A Petrobras está investindo em algo bem peculiar para simulação de vazamento de manchas de óleo, a pipoca.
O alimento é utilizado para simular manchas de óleo em um vazamento, sendo mais barato e mais útil do que os materiais anteriormente utilizados como casca de arroz e placas de isopor.
Tão incrível quanto criativo...
Ao longo dos anos a pipoca já foi usada para diversas finalidades além da alimentação. Os astecas, por exemplo, utilizavam-na como enfeites para rituais, cerimônias fúnebres e até mesmo ornamento de estátuas. A Petrobras investe agora em uma nova funcionalidade do alimento. A empresa despeja no mar a pipoca para simular manchas de óleo em testes de vazamento. Segundo a Petrobras, a pipoca flutua, não absorve água rapidamente, é biodegradável e pode ser facilmente identificada em alto mar, o que faz dela uma excelente opção para os testes.
Para simular as manchas de óleo eram usadas placas de isopor, que precisavam ser amarradas umas às outras e exigiam aparatos como redes de contenção para que não se dispersassem, prejudicando o meio-ambiente. Também foram utilizadas cascas de arroz e pó de serra. Contudo, a casca afundava logo e absorvia água rápido demais, sendo inviável para um teste com duração de até quatro horas. O mesmo ocorria com a serragem que, além disso, formava “blocos” quando molhada.
Já a pipoca é biodegradável, mais barata dos que os materiais já experimentados e ainda apresenta comportamento mais próximo ao do óleo em alto mar. Quem descobriu a nova utilidade foram pesquisadores da base da Petrobras em Aracaju (Sergipe). “A pipoca não se confunde com a água como a casca de arroz e não agride o meio ambiente, já que o peixe pode comê-la caso fique algum resíduo no mar”, afirma Cruz.
As simulações ocorrem de acordo com as regras determinadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que testa a eficácia das bases da Petrobras para conter e resolver danos ambientais causados por possíveis acidentes dessa natureza. A empresa deve estar preparada porque os testes são marcados sem data ou plataforma definida. “O Ibama analisa o material usado na simulação, os equipamentos de contenção e retirada do suposto óleo, além dos barcos, helicópteros e sistemas de monitoramento utilizados em caso de vazamento” diz Ubirajara de Brito Cruz, coordenador de Gestão Local de Fornecedores da Unidade de Produção e Exploração de Petróleo de Sergipe e Alagoas (UN-SEAL).
Pipoqueira de Sergipe fornece o material para testes
Para o fornecimento do material usado nas simulações, a Petrobras contratou Maria Selma Costa, pipoqueira de Sergipe. No primeiro teste, foram utilizados 20 sacos com 3,2kg cada, a maior das encomendas já recebidas pela profissional, que normalmente levaria cerca de 180 dias para vender tamanha quantidade. Segundo Cruz, a demanda vai aumentar. “Iremos dobrar o pedido já que está dando certo” diz.
Atualmente, as encomendas são feitas a cada três ou quatro meses. Maria recebe R$ 2 mil pelo trabalho de fazer as pipocas, que leva dois dias e meio. Ela conta com a ajuda do noivo, que também é pipoqueiro. O milho vendido não pode conter sal, óleo ou qualquer espécie de gordura que contamine o ambiente.
Para tornar-se fornecedora da petrolífera, Maria teve de montar uma empresa formal. Com o apoio do Sebrae, Maria transformou-se numa empreendedora individual e já pensa em ampliar seu negócio. “Fiquei muito feliz quando a Petrobras me procurou. Agora vou até contratar mais um funcionário além de comprar um aparelho mais moderno para produzir as pipocas, porque o dinheiro que já ganhei com as encomendas permite esse investimento”, diz.
Extraído de ig.com.br
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