terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Cinema, Pipoca e Geografia! - As vídeo reportagens do Nexo

Já faz um tempo que não postamos sobre isso aqui no blog, mas achamos que a dica vale a pena, embora não tenha a ver com cinema. 

Para você que quer estudar, mas anda num ritmo "sem tempo, irmão", acreditamos que esta dica pode lhe ser muito útil ou mesmo se você quer reforçar o que viu em sala de aula na sua casa ou aonde quiser. A dica de hoje são vídeos sobre assuntos que podem estar nos vestibulares e ENEM produzidos pelo jornal NEXO. 

Não, este post - assim como todo o blog - não é patrocinado. Apenas acreditamos que um trabalho bem feito e imparcial deve ser divulgado e utilizado como fonte de estudos. Neste caso, não seria diferente. 

Abordando diversos temas, o canal possui uma infinidade de vídeos sobre assuntos recorrentes em avaliações e concursos, desde a guerra da Síria até o El Niño. Embora tenha diversos temas, vamos deixar abaixo apenas alguns que achamos mais interessantes (mesmo assim a lista já ficou grandinha). Os vídeos são curtos, mas bem explicados e de uma maneira fácil de entender, servindo para os estudantes como uma ferramenta de auxílio em sua caminhada. 

Como sempre, vale a pena conferir!!
































terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O "coração" do mundo

Em tempos de emergência climática e onde cada vez mais países se juntam para propôr soluções e traçar metas para frear o aquecimento global, andamos na contramão do movimento ao criminalizar ONG´s, populações indígenas e ribeirinhas, além da tentativa pífia de legitimar um discurso na ONU usando uma indígena que tem tanta representatividade quanto um grão de areia no meio do deserto. 

Já postamos aqui, em outras oportunidades (1- 2 - 3) sobre a importância da Floresta Amazônica ser não só climática como também relacionada a sua biodiversidade. 

No entanto, os índices de desmatamento só aumentam e a escala destrutiva dos mesmos alcança escalas para além da Amazônia Legal, prejudicando até mesmo a Cordilheira dos Andes. Vale lembrar que é dela que surge a nascente do que, alguns quilômetros a frente, forma o rio amazonas. 

Entretanto o governo parece não enxergar isso e continua estimulando uma postura agressiva e contundente contra os povos da floresta, digna de um AI-5, que aliás já foi evocado publicamente por figuras da atual gestão. Algo que jamais deveria ser sequer comentado novamente, mas num país onde grande parte da população, desinformada e nada criteriosa com o que lê, é incitada constantemente a animosidade e não ao diálogo, não é se estranhar que este tipo de comentário fique impune. 

Enquanto isso, os povos da floresta, lutam, pagando até mesmo com suas vidas, para defender a floresta que tanto teimam em destruir sob o jargão de que a Amazônia é do Brasil. Algo que em si já é uma contradição, pois se bradam aos 4 ventos que a floresta é nossa, não deveriam destruí-la, mas protegê-la. 

Mas essa proteção só é feita de fato pelos que lá vivem e dela sobrevivem, mas de maneira sustentável. No entanto, são criminalizados, execrados e exterminados em silêncio já que os holofotes não estão lá, mas sim na próxima verborreia dita por alguma figura de Brasília que, intencionalmente, visa desqualificar a luta e suprimir os horrores que ocorrem na Região Amazônica. 

Diante dessa luta, extremamente desigual, vemos os povos da floresta resistindo em meio a massacres, invasões, estupros, perda de terras e ameaças de grileiros e fazendeiros que veem na floresta amazônica não o coração do mundo que bombeia milhões de litros para a atmosfera, mas um terreno amplamente favorável a especulação imobiliária e repleto de riquezas minerais em seu subsolo, apoiados pelo governo que, seja pela desinformação, entreguismo e/ou influência ($$) da bancada ruralista, instaura na floresta um AI-5 velado e, aos poucos, vai preparando o terreno para se apropriar da Amazônia da maneira mais destrutiva possível. 

A nós, cabe a resistência, a união de forças entre ambientalistas, povos da floresta e corpo acadêmico (sério), para manter a floresta "em pé", fazendo-os entender que a Amazônia pode não ser o pulmão do mundo, mas é o coração dele. Um coração que bombeia para atmosfera milhões de litros de água, de extrema importância para o clima e para a biodiversidade e um fator que nos remete a certa importância no cenário mundial, que precisa ser preservado para que as gerações futuras não testemunhem um mundo cada vez mais quente e caótico, construído pela ganância.  

terça-feira, 26 de novembro de 2019

O que é o "Ponto de não retorno" da Amazônia?

Infelizmente, não é nenhuma novidade quando vemos as últimas notícias sobre o desmatamento da Amazônia e vemos recorde negativo atrás de recorde negativo. 

Depois do pior agosto dos últimos 30 anos, os dados preliminares de agora nos mostram um aumento de aproximadamente 30% no desmatamento da Floresta Amazônica. Dados que chocam e que já fazem a comunidade científica pensar no chamado ponto de não retorno da floresta, mas o que é isso?

O ponto de não retorno é quando a floresta não irá mais conseguir se recuperar das agressões feitas pelo homem e, assim, começará a virar uma savana, como é o nosso Cerrado. O que traria uma série de consequências negativas em termos local, nacional e internacional, mas antes de irmos a estas consequências, vamos abrir um parêntese rápido aqui. 

