domingo, 27 de novembro de 2011

Chevron, o vazamento de óleo na Bacia de Campos e outras considerações...

Cada vez mais notícias sobre o derramamento de óleo na Bacia de Campos de um poço explorado pela companhia Chevron são veiculadas nos meios de comunicação. 

Com o incidente a empresa já levou uma multa de R$ 50 Milhões do Ibama, o que pra eles é como pagar um saco de café no supermercado perto do lucro que obtém, e pode ser que ainda sofra uma outra multa do estado do RJ. 

A empresa já esteve envolvida com acidentes ambientais em episódios anteriores na Angola e no Equador, neste último recebendo uma multa exemplar, a qual é claro a empresa se recusa a pagar até hoje... 

Contudo a questão parece ser mais profunda do que o grave vazamento que assola a Bacia de Campos. A Polícia Federal também está investigando tentativas da Chevron de explorar o pré sal, o que seria ilegal.   

Como se não bastasse toda essa sujeira feita pela empresa, a mesma ainda tenta se justificar, como mostra a reportagem abaixo, do incidente colocando a culpa na geologia da Bacia... Como se eles não fizessem um mapeamento do local que vão explorar antes e como se isso fosse desculpa que se apresente... 

Como os dados sobre a quantidade de óleo que vaza são imprecisos, a capacidade de mensurar os impactos ambientais fica comprometida, mas de primeira via é fato considerarmos que a biodiversidade da área será bastante comprometida e, com as correntes tanto de vendo quanto marinhas que atuam na localidade, o alcance deste desastre pode ser cada vez maior. 

Não podemos esquecer também que tal "acidente" também virou mote político para aqueles que defendem a não divisão do Royalties do petróleo, acalorando ainda mais a discussão sobre tal questão. 

Só acho que diante de toda essa discussão, estão esquecendo do principal: como esse acidente repercutirá no ambiente ? Quais são seus danos e como tentar minimizá-los ?... 

Quem realmente paga a conta nessa questão toda é justamente quem é mais deixado de lado. 

O presidente da Chevron para África e América do Sul, Ali Moshiri, afirmou nesta quinta-feira que a unidade da petroleira no Brasil tem um dos melhores índices de segurança, mas que é difícil lidar com a geologia da região onde aconteceu o vazamento.

"Lidamos com a mãe natureza, e a mãe natureza é complicada", disse Ali Moshiri, durante coletiva à imprensa depois de reunião com o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).

Segundo Moshiri, houve um bom controle do problema, pela complexidade da geologia, e agora há menos de um décimo de barril depositado no mar. De acordo com ele, o vazamento está sob controle.

O executivo afirmou ainda que a vedação completa do poço onde houve o acidente, no campo de Frade, será concluída em meados de dezembro. Ele quis reforçar que a prioridade da empresa é a segurança.

Moshiri afirmou que vai analisar as multas aplicadas pelo governo brasileiro, mas que vai seguir as regulamentações brasileiras. "Sempre respeitamos as decisões de qualquer governo", disse.

"Somos pacientes e vamos parar de perfurar, a prioridade é segurança", afirmou.

PORTAS ABERTAS

O ministro Edison Lobão afirmou que Moshiri defendeu a Chevron como inocente durante a reunião. Segundo ele, pela resolução da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a petroleira americana está proibida de perfurar novos poços, mas que os que ela já explora continuarão em atividade.

Lobão comentou sobre a atuação de empresas estrangeiras no país: "Brasil tem portas abertas ao capital estrangeiro, mas o Brasil tem regras, respeita contratos mas exige o respeito de suas regras internas", afirmou.




Extraído de: folha.com / jb.com.br / cartacapital.com.br 

Um Novo Mapa do Brasil

Inicialmente, apesar de algumas propostas já transitarem faz tempo em Brasília, a história ganhou  significativo vulto com a possível divisão do estado do Pará.

Agora parece que as propostas que mofavam nas gavetas do congresso também estão para ganhar expressividades e saírem de lá. Com isso, novas propostas de divisão de estados brasileiros, como Amazonas e Maranhão, também voltam a tela na discussão. 

Os motivos e as consequências desse novo mapa do Brasil que parece se apresentar são os mesmos que apliquei a divisão do Pará, caso a mesma aconteça.

Mas aí, o caro leitor do blog pode olhar a possível nova divisão do país, disponível no link do site Terra abaixo, ou até mesmo se deter ao texto e perguntar sobre o Maranhão...

