sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Enchentes no RJ: mais do mesmo

Ano após ano a cena se repete: a temporada de chuvas que abre o ano no Rio de Janeiro deixa milhares de desabrigados, dezenas de mortos e prejuízos incalculáveis. 

Para alguns a culpa é pura e simplesmente da chuva que, impiedosa, invade, alaga e destrói por onde passa... 

Mas, a história não é bem assim... 

Como diria Jack o estripador: "vamos por partes"

Primeiro a questão do relevo da nossa cidade...   

Não é a toa que estamos sob um domínio chamado "mares de morros"; não é difícil encontrarmos morros ao caminharmos pelo Rio de Janeiro e essa questão influencia e muito nas enchentes... 

Por ser uma área que possui diversos morros, em algumas regiões ocorre a convergência de águas que são escoadas através dos morros, os chamados fundos de vale. Se é uma área que naturalmente tende a concentrar água, ela naturalmente também tende a encher... O problema é que grande parte da ocupação do Rio de Janeiro se deu exatamente nas áreas de fundo de vale, ou seja, nas áreas em que as águas que correm pelos morros, descem e se encontram... 

Além disso, ainda temos algumas áreas do Rio de Janeiro que são abaixo do nível do mar e enchem com bastante facilidade; A mais famosa delas nós conhecemos por Baixada Fluminense (que leva esse nome não é a toa... Se você não se ligou, sim, ela se chama  "Baixada" exatamente por ser uma área que está abaixo do nível do mar, portanto, uma área "baixa")

Agora, a questão da ocupação em si... 

Todos sabem que a ocupação foi feita de forma desordenada e acelerada, o que causou e causa transtornos sentidos nos mais diversos aspectos da cidade. 

Algumas pessoas ocuparam os morros (por motivos que vão desde a segregação sócio-espacial até a necessidade de morar próximo ao local de trabalho), retirando para isso a sua cobertura vegetal, o que aumenta o risco de deslizamentos porque retira uma camada protetora que impediria a chuva de causar os famosos escorregamentos em massa. 

Além disso há também a questão do lixo acumulado pelas cidades; esse lixo entope os bueiros e impede que o escoamento, que já é deficiente, de água ocorra de forma plena. 

Agora tem a questão do governo... 

Esses problemas não ocorrem de hoje, eles são tão antigos quanto eu ou você - o pessoal que mora na Praça da Bandeira no Rio de Janeiro sabe do que eu estou falando - e prefeituras e governos estaduais vão e vem e nada é feito. 

Casos como o de Teresópolis, Friburgo, Niterói, Angra dos Reis, Xerém, são emblemáticos para ilustrar esse tipo de situação... 

Embora os incidentes nesta última localidade sejam recentes, pelo menos nessas proporções, nós já temos experiência de sobra com essa questão e mesmo assim nada efetivamente é realizado para prevenir que incidentes assim ocorram... 

Nos casos anteriores foram prometidas as pessoas a garantia do aluguel social até a construção da casa própria para as mesmas pelas mãos da instituições públicas... Mas até agora o que se viu foram promessas não cumpridas.

Por mais que em alguns casos a administração tenha sido trocada e novos prefeitos tenham assumido, os problemas são bem anteriores a isso e quem se elegeu deveria já conhecê-los... 

Isso sem contar os casos de desvios de doações ou de pessoas que se apoderaram das mesmas e tentaram vendê-las para conseguir algum lucro ou até mesmo, como foi denunciado em Xerém, pessoas que se deslocaram para lá para saquear as casas condenadas pela defesa civil... (lamentável). 

Conforme este cenário se desenrola, ano após ano, nos parece que o problema começa a se assemelhar ao problema da seca no nordeste nos dizeres de Lula; se lá o "problema é de cerca e não seca" aqui o problema é de vontade política e não de enchente... 


RIO -  Dois anos depois das chuvas que devastaram a região serrana do Rio de Janeiro, os governos federal e estadual ainda não entregaram nenhuma das 5.304 casas prometidas, na época, aos desabrigados.

As primeiras unidades começam a ser entregues em Nova Friburgo em março. Nos outros sete municípios (Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, Sumidouro, Areal, São José do Vale do Rio Preto e Carmo), as construções nem sequer começaram. 
A Secretaria de Estado de Obras alegou que encontrou "dificuldades para definir áreas apropriadas para construção de moradias, por razões e características geológicas próprias da região". O volume de recursos públicos empregados na construção de casas para os desabrigados soma R$ 550 milhões.
Outros R$ 147 milhões foram investidos em obras de contenção de encostas e R$ 84 milhões estão sendo aplicados na construção de 100 pontes - sendo que 50 já foram concluídas. A Secretaria de Obras ainda divulgou que o Estado vai aplicar mais R$ 282,5 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do PAC da Prevenção de Risco na região.
Hoje, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, encontra-se com o governador Sérgio Cabral (PMDB), para estabelecer mais um plano de trabalho para os problemas provocados pela chuva no Rio.
Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) revelam, no entanto, que o governo federal tem sérios problemas para executar obras e iniciativas de prevenção e resposta a desastres naturais. 
Levantamento feito pela ONG Contas Abertas mostram que dos R$ 5,75 bilhões previstos para serem investidos em programas específicos, apenas R$ 1,85 bilhão foram pagos até o dia 31 de dezembro - o que representa 32,24% da dotação inicialmente prevista. A maior parte dessas ações são de responsabilidade justamente do ministério dirigido por Fernando Bezerra.
A mesma dificuldade de execução é observada em ações do governo do Estado do Rio. Relatório preparado pelo gabinete do deputado Luiz Paulo (PSDB), com base nos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), mostra que dos R$ 113 milhões que a administração fluminense havia previsto para o programa Reassentamento de Moradores de Áreas de Risco, apenas R$ 2 milhões foram aplicados.

2 comentários:

  1. O engraçado é que depois das chuvas, niguém fala nada. Tudo volta como antes. Não se pensa no próximo verão. O carnaval, distrai a todos como nada tivesse acontecido. Quando chega novembro e o calor começa, todos tem o mesmo pensamento...Fazer o quê, né? Coisa de brasileiro

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  2. ..Baterei palma se tudo estiver legal, arrumadinho, limpinho e nos seus lugares para com os jogos e a copa...rrss.., Ê administração?!!!! furrequinha essa que temos aqui...!!!

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