Apesar dos dados alarmantes levantados por órgãos oficiais sobre o desmatamento, esta questão não é novidade em nosso país. Há pelo menos 50 anos, isso de forma consecutiva pelo menos, a floresta Amazônica vem sendo desmatada. Embora eventos anteriores tenham ocorrido como as drogas do sertão e os ciclos da borracha, podemos dizer que, de maneira efetiva e contígua, a devastação ocorre desde o a ditadura militar pautada em seus slogans como "integrar para não entregar". 

Pois bem, embora o desmatamento seja algo histórico, algo que você pode observar nestes mapas, desde 2017 os número tem aumentado cada vez mais e floresta já está começando a dar sinais de atingir o seu ponto de não retorno. 

Áreas ao sul e a leste da floresta já estão com temperaturas maiores e a estação das secas já está começando a se prolongar por lá. Sinais de que não estamos longe de atingir o ponto de não retorno. Aliás, pesquisadores já calculam que, nesse ritmo, podemos atingi-lo em 15 anos

Caso isso ocorra, vários fatores serão afetados, principalmente os climáticos. Embora os estudos ainda não seja precisos, podemos elencar alguns deles:

  • Aumento da temperatura local. 
  • Queda nos índices de chuva não só nas localidades próximas, como em outras regiões do Brasil, podendo também afetar outros países, já que prejudicaria o fenômeno dos rios voadores. 
  • Prolongamento das estação seca na região. 
  • Savanização da Amazônia, o que aumentaria a temperatura, tornando-a tão quente quanto o Cerrado. 
  • Perda de biodiversidade, já que animais e plantas não suportariam as temperaturas mais quentes. 
  • Perda de produtividade agrícola e extrativista. Pois nem todo cultivo sobreviveria as novas temperaturas do local. 

Entre outros que ainda estão em estudo. 

Contudo, a postura do atual governo parece ignorar esta triste realidade e o reflexo disso se dá em ações que vão desde a tentativa de fusão entre ministérios da agricultura e do meio ambiente, passando pela demissão do então presidente do INPE por divulgar dados que ratificam o aumento agressivo do desmatamento, a falas que denigrem o IBAMA e ONGs que procuram preservar o que ainda resta da nossa floresta. 

Atitudes como essa, mostram o descaso com a nossa floresta, que possui importância climática ímpar, como já explicamos em posts anteriores (1 e 2). Ainda mais quando essa atitude descabida é sustentada por uma falácia que nos remete a questão da exploração econômica da Amazônia. 

Tal argumento se mostra infundado pois na histórica exploração da floresta amazônica, não há um estudo sequer que comprove a relação entre exploração da floresta e enriquecimento ou melhora na qualidade de vida da população, muito pelo contrário. Os que de fato enriquecem correspondem a um pequeno grupo de fazendeiros e pecuaristas que utilizam alta tecnologia em suas produções e contratam pouquíssima mão de obra que, quando muito, recebe um salário mínimo. 

Casos em que a população consegue seu sustento e melhorar seu padrão de vida estão relacionados a exploração da "floresta em pé" como os coletores de açaí. 

Aliás, vamos abrir aqui outro parêntese. 

Um pouco mais acima, dissemos que o desmatamento tem aumentado na Amazônia, especialmente ao sul e ao leste. Não coincidentemente são áreas que costumam receber o nome de "arco do desmatamento", pois são vítimas do avanço da agropecuária para a região da floresta amazônica. 

O que nos permite arriscar a dizer que até pode sim haver um desenvolvimento sustentável na Amazônia, mas, com certeza, não é da forma que se apresenta atualmente em alguns casos. 

Vale lembrar também que a culpa não pode recair somente sobre essas atividades. Grande parte do desmatamento da floresta vem de atividades criminosas, onde grileiros queimam áreas de floresta visando sua apropriação futura. 

Como vemos, a lista de problemas é longa, ainda mais por ser tratar de um problema histórico. Entretanto, adotando a postura que o atual governo tem para com a situação. A lista só vai aumentar.  

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Um assunto por minuto

Caros leitores do blog! 

Desculpem a longa ausência, mas uma luxação no dedo e um forte resfriado me mantiveram afastado dos textos por umas semanas, embora as postagens nas redes sociais se mantiveram. 

Como o tempo passou e muita coisa aconteceu, resolvi fazer a postagem desta semana com os últimos acontecimentos, mas de uma maneira mais resumida, assim poderemos comentá-los de uma maneira mais dinâmica. 

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De início, começaremos com as novas eleições para o Parlamento britânico no mês que vem

A novela é antiga e já vimos isso com antiga Primeira-Ministra na mesma tentativa de conseguir maioria na câmara para aprovar o Brexit praticamente na marra. Entretanto, como vimos na eleição anterior, não foi o que aconteceu e terminou, tempos depois, com a saída dela do cargo e a chegada do terceiro Primeiro-Ministro que tenta aprovar o Brexit. 

Aliás, não perca a conta, é o terceiro prazo de extensão do Brexit e o terceiro Primeiro-Ministro que tenta sair da União Europeia. 

