sábado, 29 de maio de 2010

Centro-Sul Lidera Desmatamento

Avanço das cidades, avanço das fronteiras agrícolas, extração de madeira... Todos esses motivos dentre outros levam ao desmatamento da Mata Atlântica, que ocorre desde os tempos do "descobrimento" do nosso país.

Desmatamento esse que além de levar a perda de espécies de animais e plantas ainda contribui para o envio de gases do efeito estufa (GEE) para atmosfera, aliás as queimadas são a principal vilã em nosso país do envio desses gases a atmosfera.

Quando será que vamos aprender...

A sexta edição do "Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica" revelou que, de 2008 até maio de 2010, dos nove Estados analisados, os que possuem desflorestamento mais crítico são Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que perderam 12.524, 2.699 e 2.149 hectares, respectivamente. O atlas foi divulgado hoje pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), compreendendo a análise de 94.912.769 hectares.

Aos números do desflorestamentos dos Estados já citados somam-se outros 1.897 hectares no Rio Grande do Sul, 743 em São Paulo, 315 no Rio de Janeiro, 161 em Goiás, 160 no Espírito Santo e 154 no Mato Grosso do Sul, totalizando 20.867 hectares de floresta nativa cortada. No que se refere ao desmatamento dos ecossistemas costeiros, dos nove Estados avaliados, São Paulo foi o único a perder 65 hectares de vegetação de restinga.

Em Minas Gerais, o índice de desmatamento anual aumentou em 15% - no último levantamento, era de 10.909 hectares, e os dados de 2008-2010 revelam desmatamento de 12.524 hectares. Minas possuía originalmente 46% do seu território (27.235.854 ha) cobertos pelo Bioma Mata Atlântica. Agora restam apenas 9,64%, ou 2.624.626 hectares, no Estado. "Minas Gerais teve 80% de sua área avaliada, o que pode levar o número de desmatamento a ser ainda maior", explica Flávio Ponzoni, em release divulgado pelo S.O.S.

No Paraná, apesar de o desflorestamento ainda continuar, o ritmo anual diminuiu em 19%: de 3.326 hectares no período de 2005-2008 para 2.699 hectares no período de 2008-2010. O Paraná possuía 98% de seu território (ou 19.667.485 hectares) no Bioma Mata Atlântica, e agora possui 10,52% (2.068.985 hectares). Foi avaliada 90% da Mata Atlântica nativa no Estado.

Santa Catarina diminuiu o índice de desmatamento em 75%: de 8.651 hectares, o desflorestamento caiu para 2.149 hectares. Santa Catarina está inserido 100% no Bioma Mata Atlântica (9.591.012 hectares), e hoje restam apenas 23,37%, ou 2.241.209 hectares.

Já o Rio Grande do Sul desflorestou 83% a mais - passou de 1.039 hectares/ano no período de 2005-2008 para 1.897 hectares. O Estado possuía 48% do seu território (ou 13.759.380 hectares) no Bioma, e hoje restam apenas 7,31% (1.006.247 hectares).

Áreas críticas
De acordo com o SOS, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo são áreas críticas para a Mata Atlântica pois são os Estados que mais possuem remanescentes florestais em seus territórios e acabam trazendo grandes desmatamentos em números absolutos.

"No caso de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, é preciso que os governos federal e estaduais atuem firmemente, acompanhados sempre de perto pela sociedade, para diminuir e até zerar estes números pensando em políticas públicas para valorizar a floresta e que promovam o desenvolvimento de negócios que sejam aliados à conservação, como o turismo sustentável, assim como invistam em educação ambiental", reforça Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica.

Cidades
O estudo também mapeia a situação nos municípios. E, novamente, o Estado de Minas Gerais é o campeão em desmatamento. Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, ambos na região do Jequitinhonha, perderam 3.255 e 1.944 hectares, respectivamente. Águas Vermelhas, no norte mineiro, perdeu 783 hectares. Em seguida aparecem o município de Pedra Azul, também na região do Jequitinhonha, que desmatou 409 hectares, e São João do Paraíso, na região do Norte de Minas, que suprimiu 342 hectares.

"Os desmatamentos nestes municípios e outros dessa região se concentraram nos limites do Cerrado e Caatinga, especialmente nas Matas Secas, para expansão da agropecuária e do carvão vegetal para siderurgia. É necessário que o uso do carvão vegetal seja regulamentado com florestas plantadas dentro dos critérios da certificação de produtos florestais, a exemplo do FSC", afirma Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS.

Em São Paulo, dos 743 hectares de desflorestamento, 422 estão no Vale do Ribeira. "Observamos alternações nessas unidades. Foram 116 hectares entre Caneia, Iguape e Peruíbe. Isso é um alerta para os governos federal e do Estado para intensificar o trabalho da gestão dessas unidades para não ter alterações em áreas já protegidos por lei", disse Marcia, em coletiva online.

"Na Jureia, vimos um assentamento do governo do Estado que vem promovendo esse desmate, com plantio de bananais. No caso do Vale do Ribeira, os bananais estão se ampliando. É uma ação urgente que precisa ser feita. A Jureia é emblemática do SOS", afirmou Mantovani.

Ambos cobraram atuação firme dos prefeitos, para que não fiquem à espera só da ajuda dos governos do Estado e Federal. "O município de Teresópolis criou um parque municipal de 4 mil ha. O poder público local pode proteger, sem esperar o governo federal. O próprio prefeito pode tomar atitude positiva", disse Marcia.


Extraído de ig.com.br

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