domingo, 15 de julho de 2012

É uma questão de prioridade...

Copa do Mundo e Olimpíadas... Ambas acontecerão pela primeira vez em nosso país nos próximos anos... 

Enquanto alguns comemoram, outros se perguntam.... 

  • Dinheiro pra investir no Maracanã nós temos, mas na saúde e na educação não?
  • Precisou sediarmos uma Copa do Mundo e uma Olimpíada para "melhorias" nas cidades começarem a ser feitas ? (sim, aspas nessas melhorias porque em sua grande maioria, o tiro está saindo pela culatra... Não é a toa que a transcarioca está sendo chamada de transtorno carioca...). 
  • Qual é o legado que isso nos deixará ?

Eu tenho batido nessas teclas, faz um bom tempo já. E acho até que vou bater pela última vez, pois já está ficando chato... 


Enquanto pessoas definham nos hospitais públicos e nossa educação pública vai ralo abaixo, vemos os orçamentos de obras para a Copa e Olimpíadas ficarem cada vez maiores... Isso sem contar as paralisações dos operários que denunciam condições precárias de trabalho e um salário de fome. 

Como vivência, vejo a cidade do Rio de Janeiro se transformar num canteiro de obras e o trânsito ficar cada vez mais confuso e pior (quem mora nas proximidades de Madureira sabe o que eu estou falando..) e o que era pra ser a transcarioca, virou o transtorno carioca... Infelizmente é o que acontece quando a obra é feita para turistas e não para cariocas... 

Também, queríamos o que de uma política que só pensa a curto prazo e não a longo prazo? Agora, vão tentar solucionar um problema histórico de deslocamento na cidade (isso para não dizer os diversos outros que temos) em apenas 4 anos e acham mesmo que vão conseguir ?

O dia em que pararem de tratar paliativo como panaceia, talvez esses problemas comecem a ser resolvidos.

Volto a dizer... Não sou contra os eventos, sou contra um país mudar suas prioridades (é... Eu sei que essas não são as nossas prioridades, mas deveriam...) deixando de investir em setores muito mais importantes para despejar dinheiro em obras para eventos esportivos. Pois, Copa do Mundo e Olimpíadas passam, mas a educação e a saúde de uma nação não... Essas são prioridades constantes em um governo... Pelo menos deveriam ser...

E ainda tem a história do legado... Mas, para essa eu vou ser bem rápido... Você seria capaz de me dizer, de todas as obras feitas para o PAN aqui do Rio de Janeiro, algum legado diferente do Engenhão?

Pois é... Mas, é uma questão de prioridade, não é mesmo ?

Senão, vejamos: gastamos horrores para reformar estádios de futebol de escassa utilidade no futuro – como no caso do Maracanã – e, ao mesmo tempo, deixamos às traças, do outro lado da rua, uma universidade pública, como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e nada fazemos para impedir seu hospital pegar fogo. Isso é subdesenvolvimento, sim, sem eufemismos ou meias palavras.
País que constrói uma Cidade da Música, um prédio faraônico e inútil na Barra da Tijuca, também no Rio, e não ensina nem flauta doce às crianças das escolas públicas, é subdesenvolvido, sim.
País, cuja população que trabalha nas charmosas pousadas do Nordeste para atender ao mais exigente turista, mora em casa com esgoto a céu aberto, é subdesenvolvido sim.
Foto de “Acorda Cidadão – Movimento de Cidadania e Politização”



Previdência Social e seu difícil equilíbrio de contas

Isso vem sendo acompanhado, noticiado e não resolvido há tempos. Não é de hoje que ouvimos falar que as contas da previdência social estão no vermelho e que o governo tenta reverter esse processo. 

A mais nova tentativa agora é o que estão chamando de 85/95 que seria aposentadoria pela soma da idade com o tempo de serviço fixada em 85 anos para as mulheres e 95 anos para os homens. 

Se a tentativa vai dar certo ou não, só o tempo dirá. O problema é que isso é um prenuncio de algo que pode se agravar dentro de algumas décadas. 

