sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

UPP: a preparação do terreno para a classe "A"

Já escrevi aqui em posts anteriores sobre questões referentes a UPPs que vão desde a violência por parte dos policiais denunciadas pelos moradores das favelas onde as mesmas foram instauradas; até a reclamação do capital ter chegado primeiro ao morro do que os servições públicos. 

Embora a questão seja outra ela não foge do último assunto acima relacionado. 

Desde a instalação da UPPs nos morros do Rio de Janeiro o capital tem olhado com bons olhos o investimento nessas áreas; não só o capital nacional como o estrangeiro também. 

Além da conhecida especulação imobiliária, que levou apartamentos a quadruplicarem de preço (já que agora o "risco bandido" foi bastante reduzido",  empreendimentos de luxo estão sendo montados nessas áreas (hotéis cinco estrelas por exemplo). 

Como exemplo disso podemos tomar o morro do Vidigal, que conta com uma vista privilegiada para o mar, além da proximidade com bairros nobres do Rio como o Leblon e Copacabana. 

Valendo-se da "venda da paisagem" (onde você cobra caro em um lugar, entre outros fatores, pela linda vista que o mesmo possui) muitos empreendimentos de alto luxo estão sendo construídos aos poucos no morro, isso sem contar a supervalorização de imóveis na localidade, por conta da instalação da UPP na região. 

Isso pode ser o indício de uma "remoção branca" em nossa cidade. Se antes os pobres foram empurrados para os morros ou para regiões distantes do centro pelas classes mais ricas; agora essa remoção volta a atuar em função não só das UPPs mas também das obras de revitalização pelas quais o Rio vem passando. Tudo isso motivados pelos megaeventos esportivos que receberemos. 

Fato é que contingentes populacionais já estão sofrendo com essas mudanças e estão migrando para outros lugares dentro da cidade ou para áreas afastadas dela. 

As obras e as UPPs realizadas e instauradas no Rio encareceram bastante o preço da moradia, levando pessoas a se mudarem para outras áreas onde o que ganham consegue mante-las. 

O que vemos nesse processo nada mais é do que a preparação de "novos" terrenos para a classe "a" se apoderar... 

As obras e as UPPs podem até representar melhorias sociais, mas, em determinados casos, as melhorias só atendem a uma parcela da sociedade... O que vai ficando bem nítido com o passar dos anos... 

Início de setembro. Toda noite o Brasil vibra com os episódios de Avenida Brasil, a telenovela que opôs durante seis meses a morena Rita à sua madrasta, a loira Carminha. Uma cresceu em uma zona da periferia popular do Rio de Janeiro, abandonada pela outra, que vendeu a casa do pai, morto na Avenida Brasil, símbolo deste país de desigualdades. Por trás dessa intriga, das mais básicas, se trama outra história: “É a preparação psicológica de uma parte da população, a classe média dos bairros chiques da zona sul do Rio, para o fato de que logo estarão se mudando para a zona norte”, analisa Eduardo Granja Coutinho, professor de Ciência da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Se acreditarmos nisso, um fenômeno social televisual pode então ocultar outro, menos virtual: o aumento dos preços que fez do Rio um imenso jogo de Banco Imobiliário. Uma das músicas tema do folhetim não se intitula “Meu lugar”?