Digo isso porque todos sabemos quem é a família que praticamente manda no estado, com isso pode surgir a questão: Eles vão deixar isso acontecer ? 

Vão sim, e eu explico... 

Uma vez o ex-primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, deu uma declaração sobre uma possível divisão da Itália na qual o mesmo dizia algo parecido com: Por mim tudo bem, desde que a parte rica fique sob o meu poder, a outra parte pode até ficar com o nome Itália, não me incomodo. 

Entenderam ? O princípio é o mesmo... Ou seja, a divisão será permitida pois a família que manda lá vai ficar com a parte rica do estado. Eles não vão querer procurar "sarna pra se coçar" e ficando com a parte rica do bolo, de fato os problemas se reduzirão... 

Outra questão que se levanta recai sobre a Amazônia, confesso que não acompanho as causas que originaram a proposta da divisão, mas se tiver a ver com o tamanho do território, que foi a mesma desculpa usada para a divisão do estado do Pará, sabemos que é apenas motivo de fachada. Afinal de contas, mesmo guardadas as devidas proporções, se administrar um área tão grande assim é tão complicado o nosso país então, pela extensão que possui, seriam um caos não ?

Mesmo que eu esteja sendo superficial ao fazer essa comparação, e tenho consciência disso, quero apenas demonstrar que se trata apenas do mesmo caso do Pará, ou seja, a questão não é o tamanho do estado, mas sim os interesses das elites políticas que já não compactuam mais com o governo do estado e, quando isso acontece, as elites pressionam pela cisão do território através de pressão política, como estão fazendo no Pará com referendos. 

Se todas as propostas vão vingar, de fato não se sabe, mas pelo que parece o nosso mapa está prestes a ganhar novos traços. O link abaixo nos dá uma ideia precisa de como ficará o nosso país com essas cisões e ainda mostra as transformações pretéritas que o nosso mapa já sofreu. Vale a pena conferir


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Geografia isso serve, em primeiro lugar, para fazer... A MELHORIA SOCIAL !

Parafraseando o título do famoso livro de Yves Lacoste "A Geografia isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra" começo este post com este belo exemplo de como vidas podem ser transformadas pelo ensino e como o social pode ser melhorado através dele. 

A difusão do conhecimento deveria ter esse fator como primordial: a transformação social por seu meio. Uma pena que ultimamente tem se utilizado disso mais para obter lucros do que qualquer outra coisa. 

Contudo fica aqui o exemplo, ainda mais se tratando de uma transformação que é possibilitada pelo ensino de Geografia, que é exatamente o motivo que me conduziu a esta profissão bem como a escrever neste blog, além é claro da paixão pelo ensino e pela Geografia. 