Apesar de hoje nossa população ser considerada jovem, dentro de algumas décadas, se acompanharmos a transição demográfica, nossa população será majoritariamente de idosos... Se a conta tá difícil de equilibrar agora, você imagina quando este cenário se fizer real ?

Pesa ainda sobre essa questão da previdência os rombos e fraudes, alguns históricos, sobre a instituição, o que dificulta ainda mais a para o governo equilibrar as contas... 

Entre equilibrar contas e acompanhar um futuro envelhecimento de nossa população, existem outros pormenores que devem ser levados em conta, por exemplo:

  • Se nossa população de fato envelhecer, os aumentos com saúde e adaptabilidade dos equipamentos urbanos a maioria idosa aumentarão; e os mesmos devem ser acompanhados pelo Estado (Utopia eu sei, já não fazem agora, que dirá mais pra frente... Ainda mais com o tamanho desrespeito que se tem com essa parte da população...).
  • Elaborar um sistema que fiscalize de forma eficiente as fraudes na previdência também ajudaria e muito a equilibrar as contas (só que no nosso país "fiscalize" e "eficiente" na mesma sentença ou é piada ou blasfêmia...). 
  • Se beneficiar desse cenário também é uma alternativa que pode, e já está sendo usada pelo governo. Programas como o Viaja Mais oferecem ao pessoal da melhor idade condições facilitadas para viajar, o que movimenta a economia do país e ajuda nas contas com a previdência.  

O equilíbrio é delicado e parece cada vez mais distante... Se continuar assim, é capaz do pessoal que se tornar PEA ou que já é PEA nos próximos anos verem a emenda 85/95 se tornar 100/110... Até porque, é mais fácil jogar nas nossas costas do que resolver o problema (como sempre fazem). 

44.240. Esse foi o número de cidadãos que nos últimos quatro anos entraram em contato com a Coordenação de Participação Popular da Câmara dos Deputados para fazer reclamações a respeito do Fator Previdenciário. Utilizado para definir as quantias das aposentadorias do INSS, o Fator recebe críticas porque, em geral, reduz o valor dos benefícios distribuídos aos contribuintes.