O cenário inclusive é dos mais imprevisíveis. Cada ala parlamentar espera alcançar sua estratégia com as novas eleições. Enquanto os pró-Brexit tentam aumentar sua quantidade no Parlamento e procuram retirar de lá os que se opõem ou apresentam dúvidas sobre o Brexit, a ala dos opositora pensa em aumentar o número de seus representantes exatamente para impedir o Brexit ou ao menos fazê-lo através de um acordo que agrade a todos. 

Já pelo lado da UE, o presidente do Conselho Europeu, afirmou que o prazo de 31 de Janeiro será o último dado pela União Europeia, algo que já vinhamos comentado aqui no blog quando falávamos que um dia a paciência do bloco se esgotaria, e parece que se esgotou mesmo. 

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Depois protestos e um aviso das forças armadas bolivianas, o agora ex-presidente, Evo Morales, renunciou a presidência depois de mais de uma década no poder. Junto com ele também renunciaram os presidentes do senado e das câmaras, deixando o cargo "vago". 

Nessa sucessão de renúncias, a segunda vice-presidente do senado Jeanine Áñez, se autoproclamou presidente da Bolívia, o que foi ratificado pelo Tribunal Constitucional do país. 

A missão da presidente interina é organizar novas eleições presidenciais na Bolívia. A opositora do ex-presidente também afirmou que vai tentar pacificar o país que ficou imerso em uma onda de protestos contra e a favor de Evo Morales. 

Para entender como essa situação chegou a este ponto, sugerimos esse link.  

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Semana passada ocorreu mais uma reunião dos BRICS (lembra deles?) aqui no Brasil. 

A reunião, que acontece anualmente desde 2006 (de maneira informal) e de maneira oficial desde 2009, reúne países que possuem notoriedade em seus respectivos continentes e apresentariam um enorme potencial de crescimento. Esse "bloco" foi "projetado" por um economista britânico, lá em 2001. 

Pois bem, quase duas décadas se passaram, Brasil Rússia Índia, China e África do Sul fizeram constantes reuniões e... Quase nada mudou... 

Em todas essas reuniões, o que se fez de concreto foi a criação de uma espécie de "banco dos BRICS" que teria como objetivo financiar obras de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, além de uma rede de pesquisa sobre a Tuberculose, já que os países juntos respondem por quase metade dos casos desta doença no mundo. E é só... 

Mesmo fazendo a ressalva de que as reuniões só se tornaram oficiais e anuais em 2009 e que só no ano seguinte a África do Sul passou a integrar o "bloco", podemos dizer, sem receio, que muito pouco foi feito de concreto por eles, a ponto do próprio "criador do bloco" questionar a importância das reuniões

Mesmo que tenhamos uma crise mundial que se arrasta desde 2008, embora teve início em 2007, e que os tempos de recessão ainda nos assolam, convenhamos que é muito pouco o que foi conquistado até aqui pelo conjunto de países que formam os BRICS. 

A reunião da semana que passou até trouxe novos acordos, especialmente nas áreas de infraestrutura, agricultura e tecnologia, mas dadas as reuniões anteriores, parece mais do mesmo. 


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Acordo do Brexit é aprovado por diferença de 30 votos, mas nada está definido.

Depois de três anos, desde o início do processo, foi aprovado no parlamento europeu  o acordo conhecido como "brexit", que estipula os termos de saída do Reino Unido da União Europeia. Embora o acordo ainda tenha que passar pela Câmara dos Comuns, é a primeira vitória de um primeiro-ministro neste processo, que teve início há três anos e há três ministros. 

Mesmo com a pequena vitória, o atual primeiro-ministro, que tem enfrentado resistência no parlamento por sua postura mais radical em relação ao Brexit, expondo publicamente que o acordo sairá no dia 31 de outubro de qualquer jeito, ainda tem uma árdua batalha pela frente para concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia. 

O acordo costurado por ele tem mais de 100 páginas e precisa ser lido pelos participantes da Câmara dos Comuns para ser votado. Há 8 dias do prazo final para o Brexit, não nos parece que este prazo será cumprido. Entra aí mais um pedido de extensão do prazo para definir o Brexit, agora para janeiro de 2020. 

Entretanto, esta não parece ser a vontade do primeiro-ministro que fez sua campanha prometendo o Brexit ao final deste mês. Mas, ao que tudo indica, não vai cumpri-la. Tanto que já mandou ofício, embora não assinado, o que expressa sua insatisfação, pedindo a extensão do prazo para saída da União Europeia. Algo que pode ser negado pelo bloco e forçaria um Brexit sem acordo, ou Brexit duro, como andam dizendo. 

Entre as questões que promovem esse entrave, está a questão das fronteiras entre as Irlandas e os acordos econômicos relacionados as tarifas alfandegárias entre eles (explicações mais detalhadas você encontra clicando aqui e aqui). Ambas causam divergências dentro do parlamento e da Câmara dos Comuns que já promoveram a chegada do terceiro ministro em três anos, por não conseguir um acordo que agrade não só aos ingleses como ao bloco. 

Apesar da vitória, o primeiro-ministro ainda tem muito a fazer para tirar esse acordo do papel e conseguir por ele em prática. Contudo, a não ser que haja uma reviravolta digna de um Oscar, o prazo de um Brexit em 31 de outubro certamente não será cumprido por ele. 

terça-feira, 8 de outubro de 2019

A importância da P**** da árvore!

