A imprensa noticiou que a prefeitura do Rio pagou R$ 19,9 milhões para duas construtoras pelo terreno para assentamento dos moradores da Vila Autódromo; as duas empresas doaram fundos para a campanha de Eduardo Paes, o prefeito do Rio. Paes negou qualquer ação imprópria, mas cancelou prontamente a compra do terreno.

Ainda assim, as autoridades dizem que planejam remover a favela para abrir caminho para avenidas em torno do Parque Olímpico, levando os moradores a buscar novas estratégias para resistir ao despejo. “Nós somos vítimas de um evento que não queremos”, disse Inalva Mendes Brito, uma professora na Vila Autódromo. “Mas quem sabe se o Brasil aprender a respeitar nossa escolha de permanecer em nossas casas, as Olimpíadas venham a ser algo para ser celebrado no final.” 
 
(Erika O’Conor e Taylor Barnes contribuíram com reportagem

Tradutor: George El Khouri Andolfato
 
Extraído de uol.com.br - Dica do amigo Pablo Campos