Habitação é o assunto do momento no Rio. Na praia, no ônibus, nos jantares, só se ouve falar disso. Há muitos anos a febre especulativa pouco a pouco fez aumentar os preços e, por consequência, a pressão sobre os cariocas que consagram agora uma grande parte de seu orçamento para isso. Entre janeiro de 2008 e julho de 2012, o Rio conheceu um aumento de 380% nos preços de venda e de 108% nos de locação. Por falta de recursos, alguns pensam até em se mudar para bairros onde nunca puseram os pés, as favelas que as autoridades decidiram metodicamente “pacificar” (ver quadro). E com ainda mais vigor, já que é preciso preparar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Vidigal é um morro muito conhecido de todos os cariocas, já que se situa de frente para o mar, na continuidade do Leblon e de Ipanema. No dia 13 de novembro de 2010, as tropas da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) tomaram o lugar. A regra mudou. Há pouco mais de um ano, os meninos ainda andavam por lá com armas de grosso calibre; hoje, não param de passar policiais na Estrada do Tambá, a artéria principal e única via de acesso desse emaranhado de ruelas asfaltadas, de quebradas de tijolo e reboco. Não é a única mudança visível: “A coleta de lixo está funcionando, a eletricidade também, e tem até um caixa eletrônico em três línguas... Os serviços públicos voltaram”, constata o capitão Fábio, responsável pela UPP local. E, pelos cartazes que anunciam demolições e reformas, outras mudanças devem acontecer nessa febre de expansão imobiliária.

Na associação de moradores do bairro, comemora-se o retorno à ordem. Mas seu presidente Sebastião Alleluia aponta outros perigos: “Hoje estamos entrando em uma nova realidade, já que nossos terrenos são agora desejados pelo capital. A pressão se tornou imobiliária, e a especulação, nossa realidade. É apenas o começo: vemos desembarcar brasileiros e principalmente estrangeiros, trazidos pela crise europeia e interessados no potencial de nossos bairros. Um apartamento dúplex situado no Baixo Vidigal, estimado em R$ 50 mil há um ano, se negocia hoje por R$ 250 mil!”.

O Vidigal está na moda, um pouco como o que aconteceu com Santa Teresa no início dos anos Lula (2003-2010), um bairro popular hoje habitado por artistas vindos do mundo inteiro, condomínios superprotegidos, pousadas com selo de qualidade e restaurantes da moda. O diretor de teatro Guti Fraga, diretor da associação Nós do Morro, que ele implantou em 1986 para desenvolver ali um projeto de integração pela cultura, também conheceu os anos em que coabitavam o bairro – reconhecido por suas ruas calçadas e suas habitações legais, autenticadas como tais pela municipalidade – e a favela, zona “fora do cadastro” cujas manchas vermelhas pouco a pouco comeram o verde do morro. Ao lado do Leblon, a favela Praia do Pinto foi incendiada em 1969 para expurgar os cerca de 20 mil pobres que viviam ali, realocados nos complexos de conjuntos habitacionais, como a sinistra Cidade de Deus.

No Vidigal, a ameaça está de volta, e seu cavalo de Troia se chama pacificação. E Fraga aponta o restaurante francês que deve ser aberto ali em pouco tempo: “Será que vai ser para os moradores daqui?”. O projeto de hotel cinco estrelas “vai acolher as pessoas do Nordeste (a região pobre de onde vem a maioria dos moradores do Vidigal)?”. Como confia um capitão da polícia, “o Vidigal se tornou uma atração turística onde os europeus vêm tirar fotos bonitas”. Ou investir nesse terreno cujo valor está em alta...

“No Rio, mais de 2 milhões de pessoas vivem em mais de novecentas favelas: tudo isso constitui um bom negócio para quem está preparado para a aventura e tem a capacidade de antecipar a mudança estrutural de uma cidade em plena mutação”, observa Luiz César Queiroz Ribeiro, diretor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) do Observatório das Metrópoles. Seu laboratório universitário se interessou pelas questões da propriedade territorial no Rio, um caso de exßemplo para todo um país onde muitos, ricos ou pobres, se instalaram sem base legal, num modo de espoliação (um rico toma posse de um terreno pela força) ou invasão (pobres ocupam um espaço pelo grande número). “O Brasil é a bola da vez. Toda essa especulação imobiliária que se desloca no mundo, do Sudeste Asiático à Espanha, se instala hoje aqui.” 