A conta não é simples: a fórmula para fazer o cálculo leva em conta a alíquota de contribuição, a idade do trabalhador, seu tempo de contribuição à Previdência Social e a sua expectativa de sobrevida na data da aposentadoria, conforme tabela divulgada pelo IBGE. De acordo com essa regra, quanto mais cedo uma pessoa pedir seu benefício, menor será a quantia que irá receber: para se aposentar por tempo de contribuição, o segurado deve contribuir durante 35 anos, se for homem, ou 30 anos no caso das mulheres. As alíquotas variam de 8% a 11%, e o teto do salário é de 3.916,20 reais.
“No Brasil, o fator previdenciário funciona como uma espécie de ‘calibrador’, porque nós temos quatro tipos de aposentadorias no regime geral e três delas não têm uma idade mínima para ser concedida”, explica Marcel Cordeiro, especialista em direito previdenciário e professor da Escola Paulista de Direito e da PUC/SP.
Para ele, o índice não está sendo eficiente em atender as necessidades do País. “O fator previdenciário foi criado para o que o governo contornasse a adoção de uma idade mínima para a aposentadoria. Uma coisa que nós ouvimos todos os meses na imprensa é que a Previdência fecha em déficit. Isso quer dizer que essa fórmula atual não está funcionando. Estamos achatando os benefícios das pessoas e mesmo assim não conseguimos equilibrar as contas”, analisa.
Em maio deste ano, o déficit da pasta foi de 2,6 bilhões de reais, valor 1,4% maior que o registrado no mesmo mês em 2011.
Como substituir o Fator Previdenciário?
Desde 2008 tramita na Câmara o Projeto de Lei 3299, que estabelece o fim do Fator Previdenciário. Idealizado pelo então deputado Paulo Paim (PT-RS), o texto está pronto para análise no plenário e, segundo a ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti, a intenção é que a mudança seja votada ainda em agosto deste ano.
A nova proposta está sendo chamada de “85/95” e será baseada na soma do tempo de contribuição ao INSS com a idade do contribuinte. Ao chegar ao total de 85 anos (mulheres) ou 95 anos (homens), o aposentado receberá o salário integral – respeitado o teto da Previdência, sem nenhum desconto. A expectativa é que, com o cálculo 85/95, haja aumento médio de 20% nas aposentadorias.
Outra alternativa também discutida por Ideli, pelo ministro da Fazenda Guido Mantega e por Garibaldi Alves, da Previdência Social, é a adoção de uma idade mínima combinada com o período de trabalho. O Brasil é um dos únicos países do mundo que ainda não estabeleceu esse número – junto dele estão Irã, da Grécia e do Equador.
Cordeiro acredita que a opção pela idade mínima é a mais adequada. Ele argumenta que com esse sistema é mais fácil prever qual será o montante necessário para contemplar todos os beneficiados sem que o setor fique endividado.  “Para um sistema de Previdência, essa ideia é perfeita, melhor do que esse fator 85/95. Com a adoção de uma idade mínima, me parece que o equilíbrio econômico atuarial e financeiro é mais forte porque se sabe desde logo quanto dinheiro será necessário para pagar os valores devidos. Você sabe mais ou menos com base naquela população que vai ser beneficiada”.
O professor arremata com um exemplo: “No fator 85/95, uma mulher de 60 anos poderá se aposentar com apenas 25 anos de trabalho. Esse é pouco tempo de contribuição para um sistema que precisa ter equilíbrio atuarial e financeiro”.
João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical (Sindnapi), tem opinião completamente oposta. “Nós somos radicalmente contra a adoção de uma idade mínima. Isso é uma injustiça com os trabalhadores das classes mais baixas, que geralmente começam a trabalhar muito mais cedo”, afirma.
O Sindicato apoia a proposta do 85/95. “Estamos lutando para que o governo decida adotar o fator 85/95. Ele ainda apresenta problemas, mas é menos injusto do que o fator previdenciário”, diz.
Os ministros teriam um encontro na terça-feira 10 para debater o tema, porém a reunião foi adiada e ainda não há uma nova data para acontecer. Especialistas acreditam que os brasileiros não contarão com mudanças no cálculo da aposentadoria ainda este ano, uma vez que, por estarmos em período de eleição, decisões polêmicas por parte do governo acabam sendo desfavorecidas.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Entrada da Venezuela no Mercosul anda sendo vendida como crime hediondo

Já repararam que andam torcendo nariz para a entrada da Venezuela no Mercosul ?

Pelo menos o nosso noticiário parece não vender a entrada do país no bloco como algo positivo... 

O pior é que o motivo nem é a Venezuela em si, mas sim aquele que a preside: Chávez. 

Um dos representantes mais visados da esquerda em nosso continente, Chávez anda incomodando, não é de hoje, uma galera que atua pela direita (e que controla grande parte dos meios de comunicação) em nosso país. 

Não é a toa que a notícia de entrada da Venezuela no Mercosul tem sido pouco anunciada ou anunciada como se fosse um tiro no pé do bloco dado por seus países membros. 

Divergências a parte, acredito que temos a ganhar com a entrada deste país no bloco, principalmente nas trocas comerciais. Em tempos de crise, expandir as possibilidades de comércio com um mercado é sempre uma ótima pedida... Principalmente quando nem com a redução de impostos a nossa indústria vai bem... 

