quinta-feira, 27 de março de 2014

Brasil volta a ter 4 fusos horários...

O post de hoje pode ser do conhecimento de alguns, principalmente dos moradores da Região Norte, mas como eu achei essa notícia pouco divulgada e a mesma pode ter causado alguma confusão em alguns professores no início letivo deste ano, resolvi postar aqui. 

Desde o dia 10 de Novembro de 2013, o Brasil voltou a ter quatro fusos horários. A medida veio por meio de um decreto assinado pela presidente Dilma no mês de outubro do mesmo ano, logo após um referendo de consulta a população afetada pelo mesmo. 

Fusos horários são meridianos especiais criados pelo homem para definir as horas em qualquer lugar do mundo; já que a hora não pode ser a mesma em todo o lugar. 

Para calcular os fusos horários tomou-se por base o Meridiano de Greenwich, a "hora zero" e usou-se o seguinte princípio: Em termos geométricos, por ser uma esfera, a Terra possui 360° que, divididos pelas 24 horas do dia, acaba-se chegando a um valor de 15° graus. Assim, a partir do Meridiano de Greenwich, a cada 15° percorridos para LESTE, adianta-se o relógio em 1 hora.  Já a cada 15° percorridos para OESTE do Meridiano de Greenwich, atrasa-se o relógio em 1 hora. 

Ao realizar esta conta, temos o mapa do fuso horário mundial teórico. Quando dizemos que o mapa é teórico, significa que o mesmo foi feito "a conta fria", ou seja, ignorando as divisões políticas crias pelo homem. Isso podemos perceber na figura abaixo, com o mapa teórico dos fusos horários brasileiros.  


No mapa acima podemos observar que estados são "divididos ao meio" por conta dessa divisão teórica dos fusos. Os casos mais emblemáticos são o do estado do Pará e de parte o Oeste do Amazonas. 

Com isso, o governo brasileiro, em 2008, realizou alterações no fuso horário de nosso país. Para a realização da alteração o Governo alegou que estados cortados pelo fuso e/ou com o fuso horário muito distante em relação ao de Brasília teriam prejuízos econômicos, sociais e culturais, além de haver enorme confusão nos municípios que, por conta dessa marcação, poderiam abrigar dois fusos, confundindo os moradores. 

Embora o Governo tenha utilizado essa justificativa, muito defendem que essa mudança só ocorreu por pressão das grandes redes bancárias que teriam que adaptar seus sistemas a horários diferentes de encerramento e abertura, gerando assim um gasto significativo; além das redes de televisão que teriam que adequar sua grade de programação aos fusos horários, também gastando mais dinheiro para ajustar suas transmissões a cada horário e também as classificações indicativas. Por exemplo, uma novela das 20:00 exibida em São Paulo, só poderia ser exibida no Acre duas horas depois, pois em caso de transmissão simultânea a novela passaria no Acre às 18:00 e a classificação indicativa não permite certas cenas de novela das 20:00 no horário das 18:00... 



Com isso, o mapa de fusos horários passou a ser organizado de uma nova forma a partir de Junho de 2008 (mapa acima). Com isso, o estado do Pará foi totalmente incorporado no "horário de Brasília", fazendo parte do "segundo fuso" brasileiro e o "quarto fuso" foi extinto com a incorporação do Acre e de parte do Amazonas ao "terceiro fuso" brasileiro. 



Contudo, a reorganização dos fusos horários brasileiros não foi bem aceita pela população que fazia parte do até então quarto fuso brasileiro, correspondente ao Acre e a parte do Amazonas. Através de uma série de protestos que culminaram em um referendo onde a maioria esmagadora a população votou pelo retorno do quarto fuso brasileiro, a presidente não teve outra opção a não ser decretar a volta do quarto fuso horário. Assim, com a assinatura de um decreto em outubro do ano passado o Brasil voltou a ter quatro fusos horários a partir de 1° de Novembro de 2013 (ver mapa acima). 