A economia – que parece estável comparada com a tempestade que atravessam as do “centro” – atrai ainda mais os investidores porque o imobiliário continua barato. “Desde 2005”, continua Ribeiro, “esse movimento de fundo se instala, se apoiando no turismo e na perspectiva dos megaeventos. Num tal contexto de especulação urbana clássica, controlar o território é também dar garantias para o capital. É preciso então regularizar e regular a ocupação dos terrenos.” 

O objetivo principal? “Permitir que o mercado tenha acesso a essas zonas informais e então estabelecer bases jurídicas da propriedade territorial.” Ou, para dizer com outras palavras, modernizar o país para permitir aos investidores se instalarem melhor. Assim, para favorecer futuras transações, as autoridades colocaram em ação um programa de regularização imobiliária, nessas favelas que o cadastro ignorava pura e simplesmente desde uma lei de 1937 (revogada em 1984 sem que a situação dos terrenos tenha sido realmente esclarecida). A revista Veja de 4 de julho de 2012 comemorava que “num raio de 500 metros no entorno da UPP do Vidigal os preços aumentaram 28% a mais que no resto da cidade”. A tal ponto que é cada vez mais difícil para os cariocas da classe B, que têm boas condições financeiras,1 se instalarem ali.

Durante muito tempo, as favelas foram consideradas provisórias. Era admitido que elas deveriam desaparecer com o desenvolvimento. Mas como este demorou a chegar, o governo decidiu ao mesmo tempo fazê-las desaparecer e deixá-las surgir aqui e ali. Sérgio Magalhães, secretário da cidade de 1993 a 2000 e atual presidente do Instituto dos Arquitetos, participou do programa Favela Bairro, frequentemente citado como exemplo e que se ocupava de 155 favelas. “Em 1993, três, quatro gerações tinham crescido nesses terrenos: a situação já não era, claramente, transitória. Era preciso reconhecer esse estado de coisas e fazer das favelas verdadeiros bairros.” Depois de terem favorecido o deslocamento das populações para as periferias – entre 1962 e 1974, mais de 140 mil habitantes foram enviados para a periferia, com oitenta favelas apagadas do Rio –, os poderes públicos finalmente consideraram construir um futuro no local, levando em conta a história e a opinião dos moradores. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) consagrou US$ 600 milhões para isso, aos quais se acrescentaram US$ 250 milhões do governo federal.

Vinte anos depois dessa primeira tentativa de reorganização, seguida por outros programas (Bairrinho, Morar Legal e Novas Alternativas), associações e particulares deram início a procedimentos para obter títulos de propriedade oficiais. Mais de duzentos teriam sido oficialmente emitidos, enquanto milhares aguardam. Ninguém sabe quantos, já que ninguém sabe quantas pessoas vivem ali. Vinte mil, 40 mil, 60 mil habitantes? Roque faz parte desse grupo desde 1976. Natural da Bahia, ele fica feliz com o interesse crescente dos gringos, fonte de lucro: uma vizinha multiplicou por cinco o valor de seu imóvel. No entanto, para ele, está fora de questão deixar sua casa, um minúsculo quarto e sala construído por ele mesmo em 1995. O septuagenário faz valer seu direito de solo – além do sentimento de pertencimento a uma comunidade, o que não tem preço. “Na época, ganhei um recibo da associação de moradores. Hoje eu aguardo o título de propriedade oficial. Isso vai dar um pouco de dinheiro aos meus filhos quando eu morrer, mas eu não quero deixar meu bairro; é a minha vida.”

Essa regularização é também sinônimo de integração ideológica dessas zonas fragmentadas, antes regidas por outras leis imobiliárias, erigidas pelos próprios moradores. O sociólogo Jailson de Souza e Silva, cabeça pensante do Observatório das Favelas, vê aí “a base de um aburguesamento”. “Muitos são tentados a vender bens que agora têm um valor verdadeiro. Eu defendo que a última coisa a dar aos habitantes da favela é um título de propriedade.” Para ele, possuir um título oficial é ter acesso à possibilidade de cedê-lo e então fazer, por sua vez, o jogo do “mercado”. “Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, que investiu benevolamente milhões nos equipamentos da UPP, é proprietário de grandes grupos imobiliários. Ele tem todo o interesse em financiar essa política, da qual ele terá os dividendos num segundo momento, ao se tornar proprietário de uma parte desses territórios.” Para Silva, a solução está longe das lógicas especulativas...