Muitos apoiadores da economia marrom, vem contestando e entoando políticas de exploração agressiva em relação a floresta amazônica que tem sido vista como um empecilho para a ambição humana. Especialmente nos últimos tempos, em épocas de marmanjos usando fotos fake para atacar meninas de 13 anos que realmente lutam por uma causa justa. 

Diante disso, resolvemos listar aqui a importância, não só da Floresta Amazônica, mas de qualquer árvore para o planeta e para a vida nele. Vamos a ela... 

  • Servem como "casa" para milhares de animais, fungos e bactérias, contribuindo para a biodiversidade no planeta, abrigando diversas espécies. 
  • Atuam ajudando a regulação do clima global. Suas raízes permitem a absorção da água do solo e suas folhas a enviam para atmosfera, ajudando no regime de chuvas. 
  • Evitam inundações, pois retém água que poderia ir para os corpos hídricos facilitando esses eventos. 
  • Servem para fixar o solo e impedir que o mesmo seja transportado em eventos de chuva por meio de escorregamentos de massa. 
  • Freiam a erosão que teria um alto poder em ilhas e áreas litorâneas, podendo levar tanto ao desaparecimento de ilhas quanto a perda de recifes e corais por "soterramento".
  • Fornecem sombra, o que ajuda a reduzir a temperatura local, além do fato de absorverem calor ou invés de refleti-lo, o que torna o microclima mais agradável em áreas onde sua presença é maciça. 
  • "Combatem" o aquecimento global já que são sequestradoras de carbono da atmosfera, que fica armazenado em seus troncos. 
  • Fornecem "remédios", aquecem a população fornecendo lenha (que também pode ser usada para cozinhar), e são usadas na construção de casas (claro que esses usos devem ser moderados e sustentáveis). 
  • Garantem o sustento de vários setores da economia: madeireiros, extrativistas, fruticultores, carpinteiros e etc... (mais uma vez: de forma sustentável!).
  • Evitam que milhões de pessoas sofram com problemas respiratórios ou ameniza esses problemas por absorver carbono que ficaria na atmosfera, além de outros poluentes. 
  • Ajudam na recuperação de doentes. Estudos mostram o uso de árvores em tratamento de pacientes com os mais diversos distúrbios, incluindo os mentais. 
  • "Chove porque tem árvore e não tem árvore porque chove": as árvores são grandes responsáveis pelo regime de chuvas de uma região, por conta da evapotranspiração que leva grande quantidades de vapor d´água para a atmosfera que, ao se condensar, viram a chuva nossa de cada dia. 

Esperamos que essa "pequena" lista, ajude as pessoas que não veem importância alguma na árvore a entender a real e profunda dimensão de sua contribuição para a manutenção da vida no planeta. E, quem sabe, entender o que até crianças de 13 anos já entendem e divulgam por aí: a p**** da árvore é sim importante! e cuidarmos delas será vital para nossa sobrevivência neste planeta, bem como das futuras gerações. 



Com informações da BBC Brasil.      

terça-feira, 1 de outubro de 2019

O discurso por trás do discurso na ONU

Foi assunto notório na semana passada, e ainda é, o discurso do presidente brasileiro na ONU, principalmente sobre a forma como a questão indígena foi tratada pelo mesmo, inclusive dedicando a maior parte do seu discurso a isso. 

O discurso está abaixo. 


Alguns pontos, chamam a atenção neste discurso e nós comentaremos eles rapidamente

1 - Não é de se espantar que de cara um dado já esteja errado neste discurso. Quando o presidente afirma que 14% das terras brasileiras estão protegidas, ele comete um erro de dado, já que, segundo dados da FUNAI, nem se somarmos todos os percentuais de terras homologadas e em estudos chegaremos aos 14% do território brasileiro. Você pode até nos acusar de preciosismo, mas uma imprecisão vinda de um representante máximo da nação que "comanda" inclusive o órgão responsável por produzir o dado dito em seu discurso não pode e não deve passar desapercebido. 

2 - Nem vamos nos alongar na parte do "à beira do socialismo", pois este nunca existiu em lugar algum além do papel. Se você discorda, compare os países ditos socialistas, inclusive a URSS e veja se o "socialismo" deles era o mesmo, ou até mesmo compare com o dito socialismo de mercado chinês. O que se teve por aí foram apropriações da ideologia socialista, deturpadas de acordo com os interesses de cada governo que o "adotou". Dizer que um país esteve à beira do socialismo faz tanto sentido quanto nazismo de esquerda... 

3 - Atacar líderes de outros países, direta ou indiretamente, atacar a ONU e trazer uma indígena sem representatividade alguma para legitimar a destruição da Floresta Amazônica é de fazer qualquer agricultor e minerador vibrar de alegria. Isso sem falar do ataque direto ao cacique Raoni que dedicou praticamente a sua vida inteira em defesa da Floresta Amazônica, chamando o mesmo de monopolizador. Monopolizador  do quê? Dá vontade dos indígenas de manter a floresta em pé? Ou da vontade da população brasileira de não explorar a floresta como mostrou uma pesquisa?

4 - É de se observar que o discurso do presidente nos remonta à ditadura militar e seu discurso "integrar para não entregar", onde se pregava a exploração econômica da Amazônia para que outros países não a façam por nós e invadam nosso território. 
Algo que soa mais ou menos como "A Amazônia é nossa, então devemos explorá-la ao máximo, pois, senão, outros virão e farão isso em nosso lugar". Mas, aí vem outra questão, cadê a tal bradada soberania brasileira na hora de defender que os tais interesses internacionais se apossem da Amazônia? Em que esfera a destruição da floresta por motivos puramente econômicos significa a demonstração de nossa soberania sobre o lugar? Voltamos aos tempos de colônia onde forçavam nosso domínio através da exploração? É de uma mentalidade colonialista invejável... 


