Esta semana, o novo ministro da saúde, Ricardo Barros, deu uma entrevista exclusiva à Folha de São Paulo que você pode conferir na íntegra clicando aqui.
Durante toda a entrevista, chamam a atenção os seguintes trechos:
Mais de 1,3 milhão de pessoas deixou de ter planos de saúde no último ano. Isso vai sobrecarregar ainda mais o SUS...
A ANS precisa ser mais ágil na regulação. A judicialização na área dos planos tem obrigado que eles façam reajustes muito acima da inflação. Cada vez que uma decisão judicial determina incluir um procedimento na cobertura do plano, aumenta o custo e ele tem que repassar para o consumidor.
Isso acaba prejudicando a todos os usuários, encarecendo o sistema e fazendo com que mais pessoas deixem de ter planos. Quanto mais gente puder ter planos, melhor, porque vai ter atendimento patrocinado por eles mesmos, o que alivia o custo do governo em sustentar essa questão.
Não deveria ser o contrário, estímulo para um SUS melhor, já que pagamos impostos e temos direito à saúde?
Todos os cidadãos já pagam pela saúde, todos os cidadãos já pagam pela segurança. No entanto, os gastos com segurança privada são muito superiores aos da segurança pública. Infelizmente, a capacidade financeira do governo para suprir todas essas garantias que tem o cidadão não são suficientes.
Não estamos em um nível de desenvolvimento econômico que nos permita garantir esses direitos por conta do Estado. Só para lembrar, a Previdência responde por 50% das despesas do Orçamento da União. O Estado acaba sendo um fim em si mesmo, e não um meio. O que adianta o médico sem remédio, o pedreiro sem o tijolo, o motorista sem o combustível. Nada. Não presta serviço para a comunidade.
O que fazer? Mudar a Constituição, que determina que a saúde é um direito universal?
A Constituição cidadã, quando o Sarney sancionou, o que ele falou? Que o Brasil iria ficar ingovernável. Por quê? Porque só tem direitos lá, não tem deveres. Nós não vamos conseguir sustentar o nível de direitos que a Constituição determina.
Em um determinado momento, vamos ter que repactuar, como aconteceu na Grécia, que cortou as aposentadorias, e outros países que tiveram que repactuar as obrigações do Estado porque ele não tinha mais capacidade de sustentá-las. Não adianta lutar por direitos que não poderão ser entregues pelo Estado. Temos que chegar ao ponto do equilíbrio entre o que o Estado tem condições de suprir e o que o cidadão tem direito de receber.
Depois de ler esse trecho da entrevista, contar até 1 milhão, e pensar no para onde o sistema de saúde irá (ou não) depois dessas declarações; você pensa em milhares de coisas para escrever. Explicações e teorias podem não fazer sentido diante de algo que estamos apenas especulando, mas antes que eu seja acusado de defender ou acusar o atual "governo", não vou tecer um comentário sequer sobre isso.
Melhor do que simplesmente traçar cenários para o que acontecerá ao SUS depois dessas declarações é mostrar o que está se tentando implementar aqui na prática. Para tal propósito, deixo abaixo o filme do cineasta Michael Moore, chamado SICKO, que mostra como é o sistema de saúde norte-americano que, a julgar pelas declarações acima, é o "exemplo a ser seguido" e implementado para o SUS.
Que isso realmente não aconteça aqui...
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