Do assentamento à universidade o caminho é bastante longo. Não só fisicamente, mas socialmente também. A luta pela reforma agrária é a prioridade na vida de muitos agricultores e para Iury Charles Bezerra, de 25 anos, não é diferente.
Um dos coordenadores do grupo de produção agrícola do Movimento dos Atingidos por Barragem, no Ceará, Charles viu no curso de Geografia uma maneira de ir além na sua militância. Foi uma luz para muitas questões que envolvem seu cotidiano no assentamento.
Essa mesma visão teve o professor Antonio Thomaz Jr., coordenador do Curso Especial de Graduação em Geografia (CEGeo) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Foi graças a ele e outros professores como Bernardo Mançano Fernandes, Raul Borges Guimarães e Fátima Rota, que Iury e mais 45 assentados de sete estados do Brasil, se formam geógrafos nesta sexta-feira 11.
Para o professor Thomaz Jr., “os alunos venceram diversas dificuldades para alcançarem tal êxito, mas essa conquista se deve também ao apoio de diversas pessoas que entenderam a amplitude e grandeza do projeto”.
Ele lembra que a iniciativa nasceu dos movimentos sociais aglutinados no âmbito da via campesina que se aproximaram da universidade com a ideia. Foi então que começou a articulação para criação do curso que, durante dois anos, enfrentou barreiras dos órgãos colegiados. “O projeto ficou enroscado nos colegiados superiores. Eles alegavam que a universidade tem que primar por qualidade e que não deve se abrir para projetos que não cumpra os rituais que todos os alunos têm de cumprir”, revela. E continua: “eles diziam que a gente queria ganhar dinheiro. Ficou evidente que eles não liam o projeto.”
Com o apoio do então reitor Marcos Macari e o vice Herman Jacobus Cornelis Voorwald, a inciativa começou se concretizar. E depois de passarem por uma seleção dentro dos assentamentos, os futuros estudantes fizeram um vestibular especial preparado pela Vunesp. “Não é uma turma que acabou de se formar no ensino médio ou que fez cursinho. Então, foi elaborado um vestibular apropriado para a situação deles”, explica o coordenador do CECeo.
Resultado da parceria entre a Unesp, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), por meio do Pronera (Programa Nacional de Educação e Reforma Agrária) e a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), a turma foi iniciada em 2007 e teve aulas presenciais, nos meses de janeiro e fevereiro, no campus da Unesp de Presidente Prudente; e nos meses de julho e parte de agosto, na ENFF. As atividades de campo transcorreram em assentamentos.
Passados os cinco anos de desafios, com novas ferramentas nas mãos proporcionadas pelo curso, o formando Iury Charles Bezerra, o mais novo geógrafo do Movimento dos Atingidos por Barragens do Ceará, diz que vai aplicar todo o conhecimento adquirido no assentamento cearense de forma mais qualificada. “Agora a gente tem uma capacidade maior de análise e de reflexão da nossa prática nos assentamentos. O curso não é uma conquista só minha, é uma conquista inclusive dos trabalhadores que estão nas áreas de assentamentos. Foi isso que me permitiu fazê-lo. Então a minha tarefa é reforçar esse aprendizado junto com eles para que possam, de alguma forma, com a minha contribuição, melhorar a vida, as relações sociais e a realidade deles. Essa é a intenção”, compromete-se o formando que embarca de volta para o Ceará dia 15.
O professor Thomaz Jr., afirma que “os alunos conseguiram, com muito esforço e mérito, sem ter o hábito de escrever, como é na academia, com apoio da equipe, fazer suas monografias, e nos ficamos muito satisfeitos com os resultados.”
Bezerra também. Orgulhoso, ele fala do tema de seu trabalho de conclusão de curso, sobre privatização da água, e revela sua nota. “Tirei 9.”
Com tanto sucesso, porém, ele diz que a continuação de sua vida acadêmica está diretamente ligada a uma necessidade real da organização que participa. “Se eles acharem necessário que eu continue estudando, isso vai acontecer, caso não, vou continuar fazendo meu trabalho nas comunidades. Mas eu não descarto a possibilidade de entrar numa pós-graduação”, sonha.





Extraído de cartacapital.com.br 

Projeções para o futuro de nossa população

A população brasileira, desde a época da colonização, vem sofrendo transições demográficas ao longo de sua história. Transições essas que se dão lenta e gradualmente e nas quais são baseadas as medidas políticas, sociais, econômicas por parte do Governo que acompanha essas transformações. 

Atualmente vivemos a condição de um país "jovem", ou seja, a maioria da nossa população é de predominância de jovens (0- 19 anos). Contudo, nossa população tenderá a ser tornar "adulta" (19-60 anos) nos próximos anos e, posteriormente, tenderá a se tornar "idosa" conforme previsões da figura abaixo.
 


Tais previsões nos convidam a pensar nas implicações de possuir uma população com significativa parte de idosos e questões começam a surgir tais como a questão previdenciária e a questão de políticas públicas, de forma mais esquemática elas se organizariam deste modo:

  • Como equilibrar as contas de previdência se a maioria da população à época, não contribuirá para mesma, mas sim se beneficiará dela ?
  • Diante deste cenário, o que tem sido feito por parte do Estado, seja em termos de planejamento ou de políticas públicas efetivadas, para que esta população que se desenha tenha melhores condições de vida ?
  • Como aproveitar este cenário da melhor forma possível por parte do Estado em favor de sua população ?

Para tanto vamos nos deter as questões e tentar respondê-las uma de cada vez.... 

Equilibrar as contas de previdência neste cenário é algo que exige medidas de longo prazo e que o Governo, dentro de suas esferas responsáveis pela questão, implemente políticas públicas que devam ser postas desde agora para amenizar a situação que se desenha com este cenário. Eu explico melhor... 

Nossa população atualmente é jovem e possui a tendência de ficar adulta nos próximos anos... Se conseguirmos o tão sonhado pleno emprego em nosso país, nossa arrecadação com impostos aumentará tanto pelas empresas ao pagarem as contribuições da previdência, quanto pelas pessoas que colocarão mais dinheiro circulando seja através do consumo direto, seja através da poupança, seja através de investimentos... 