5 - Como se isso não fosse pouco, ainda tenta pifiamente legitimar o seu discurso levando a tiracolo uma indígena (Ysani Kalapalo) cuja representatividade é zero, já que não representa nem o pensamento de sua própria tribo, os Kalapalo, que aliás vivem no território do XIngu, enquanto ela vive em São Paulo (algo que mostra bastante conexão com sua terra natal e o quanto ela está alinhada ao pensamento de sua tribo); algo que pode ser visto em carta aberta assinada por mais de 10 tribos indígenas, inclusive a tribo dela, discordando veementemente do discurso do presidente na ONU.

6 - Isso sem contar a tentativa de desmerecer o cacique Raoni, que tem décadas de sua vida dedicada a preservação da floresta amazônica, assumindo assim um papel de representatividade e liderança no combate a exploração ilegal e desenfreada da floresta amazônica, sendo figura internacionalmente conhecida e de representatividade ímpar. Desmerecer o cacique e acusá-lo de monopolizador é tentar desqualificar anos de luta em favor da floresta e dos povos que precisam dela "em pé" para sobreviverem, que a tratam com respeito e têm muito a ensinar ao "homem branco" sobre a preservação da floresta. 

São atitudes como essa que explicam os recordes negativos que a Floresta Amazônica vem batendo nos últimos meses, que tentam legitimar discursos infundados de que o país preserva suas florestas mais do que os outros (comparação que jamais deve ser feita, salvo as guardadas proporcionalidades entre pontos de comparação, algo que jamais foi ponderado em comparação feita pelo presidente ou qualquer um dos seus), também explicam o aumento recorde de invasão de terras indígenas, mas também mostram a fragilidade de um discurso que se baseia no radicalismo, esbanjando palavras agressivas, mas de conteúdos profundos como um pires. 

Algo que pode ser notado de maneira simples, neste mesmo episódio, ao observarmos que o discurso abaixo, foi atacado desta maneira


  

Quando não se tem ideias concretas, quando o discurso proferido é baseado no radicalismo e o conhecimento é raso, o resultado não pode ser mais vexaminoso. Pior ainda é ver um adulto usar de mentiras para desqualificar uma criança, que ao que parece, entende muito mais sobre a questão climática global do que quem a atacou. Atitude covarde, mas que expressa bem como a opinião neste governo é calcada: usando ataques pessoais e inverídicos ao invés de uma argumentação embasada no diálogo e na troca de conhecimento. 

Não à toa uns ganham o Nobel alternativo da paz e outros...   

Para encerrar, gostaríamos de dividir a utopia de um discurso que, certamente, jamais será proferido pelo atual presidente na ONU, mas esperamos e torcemos para que um dia, alguém seja capaz de fazê-lo como representante máximo de nosso país. 

O discurso é esse aqui.  


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Geoplaylist (Caetano Veloso - Um Índio)

Já faz um tempo que não publicamos essa seção aqui no blog, mas devido aos últimos acontecimentos e a postagem anterior, hoje decidimos colocar aqui uma música antiga, mas que não perdeu sua contemporaneidade. Estamos falando de "Um Índio" de Caetano Veloso. 


Apesar da qualidade do vídeo ser um tanto desejável, conseguimos depreender a letra e nos atentarmos ao fato da mesma fazer uma denúncia a como o "homem branco" vem tratando os indígenas desde a época colonial. 

Infelizmente, mesmo séculos depois, o tratamento destinado não só aos indígenas como aos demais povos da floresta é o de vendê-los como um entrave para a exploração dos recursos que habitam as reservas e florestas naturais do nosso país. 

Atualmente, vemos o indígena ainda mais ameaçado. Sua existência, cultura e toda sua influência que compõem a colcha de retalhos que é a cultura brasileira, nunca sofreram um ataque tão nítido quanto agora.  Diante deste cenário, o que é descrito na música, já são parece mais um desejável futuro longínquo, mas uma triste realidade que se aproxima a passos largos. 

Diante disso, deixamos aqui esta música e, como sugestão de atividade, a ideia de trabalhar a importância dos indígenas não só em termos culturais, mas também ambientais. Explorar sobre o seu modo de vida, sua relação com a natureza e coletar lições valiosas que nos convidam a repensar nosso modo de vida e o tratamento que damos ao meio ambiente. 

Além disso, podemos também olhar os indígenas sobre o prisma do desmatamento das florestas e as ameaças que os interesses por trás deste desmate acarretam as reservas indígenas e até mesmo a população indígena como um todo e, num olhar mais amplo, ao mundo inteiro. 

terça-feira, 3 de setembro de 2019

O que não pode ser omitido de você sobre a questão ambiental brasileira

Ultimamente não se fala em outra coisa sobre o aumento no desmatamento da Amazônia, devido as marcas históricas alcançadas por ele, especialmente no mês de agosto e por eventos como o "dia do fogo". Inclusive tem rodado um vídeo no Youtube, que você pode conferir abaixo, sobre algumas afirmações a cerca da agricultura brasileira e alguns dados de relação ao uso da terra em nosso país. 