De par com a uniformidade ideológica de direita – ou seja, a inexistência do contraditório requerido pela democracia –, salta à vista a desconexão entre o interesse nacional e a mesquinhez editorial da grande imprensa brasileira.
Quando escrevo, nas linhas acima, “interesse nacional”, refiro-me, inclusive, aos interesses mais imediatos do empresariado. Do descompasso entre a chamada mídia e a nação, exemplo irretorquível é a campanha contra o ingresso da Venezuela no Mercosul, acesso o qual, sabem até os contínuos das redações, é do maior interesse para a economia brasileira e atende a necessidades geopolíticas nossas. É isso mesmo: o Brasil, mercê de sua extensão territorial, dos seus recursos naturais e da sua população, tem interesses geopolíticos legítimos; ademais, é a principal economia do continente. Gostem ou não os órfãos da política da subalternidade e as viúvas do alinhamento automático do Brasil aos interesses das grandes potências. Essa realidade, da qual evidentemente decorrem novas exigências, é incompatível com o “complexo de vira-lata” que domina a visão de mundo de nossas elites alienadas. A visão que elas têm de nosso povo e de nosso projeto de nação, uma nação que não poderia dar certo porque colonizada por portugueses de cabelos pretos e olhos escuros e não por franceses e holandeses. Povo que não poderia ansiar pela grandeza porque formado por europeus de segunda classe, índios preguiçosos e negros nostálgicos.
Por que, contrariando nossos interesses econômicos e políticos, essa “grande imprensa”, reflexa, combate o ingresso no Mercosul da terceira economia continental, uma das maiores reservas petrolíferas do mundo e o terceiro mercado consumidor da região? Na Venezuela, país ao qual me refiro, aliás, já operam inumeráveis empresas brasileiras, e para suas importações se voltam as esperanças da indústria manufatureira nacional, como alternativa às crises europeia e norte-americana – sim, por incrível que pareça, a crise é deles, do “pessoal de olhos azuis” como muito bem grafou o presidente Lula. Em resumo, é do interesse da economia brasileira, mais do que de todas as demais economias da região e do bloco, a expansão do Mercosul e nele o ingresso da Venezuela, já aprovado, antes da reunião de Mendonza, pelos parlamentos de Brasil, Argentina e Uruguai. Mas esse interesse não é só das empresas estritamente brasileiras (indústrias, construtores, bancos), pois é do interesse óbvio das multinacionais aqui instaladas, vez que elas atuam no Mercosul e em alguns casos com maior desenvoltura do que nossos empresários.
Mas os jornalões são contra.
Por quê?
No caso da incorporação venezuelana, simplesmente alegam que não gostam do sr. Hugo Chávez Frías, que amanhã, tragado pela tragédia biológica ou pela derrota eleitoral, pode não ser mais presidente da República Bolivariana da Venezuela. E, em qualquer hipótese, não mais o será daqui a seis anos, o que é um nada na vida das nações e do próprio Mercosul. E, afinal, para nossa direita caolha, o sr. Chávez é tão relevante que se torna mais importante do que seu próprio país?
Nossa velha imprensa se volta contra os interesses da economia brasileira porque as quatro famílias que controlam a opinião publicada não toleram Chávez, seja porque é criolo, seja porque é anti-americanista, seja porque é nacionalista, seja porque é falastrão, seja porque é “ditador”, seja porque ganha muitas eleições, seja por isso ou por aquilo. Não gostam e pronto. O motivo aparente é irrelevante, porque não passa de pretexto para a postura reacionária que, no extremo ideológico, não tem dúvidas de postar-se contra o interesse nacional quando este, ainda que de leve, de raspão mesmo, parece não coincidir com os interesses do mercado dos EUA.
Por isso mesmo são contra a política externa brasileira e para criticá-la têm sempre à mão meia dúzia de diplomatas de pijama, magoados, ressentidos, frustrados entre a pequenez pessoal e a grandeza de uma política que, na profissão, não souberam honrar. E essa gente pequena, loquaz, escrevente, está sempre nas páginas gráficas e na tevê, para dizer docilmente o que a pauta da mídia lhes encomenda. São os “especialistas” de que a grande imprensa carece para abonar sua pauta reacionária. Exemplar desse desserviço é um ex-embaixador fernandohenriquenho em Washington, em boa hora afastado da sinecura pelo presidente Lula, e agora aboletado pelo sr. Skaf na Fiesp para deitar regras contra o interesse nacional e perorar que a indústria paulista, em crise auto-anunciada, não precisa do mercado venezuelano.
Mas nossa imprensa tampouco gosta de Evo Morales, nem de Rafael Correa, nem de Cristina Fernandez, como não gostavam de Lugo, embora fosse simpática a Uribe, como chegou a ser de Fujimori quando o larápio, antes de ser pego com a mão na botija, era o implacável carrasco da esquerda peruana. Que haverá de comum entre esses governantes (Morales, Correa e o defenestrado Lugo) para atrair a má-vontade das quatro famílias? O fato de serem todos homens do povo, isto é, estranhos aos estratos dominantes, incrustados no poder há 500 anos? O fato de haverem chegado aos respectivos governos no cume de processos sociais caracterizados pela emergência das grandes massas? Ou porque todos estão comprometidos com a defesa da soberania de seus países?
Nos primeiros minutos, para logo corrigir-se, a imprensa nativa ecoou a correta postura do governo brasileiro de condenação do golpe de Estado parlamentar que destituiu a soberania do povo paraguaio e cassou – na 24ª tentativa! – o mandato de Fernando Lugo, golpe levado a bom termo pela aliança entre os Colorados (60 anos de poder) e os Liberais de seu vice, unificados, no esforço por restabelecer o modelo de país atrasado e de povo pobre. A partir do momento em que Brasil, Uruguai e Argentina consolidaram o ingresso da Venezuela, os humores mudaram. O golpe contra o Paraguai, um repeteco do golpe da “Justiça” hondurenha (em cujo episódio a diplomacia brasileira teve desempenho igualmente correto), traz para nosso continente a instabilidade com a qual, há tantos anos, os interesses forâneos o vinham alimentando, com golpes e contra-golpes e ditaduras, como a ditadura paraguaia de Stroessner, tão bem compreendida pela “imprensa livre”.
Seja qual for a opinião de cada um de nós sobre Chávez, o fundamental é que o ingresso da Venezuela no MERCOSUL é do nosso maior interesse político e econômico: em 2010, enquanto exportamos para a Venezuela U$ 4.592 milhões, importamos apenas U$ 1.266 milhões. Do total de nossas exportações (alô, sr. Skaf!), 65% foram manufaturados, 32% produtos básicos e 3% semi-manufaturados (dados: Secex/MDIC). Esta é a realidade: as relações comerciais se dão entre Estados e não entre governos O resto é mesmo cretinice ou picaretagem.