Sob essas condições, em longo prazo, e com dinheiro bem administrado e utilizado pelo Governo, talvez a previdência não sinta tanto este golpe futuramente tendo até lá meios outros para contornar essa situação... O problema é que vivemos uma cultura imediatista onde não se pensa em longo prazo, mas sim em medidas de curto prazo, que se mostram mais paliativas do que efetivas. Diante deste cenário, não me estranharia se a primeira medida "bem pensada" do Governo em relação a esta questão fosse aumentar a idade para se aposentar bem como o tempo de contribuição.... 

Outra questão que também nos chama a atenção é que este cenário forçará o Estado a mudanças em suas políticas públicas, principalmente as de saúde. O envelhecimento da população forçará o Estado a investir num maior número de geriatras nos hospitais, substituindo a maioria de pediatras hoje existentes (que não vão desaparecer, apenas vão existir em menor quantidade); investimentos devem ser feitos na prevenção de doenças que assolam as pessoas nessa idade, como o Governo já vem fazendo com a campanha de vacinação contra a gripe, por exemplo. 

Outro ponto que também deve ser incluído diz respeito a reforma de equipamentos urbanos para atender a população idosa. Algo que aliás já deveria ser feito desde agora para dar maior acessibilidade e locomoção aos idosos que circulam por nossas cidades. Atrelado a isso ainda há a questão do bem-estar, ou seja, o que pode ser feito para que a nossa população possa viver em melhores condições futuramente.

E para fechar, mas nunca concluir, a nossa discussão sobre essa questão, acredito que a melhor forma do Estado se aproveitar deste cenário é começar a investir desde agora, através de políticas públicas pautadas no nosso cenário atual, mas projetando para este que se desenha. Até chegarmos a população com um número considerável de idosos, ainda somos uma população que atualmente é majoritariamente jovem e que depois se tornará adulta e é nisso que o Estado precisa se debruçar... 

Com políticas públicas para possibilitar o pleno emprego em nosso país, poderemos aumentar consideravelmente a renda de impostos além de impulsionar nossa economia. Contudo, isso deve ser feito com cautela, pois em época de crise mundial falar de pleno emprego é praticamente uma utopia e a matemática para essa resultado final não é tão simples assim; o que não nos impede de chegar o mais perto disso que pudermos.

Já com nossa população com um número de idosos considerável acho que a grande cartada será investir no turismo voltado para esse grupo. O Governo já até vem fazendo isso com programas como o "Viaje Mais" que incentiva pessoas, especialmente nessa faixa etária, a viajar através de pacotes a preços acessíveis. Para mim a grande tacada seria investir ainda mais em programas como esse, dando prioridade a viagens nacionais. Assim apostaremos no nosso mercado interno (como fizemos na crise norte-americana de 2008) e na geração de empregos que virão do turismo, que junto consigo arrasta outras áreas, para tentarmos aproveitar ao máximo essa situação em favor de nossa população. Cabe lembrar que, somente esta medida não resolve, muito ainda tem e deve ser feito, tanto agora como lá na frente quando este cenário se fizer concreto, mas nada impede que algo já comece a ser feito de agora e que as medidas, acompanhadas por outras, possam amenizar, não sei se solucionar, os questionamentos feitos acima.

