quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apagão

Por Denise Luna e Eduardo Simões

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Problemas em três linhas de transmissão que recebem energia produzida pela usina hidrelétrica de Itaipu podem ter provocado o apagão que afetou dezenas de milhões de pessoas por mais de cinco horas, disse o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

"Nossas avaliações iniciais mostram que houve uma condição meteorológica forte na região de Itaberá (SP), onde passam três circuitos de Itaipu que ligam as regiões Sul e Sudeste. Com isso, houve uma contingência tripla", disse o secretário à Reuters por telefone.

"O sistema é projetado para aguentar contingência dupla... não existe viabilidade técnica e econômica para proteção acima de contingência dupla, é inviável."

O Operador Nacional do Sistema (ONS) informou nesta quarta-feira que o apagão atingiu 18 Estados.

Segundo relatório do ONS, foram afetados na totalidade São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo e parcialmente Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia, Bahia, Sergipe, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

O problema também provocou o desligamento das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2, no Rio de Janeiro.

"GIRAR NO VAZIO"

Com a saída da operação das linhas de transmissão, a usina hidrelétrica de Itaipu passou a "girar no vazio", sem possibilidade de transmitir energia, o que provocou o apagão.

"Ao ocorrer um processo como esse, o backup existente no sistema elétrico brasileiro não é suficiente para restabelecer de imediato toda essa energia produzida por Itaipu", disse o diretor da usina, Jorge Samek, em entrevista à rádio CBN.

"Quando você tira no mesmo segundo 14 mil megawatts, aí causa esse problema que nós vivemos essa noite."

O apagão teve início às 22h13 (horário de Brasília), segundo o ONS, e a energia começou a ser restabelecida ao longo da noite de terça e a madrugada de quarta-feira.

O blecaute, concentrado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, levou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a convocar uma reunião do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico para a tarde desta quarta-feira, na qual as causas do apagão devem ser discutidas.

O ministro ligou pela manhã para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a Agência Brasil, para informá-lo das medidas que estão sendo adotadas para investigar as causas do apagão.

O Paraguai, parceiro do Brasil em Itaipu, também sofreu os efeitos do blecaute, porém por um período bem mais reduzido.

Itaipu anunciou a volta à normalidade no início da manhã desta quarta-feira, quando 18 das 20 unidades geradoras da usina voltaram a produzir energia para Brasil e Paraguai, e 10.450 megawatts passaram a ser transmitidos para os dois países.

"Indícios apontam para falha na transmissão entre o Paraná e São Paulo", informou a usina em sua página no serviço de microblogs Twitter.

Segundo a usina, das outras duas unidades geradoras uma estava em manutenção programada e a segunda em stand by.

CAOS NAS METRÓPOLES

A falta de energia elétrica provocou problemas no trânsito e nos sistemas de transporte público de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, e colocou em risco serviços hospitalares, que possuem capacidade limitada de operar com geradores.

No Rio, taxistas chegaram a aconselhar passageiros que chegavam à cidade pelo aeroporto do Galeão a permanecerem no local por temores de que a falta de luz incentivasse arrastões nas ruas.

Em janeiro de 2005, o Rio de Janeiro já havia sofrido com um apagão provocado por um problema numa linha de transmissão de energia.

Três anos antes, um problema parecido com o que aparentemente aconteceu na terça-feira provocou um apagão que afetou as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, principalmente as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Antes disso, em 1999, houve um grande apagão que afetou 10 Estados e o Distrito Federal.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Denise Luna)


Extraído de msn.com.br

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