terça-feira, 27 de outubro de 2015

ENEM: "gabaritos", provas e a redação mais acertada de toda a sua história.

Este fim de semana, ocorreu o Exame Nacional do Ensino Médio em todo Brasil, pelo menos para aproximadamente 7 milhões de brasileiros. 

E, entre os dramas comuns dos atrasos e estórias de superação para fazer a prova, é claro que o assunto dessa semana não poderia deixar de ser a escolha acertadíssima do tema da redação. 

Nem vou entrar no mérito de ter sido o ENEM mais difícil de todos os tempos, porque não sou qualificado para examinar todas as áreas. Contudo, nas áreas ditas humanas, achei uma prova muito bem montada, com um nível um pouco acima do ano anterior; o que vejo como naturalmente normal, já que o exame tende a evoluir com o passar dos anos (veja bem, evoluir não significar se tornar mais difícil, mas sim apresentar questões mais bem elaboradas que exijam do candidato um poder interpretativo e estar antenado com o mundo. Não simplesmente avaliar o quanto de conhecimento ele conseguiu empilhar dentro de si pra despejar desenfreadamente em dois dias de prova. 

Mas, voltando ao tema da prova, achei o tema altamente pertinente, atual e, acima de tudo, necessário de ser discutido não só entre os jovens mas entre toda a população, entre todo o mundo. Num país que tem como referência a Lei "Maria da Penha" contra a violência doméstica, precisa sim colocar esse tema em tela. Aliás, não só a violência doméstica como também a questão do gênero, do preconceito dentre tantas outras que puxam uma extensa fila de assuntos que precisam ser discutidos sim pelos nossos jovens, pela nossa população. 

Fato é que, queira uma certa classe da nossa sociedade ou não, o tema foi brilhantemente escolhido, porque, volto a dizer, um exame do porte do ENEM, não pode avaliar a quantidade de conteúdo que você conseguiu engolir goela abaixo durante o ano, mas sim se, no mínimo, você é um cidadão consciente do mundo que te cerca, desde as questões mais simples até as mais complexas. 

Meu receio diante disso, são algumas redações que eu sei que irão sair dignas de um pensamento pré-histórico porque, infelizmente, como dizem os antigos: "o papel aceita tudo". Mas, como parecia constar no cabeçalho da redação que textos ofensivos à mulher serão automaticamente eliminados, fico um pouco aliviado, mas ainda sim com pena de quem for lê-los. 

Como o gabarito oficial só sai amanhã, deixo aqui um link com um gabarito extraoficial, com as questões comentadas, por cor de prova, inclusive as mais polêmicas. 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Arco Metropolitano do RJ: a aposta que virou descaso.

Projetado para ser um importante eixo de ligação entre Itaboraí e o Porto de Itaguaí, o Arco Metropolitano (figura abaixo) foi uma grande aposta do atual governador do RJ, sendo utilizado inclusive como plataforma eleitoral. Mas o que parecia ser uma grande aposta se tornou o arco fantasma metropolitano.

Fonte: www.inmetro.gov.br
Em teoria o arco traria mais competitividade ao estado do RJ, interligando Itaboraí ao porto de Itaguaí, passando do diversos complexos industriais como a REDUC e o COMPERJ, além de servir para amenizar o fluxo de veículos pesados em rodovias como a Av. Brasil, Via Dutra  e Washington Luiz. A estrada, pronta somente no trecho entre Itaguaí e Duque de Caxias tinha tudo para alavancar a economia do estado, além de trazer mais agilidade ao deslocamento não só das cargas, mas de pessoas também, pois o fluxo das rodovias arteriais do estado seria diminuído consideravelmente. 

Porém, a falta de planejamento e falhas na concepção e execução, além da falta de segurança que a estrada apresenta, fizeram com que o Arco Metropolitano ganhasse a alcunha de estrada fantasma. 

A lista de erros e falhas é enorme...