Antes do vídeo, vamos deixar algumas coisas claras:

1 - Muito tem se falado que "só agora descobriram que a Amazônia queima?". Não. A questão não é essa. Se sabe que as práticas de queimada na Amazônia são antigas e isso, infelizmente não é nenhuma novidade. O problema é que os dados estão ultrapassando marcas históricas, de forma negativa. 

Já temos o pior Agosto dos últimos 20 anos em relação ao desmatamento. Isso sem contar eventos como o terrível "dia do fogo" e o dia em que São Paulo ficou mais cinza do que costume, gerando até trending topics no Twitter. ESSES SÃO OS PROBLEMAS!

2 - Não é difícil de encontrar também pessoas que justificam o desmatamento da Amazônia, visto que ela não é o pulmão do mundo. Embora a afirmação sobre o pulmão do mundo seja verdadeira - isso fica a cargo das algas nos oceanos - a questão não é pautada nisso. A floresta amazônia tem importância climática, biológica, genética e etc. para o mundo, não somente para o Brasil (vídeo abaixo). 



3 - Justificar o desmatamento em cima de um argumento que não cabe, não é só tendencioso como reforça uma espécie de cultura rasa que vem se estabelecendo nos últimos anos, especialmente com o advento da internet, onde as pessoas não checam mais as informações e reproduzem o que veem nas redes sociais, muitas vezes não se dando nem ao trabalho de ler a notícia na íntegra, parando no título. 

Agora vamos o vídeo sobre o qual me referi, peço que o leitor o assista primeiro para depois ler as observações sobre o mesmo abaixo. 




Ao que parece o vídeo foi gravado no ano passado, próximo da época das eleições (dados aos gracejos feitos), mas isso é o de menos. Mas vamos aos pontos que desejamos destacar. 

Fica nítido a afirmação do funcionário durante toda a palestra em diminuir as áreas de proteção ambiental, seja as de uso quilombola, terras indígenas, reservas florestais ou semelhantes, sempre justificando que  quase metade do Brasil é todo preservado e que o pobres agricultores ficam encurralados em suas propriedades.

Um dos primeiros tópicos abordados pelo palestrante é um comparativo entre áreas protegidas no Brasil com o a Argélia. Algo que, vamos combinar, totalmente desproporcional. Afinal de contas, quantas "Argélias" não cabem em um Brasil? 

Ainda nesta questão, sempre acompanhada de um tom de desdém (que predomina na palestra inteira), é apontado que a área preservada nos outros países, e na Argélia também, são áreas de deserto. Quem vê de fora acha que o deserto é uma área que não apresenta nenhum atrativo, inclusive porque a mesma é sumariamente desqualificada durante o vídeo, mas dois pontos foram "deixados de lado". 

O primeiro ponto refere-se ao "porquê" da necessidade de preservar áreas de deserto; algo que não foi explicado em momento algum. Há esta necessidade para impedir que o deserto avance, especialmente se práticas agrícolas, para ficar no cerne da questão, foram realizadas no seu entorno, o que enfraquece o solo e permite o avanço do deserto. Algo que, inclusive, já está acontecendo no deserto do Saara, que avança no sentido Norte-Sul por conta (também) de práticas agrícolas (desde os tempos coloniais) por lá feitas. 

O segundo ponto, que também foi "esquecido" refere-se a biodiversidade que os desertos apresentam. Ao contrário do que se imagina, alguns desertos apresentam uma riquíssima biodiversidade que, infelizmente, estão sofrendo ameaças por conta das mudanças climáticas. 

Esses pontos já nos ajudam a perceber algo tendencioso na palestra apresentada que reforça um vitimismo por parte dos agricultores e que busca legitimar o uso pleno das terras brasileiras para a agricultura. 

Outro ponto da palestra refere-se a um manifesto publicado por agricultores nos EUA chamado, em tradução livre, de "Fazendas aqui, Florestas lá". Segundo o vídeo, este movimento quer que o governo dos EUA ajude outros países, como o Brasil, em projetos de financiamentos de proteção às suas florestas para que eles, em suma, plantem cada vez menos, enquanto os agricultores norte-americanos plantem (e lucrem) cada vez mais. 

Este movimento é usado para reforçar o achincalhamento de nossa política de preservação do meio ambiente, quando dados econômicos estimados por este movimento são apresentados (algo que deve fazer brilhar os olhinhos dos grandes latifundiários), mas que ignora completamente riscos ambientais que os mesmos sofreriam caso esta prática fosse colocada em vias de fato. Mas, vindo dos EUA, isso não nos espanta e a justificativa da não assinatura do Protocolo de Kyoto junto com a saída do Acordo do Clima de Paris nos mostram o porquê. 

O que nos assusta de fato é que movimentos como esse têm ganhado voz aqui no Brasil (o dia do fogo que o diga) e isso ameça cada vez mais a Floresta Amazônica). 

Num outro momento do vídeo, o questionamento se dirige agora para o CAR (Cadastro Ambiental Rural). O serviço é funciona como uma forma de controle sobre o quanto da propriedade rural realmente é dedicada para a preservação e se a mesma equivale a área determinada por lei vigente. 

A nosso ver a ideia é uma forma eficaz ao que se propõe desde que haja uma fiscalização rigorosa, mas parece que o palestrante do vídeo pensa diferente. 

