O Fundo Monetário Internacional divulgou que conseguiu arrecadar a quantia de 430 Bilhões de Dólares em reservas para "ajudar" os países que estiverem em crise, superando a expectativa do órgão e praticamente dobrando sua capacidade de empréstimo.
Os países que mais contribuíram para essa volumosa quantia compõem o bloco dos BRICs e o nosso país não estava de fora dessa.
Aproveitando a deixa, nosso Ministro da Fazenda, deu uma singela cutucada no FMI quanto ao seu modo de agir. Trocando em miúdos, Guido criticou o apoio do FMI aos países centrais quando os mesmos se utilizam de políticas restritivas, leia-se medidas protecionistas, para recuperar suas economias, principalmente depois da crise e 2008; apoio esse que não é dado quando os países ditos emergentes também utilizam essa prática - o que nos atinge diretamente, pois o FMI sempre fica em cima do muro ou se faz de desentendido quando nos valemos de políticas para valorização do Real - tendo assim uma postura dúbia.
Guido também criticou essa mania que o FMI tem de dar conselhos a quem não pediu, principalmente quando empresta dinheiro - sabemos bem disso e vivemos na pele nos anos 90 - aconselhando o pessoal do FMI a apenas se pronunciar quando for solicitado.
De fato, os apontamentos do ministro procedem. Já havia publicado aqui em post anterior que essa nossa briga contra as medidas protecionistas já não vem de hoje, como também não vem de hoje essa prática do FMI de querer bancar o Ministro da Fazenda de qualquer pais, periférico ou semi-periférico é bom que se diga, que lhe peça dinheiro emprestado; onde sempre submetem o país que solicita o empréstimo a condições que desfavoreçam sua economia e favoreçam a dos países centrais a longo prazo (o pessoal do Haiti e do Malawi que o digam...).
Só acho também, caro ministro, que ao invés de ceder dinheiro ao FMI, mesmo que seja por certa obrigação, que tal doar o estritamente combinado e deixar o que seria dado além para certas melhorias no nosso país ? Fica a dica pra quem tanto aconselhou o FMI...
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na sexta-feira 20 ter arrecadado mais de 430 bilhões de dólares como reserva para intervir em possíveis crises econômicas. Os emergentes, principalmente Brasil, Índia, Rússia e China, contribuíram com significativas quantias no valor final.
“Isso praticamente dobra a capacidade de empréstimo do fundo”, afirmou a diretora-geral Christine Lagarde em coletiva de imprensa.
Segundo ela, o esforço “sinaliza a forte determinação da comunidade internacional em garantir a estabilidade financeira e colocar a recuperação econômica mundial em uma base sólida.”
As promessas de crédito dos países do BRIC ajudaram a ultrapassar a meta de 400 bilhões de dólares anunciada no encontro anual de primavera do credor em Washington. “Esses recursos estarão disponíveis para todos os membros do FMI”, destacou a instituição em comunicado, refletindo as preocupações dos membros de que o dinheiro seria destinado a mais resgates de países da Zona do Euro.
Embora tenha concordado em auxiliar o fundo, o Brasil destacou sua insatisfação com a representatividade dos emergentes na instituição financeira.
Em discurso a ser realizado neste sábado 21, mas já divulgado no site do FMI, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressalta que os membros do Fundo ainda não completaram o processo de redistribuição de poder acordado em 2010, o que prejudica os países emergentes. “A resistência que alguns países estão demonstrando no momento de acatar os acordos a que chegamos é profundamente prejudicial para esta instituição e para a própria credibilidade destes países.”
A crise financeira de 2008, diz, colocou o peso da recuperação econômica nos ombros dos países emergentes, logo, ” é hora de prestar contas”. “A cota da Espanha, por incrível que pareça, é maior que a soma total das cotas de todos os 44 países da África Subsaariana.”
A participação do Brasil, que em 2009 contribuiu com 10 bilhões de dólares para o fundo e se tornou credor da instituição pela primeira vez, é equivalente à da Holanda, mas inferior à espanhola.
Mantega também criticou a direção do FMI e seus especialistas que “insistem em dar conselhos que ninguém solicitou” sobre os controles dos fluxos de capital praticados pelo Brasil. “O FMI tem dado forte respaldo às políticas monetárias em países avançados, incluindo as recentes medidas adotadas pelo Banco Central Europeu, mas tem sido mais resistente a apoiar as medidas defensivas que algumas economias emergentes se veem obrigadas a adotar em resposta ao impacto destas políticas”.
O FMI aceitou pela primeira vez, no ano passado, que os controles de capital possam ser uma solução para a instabilidade que geram. “O Brasil tem toda a intenção de seguir aplicando suas políticas de defesa do real”, conclui Mantega.
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