Após 8 anos de Uribe no poder a Colômbia elegeu seu novo presidente: Juan Manuel Santos.
Ministro da defesa entre 2006-2009 reduziu significativamente a atuação das FARC no país através da morte de pessoas da alta cúpula do grupo. Fato que foi utilizado como trunfo para sua eleição
Contudo, a missão mais difícil que Santos terá pela frente será reatar relações com Equador e Venezuela, rompidas durante a gestão Uribe; além de resolver as questões sociais como o desemprego e a pobreza que são de ordem de urgência no país.
Em um segundo turno caracterizado por ataques guerrilheiros, que causaram a morte de 9 policiais, além de um atentado de grupos armados, Juan Manuel Santos foi eleito o novo presidente da Colômbia. Santos recebe um país mais seguro do que aquele que governou Álvaro Uribe, mas com um alto índice de desemprego e de pobreza, segundo pesquisas e analistas entrevistados pelo Opera Mundi.
Segundo a última pesquisa do instituto privado Gallup, 42% acreditam que o principal problema que o governo deverá enfrentar são de caráter social: desemprego e pobreza, antes de tudo. Segundo um documento divulgado pela Missão de Emprego, Desigualdade e Pobreza na Colômbia, 45,5% dos colombianos vivem na pobreza e 16,4% na pobreza extrema.
O Dane (Departamento Administrativo Nacional de Estatística), vinculado ao governo, confirma este resultado: em abril, a taxa de desemprego chegou a 12,2%, o que significa que quase 2,7 milhões de pessoas estão sem trabalho, sem contar os milhões de trabalhadores informais.
Durante a campanha, Santos se comprometeu a criar mais de 2,5 milhões de empregos e formalizar outro milhão. Seu discurso de luta contra a pobreza, segundo o próprio, baseia-se em continuar com a política de subsídios, como por exemplo, o programa Famílias em ação. Criado durante o governo do presidente Andrés Pastrana (1998-2002), é o maior programa social da Colômbia, atendendo 2,5 milhões de famílias que recebem de 30 mil a 100 mil pesos colombianos (o equivalente a 27 e 92 reais) . Em sua avaliação, esta é a única maneira de reduzir a pobreza.
Outros temas - Além dos problemas sociais, a relação da Colômbia com os países vizinhos também deve ser um aspecto importante na gestão Santos, já que foi durante o governo Uribe que as relações diplomáticas com o Equador foram rompidas. Para manifestar apoio a Quito, a Venezuela tirou o embaixador colombiano do país. Além disso, a postura do país foi criticada no ano passado, quando assinou um acordo permitindo bases militares norte-americanas em território colombiano.
Para o professor Carlos Alfonso Velásquez, da Universidade de Sabana, as relações internacionais serão um ponto chave para o novo presidente: “a principal mudança estará no estilo, pois o humor de Santos é diferente do de Uribe. Apesar de desentendimentos anteriores, não há ainda um horizonte delimitado: oito anos deixam muitas feridas abertas. E este é um ponto chave para Santos”.
Já o analista Pedro Medellin acredita que o foco está nos direitos humanos e nos conflitos: “creio que seja muito importante a possibilidade de diálogo do vice de Santos, Angelino Garzon, que, por sua trajetória, indica a possibilidade de ter um bom relacionamento com organizações defensoras de direitos humanos. Além disso, poderia até chegar a negociar acordos de paz com grupos armados”.
A fragilização das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), justamente na época em que Santos comandava o Ministério da Defesa (2006-2009), tem sido divulgada como um dos méritos do candidato. Durante esta gestão, foi desarticulada parte da alta cúpula do grupo armado, com a morte dos líderes Raúl Reys, Iván Ríos e Tomás Molina Caracas. Ontem, antes de o resultado ser divulgado, um comandante das Farc afirmou que a guerrilha não irá dialogar com o futuro governo, segundo a agência Ansa.
Santos, que tem maioria no Senado e no Congresso, recebeu com 69% dos votos, enquanto o rival Antanas Mockus, do Partido Verde, ficou com 27,5%. Em relação ao primeiro turno, os dois ganharam votos: Mockus obteve (3.588.819 votos), ou seja, quase 450 mil votos a mais. Santos, de 6,7 milhões, subiu para 9 milhões – o presidente mais votado da história do país.
Para Miguel Antonio Galves, diretor do Instituto de pensamento étnico, social e político, acredita que: “Juan Manuel Santos, mais que representar o ideário do projeto uribista, conseguiu uma unidade da “classe política”, ao contar com o apoio dos partidos Conservador, de la U, de Integração Nacional, Cambio Radical e do Partido Liberal. Mockus também sai ganhando, todos os votos que recebeu, ganha uma independência e representará o centro político [no novo governo]”.
Nem todos avaliam as alianças de Santos para se eleger com otimismo. Para a analista política Laura Gil, o apoio de partidos como Cambio Radical pode desagradar a ala mais radical do uribista Partido de la U.
“Se utilizar esse apoio para tentar independência política, poderemos passar de um governo de uma elite agrária, que tem vínculos com o paramilitarismo, a uma elite tecnocrata, neoliberal e urbana”. Para Laura, seu governo terá que “tapar, tapar e tapar” as brechas deixadas ao longo dos 8 anos de gestão Uribe.
Apesar do número recorde de votos, a pesquisadora Claudia Dangon, da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade Javeriana acredita que “55% dos colombianos não elegeram Santos”.