É compreensível a luta da população desta parte do país para voltar a seu fuso horário antigo quando descobrimos que o mesmo, antes de ser modificado em 2008, perdurou por mais de 90 anos naquela região. Isso faz com que gerações inteiras tenham se adaptado a este tipo de horário. Gerações estas que foram afetadas diretamente e em larga escala com a mudança ocorrida em 2008. Podemos comparar isso com a adaptação que parte do país passa em relação ao horário de verão. Quantos e quantos não levam semana para se adaptar àquele que mexe sensivelmente com nosso relógio biológico? Que dirá então para toda uma população que viveu a vida toda em um horário diferente e que, de uma hora para outra, teve que se adaptar a toda uma nova rotina?

Essa modificação pode até ser pequena para o resto do país, mas para a população que vive nesta região essa mudança representa a volta do estilo de vida com o qual estavam habituados e com o qual conviveram por toda uma vida. E, se por um lado, isso vai significar um problema de engenharia para bancos e emissoras de TVs que também terão que investir e gastar mais... Ninguém liga! A não ser os donos das empresas e seus sócios, mas isso, afinal de contas, não será problema para eles, pois dinheiro é o que não lhes falta para isso... 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Europa: um continente em constante mutação?

Como não poderia deixar de ser, o assunto desta semana ainda nos remete a questão da anexação da Crimeia à Rússia e as implicações disso perante a Ucrânia, até então detentora da região, e perante as outras nações do planeta. 

Os rumos desta questão e como isso aconteceu você pode conferir no post abaixo deste aqui... 

Meu raciocínio hoje caminha em outra vertente... 

Caso essa anexação se concretize mesmo, o continente europeu passará por mais uma modificação em suas divisões políticas. E, se nos remetermos ao passado, veremos que mais essa possível modificação entrará para uma lista já imensa e que atravessa os séculos no "velho continente"... 

Entre dissoluções de impérios e de "Estados modernos" como conhecemos hoje para o surgimento de diversos outros Estados, a Europa passou por diversas transformações nas divisões políticas de seus países. Não precisamos ir tão a fundo na História para vermos isso, basta voltarmos ao século passado e revivermos três eventos cruciais...

Se observarmos as duas grandes guerras, além da guerra fria, podemos notar como este continente passou por diversas modificações em termos de fronteiras ao longo dos anos... 

Impérios se dissolveram e novos Estados surgiram, alguns países perderam grande parte de seu território e outros até aumentaram de tamanho. 

Casos emblemáticos foram a dissolução do Império Turco-Otomano e do Império Austro-Húngaro durante a primeira guerra; as perdas territoriais da Alemanha durante as duas guerras e sua posterior divisão durante o período de guerra-fria, sendo reunificada tempos mais tarde;a criação e posterior dissolução da URSS; a formação de novos países de forma amigável, como a da Tchecoslováquia que deu origem a República Tcheca e a Eslováquia, e as nem tão amigáveis assim como a Iugoslávia que sozinha deu origem a Bósnia-Herzegovina, Croácia, Macedônia, Eslovênia, Sérvia e Montenegro; Até mesmo separações mais recentes como a de Kosovo... 

Fato é que ao longo do tempo o mapa da Europa foi desenhado e redesenhado através dos anos (ousaria até a dizer que foi o continente mais alterado do mundo em termos de demarcação de fronteiras) seja de forma conflituosa, seja de forma amigável. Contudo, por trás de toda essa mudança, sempre esteve praticamente o mesmo propósito: o sentimento nacionalista. 

Este sentimento que une uma nação em busca de uma terra só sua, em busca de "um país para chamar de seu". Há casos de nações que ainda tentam esse reconhecimento até hoje, casos dos bascos na Espanha, dos curdos da Turquia, etc.... 

Já no caso da Crimeia é quase um sentimento de "pertencimento", pois já que a população é de maioria russa na região, mesmo ela sendo uma área autônoma da Ucrânia, houve a vontade por parte destes cidadãos de se anexarem a Rússia. Vontade essa que explodiu depois que a população da Ucrânia foi às ruas protestar contra seu ex-presidente por ele ter decidido se aproximar da Rússia e, com isso, se afastar da União Europeia. As reações populares na Crimeia foram de apoio a decisão, do ex-presidente, mas como a mesma não ganhou eco por parte da população da Ucrânia, a população da Crimeia decidiu pela anexação à Rússia. 