Conforme algumas pesquisas e estudos das Nações Unidas, a participação relativa dos maiores de 65 anos, no Brasil, crescerá de forma marcante nas próximas décadas. Em 2050, pouco mais de 25% da população brasileira, ou seja, um em cada quatro brasileiros(as) terá mais de 65 anos de idade. O que isso representa para a economia brasileira?
Essa resposta é muito complexa e não se pode fazer ilações sobre um período ainda bastante distante de nós temporalmente baseados em cenários que não levaram em consideração todas as alternativas possíveis de políticas públicas.
Uma população envelhecida representa uma série de desafios a serem encarados já nos próximos anos. Os dois mais patentes que se apresentam a uma primeira vista são aqueles ligados à saúde pública e a questão previdenciária.
Em termos de saúde, a população demandará por medicina especializada em idosos, as implicações do custo de tratamento de doenças típicas de idade avançadas, o tipo de atendimento adequado a essa parcela da população são todos fatores novos cuja demanda crescerá nas próximas décadas a uma taxa que as autoridades governamentais terão de não somente prever mais corretamente, como também, serem capazes de responder em umtimming totalmente diferente do atual.
Do ponto de vista da saúde pública, a população mais idosa representará uma variável nova, com peso relativamente grande e crescente sobre os orçamentos públicos. As múltiplas dimensões de problemas relacionados à saúde voltada para uma população idosa deverão ser objeto de análise nos próximos anos, a fim de que o país prepare-se de forma adequada para a nova realidade que vai começar a se impor nas próximas décadas.
A preocupação que emerge da projeção de envelhecimento populacional diz respeito à sustentabilidade dos sistemas de previdência pública e privada, dadas as condições vigentes, um contingente significativo da população estará retirado das atividades produtivas – um em cada quatro brasileiros – e pesando sobre as contas públicas, tanto no lado da saúde pública, quanto no lado previdenciário. Portanto, a pergunta que nos remete ao pensamento é a seguinte; estamos ou estaremos a aproveitando nosso atual e futuro presente bônus demográfico?
Geralmente a literatura sobre demografia, compreende, muito sinteticamente, a hipótese de bônus demográfico quando uma parcela importante da população em idade ativa, ao produzir, gera recursos adicionais que podem ser revertidos em poupança, em investimentos e desenvolvimento econômico do país. Evidentemente, essa relação não é direta, mas depende de políticas macroeconômicas de manutenção de pleno emprego, de investimento em formação de capital humano e de acumulação de poupança, o que, a longo prazo, configuram-se como condições fundamentais para que o bônus possa ser reaproveitado.
Neste sentido, é importante salientar, não há bônus demográfico quando não se atinge o pleno emprego dos fatores de produção. O que se quer dizer é que o bônus não ocorre se houver desperdício de recursos humanos; de pouco adiantará ter mais pessoas em idade ativa se essas pessoas não puderem efetivamente trabalhar e produzir decentemente. Assim, quanto maior for a geração de emprego e o grau de formalização, maiores serão as chances de aproveitar –se os benefícios da estrutura etária do país.
O lado complicado da equação é que as ações que podem envidar um longo prazo de desenvolvimento com envelhecimento dependem de ações que começam a ser tomadas agora. Infelizmente, porém, o calendário da demografia não se conjuga necessariamente com o calendário político.
Da mesma forma, as ações de política econômica quase sempre estão focadas em prazos mais curtos, dada a imprevisibilidade que paira sobre o longo prazo e, no caso brasileiro, em particular, à cultura curto prazista de condução da política econômica.
Sabe-se que estaremos, em 2030, mais adultos e, em 2050, mais velhos. Sabe-se que haverá menos crianças e mais idosos. Sabe-se que se estará vivendo mais por essas épocas. Portanto, é mais do que urgente repensar e ampliar o papel do Estado na construção da cidadania presente e futura. Caso contrário, ao se manter as atuais condições de temperatura e pressão, na esfera econômica, social e política, pelo menos duas perguntas emergem; conseguiremos superar a pobreza e a exclusão social? Estaremos vivendo melhor?

Extraído de cartacapital.com.br

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

10.000 !

Caros leitores do blog, 

É com enorme felicidade que venho postar aqui que o blog, hospedado há quase 1 ano aqui no blogspot, antes era hospedado na IG, atingiu a marca de 10.000 visitantes !!!!
Agradeço a todos vocês que visitam o blog, que mandam seus e-mails, que comentam, enfim, que mantém presença constante no blog e meu ajudam a fazer dele uma ferramenta melhor de comunicação a cada dia. 

Um projeto que começou com um simples desejo de difundir a Geografia para além das salas de aula hoje em dia já atinge pessoas que moram do outro lado do Atlântico !

Eu realmente só tenho a agradecer a vocês e dizer que a parceria continua. Críticas, sugestões, dúvidas ou comentários podem ser enviados para e eu responderei com muito prazer. 

Também quero deixar aqui a página do blog no Facebook, onde você pode receber os posts do blog no seu perfil, bem como ver coisas que eu publico somente na página do blog no Facebook !

Eis o link: Geografia Contemporânea no Facebook !

Meu muito obrigado a todos !

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

E na Grécia, as coisas andam cada vez piores

Desde a crise americana, sentida na Europa, que os países do bloco europeu vem sofrendo com os efeitos e cambaleando para tentar se manterem. 

O caso da Grécia não é diferente, embora a mesma tenha o agravante das Olimpíadas pra colocar na conta.

Agora a Grécia vive um drama que parece não ter fim. O país parece resistir à ajuda vinda da União Europeia, que só virá sob as mesmas condições que na América Latina foram aplicadas no fim dos anos 80 e início dos 90. 

A resistência da sua população através de protestos e até conflitos por conta dessa aprovação até se justifica, e nós somos exemplos empíricos das razões para os gregos temerem que essa ajuda seja aceita pelo governo. 