Esse não é o ponto de vista do prefeito, Eduardo Paes, eleito com quase 65% dos votos. Um plebiscito para esse político centrista que, além do apoio do PT, se beneficia do voto das favelas, fortalecido por um balanço que o enaltece: ele será sempre o prefeito da pacificação e o artesão de grandes canteiros urbanísticos, entre os quais o exemplar projeto Porto Maravilha, que visa transformar todo o bairro portuário, não muito distante do centro histórico e por muito tempo desaconselhado à noite, em uma gigantesca zona comercial e turística, com moradias renovadas e ateliês de artistas. Centro de serviço e maior polo naval, principalmente com o petróleo, o Rio encarna mais que qualquer outra cidade a identidade brasileira aos olhos do mundo inteiro. Uma visão que foi confirmada pela classificação pela Unesco em julho de 2012 da Cidade Maravilhosa como patrimônio da humanidade. “O Rio vai se tornar a vitrine comercial do marketing brasileiro”, explica Ribeiro. “Será o cartão de visitas do país.” Desde 2011, na saída do aeroporto, um grande muro antirruído permite esconder a miséria da Avenida Brasil.

BOX:

Rumo à cidade-empresa

“Para a preparação das Olimpíadas de 2016”, explica o arquiteto Carlos Fernando Andrade, membro do PT, “o modelo foi Barcelona. É uma obsessão desde 1993! Desde essa data os catalães vêm aqui vender seus serviços. Sua estratégia foi pensar a cidade como uma empresa. E, dentro dessa lógica, era preciso uma sucessão de grandes acontecimentos.”
Em 2013, o Rio de Janeiro vai acolher a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), depois do encontro Rio+20 em 2012 e antes da Copa de 2014. Luiz César Queiroz Ribeiro percebe nessas grandes readequações programadas uma mudançaprofunda da identidade original do Rio, onde as classes socialmente afastadas viviam até agora em certa proximidade geográfica. “Isso favorecia uma convivência feita de conflitos e de convergências, um diálogo inédito que é cristalizado pelo samba. O futuro, ao contrário, sugere uma cidade estratificada em função da renda, como todas as outras. E nessa perspectiva os dias das favelas estão contados. A arquitetura talvez permaneça, como algo exótico, mas a dinâmica do mercado vai engolir os habitantes, consumidores em potencial.”

O Partido Verde (PV) é um dos mais virulentos a respeito desse balanço enganador, denunciando toda uma série de operações duvidosas com relação às Olimpíadas que jogam o jogo da especulação: a escolha, por exemplo, de privilegiar o ônibus e não o metrô, sabendo que as empresas privadas que detêm os ônibus são apoiadoras financeiras dos políticos. Fernando Gabeira, que perdeu o segundo turno das eleições municipais em 2008, se mostra categórico: “Alguns tiveram informações de dentro sobre a aplicação da pacificação. Eles investiram antecipadamente no entorno imediato das zonas pacificadas. Os riscos são administrados de modo a concentrá-los nos bairros mais pobres da periferia. Os hospitais psiquiátricos são implantados na zona oeste, assim como as penitenciárias e os lixões. Com a pacificação da zona sul, os traficantes se mudaram para a periferia”.

Consequência: a cidade cresce ainda e sempre, empurrando seus limites administrativos, mas também seus problemas. Apesar de seus quase 12 milhões de habitantes, a Grande Rio de Janeiro conheceu uma vertiginosa queda em sua densidade: 8 mil habitantes por quilômetro quadrado, duas vezes menos do que em 1960! Sérgio Magalhães detecta aí o calcanhar de aquiles do Rio: “A expansão da cidade desemboca em uma equação impossível para os serviços públicos. Torná-los acessíveis para todos representa um custo estrutural enorme!”.