Logo no começo ele faz uma comparação estapafúrdia dizendo que o CAR foi o maior trabalho escravo do Brasil, pois os agricultores foram obrigados a contratar empresas de georreferenciamento "picaretas" para realizar o trabalho. Como se isso pudesse ser comparado ao trabalho escavo e como se só existisse empresa de georreferenciamento que não presta. Mas como o foco é o meio ambiente... 

Seguindo ainda no CAR, são mostrados dados que revelam que as áreas preservadas pelos agricultores (por força de lei é sempre bom que se diga) estão conectadas. O que é mostrado com espanto durante o vídeo. Entretanto, o que nos assusta é que parece que os agricultores têm mais consciência sobre o conceito de corredor ecológico do que um dos chefes da EMBRAPA! 

É óbvio que as áreas de reserva devem se conectar. Isso é um dos pontos vitais para a sobrevivência de animais que ali vivem, pois conseguirão transitar por áreas maiores para se alimentar, procurar água ou mesmo se estabelecer em grandes bandos, dependendo do animal; não ficando encurralados a uma pequena área com escassez de recursos. É de se espantar que esse conceito não esteja em tela durante a palestra... 

Como se não fosse pouco, ainda é pautado na palestra que indígenas, quilombolas e reservas florestais ocupam muito espaço, inclusive com insinuações de que isso atrapalha a agricultura do país. 

Contudo, em momento algum se comenta que o nosso país era território indígena antes da chegada do europeu. Que o colonizador perseguiu, escravizou, dizimou e aculturou o verdadeiros donos dessa terra, que tiveram que se esconder (aqueles que puderam) no interior da floresta amazônica para fugir dos horrores do "homem-branco".

Assim como não se comenta os horrores vividos por afrodescendentes que foram arrancados de sua terra-mãe para serem escravizados aqui no Brasil, como muitos nasceram e morreram escravos sem sequer saber o que é liberdade. E que mesmo 150 anos após o fim da escravidão, a mesma continua velada e segrega a população negra que, em sua grande maioria, vive marginalizada na sociedade. 

Então, as terras a eles dadas não são muitas não, pelo contrário, são poucas, ínfimas. Tamanha a dívida histórica que temos com estes grupos. Apesar de hoje agirmos como donos do país, temos que pôr a mão na consciência vermos realmente quem deveriam ser os donos das terras. 

Em outro ponto (ou seria absurdo?) de destaque na palestra é evidenciado que a agricultura brasileira seria muito mais produtiva se não houvesse tanta proteção às terras como há no Brasil e que o agricultor brasileiro é o que mais preserva suas terras, fechando com o questionamento do quanto seria lucrativo se não houvesse tanta proteção assim. 

Voltamos a dizer que essa "proteção" tão menosprezada durante a palestra só ocorre por força de lei (infelizmente, pois poderia ser por consciência ecológica). Também cabe aqui salientar que nossa produção agrícola é voltada para o mercado externo. Somos um país que produz safras recordes e estamos entre os maiores produtores mundiais de certos alimentos, mas quase nada disso chega à mesa dos brasileiros. Produzimos só de milho o suficiente para alimentar 3 "Brasis", mas quase nada disso fica em nosso território. 

Em fala (sempre em tom jocoso) o palestrante afirma que somos um país que resolveu todos os seus problemas e que por isso pode deixar terras sem serem cultivadas. De fato, estamos longe de resolver nossos problemas, entretanto distribuir as terras protegidas ou permitir que agricultores plantem em toda a sua extensão não vai resolver nenhum deles. 

A maioria da população continuará passando necessidade e nós continuaremos a bater safras recorde de gêneros alimentícios que não ficarão em nosso país. Afinal de contas a prioridade não é alimentar a nossa população, é fazer ração para engordar porco, cavalo e boi na China, nos EUA e na Europa.

Quando nos deparamos com palestras como essa, não fica difícil compreender certos posicionamentos do governo que permitem que episódios como o dia do fogo ocorram, mas que sejam atribuídos, devido a um "sentimento", a ONGs de proteção a Amazônia, que teriam perdido o repasse de verbas dado pelo governo brasileiro, mas que vem do "Fundo Amazônia", mantido majoritariamente por Alemanha e Noruega, que, por sua vez, decidiram suspender o repasse ao fundo por conta do uso que o atual governo está pretendendo fazer dele

Embora, ainda hajam pessoas que não pensem desse jeito (ainda bem!), enquanto tivermos uma política e ambiental e externa comparáveis a uma criança com birra que não quer dar o braço a torcer e faz cada vez mais declarações com o intuito de desviar o foco principal ou acusações baseadas no "sentimento", estaremos caminhando, infelizmente, para um cenário sem volta.  


















terça-feira, 6 de agosto de 2019

Estresse Hídrico

Segundo o centro de pesquisas WRI, de Washington (EUA), aproximadamente 20% da população do planeta já vive situações de estresse hídrico (quando a água extraída de fontes e nascentes sobrepõe a capacidade disponível para aquela área), o que contribui ainda mais para um quadro de catástrofe climática, social e econômica. 

Uso uso da água aumentou consideravelmente nos últimos anos e especialmente com o avanço não só da tecnologia, mas também com o crescimento populacional. Essa "equação" resultou numa necessidade cada vez maior por água; o que já está levando algumas regiões a falta da mesma ou a conviver com situações de grave estresse hídrico, o que pode desencadear em outros fatores. 