  • A estrada não possui um posto de combustível em seus mais de 70 km de extensão. E o usuário só fica sabendo disso quando já está na estrada.  
  • Não há segurança ou vigilância na estrada que, segundo relatos, já começa a ter trechos apropriados por milícias. Especialmente entre Japeri e Nova Iguaçu. 
  • Ocupações ilegais e precárias já começam a ser feitas à beira da estrada. Espaço esse que o governo poderia usar para atrair indústrias, gerando emprego para a população e renda para o estado sob a forma de impostos. 
  • A falta de segurança gera medo entre os motoristas que procuram evitar a estrada, o que acabou resultando no apelido de estrada fantasma. 
  • Não há um posto da PRF ou do gestor da estrada durante toda a sua extensão, o que inviabiliza ajuda ao usuário em caso de quebra ou problema com o seu veículo. 
  • Soma-se a isso a falta de manutenção da estrada, que se torna perceptível com o matagal que a margeia em quase toda a sua extensão.
  • Com a ocupação ilegal, o número de acessos ilegais criados no Arco gera uma série de riscos não só para quem habita essas ocupações como também para os motoristas que transitam pela via. 
  • Alguns trechos das pistas laterais apresentam crateras que põem em risco a vida dos motoristas que lá transitam. 
Com uma lista de erros enorme, uma rodovia que tinha tudo pra ser uma aposta altamente bem sucedida para o Rio de Janeiro, esbarra numa falta de planejamento ímpar, refletida no descaso com algo que deveria ser tratado com uma galinha dos ovos de ouro. 

Esperamos que ao longo do tempo os quase 2 bilhões de reais investidos na construção do arco passem a dar frutos. Caso contrário, poderemos ter a nossa própria versão da Transamazônica no Rio de Janeiro. 


Com informações do O Globo e O Dia

terça-feira, 13 de outubro de 2015

E se não fossem os EUA?

Na semana passada um hospital foi atacado no Afeganistão levando civis e voluntários do Médicos Sem Fronteiras, infelizmente, a óbito.

O fato por si só já é triste e de indignar qualquer um, mas o que mais espanta, e que acabou até virando o motivo da postagem de hoje, não foi o fato dos EUA terem sido culpados do ataque ao hospital, mas sim a repercussão do triste incidente em si. 

Antes do ataque "ter um pai" a ONU falava até em crime de guerra e vociferava contra quem quer que seja em defesa de uma punição ao ocorrido. Agora que se descobriu o pai do filho feio é de impressionar como a ONU tenta suavizar o acontecido. 

Entre o que antes era tido como crime que guerra que, da noite pro dia, passou a ser considerado um possível crime de guerra; e a ponderação nada tendenciosa da ONU de considerar precipitadas as tentativas dos médicos sem fronteiras de realizarem uma investigação independente em relação a casa branca; fica a pergunta: e se não fossem os EUA?

Antes de mais nada, precipitada pra quem? Cara pálida?!... Se quem não deve, não teme, qual seria o problema de uma investigação independente em relação à norte-americana. Não que a investigação por parte deles esteja sendo posta em xeque, mas qual o problema?

Retomo o questionamento que dá título a este post, especulando sobre quantas tantas sanções unilaterais, repreensões (com os EUA sendo o primeiro da fila a fazê-lo) e moções de repúdio seriam levantadas contra o país que cometesse esse acidente. 

Acidente esse, aliás, que me parece praticamente impossível quando se fala do maior exército do mundo em termos tecnológicos, mas consideraremos a possibilidade de uma falha; de que forma ela será tratada? que punições terão os culpados? que repercussão isso tomará daqui pra frente?

Se fosse qualquer outro país, não seria estranho o fato da tal investigação independente ter sido empurrada goela abaixo do mesmo, que seria feita em tempo recorde diga-se de passagem, acompanhada de inúmeras sanções econômicas e políticas vindas da própria ONU e não é difícil de imaginar por quem elas seriam lideradas. 