No entanto, existem soluções para o problema habitacional que diz respeito a mais de 400 mil pessoas, segundo Marcelo Braga Edmundo, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares. “Dez por cento do déficit nacional de habitações se concentra no Rio. A solução não reside nas construções na periferia, mas nas ocupações dos prédios vazios. É uma escolha política. Eduardo Paes favoreceu investimentos públicos que beneficiarão a esfera privada. E as Olimpíadas, que poderiam beneficiar a todos, se anunciam como uma gigantesca catástrofe para as classes populares, que vão pagar um alto preço. Em seu nome, passam por cima do plano diretor estabelecido pela lei. Ao mesmo tempo, o IPTU progressivo [calculado em função dos imóveis privados vazios] não é aplicado.” Seria, no entanto, uma solução legal para resolver uma parte do problema das desigualdades no que diz respeito à habitação. (J.D.)

1. A estatística brasileira divide a sociedade em cinco classes: A (cujos salários ultrapassam 30 salários mínimos), B (de 15 a 30 salários mínimos), C (de 6 a 15), D (de 2 a 6) e E (até 2 salarios mínimos).



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Qual o interesse da França no Mali?

Eles são bonzinhos e só querem ajudar um país que vive em conflito na África? Não...! 

A intenção deles em ajudar o país são as riquezas minerais que o país possui, inclusive o seu vizinho, o Níger. 

A intenção por trás da intenção - perdoem a redundância - é garantir as reservas minerais longe do controle de grupos que possam utilizá-las, além das reservas de urânio do vizinho Níger, para fins bélicos; afinal de contas se tomarem o controle do Mali terão uma vasta e vulnerável fronteira a leste com o vizinho Níger para invadir e se apoderar  do urânio além dos minerais encontrados no Níger. 

Cabe lembrar ainda que existem diversas empresas francesas que trabalham na região, justamente com o urânio do Níger e com os minerais do Mali. 

Então, na verdade, a intenção não é ajudar um governo a combater "rebeldes" mas, sim, defender os próprios interesses franceses no Mali e no seu vizinho. 

Aliás, cabe lembrar, que uma guerra movimenta a economia de um país, através da chamada "economia indireta" Bush que o diga... 

Essa economia indireta funciona da seguinte forma:

Soldados franceses vão à guerra e em torno disso grande parte da indústria se movimenta pois.... 

Um soldado precisa comer - indústria alimentícia
Um soldado precisa se vestir - Indústria têxtil 
Um soldado precisa de armas - indústria bélica 
Um soldado precisa de máquinas de guerra - Eletrônica, robótica, informática, siderúrgicas, metalúrgicas... 

Então, a guerra acaba aquecendo a economia francesa o que, em tempos de crise, era tudo o que eles queriam...  

Assim, como diria Chales de Gaulle: "Os estados não têm amigos, tem interesses"




As tropas da França continuaram neste domingo (20/01) a avançar em direção ao norte do Mali, enquanto jatos bombardearam três postos estratégicos dos rebeldes. Os oficiais conseguiram assumir o poder de duas cidades estratégicas para a recuperação do controle territorial do país.


Apenas nos primeiros nove dias de intervenção francesa, as forças aliadas ao governo malinês já conseguiram garantir o recuo das organizações armadas e avanços significantes. De acordo com relatos citados por agências internacionais, muitos militantes abandonaram suas posições e convergiram para a fortaleza rebelde, a região montanhosa próxima à Kidal a 1,5 mil quilômetros da capital.

Grande parte do norte do país está sob o controle de grupos insurgentes desde junho do ano passado. Na semana passada (10/01), os grupos armados iniciaram avanço ao sul, onde está localizado o centro do poder administrativo malinês, e conseguiram conquistar importantes cidades. Surpreendido pela investida militar, o presidente interino do país africano, Dioncounda Traoré, pediu ajuda da França para controlar essas organizações.