Sustentabilidade com a nossa estrutura econômica não dá

Pois é... Nós sabemos que não dá, os políticos sabem que não dá, os chefes de Estado idem... Mas, enquanto a ganância imperar, nada será feito... Ou será que sim ?

Já venho batendo na mesma tecla há tempos: Eco-92, Rio + 20, COPs e todos os outros tratados ou conferências acerca do meio ambiente e em defesa da sustentabilidade não passarão de um jogo de empurra entre chefes de Estado se a nossa estrutura econômica continuar do jeito que está (no famoso olho por olho e dente por dente, onde, continuando o dito popular, todos ficaremos cegos e banguelas...). 

É claro que há pessoas que estão verdadeiramente engajadas em mudar esse modelo, mas são poucas e, consequentemente, têm fraca expressão. 

Contudo, como também insisto em dizer aqui, parece que a corda está apertando em certos pescoços que agora estão tentando correr contra o tempo para tentar mudar esse quadro. Eu explico... 

Todos conhecemos aquela velha equação (que alguns defendem e alguns não) aquecimento global + derretimento das calotas polares + aumento do nível do mar = supressão das cidades litorâneas, ilhas e depressões absolutas. 

Essa pequena equação, da qual você fica livre para concordar ou discordar, tem suscitado certo furor (MEDO é a palavra) em países como Holanda (depressão absoluta), Inglaterra (ilha), Suécia (península)... Que estão vendo a corda apertar no pescoço ou seria a água chegar no pescoço ? Em relação as questões climáticas e ao futuro do planeta (leia-se deles próprios). 

Cabe salientar que nós não ficamos de fora não tá... Lembre-se que a maioria esmagadora da nossa população vive no litoral... Sim; você pode pensar que nós temos terras no interior do Brasil e de fato temos, mas... Teriam elas estrutura suficiente para nos acomodar ? (acho que você já sabe a resposta... Mesmo tendo ciência que este processo, o de inundação das cidades, não ocorreria em 15 segundos e sim um tempo muito maior; sabemos que está questão também esbarra naquela coisinha chamada vontade política... ).