Mas como estamos falando da maior potência bélica mundial, que volta e meia acusa um ou outro de terrorismo, embora use seu poderio bélico para pura intimidação e como trunfo para o atendimento dos seus interesses, poderemos ver culpados sofrerem penas tão pesadas como uma pluma, uma investigação que será prolongada ao esquecimento e um cheque "reparatório" a organização pelos danos irreparáveis...

Posso estar redondamente enganado, e espero mesmo estar, contudo, mesmo correndo o risco de comer letra por letra da postagem de hoje (algo que só o tempo poderá mostrar), a pergunta continuará ecoando: E se não fossem os EUA?

Com informações do Bol e do Estadão.  

terça-feira, 6 de outubro de 2015

O Acordo Transpacífico

Esta semana foi assinado o acordo transpacífico entre diversos países do mundo, dentre eles: EUA, Japão, México, Chile e Austrália. 

O acordo mexe com aproximadamente 40% da economia do planeta e advoga nas mais diversas áreas: comercial, ambiental, internet e propriedade intelectual. O acordo propõe a redução de tarifas alfandegárias e o estabelecimento de padrões comuns entre os países que assinaram o acordo. 

Segundo especulações, o acordo foi uma tentativa de frear a China, que corre por fora e está fazendo seus próprios acordos. Por outro lado, alguns defendem até mesmo a entrada do país, que acompanha os acordos a distância. 

A intenção com o acordo é aumentar o fluxo e aquecer a economia em escala global, mas principalmente entre os países que assinaram o acordo, óbvio. 

Para os EUA, reincidente histórico em usar medidas protecionistas para proteger a sua economia, o acordo tem sido uma bandeira do governo Obama vê com bons olhos e mostra-se muito entusiasmado com o acordo. 

Acordo aliás que toca em um ponto chave nos últimos anos: a segurança dos dados que circulam na rede. Desde o vazamento de casos de espionagem norte-americana para com outros países, a proteção ao fluxo de dados foi um dos pontos chave do acordo. Com ele, os países prometem não bloquear as transferências realizadas pela internet por exemplo, embora esbarre em questões de defesa dos dados no exterior. 

Outro ponto do acordo é o comércio. Com o acordo a tentativa é de nivelamento dos países em termos de competitividade, acompanhado de leis ambientais mais rigorosas, além de normas trabalhistas e direitos de propriedade intelectual. 

O acordo tem tudo para ser o maior da história, regionalmente falando. Não só pela quantidade de países, que tende a aumentar,  mas em termos econômicos já que movimenta as primeiras colocadas na economia mundial, com exceção da China é bem verdade. Ainda falta o acordo ser aprovado pelos governos signatários, mas, ao que tudo indica, não haverá muitos impedimentos ao acordo, que tende a ser tornar ainda maior...

Mas e nós?

Pois é. O Brasil pode ser afetado com esse acordo e ver suas exportações serem reduzidas. Tudo porque grande parte dos produtos que entram na lista do acordo são exportados pelo Brasil a esses países. Com o acordo, os produtos se tornam relativamente mais baratos em relação aos nossos e a preferência, é claro, vai para eles. 

A resposta a isso?

A resposta a esse acordo estaria num estreitamento de relações entre o MERCOSUL e a UE. O problema é que os acordos até existem, mas não saem da gaveta há quase duas décadas. E essa demora pode ser um problema para nós. 

Uma outra saída a esse acordo seria um estreitamento entre o nosso país com os países andinos e o México, ainda mais com os que participam do acordo transpacífico. 

Alguns defendem até mesmo que o Brasil corra e faça um acordo de livre comércio com o Tio San (pra mim a pior e a mais limitada das opções). 

Fato é que ainda não se tem como dimensionar o impacto desse acordo nem sobre nós, nem sobre a economia global, pois ele ainda está sendo votado pelos signatários e alguns detalhes do mesmo são desconhecidos. O jeito é esperar para ver, pois até então, tudo não passa de especulações...

Com informações do O Globo, Folha de São Paulo, EL País e EBC