“Não é um problema de legitimidade, mas deixa para trás a democracia colombiana. A oposição também poderá utilizar este tema por muito tempo”, afirmou.
Claudia se referiu ao alto índice de abstenção – que alcançou 55%. Na Colômbia, este número é tradicionalmente alto, mas neste ano, acredita-se que os jogos da Copa do Mundo contribuíram para que os colombianos não fossem votar.
Após oito anos de Álvaro Uribe no governo, Santos assume o cargo, no dia 7 de agosto deste ano de 2010.
Segundo a última pesquisa do instituto privado Gallup, 42% acreditam que o principal problema que o governo deverá enfrentar são de caráter social: desemprego e pobreza, antes de tudo. Segundo um documento divulgado pela Missão de Emprego, Desigualdade e Pobreza na Colômbia, 45,5% dos colombianos vivem na pobreza e 16,4% na pobreza extrema.
O Dane (Departamento Administrativo Nacional de Estatística), vinculado ao governo, confirma este resultado: em abril, a taxa de desemprego chegou a 12,2%, o que significa que quase 2,7 milhões de pessoas estão sem trabalho, sem contar os milhões de trabalhadores informais.
Durante a campanha, Santos se comprometeu a criar mais de 2,5 milhões de empregos e formalizar outro milhão. Seu discurso de luta contra a pobreza, segundo o próprio, baseia-se em continuar com a política de subsídios, como por exemplo, o programa Famílias em ação. Criado durante o governo do presidente Andrés Pastrana (1998-2002), é o maior programa social da Colômbia, atendendo 2,5 milhões de famílias que recebem de 30 mil a 100 mil pesos colombianos (o equivalente a 27 e 92 reais) . Em sua avaliação, esta é a única maneira de reduzir a pobreza.
Outros temas - Além dos problemas sociais, a relação da Colômbia com os países vizinhos também deve ser um aspecto importante na gestão Santos, já que foi durante o governo Uribe que as relações diplomáticas com o Equador foram rompidas. Para manifestar apoio a Quito, a Venezuela tirou o embaixador colombiano do país. Além disso, a postura do país foi criticada no ano passado, quando assinou um acordo permitindo bases militares norte-americanas em território colombiano.
Para o professor Carlos Alfonso Velásquez, da Universidade de Sabana, as relações internacionais serão um ponto chave para o novo presidente: “a principal mudança estará no estilo, pois o humor de Santos é diferente do de Uribe. Apesar de desentendimentos anteriores, não há ainda um horizonte delimitado: oito anos deixam muitas feridas abertas. E este é um ponto chave para Santos”.
Já o analista Pedro Medellin acredita que o foco está nos direitos humanos e nos conflitos: “creio que seja muito importante a possibilidade de diálogo do vice de Santos, Angelino Garzon, que, por sua trajetória, indica a possibilidade de ter um bom relacionamento com organizações defensoras de direitos humanos. Além disso, poderia até chegar a negociar acordos de paz com grupos armados”.
A fragilização das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), justamente na época em que Santos comandava o Ministério da Defesa (2006-2009), tem sido divulgada como um dos méritos do candidato. Durante esta gestão, foi desarticulada parte da alta cúpula do grupo armado, com a morte dos líderes Raúl Reys, Iván Ríos e Tomás Molina Caracas. Ontem, antes de o resultado ser divulgado, um comandante das Farc afirmou que a guerrilha não irá dialogar com o futuro governo, segundo a agência Ansa.
Santos, que tem maioria no Senado e no Congresso, recebeu com 69% dos votos, enquanto o rival Antanas Mockus, do Partido Verde, ficou com 27,5%. Em relação ao primeiro turno, os dois ganharam votos: Mockus obteve (3.588.819 votos), ou seja, quase 450 mil votos a mais. Santos, de 6,7 milhões, subiu para 9 milhões – o presidente mais votado da história do país.
Para Miguel Antonio Galves, diretor do Instituto de pensamento étnico, social e político, acredita que: “Juan Manuel Santos, mais que representar o ideário do projeto uribista, conseguiu uma unidade da “classe política”, ao contar com o apoio dos partidos Conservador, de la U, de Integração Nacional, Cambio Radical e do Partido Liberal. Mockus também sai ganhando, todos os votos que recebeu, ganha uma independência e representará o centro político [no novo governo]”.
Nem todos avaliam as alianças de Santos para se eleger com otimismo. Para a analista política Laura Gil, o apoio de partidos como Cambio Radical pode desagradar a ala mais radical do uribista Partido de la U.
“Se utilizar esse apoio para tentar independência política, poderemos passar de um governo de uma elite agrária, que tem vínculos com o paramilitarismo, a uma elite tecnocrata, neoliberal e urbana”. Para Laura, seu governo terá que “tapar, tapar e tapar” as brechas deixadas ao longo dos 8 anos de gestão Uribe.
Apesar do número recorde de votos, a pesquisadora Claudia Dangon, da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade Javeriana acredita que “55% dos colombianos não elegeram Santos”.
“Não é um problema de legitimidade, mas deixa para trás a democracia colombiana. A oposição também poderá utilizar este tema por muito tempo”, afirmou.
Claudia se referiu ao alto índice de abstenção – que alcançou 55%. Na Colômbia, este número é tradicionalmente alto, mas neste ano, acredita-se que os jogos da Copa do Mundo contribuíram para que os colombianos não fossem votar.
Após oito anos de Álvaro Uribe no governo, Santos assume o cargo, no dia 7 de agosto deste ano de 2010.
Extraído de cartacapital.com.br
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