Atualmente, a agricultura é um dos principais vilões no quesito de demanda por água. Especialmente quando se fala de uma agricultura irrigada onde não há o cuidado da utilização mais eficiente deste bem. 

Grande parte da água usada em plantações agrícolas é desperdiçada, pois não há um controle rigoroso de quanta água que é utilizada para irrigar uma plantação ou a forma mais eficiente de sua utilização. 

Também entra nessa lista a pecuária, embora em menor patamar, mas não menos preocupante, com a chamada "exportação virtual". Estima-se que dezenas de litros de água são utilizados para cada quilo de carne vendido, valor esse que se perde na exportação e não é cobrado no valor final do produto. 

Mesmo que o fosse não resolveria a questão hídrica na pecuária, pois dificilmente seria revertido para contornar situações de estresse hídrico causadas pela própria atividade. 

Soma-se a isso o fato (absurdo) de que a maior parte das plantações no mundo não são destinadas a pessoas, mas a fabricação de ração para animais que, mais tarde, serão parte da refeição da população. 

População essa que também consome água e contribui para o estresse hídrico ser acentuado nas mais diversas escalas. O que compõe uma união de fatores que contribuem para uma situação calamitosa num futuro não tão distante. 

A ocorrência do estresse hídrico em diversas áreas do planeta, pode acarretar (ou ser agravada) por processos de arenização e desertificação que podem ocorrer nessas áreas devido a demanda excessiva por água que pode "secar" as fontes disponíveis levando à alterações climáticas. 

Por conseguinte, não fica difícil prever que pessoas migrariam para outras regiões (o que causaria o estresse hídrico em regiões onde antes não havia ou mesmo agravaria em regiões onde já ocorria), conflitos surgiriam (pelo controle de fontes e nascentes de água, como já há em certas áreas do Oriente Médio), o preço dos alimentos e de produtos da pecuária também poderiam se elevar (os mais pobres seriam afetados pela ausência de recursos para adquirir esses gêneros), mudanças climáticas poderiam ocorrer nas mais diversas escalas, paisagens seriam irreversivelmente modificadas e a lista não para... 

Entretanto, ainda, não é o fim do mundo. Diversas são as formas que se apresentam para reduzir o estresse hídrico. Desde reaproveitamento da água, utilização da água da chuva, técnicas de irrigação mais eficientes e que combatam o desperdício (como a de gotejamento, muito utilizada em Israel), campanhas para o uso consciente da água, redução no consumo de carne, manutenção e aumento da eficiência das redes de abastecimento, são algumas das soluções que se apresentam para contornar essa situação que pode e, se nada for feito, vai se tornar um agravante no clima do planeta, com consequências sociais e econômicas. 

Resta saber se diante de tantas soluções, que países estão dispostos a realmente executá-las? 

terça-feira, 2 de julho de 2019

MERCOSUL e UE assinam acordo depois de 20 anos, mas parece que nada mudou...

Desde a semana passada, os meios de comunicação tem veiculado o acordo feito entre União Europeia e MERCOSUL que já vinha sendo debatido há duas décadas e finalmente saiu do papel. Embora o acordo ainda precise ser ratificado por todos os membros do bloco europeu e a estimativa é que o mesmo passe a valer somente depois de 2022.

O acordo, entre outras coisas, trata de relação econômica entre os dois blocos e prevê a isenção de tarifas alfandegárias para os dois lados, pelo menos por um longo período. Tal medida ajuda a aquecer a economia dos países pertencentes ao acordo, principalmente porque os produtos, sem as tarifas, ganham maior competitividade no cenário econômico dentro deste acordo, mas nem tudo são flores...

Grande parte dos produtos vendidos do MERCOSUL para a UE são  produtos de baixo valor agregado como gêneros alimentícios e minérios; Já da UE para o MERCOSUL, grande parte das exportações são de produtos de alto valor agregado como carros e equipamentos tecnológicos. 

Esse desequilíbrio na balança comercial entre os dois blocos reforça a ideia de uma antiga DIT (divisão internacional do trabalho) na qual os países periféricos e emergentes vendiam produtos de baixo valor agregado e compravam produtos de alto valor agregado, o que aumentava ainda mais a disparidade econômica entre eles. 

Acordos como esse, por mais vantajosos que sejam (ou pareçam ser), reforçam um abismo econômico que é travestido de impulsionamento da economia para os países que compõem o acordo, quando, de fato, sabe-se que somente um lado é que vai lucrar com ele. 

Outro ponto que nos chama a atenção é que um acordo assinado durante a madrugada (mesmo que seja por conta do fuso) soa como um certo desespero por parte do MERCOSUL, principalmente porque os países desse bloco andam com suas economias fragilizadas há algum tempo. 

Como o acordo ainda precisa ser ratificado para entrar em vigor, fica difícil cravar um "sucesso" ou "fracasso" do mesmo para os dois lados. Entretanto, não fica difícil ver quem já sai perdendo com esse acordo. Ainda mais quando observamos que o mesmo toca em diversos assuntos como de natureza regulatória, como serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual, mas não entra nos campos da cooperação tecnológica e intelectual.  

Pontos esses que seriam de grande valia para o MERCOSUL e também para a UE, claro; mas que não se apresentaram durante os discussões do acordo.