O presidente francês, François Hollande, decidiu realizar a intervenção militar na última sexta-feira (11/01), depois de acordo com Traoré. A “Operação Serval” já levou 2 mil oficiais franceses ao país africano. Nas próximas semanas, estima-se que o número de tropas deve chegar a 1,7 mil, totalizando 2,5 mil oficiais.

O porta-voz do Exército francês, o coronel Emmanuel Dosseur, informou neste domingo (20/01) que oficiais franceses e malineses iniciaram operação nas cidades de Nonio e Sévere, localizadas a 350 e 630 quilômetros da capital Bamako. Ambas possuem importância estratégica para a retomada do norte do país.


Nonio está muito próxima de locais fundamentais para a vitória no sudoeste e Sévere possui um aeroporto que facilitará aos jatos franceses lançarem bombas em regiões mais ao norte do país. 


De acordo com relatos citados por agência internacionais, os rebeldes fugiram das cidades e podem estar escondidos nas proximidades, aonde a comunidade local tem simpatia por sua luta. 


Nesta sexta-feira (18/01), oficiais afirmaram que conseguiram recuperar o controle de Diabali e Konna,  localizadas a 700 e 400 quilômetros da capital Bamako, que haviam sido ocupadas pelos insurgentes no início da semana passada.


A reconquista dessas cidades localizadas no centro e sudoeste do país afasta os temores de autoridades malinesas e francesas de que os insurgentes poderiam tomar todo o país, ocupando, inclusive, a capital. 


Restam dúvidas, no entanto, sobre a situação em Diabali com muitos jornais relatando a ocorrência de lutas entre os rebeldes e as forças francesas, aliadas ao governo. Um coronel não identificado afirmou à AFP que “parece que os grupos armados deixaram a cidade” neste domingo (20/01).

Depois de intenso bombardeio em regiões controladas pelos rebeldes entre os dias 12 e 17 de janeiro, as operações terrestres da França foram iniciadas. Os oficiais contam com tanques e equipamentos típicos do combate de guerra. As tropas terrestres se concentraram nos primeiros dias em cidades controladas pelo governo e próximas dos postos rebeldes.


Apoio externo


O chanceler francês, Laurent Fabius, anunciou neste domingo (20/01) que a Rússia e o Canadá ofereceram apoio à intervenção militar no Mali. Enquanto Moscou se comprometeu a transportar tropas e suprimentos ao país e Toronto a levar oficiais africanos ao país. 


Berlim também atendeu aos pedidos franceses e africanos e disse neste domingo (20/01) que irá contribuir financeiramente, mas não determinou a quantia exata. 


As declarações vem apenas um dia depois do encontro de membros da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) que pediram às Nações Unidas “providenciarem, imediatamente, apoio financeiro e logísticos para o envio das tropas do MISMA (Missão Internacional de Apoio ao Mali do bloco)”. 


Apenas 100 dos 5,8 mil soldados da missão africana chegaram no Mali, segundo a Rádio França Internacional.


Não vamos deixar o Mali


Enquanto isso, o presidente francês reiterou que a intervenção militar francesa vai durar o quanto for necessário para derrotar o terrorismo na região. O ministro de Defesa francês também afirmou que o objetivo da operação é ajudar o governo do país africano a reconquistar totalmente todas as suas cidades em poder de “radicais islâmicos”. 


Especialistas, no entanto, indicam outros motivos para a ação francesa no país africano. Além de questões políticas internas, como a baixa popularidade de Hollande, os analistas lembram que o Mali possui muitas riquezas naturais importantes para a França, como o urânio.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Enchentes no RJ: mais do mesmo

Ano após ano a cena se repete: a temporada de chuvas que abre o ano no Rio de Janeiro deixa milhares de desabrigados, dezenas de mortos e prejuízos incalculáveis. 