Do outro lado os países da União Europeia (leia-se França e Alemanha) estão pressionando a Grécia para aceitar o pacote (já houve até ameaça de retirar o país da zona do euro). O premier grego já está balançando no cargo e as coisas não andam bem por lá... 

Contudo, há que se observar que apenas injetar dinheiro na Grécia não resolverá, já que virando o mês as contas virão novamente... O país agora precisa recuperar sua economia para tentar "por ordem na casa", o problema é que isso leva tempo... Tempo que a União Européia parece não estar disposta a esperar... 

Como se não bastasse, o bloco parece viver um efeito dominó em relação a crises econômicas: Grécia, Portugal, Espanha e Itália sentiram demais os efeitos da crise em suas economias que já não eram fortes antes da mesma e agora demonstraram sua real fragilidade. 

França e Alemanha, que parecem liderar o bloco, pressionam os países que estão em dificuldades econômicas a todo custo para aceitarem a sua ajuda e assim tentarem se recuperar da crise o mais rápido possível.  Até porque não é interessante para os países que a União Europeia perca sua força ou mesmo que seja ameaçado de um possível desmoronamento (essa segunda opção eu acho difícil de ocorrer, mas não arriscaria impossível).


Pressionado, o premier grego George Papandreou voltou atrás e desistiu de referendo para decidir se a Grécia acataria pacote de ajuda do Euro. O pronunciamento foi feito na quinta-feira 3, no Parlamento grego. Na sexta-feira 4, o Parlamento apoiou o primeiro-ministro com um voto de confiança, mas a pressão para a renúncia e a formação de um governo de transição segue.
No início da semana, Panpadreou afirmou que realizaria um referendo popular para decidir se o país incorporaria ou não um pacote de 130 bilhões de euros, aprovado pelo bloco em 27 de outubro em Bruxelas. O político, no entanto, voltou atrás depois que o presidente da França Nicolás Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel pressionaram publicamente a Grécia: ou aceita sem referendo, ou sai da zona do Euro.
Papandreou afirmou estar preparado “para conversar com o líder da direita (Nova Democracia), Antonis Samaras, para avançar com base em um (governo) de consenso”. Samaras havia proposto durante a tarde a formação de um governo de transição que teria como missão ratificar o acordo europeu antes da realização de eleições legislativas antecipadas.
Na sexta-feira, o G-20 discutia em Cannes uma solução para a crise europeia, mas a premier Angela Merkel anunciou o fracasso das negociações. Para Merkel, nenhum país do grupo se comprometeu a investir na Linha de Estabilidade Financeira da Europa (EFSF), prevista por uma das propostas que havia surgido na reunião, em que cada país faria uma contribuição para o Fundo Monetário Internacional. (Claro, nenhum deles têm dinheiro nem pra eles mesmos, que dirá pra investir no FMI)
A Grécia deve aproximadamente 143% do PIB, o equivalente a 330 bilhões de euros. Sem a ajuda, o país já sinalizou que não conseguirá pagar salários e aposentadorias. Dessa forma, a Grécia depende de uma primeira parcela de oito bilhões de euros. “O ajuste vai ser muito draconiano”, analisa o pesquisador e professor do Instituto de Economia da Unicamp Fernando Sarti. Medidas de austeridade para contenção de gastos são a contrapartida para o auxílio.
O problema, segundo Sarti, é que, ainda que a Grécia precise desse dinheiro para garantir sua estabilidade momentânea, não conseguirá retomar o crescimento nunca se ficar submetida a medidas recessivas. “No médio-longo prazo, não consigo ver a grécia na comunidade”, diz o pesquisador, que vê na saída do  país da Zona do Euro uma alternativa para que se retome o crescimento no futuro. “O pacote seria uma forma de impedir o caos, mas isso não resolve o problema”, diz ele.
Enquanto isso, os países ricos – que financiaram grande parte desse alto endividamento – lutam para que pequenos se salvem e possam quitar seus débitos. “França e Alemanha não tem interesse nenhum na dissolução da Comuidade”, diz Sarti.
Enquanto Espanha e Portugal lutam contra o desemprego e austeridade fiscal, a próxima da fila parece ser a Itália do ministro Silvio Berlusconi. O jornal alemão Spiegel coloca o país como o novo cavalo de batalha da UE, assim que o problema grego for “resolvido”. Pressionado pelos parceiros do bloco, Berlusconi concordou na quinta-feira 3 em ter suas medidas de austeridade monitoradas passo a passo.



Extraído de cartacapital.com.br