domingo, 22 de abril de 2012

Está para ser desativado o lixão de Gramacho, o maior da América Latina

Danificando o meio-ambiente desde sua implementação: já que fizeram em um terreno de manguezal, cercado por rios e sem nenhum tipo de cuidado o lixão de Gramacho está para ser desativado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, como uma resposta ao RIO + 20 - Uma reunião que ocorrerá em prol do meio ambiente na cidade. 

Com a proximidade do encerramento das atividades no lixão, diversas questões se levantam...

  • Para onde irá agora o lixo que antes ia para Gramacho ?
  • O que será feito com a área e o seu entorno em termos de recuperação dos solos, das águas e pelas espécies animais e vegetais que lá vivem ?
  • Para onde serão realocadas as pessoas que vivem da coleta seletiva realizada no local ?
  • O que será feito dessa área depois de recuperada ? (Por sua localização geográfica o ideal seria transformar em APA, mas como estamos falando de Brasil pode ser que vire um condomínio de luxo)

Postas as questões, vemos quanto trabalho a Prefeitura tem a realizar em torno dessa questão. Só espero que isso não seja mera resposta de fachada a RIO + 20 ou jogada política para reeleição já que o Prefeito do Rio é candidato a reeleição que se realiza neste ano. 


Criado à beira da Baía de Guanabara, sobre área de manguezal - o berçário da vida marinha - e cercado pelos Rios Iguaçu e Sarapuí, o Aterro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, é a síntese de tudo o que não deve ser feito a respeito de descarte de lixo. Nos últimos 34 anos, todo o resíduo produzido pelo Rio de Janeiro e outras quatro cidades da Baixada Fluminense foi deixado ali. O resultado é uma montanha que alcança 60 metros de altura, no ponto mais alto, espalhada por 1,3 milhão de metros quadrados, assentada sobre um terreno gelatinoso, formado de argila.
Diante do risco de desastre ambiental, a desativação do maior lixão da América Latina é o grande compromisso assumidos pela prefeitura do Rio às vésperas da Rio+20. A data prevista, amanhã, teve de ser adiada, no entanto, para maio para que um problema social seja resolvido - cerca de 1,4 mil pessoas sobrevivem da separação do lixo e tem de ser indenizadas.
O secretário municipal de Conservação, Carlos Osório, resume o que representa o Gramacho: "Cometeu-se um crime ambiental monumental no Rio de Janeiro". Entre 1978 e 1996, o lixo foi despejado ali sem nenhum tipo de tratamento. O chorume vazava para a Baía de Guanabara e os rios. Havia explosões de gás metano - um dos gases do efeito estufa - gerado pela decomposição da matéria orgânica em ausência de oxigênio.
A apenas 4 quilômetros de distância do Aeroporto Internacional Tom Jobim, os urubus que disputam os resíduos com catadores também são um problema. Somente entre 2008 e 2011 houve 286 colisões entre aves e os aviões.
No fim dos anos 1990, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), do Rio de Janeiro, responsável pela operação do lixão, começou a transformar a área num aterro sanitário. Foi instalado um sistema de drenagem para coletar e tratar o chorume. Uma cortina de argila orgânica impermeável foi instalada no entorno do aterro, para impedir que os resíduos chegassem à baía e aos rios. O dejeto de serviços de saúde ganhou local de descarte próprio, com manta protetora. O lixo, depois de revirado pelos catadores, passou a ser espalhado por uma draga e coberto com barro ou cascalho. Ainda assim, o solo instável provocou rachaduras na montanha de lixo.
Fechamento. Ambientalistas denunciaram o risco iminente para a baía, e o Ministério Público Estadual cobrou o fechamento do aterro. A Comlurb diz que a situação está sob controle. "Instalamos inclinômetros em todo o terreno. São placas que vão a até 15 de profundidade e captam qualquer movimentação do solo", diz o assessor técnico da diretoria da Comlurb, José Henrique Penido.
O aterro também é responsável pela deterioração do bairro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias. Um levantamento do Instituto de Estudos do Trabalho Sociedade (Iets) apontou a existência de 174 depósitos e galpões de lixo instalados no bairro. O estudo aponta que, dos seus 13,7 mil moradores, 1.217 trabalham na separação dos resíduos.
A prefeitura do Rio promete recuperar Gramacho. Caberá à empresa Novo Gramacho, consórcio que administra o aterro, cuidar da contenção geológica, refazer a cobertura vegetal e recuperar o manguezal.
Desde abril passado, a maior parte do lixo do Rio é lançada no Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, onde é imediatamente coberto após o despejo.
O projeto de recuperação prevê a perfuração de mais 190 poços, além dos 130 já existentes, para a captação do gás metano. Gramacho produz 18 mil metros cúbicos por hora desse gás. Uma usina foi construída no próprio terreno para purificar o gás metano, que será vendido para a Refinaria Duque de Caxias, da Petrobrás. O resíduo desse gás será usado na geração de energia da própria planta da usina.
A concessionária também registrará projeto para a venda de créditos de carbono. "Vamos deixar de emitir 6 milhões de toneladas equivalentes de gás carbônico. A verba proveniente dessa operação comporá o fundo para a recuperação do bairro e para a indenização dos catadores", afirmou Penido.

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