Para alguns a culpa é pura e simplesmente da chuva que, impiedosa, invade, alaga e destrói por onde passa... 

Mas, a história não é bem assim... 

Como diria Jack o estripador: "vamos por partes"

Primeiro a questão do relevo da nossa cidade...   

Não é a toa que estamos sob um domínio chamado "mares de morros"; não é difícil encontrarmos morros ao caminharmos pelo Rio de Janeiro e essa questão influencia e muito nas enchentes... 

Por ser uma área que possui diversos morros, em algumas regiões ocorre a convergência de águas que são escoadas através dos morros, os chamados fundos de vale. Se é uma área que naturalmente tende a concentrar água, ela naturalmente também tende a encher... O problema é que grande parte da ocupação do Rio de Janeiro se deu exatamente nas áreas de fundo de vale, ou seja, nas áreas em que as águas que correm pelos morros, descem e se encontram... 

Além disso, ainda temos algumas áreas do Rio de Janeiro que são abaixo do nível do mar e enchem com bastante facilidade; A mais famosa delas nós conhecemos por Baixada Fluminense (que leva esse nome não é a toa... Se você não se ligou, sim, ela se chama  "Baixada" exatamente por ser uma área que está abaixo do nível do mar, portanto, uma área "baixa")

Agora, a questão da ocupação em si... 

Todos sabem que a ocupação foi feita de forma desordenada e acelerada, o que causou e causa transtornos sentidos nos mais diversos aspectos da cidade. 

Algumas pessoas ocuparam os morros (por motivos que vão desde a segregação sócio-espacial até a necessidade de morar próximo ao local de trabalho), retirando para isso a sua cobertura vegetal, o que aumenta o risco de deslizamentos porque retira uma camada protetora que impediria a chuva de causar os famosos escorregamentos em massa. 

Além disso há também a questão do lixo acumulado pelas cidades; esse lixo entope os bueiros e impede que o escoamento, que já é deficiente, de água ocorra de forma plena. 

Agora tem a questão do governo... 

Esses problemas não ocorrem de hoje, eles são tão antigos quanto eu ou você - o pessoal que mora na Praça da Bandeira no Rio de Janeiro sabe do que eu estou falando - e prefeituras e governos estaduais vão e vem e nada é feito. 

Casos como o de Teresópolis, Friburgo, Niterói, Angra dos Reis, Xerém, são emblemáticos para ilustrar esse tipo de situação... 

Embora os incidentes nesta última localidade sejam recentes, pelo menos nessas proporções, nós já temos experiência de sobra com essa questão e mesmo assim nada efetivamente é realizado para prevenir que incidentes assim ocorram... 

Nos casos anteriores foram prometidas as pessoas a garantia do aluguel social até a construção da casa própria para as mesmas pelas mãos da instituições públicas... Mas até agora o que se viu foram promessas não cumpridas.

Por mais que em alguns casos a administração tenha sido trocada e novos prefeitos tenham assumido, os problemas são bem anteriores a isso e quem se elegeu deveria já conhecê-los... 

Isso sem contar os casos de desvios de doações ou de pessoas que se apoderaram das mesmas e tentaram vendê-las para conseguir algum lucro ou até mesmo, como foi denunciado em Xerém, pessoas que se deslocaram para lá para saquear as casas condenadas pela defesa civil... (lamentável). 

Conforme este cenário se desenrola, ano após ano, nos parece que o problema começa a se assemelhar ao problema da seca no nordeste nos dizeres de Lula; se lá o "problema é de cerca e não seca" aqui o problema é de vontade política e não de enchente... 


RIO -  Dois anos depois das chuvas que devastaram a região serrana do Rio de Janeiro, os governos federal e estadual ainda não entregaram nenhuma das 5.304 casas prometidas, na época, aos desabrigados.

