terça-feira, 11 de setembro de 2018

OCDE mostra os reflexos de um país que trata educação como despesa e não como investimento

Foi divulgado hoje um relatório sobre a escolaridade de diversos países, entre eles o Brasil, cujos números escancaram uma triste realidade de nosso país: a falta de investimento em educação, tanto quantitativa quanto qualitativamente. 

Claro que aumentar o investimento em educação somente não resolve o problema. Principalmente se o mesmo se arrasta por décadas. Há também que se ter um olhar sobre como esse investimento é alocado, pois, pelos dados da OCDE, eles não surtem efeito algum, pelo contrário. 

O primeiro dado, da enxurrada de dados alarmantes, relata que mais da metade dos brasileiros entre 25 e 64 anos não concluiu o Ensino Médio no país. 

Facilmente podemos associar este dado a má distribuição de renda no Brasil, outro fato gritante. Não é incomum, embora devesse, ver estudantes largarem o Ensino Médio ao se verem obrigados a trabalhar para ajudar na renda familiar. A rotina pesada que muitas vezes um trabalho de baixa qualificação exige, leva o aluno a largar os estudos por não sobrar tempo (nem disposição) para dedicar-se a ele; algo que não deixará de cobrar seu preço no futuro. 

Quando o assunto é ensino superior, os dados se tornam mais nefastos ainda. Principalmente se levarmos em consideração as desigualdades regionais. 

Segundo o relatório, se na capital o número de jovens que alcançam o ensino superior orbita os 30%; no Maranhão, esse número não chega na casa dos 10%. 

Esses dados nos levaram à liderança no estudo feito pela OCDE, que estudou mais de 40 países, sobre as disparidades regionais relacionadas ao ensino superior. 

Apesar de apresentarmos uma tímida melhora no números de jovens que atingem o ensino superior, passando de 10% para 17%, ainda estamos longe dos 35% desejáveis pela organização. 

E não é só isso. 

O relatório também mostra o quão aquém estamos em relação aos gastos do Governo por aluno desde a educação básica até o ensino superior:

O Brasil destina cerca de 5% do PIB dados de 2015), acima da média de 4,5% do PIB dos países da OCDE. Porém, o governo brasileiro gasta cerca de US$ 3,8 mil por estudante no ensino fundamental e médio, menos da metade dos países da OCDE.
A despesa com os estudantes de instituições públicas de ensino superior, no entanto, é quatro vezes maior, US$ 14, 3 mil, pouco abaixo da média da OCDE, que é de US$ 15,7 mil.
O abismo gritantes entre esses gastos nos põe, novamente, no topo do ranking da disparidade entre os países da OCDE.

E os reflexos disso se mostram em exames feitos pelo próprio governo para avaliar a educação no país como o IDEB. 

Não à toa não foram cumpridas as metas traçadas pelo país em relação as avaliações do IDEB. Pelo contrário, algumas até retrocederam segundo o último balanço divulgado. 

Tais dados enfatizam cada vez mais a necessidade de um país que leve a sério a sua educação, tratando-a como investimento e não como despesa. Entretanto, isso esbarra na vontade política que finge ser alheia a todos esses dados, pois sabe que uma população cujo acesso a educação de qualidade e a um grau de instrução maior, dificilmente se deixará manipular por qualquer candidato que seja. 


  • Infelizmente, enquanto isso, vemos a educação brasileira naufragar em meio a vontade de determinados político em manter seus currais eleitorais, tratando a população como verdadeiros gados sob suas rédeas. 

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