Em virtude disso, alguns países têm se engajado verdadeiramente na busca por uma economia sustentável... O problema é que querem fazer isso sem mudar o modo como produzimos e a estrutura econômica em que vivemos... Não, não estou dizendo para pararmos de produzir, principalmente com tantas pessoas ascendendo socialmente e saindo da miséria; isso seria relegá-los a exclusão novamente... O que deve ser feito é repensar essa estrutura econômica bem como combater o desperdício... Esse último então é essencial... 

Mas então, o que fazer ?... Pois é... Essa é a pergunta que não quer calar... Acredito que o começo dessa resposta esteja na reportagem abaixo da brilhante geógrafa Bertha Becker da qual sou partidário de suas opiniões tanto acerca da Rio+20 quanto do caminho a seguir para mudar o rumo das coisas... 


Bertha Becker é direta em suas frases: “Onde estão as grandes reservas de recursos naturais? Nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. E as tecnologias estão no norte. Há interesse dos desenvolvidos em ampliar o controle sobre esses recursos”. A objetividade se mantém quando ela comenta um dos pontos centrais da Rio+20: “Economia verde é abertura de novos mercados. O que causa a perda da biodiversidade é a emissão de gases, é justamente a estrutura econômica que aí está”.

Bertha, que há mais de trinta anos acompanha o avanço da pecuária e da agricultura na Amazônia com graves prejuízos para a floresta, destaca sempre o papel do Estado como indutor do desenvolvimento. Nesta entrevista, ela examina os temas da Conferência – a chamada economia verde, a erradicação da pobreza e a produção e o consumo de recursos naturais – e afirma: “O Brasil, em vez de adotar mecanicamente as cartilhas que são apresentadas, poderia construir suas próprias alternativas”.

Desafios do Desenvolvimento - Qual a importância da Conferência Rio+20 e sua expectativa sobre o evento?

Bertha Becker - Não vejo muita força na Rio+20. Os principais governos estão muito preocupados com as próprias dívidas e suas crises econômicas.

Desenvolvimento - Há blocos de países com propostas comuns?

Bertha Becker - Vejo um bloco formado pela Europa, que está muito mal, e a China, muito independente e poderosa hoje. Apesar dela, os Brics formam outro bloco, no qual o Brasil apresenta dados sobre reflorestamento que impressionam, mas as informações estão sendo refeitas por estarem incorretas. Estamos descobrindo que os desmatadores usam artifícios para não serem detectados por satélites. Mantêm as copas de algumas árvores e desmatam por baixo. De qualquer forma, além da redução do desmatamento, temos a ascensão das classes C e D, que também impressiona a comunidade internacional. Talvez o Brasil queira formar outro bloco, com a América do Sul, para manter uma liderança que sempre teve.

Desenvolvimento - Há outros grupos, como o G77, que reúne 131 países em desenvolvimento. Que propostas podem apresentar?

Bertha Becker - Não vejo que tenham grande força. Sob a liderança da Europa, estão tentando sair do conceito de desenvolvimento sustentável para o de sustentabilidade global. Prefiro o primeiro, pois não gosto da ideia do global acima de tudo. Temos que nos preocupar com o global, mas não se pode achar que diferentes países, Estados e regiões do planeta são iguais. Seria bom avaliarmos o quanto essa abordagem interessa ao Brasil.

Desenvolvimento - Há textos seus destacando que, após a década de 1970, o desenvolvimento sustentável passou a ser uma nova feição da geopolítica internacional. A Rio 92 aconteceu em plena ascensão do modelo neoliberal. Já a Rio+20 acontece quando o modelo está desacreditado. Na questão ambiental isso muda alguma coisa?