As primeiras unidades começam a ser entregues em Nova Friburgo em março. Nos outros sete municípios (Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, Sumidouro, Areal, São José do Vale do Rio Preto e Carmo), as construções nem sequer começaram. 
A Secretaria de Estado de Obras alegou que encontrou "dificuldades para definir áreas apropriadas para construção de moradias, por razões e características geológicas próprias da região". O volume de recursos públicos empregados na construção de casas para os desabrigados soma R$ 550 milhões.
Outros R$ 147 milhões foram investidos em obras de contenção de encostas e R$ 84 milhões estão sendo aplicados na construção de 100 pontes - sendo que 50 já foram concluídas. A Secretaria de Obras ainda divulgou que o Estado vai aplicar mais R$ 282,5 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do PAC da Prevenção de Risco na região.
Hoje, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, encontra-se com o governador Sérgio Cabral (PMDB), para estabelecer mais um plano de trabalho para os problemas provocados pela chuva no Rio.
Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) revelam, no entanto, que o governo federal tem sérios problemas para executar obras e iniciativas de prevenção e resposta a desastres naturais. 
Levantamento feito pela ONG Contas Abertas mostram que dos R$ 5,75 bilhões previstos para serem investidos em programas específicos, apenas R$ 1,85 bilhão foram pagos até o dia 31 de dezembro - o que representa 32,24% da dotação inicialmente prevista. A maior parte dessas ações são de responsabilidade justamente do ministério dirigido por Fernando Bezerra.
A mesma dificuldade de execução é observada em ações do governo do Estado do Rio. Relatório preparado pelo gabinete do deputado Luiz Paulo (PSDB), com base nos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), mostra que dos R$ 113 milhões que a administração fluminense havia previsto para o programa Reassentamento de Moradores de Áreas de Risco, apenas R$ 2 milhões foram aplicados.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Mais um conflito na Rússia: Daguestão

No final do ano passado tivemos mais um conflito na Rússia, desta vez na região do Daguestão. 

Ela compreende uma parte do Cáucaso, uma das áreas mais tensas e conflituosas que a Rússia possui; visto que nela também está a Geórgia que entrou em conflito com a Rússia na década passada além da Tchetchênia que também já entrou em conflito com os russos. 

A reivindicação da área em questão é a sua independência da Rússia para a construção de uma república islâmica, religião predominante na área.  







As forças de segurança russas mataram sete rebeldes islamitas na região do Daguestão, no Cáucaso Norte, durante uma operação militar.
A polícia cercou na noite de sexta-feira (29) um bloco de apartamentos na cidade de Majachkala, onde os rebeldes estavam escondidos, informou o Comitê Nacional Antiterrorista (NAK).
Os rebeldes abriram fogo e a polícia respondeu, matando três rebeldes, que haviam feito uma criança de seis anos de refém.
"A menina foi liberada e os demais criminosos foram neutralizados", destacou a polícia, que anunciou um balanço de sete rebeldes mortos.
O Daguestão é uma das regiões mais instáveis do Cáucaso Norte, onde os rebeldes executam ataques quase todos os dias contra as autoridades locais ligadas ao Kremlin.

2002 - 2012: 10 anos da independência do Timor Leste

Quase ninguém se lembra da independência deste país da Oceania - que se deu em ano de Copa do Mundo, o que explica o fato - que ano passado fez 10 anos. 



Em princípio o Timor era uma área dividida em sua parte Oeste, controlada por holandeses, e sua parte Leste, controlada por portugueses. 

Após conseguirem seu desvinculamento dos portugueses, a parte Leste foi anexada pela Indonésia gerando um conflito que culminou em um referendo que deu, em 2002, a independência ao então recém criado Timor Leste. 

Nosso país foi solidário a causa, embora isso quase não tenha saído nos noticiários por conta da copa do mundo. 

Fato é que o país já tem uma década de independência e, apesar da Geografia não ser chegada a "datas de aniversário" a História é; quando falo isso me refiro a vestibulares. 

Atualmente o país vive da agricultura voltada para exportação e das reservas de petróleo em seus mares. Contudo, ainda é um dos países mais pobres do mundo.