Com os primeiros passos dados e Putin já tendo assinado o termo de anexação da Crimeia, resta saber como serão as reações do resto do mundo (leia-se EUA e UE) que, ao que tudo indica, será recheada de novas sanções contra a Rússia que dessa vez pode até ser que saiam do campo político e passem ao campo econômico... 

Os imbróglios deste possível novo desenho do mapa da Europa ainda estão por vir. Contudo, se o mesmo se confirmar, podemos colocar na conta deste mutante continente mais uma mudança em seus traçados políticos. O que chega a ser engraçado se pararmos para pensar que um dos continentes que mais passou por divisões e alterações com a dissolução de impérios e países para a criação de novos países, se não o que mais passou por isso, busca desde a criação da CECA, que acabou virando UE, uma forma de integrar países do continente para fortalecê-los. 

Para reforçar ainda mais essa questão colocada no post de hoje, abaixo há um vídeo que mostrará a vocês as modificações territoriais que ocorreram na Europa ao longo dos anos... Vocês verão que não foram poucas...  







terça-feira, 11 de março de 2014

Ucrânia: Uma nova Guerra-Fria?

Todos estamos acompanhando o desenrolar das manifestações e do xadrez geopolítico que se desenvolveu ao redor da Ucrânia nos últimos dias. 

Os protestos se iniciaram quando o presidente já deposto recusou assinar um acordo de aproximação com a UE para ficar mais próximo da Rússia. Decisão essa que frustou os ucranianos e os levaram a protestar e pedir a renúncia do então presidente ,que era pró Rússia diga-se de passagem. 

Mas, a península da Crimeia, região da maioria russa, não viu com bons olhos essa manifestação dos ucranianos e busca sua independência para então se anexar a Rússia de Putin. 

 A partir disso os olhos do mundo se voltaram para o país que condena essa ação da Crimeia e alega que a mesma viola leis internacionais que a Península diz não violar. Nesse jogo de pura estratégia, alguns "cachorros grandes" se meteram... 

Os Estados Unidos, sempre eles, e a UE, já lançaram mão de algumas medidas restritivas. Por enquanto essas medidas se restringem aos passaportes de pessoas ligadas a essa situação que ficaram impedidas de circular na UE ou ir ao EUA. As que já estavam nesse locais foram deportadas. 

A Rússia, por sua vez, está sob suspeita de ter enviado tropas e cavar trincheiras na Crimeia; embora o presidente Putin negue e tenha até declarado que "em qualquer loja se vende um uniforme do exército russo" as evidências apontam cada vez mais para o contrário. 

Desse xadrez podemos até ter um pequeno vale a pena ver de novo de uma guerra fria. Mas, acredito que numa escala bem reduzida se comparado a ela. 

Embora as sanções já estejam valendo, não acredito que elas devam se multiplicar ou se tornarem mais extremas. Em tempos de uma Globalização cada vez mais pulsante e de um mundo cada vez mais interligado, impor uma sanção da caráter econômico a Rússia seria atirar no próprio pé. Isso porque mais de 1/3 do Gás Natural consumido na UE vem da própria Rússia que, por sua vez, tem nas exportações do mesmo seu carro-chefe da economia, que já não anda lá aquelas coisas...  







O interesse da Rússia nessa região é puramente histórico, haja visto que a Crimeia já pertenceu à URSS, sendo dada a Ucrânia pelo então presidente Nikita Khrushchev e que depois, com a independência da Ucrânia em 1991, continuou a pertencer ao referido país com o aval de Yéltsin; desde que bases russas permanecessem na região. 


Fonte: Agência de Notícias AFP

Ao que tudo indica, a península da Crimeia está mesmo disposta a se tornar independente da Ucrânia para se anexar a Rússia. Embora ainda seja cedo para prever os rumos dessa questão e os próximos movimentos desse xadrez geopolítico que se formou, parece que a Península já deu seus primeiros passos rumo a sua independência da Ucrânia... 

Agora é esperar a reação dos outros envolvidos nessa questão... 


Com informações da:  Folha de São Paulo / BBC Brasil / Yahoo Notícias