Bertha Becker - A dimensão geopolítica continua. Há gente honesta, legitimamente envolvida, que se preocupa com os problemas do planeta. E há também interesses geopolíticos. Onde estão as grandes reservas de recursos naturais? Nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. E as tecnologias estão no norte. Há interesse dos desenvolvidos em ampliar o controle sobre esses recursos.

Desenvolvimento - Há outras disputas a destacar?

Bertha Becker - Sim. A vulnerabilidade dos europeus à elevação do nível do mar e o fato de que os Brics estão retirando populações da miséria. Elas entrarão no mercado de consumo. Há também uma entrada firme do capital nas questões ligadas às cidades. São os casos de saneamento e reciclagem. A meu ver isso cria condições para a reprodução da força de trabalho, pois nunca antes entraram nessa área. O grande problema dos europeus é que se houver realmente o aquecimento global, algumas regiões desaparecem. A Inglaterra é uma ilha. A Noruega e a Suécia são uma grande península cercada por mares. A Holanda já está abaixo do nível do mar. Não é por acaso que esses países comandam a questão global do clima. A maior parte de nossa população está na costa, mas temos alternativas de grandes territórios. Os Brics têm grandes territórios. A Amazônia está se tornando uma área de imigração. Não é por acaso que Japão e Holanda estão fazendo investimentos bilionários para se proteger. No Brasil, mesmo tendo território, deveríamos estar planejando a interiorização.

Desenvolvimento - Podemos aceitar um acordo para reduzir o consumo justamente agora que estamos liberando gente da miséria?

Bertha Becker - Podemos pensar como fazê-lo, mas jamais deixar de incluir. No mundo desenvolvido é preciso mudar padrões de produção e de consumo. Nós aqui temos que mudar os padrões de produção – digo isso há anos em relação à Amazônia – mas será difícil mudar o padrão de consumo.

Desenvolvimento- Outro conceito recente, ligado à ideia de sustentabilidade, é o de economia verde. O que acha dele?
Bertha Becker - Não gosto desse conceito. Dizem que a economia verde está ligada aos três pilares do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental), mas na verdade é um pilar meramente econômico. Os textos das Nações Unidas não definem muito bem esse conceito, assim como o de desenvolvimento sustentável. Com uma ideia vaga, a adesão é muito maior, ninguém pode ser contra.
Desenvolvimento - O que está por trás disso?

Bertha Becker - Uma tentativa de superar a crise econômica através da expansão do sistema em múltiplos outros meios e atividades, inclusive sobre os recursos naturais. Poucos fazem a ligação entre a crise econômico-financeira e a crise ambiental. A chamada economia verde representa a abertura de novos mercados, implica tomar conta de recursos naturais e entrar nas cidades. Além de não se fazer a diferenciação entre países, Estados e regiões, ninguém fala nas causas econômicas dos problemas. Antes era tudo ambiental. Agora incorporaram a questão social. Virou socioambiental. Existe a ideia que a ciência e a tecnologia salvarão o planeta. Mas acho muito difícil, se não houver mudanças nas causas da degradação. Nesse sentido não há dúvida que o neoliberalismo ainda impera.

Desenvolvimento - O meio ambiente tornou-se uma questão de mercado?

Bertha Becker - Sim. Já escrevi sobre isso há alguns anos: existe a mercantilização dos elementos da natureza. O que a economia verde quer é tentar superar obstáculos, inclusive da crise, abrindo novas fronteiras. Recursos naturais, produção de energia e, como parte disso, reprodução da força de trabalho. Tanto que estão entrando nas cidades. Ninguém pode ser contra a reciclagem, ao saneamento, mas o que está havendo é abertura de novos mercados. O capitalismo contemporâneo está passando por transformações e tem mesmo que mudar. A pergunta é: Quem vai promover a mudança?

Desenvolvimento - Qual o papel dos Estados nacionais e dos movimentos sociais nessa história? 

