terça-feira, 25 de junho de 2019

O "Apartheid Climático" apontado pela ONU

Mais um relatório da ONU vem alertar sobre as necessidades de uma mudança de postura global sobre o combate ao aquecimento global e seus efeitos. 

Dessa vez, o relatório atenta para um abismo entre ricos e pobres ao enfrentar situações de extrema mudança climática por conta do aquecimento global. O mesmo aponta para um "apartheid climático" entre ricos (bem abastecidos e pagando para não passar pelos açoites do aquecimento global) e pobres que enfrentarão até mesmo a morte para tentar sobreviver às intempéries do clima em tempos de aquecimento global. 

Contudo, fugindo deste cenário de "mais do mesmo" o relatório também aponta para a necessidade de não deixarmos a responsabilidade apenas para o setor privado, como praticamente tem acontecido nos últimos anos. Se acompanharmos a linha temporal das COPs, veremos que pequenos passos foram dados diante da urgente necessidade de medidas concretas para revertermos este cenário catastrófico. 

Bem verdade que medidas importantes foram tomadas e muito se espera do Acordo de Paris, mas algo de efetivo deve e precisar ser feito. Do contrário, toda a COP se resumirá em representantes de Estado proferindo discursos apocalípticos sobre as mudanças climáticas, mas ausente de propostas concretas para tentar reverter este quadro. 

Assim, de relatório em relatório, a ONU cansa de alertar sobre a urgência de medidas concretas para reverter esta situação, mas o aviso é encarado com muita seriedade por poucos e como "apenas mais um" para muitos. Nesse meio tempo, o planeta, em especial a população pobre, vai pagando o preço que está ficando cada vez mais alto...     

terça-feira, 11 de junho de 2019

O "peso-real" longe da vida real

Depois de declarações do atual presidente da República e de seu ministro da economia sobre a criação de uma moeda única com os argentinos, milhares de especulações surgiram na internet, com pessoas até mesmo criando cédulas para ilustrar a nova moeda que surgiria. Mas, isso é possível?

Sim, é possível, mas tão improvável quanto uma relação pacífica entre China e EUA. 

Em primeiro ponto, a união monetária entre dois ou mais países, requer um esforço hercúleo, que, mesmo levado a sério, seria algo que só seria visto em duas ou três gerações. 

Isso porque um dos primeiros passos para se adotar uma moeda diz respeito a inflação. Para que isso ocorra de fato, os países que pretendem adotar uma moeda única devem ter inflações praticamente equivalentes para dar início a esta política. Algo que, neste caso, beira o impossível, haja visto que nossa inflação anda na casa dos 3% a 4%, enquanto a dos nossos vizinhos já bateu 47% no ano passado. 

Outro motivo que tornaria esse projeto quase impraticável é a questão do tempo para que isso ocorra. Podemos tomar como exemplo a União Europeia. O ideário de formação do "euro" está no papel desde o tratado de Roma, em 1957. Porém, a moeda só foi posta em circulação em 2002. Claro que o número de membros é muito maior do que a dupla sobre a qual nos debruçamos, mas deste ponto de partida já podemos ter uma ideia do quão difícil seria concretizar esse projeto. 

Há que se pensar ainda na criação de um Banco Central que coordene a política monetária nos dois países, como faz o BCE na União Europeia, onde cada país possui seu representante e, juntos, buscam conduzir a política monetária do bloco. 

A lista continua quando nos voltamos para a política fiscal dos países. Embora, na teoria, ela seja autônoma, haveria uma pressão para que ambas convergissem, o que, dependendo do tipo de governo que esteja no poder em cada país, pode ser um ponto de discórdia.

Mais um ponto seria a questão do valor do peso-real que poderia se tornar mais fraco que o próprio real, visto que a desvalorização do peso frente ao dólar é ainda maior do que a nossa. 

Engrossa a lista ainda o fato de que a inflação argentina, que vive dando seus galopes, pode chegar a nós que, bem ou mal, temos a nossa economia estabilizada desde a criação do plano real em 94, ao contrário dos argentinos que sofrem com a inflação, basicamente, desde o início dos anos 90. 

Ainda há também que se pensar nos benefícios que teríamos com essa aliança que na verdade não são muitos, já que o mercado consumidor deles é restrito devido a sua pequena população, em comparação a nossa, além da inflação que volta e meia permeia o cenário econômico argentino. 

De concreto e, mesmo assim muito pouco, teríamos as vantagens de não ter mais que arcar com custos como o IOF e demais impostos que advém de importações realizadas por nós e que perderiam o sentido num bloco com moeda única, além de facilitar as negociações entre Brasil e Argentina. 

Como se vê, não são poucos os pontos a serem observados numa possível criação da moeda única entre nós e os "hermanos". Tais pontos se mostram como obstáculos extremamente difíceis e que só expõem a inoperabilidade de uma ação como essa, seja em curto ou médio prazo, e que, mesmo assim, pode (e acreditamos que será assim) nem passar do papel. 

terça-feira, 4 de junho de 2019

05/06 - Dia mundial do meio ambiente. Comemorar o quê?

Ano após ano, temos relembrado o dia mundial do meio ambiente sempre com notícias que mostram que estamos longe de celebrar o referido dia e que temos muito ainda a refletir sobre nossas práticas e ações relacionadas ao meio ambiente. 

Infelizmente, este ano não será diferente. 

Apesar do dia ser amanhã, dados mostram que o desmatamento na Amazônia tem avançado nos últimos 5 meses. Essa triste estatística não é mera coincidência, como vimos na postagem da semana passada

A ideia de explorar a Amazônia ao invés de preservá-la parece uma das tônicas do atual presidente. O problema é que a exploração passa ao largo da sustentabilidade e se aproxima cada vez mais do agronegócio, ameaçando os "povos da floresta" em ações cada vez mais frequentes para uso irresponsável da maior floresta biodiversa do planeta. 

Seja no esvaziamento do ministério do meio ambiente, "sujeito" ao ministério da agricultura. Seja na nomeação de um ministro do meio ambiente, acusado de falsificar mapas ambientais e que agora tumultua do "Fundo Amazônia"; Seja no manifesto de outros ministros do meio ambiente, denunciando a postura do governo perante a floresta amazônia. 

Parece que vamos ter mais um dia do meio ambiente em que não há o que comemorar, mas sim o que lamentar. 

Cada vez mais o planeta vai pagando a conta pela ambição de poucos. Mas, até quando?