Bertha Becker - O Estado tem papel central. Os movimentos sociais e a ciência podem ser aliados, no sentido de demarcar os limites para o mercado. Mas os governos e movimentos sociais sozinhos não têm força e, se o Estado está fraco, os cientistas muito mais. Estão muito afastados da questão sociopolítica, no sentido mais amplo. Ficam muito restritos às suas especialidades. Quem pode criar externalidades positivas para os povos, no meio da trama financeira, são os Estados. No entanto, o complexo financeiro está comandando o mundo. Ninguém toca nisso. Não se trata apenas de salvar o planeta, acabar com as emissões, mas de saber se isso vai resolver o problema dos pobres do mundo. Não gosto da expressão “erradicar a pobreza”. É discurso de Banco Mundial. Nesse sentido, a Rio+20 pode até fortalecer o neoliberalismo. Há um pool de agências financeiras voltadas para a pesquisa. Já financiavam muitas ONGs, agora a carga é sobre a pesquisa.

Desenvolvimento - Há uma unidade entre ativistas e entidades da sociedade sobre os rumos a tomar?

Bertha Becker - Eu acho que houve um grande avanço dos movimentos sociais. Na Amazônia, por exemplo, nunca houve antes movimentos de reivindicação, que, dialeticamente, foram alavancados pela questão da terra, tendo o Estado como grande indutor da migração. Houve primeiro uma grande mobilização em torno da questão espacial, já que o peão é expropriado continuamente da terra, daí essa denominação – ele está sempre “girando” territorialmente. Isso trouxe uma conscientização política. Os assassinatos também. A igreja ajudou muito. Mas se isso será suficiente para enfrentar forças tão poderosas não se sabe.

Desenvolvimento - A perda de poder do Estado não debilita a alternativa do planejamento?

Bertha Becker - Sim. Por isso temos que lutar pelo restabelecimento do papel do Estado, até porque no momento não há perspectiva de nenhuma revolução mais profunda. E o Brasil, em vez de adotar mecanicamente as cartilhas que são apresentadas, poderia construir suas próprias alternativas.

Desenvolvimento - Por onde começar?

Bertha Becker - Primeiro, interromper o desflorestamento. Isso é histórico. A América Latina toda cresceu no processo de economia de fronteira, ou seja, apropriação de mais terra e recursos naturais. Esse padrão tem que mudar. Depois, acabar com o desperdício em todos os setores, não apenas no lixo urbano. De todos os recursos naturais usados, aproveitamos ínfima parte, em todas as atividades. Na construção civil é um horror. Temos ainda que desenvolver tecnologias inovadoras. Não podemos ficar dependentes de importação de tecnologias e financiamentos externos.

Desenvolvimento - Inovar em que direção?

Bertha Becker - No sentido de limpar nossos produtos. O diesel brasileiro é sujo e emite muito mais que o diesel comum. Boa parte da frota de caminhões do Brasil tem média de 50 anos. Teria que ser toda renovada. Há várias coisas fundamentais a fazer, inclusive usando o dinheiro do petróleo. Ou o Brasil desenvolve tecnologia industrial, inclusive para melhorar nossa produção, ou permanecerá dependente.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cinema, Pipoca e Geografia! - Invictus

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A indicação de hoje é uma das minhas preferidas... 

Recém liberto da prisão no início dos anos 90 e presidente de uma nação divida pelo Racismo em 1994, a indicação de hoje trata de como um dos maiores ícones de nossa história deu seus primeiros passos para tentar contornar esse problema que ficou enraizado durante anos. 

Sim, estou falando de Nelson Mandela e o início de sua caminhada para combater o Racismo na África do Sul. Assim, a indicação de hoje trata-se do filme "Invictus" onde, em uma atuação brilhante de Morgan Freeman, no papel de Mandela, é retratado como o presidente da África do Sul recém eleito busca integrar duas etnias divididas por anos e anos de preconceito, através do esporte. 

Claro que sabemos que até hoje o preconceito existe, e não só na África do Sul é bom que se diga. Mas vale e muito a pena vermos como Mandela tentou inteligentemente unir duas etnias que se rivalizaram durante anos e que, infelizmente, ainda continuam até hoje. Porém, com a ajuda de Mandela, podemos dizer que essa rivalidade está mais amena. Embora o desejo seja para que ela fosse extinta, não só lá como em todo o mundo.