terça-feira, 4 de maio de 2010

Cabo de Guerra - Parte 2

A questão nuclear persiste e o cabo de guerra começa a chegar as vias de fato. De um lado os EUA, alegando que o Irã se utiliza da energia nuclear para fins nocivos e exercendo mais uma vez o papel que o país atribuiu a si mesmo de "polícia do mundo". Do outro, o Irã, que se defende das acusações alegando se utilizar da energia nuclear apenas para fins pacíficos e acusa os EUA de inibir o desenvolvimento dos países que se utilizam desse meio para tal.

Com certeza esse cabo de guerra já começou a ser travado, mas ainda acredito que as chances do Irã são bem reduzidas frente aos EUA.

NOVA YORK (Reuters) - O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta terça-feira que seu país pode resistir às sanções e à pressão dos Estados Unidos e de seus aliados contra o programa nuclear de Teerã.

"Sanções não podem parar a nação iraniana. A nação iraniana é capaz de resistir à pressão dos Estados Unidos e de seus aliados", afirmou Ahmadinejad em entrevista coletiva.

"Não consideramos as sanções bem-vindas, mas também não temos medo delas."

O líder iraniano disse ainda que seu país não vai desistir do Tratado de Não-Proliferação nuclear, como fez a Coreia do Norte.

Extraído de msn.com.br

Cabo de Guerra - Parte 1

A "novela" sobre a questão nuclear envolvendo Irã e EUA se arrasta há bastante tempo, mas agora parece ganhar contornos de desfecho, como já era de se esperar, não favoráveis ao Irã. Ainda mais depois que a China parece ter desistido de buscar a via diplomática para a resolução da questão e passou agora a inclinar-se as sanções contra o Irã que por sua vez continua firme em sua decisão de continuar com o seu programa nuclear.

É um cabo de guerra que acho difícil de ser vencido pelo Irã...

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse nesta segunda-feira que as ambições nucleares do Irã colocam o mundo em risco, e que o mundo deveria se juntar aos esforços dos Estados Unidos para que Teerã sofra as consequências.

"O Irã é o único país representado neste salão que foi considerado pelo conselho de direção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como estando atualmente em não cumprimento de suas obrigações de salvaguarda nuclear", disse Hillary em discurso na conferência quinquenal de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo Hillary, o Irã "desafiou o Conselho de Segurança da ONU e a AIEA e colocou em risco o futuro do regime de não-proliferação e, por isso, está enfrentando um crescente isolamento e pressão da comunidade internacional."

Horas antes, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, usou seu pronunciamento ao fórum de 189 países participantes do TNP para criticar supostas ameaças nucleares dos EUA contra o seu país.

Hillary disse que em seu discurso Ahmadinejad usou "as mesmas acusações surradas, falsas e às vezes selvagens" que o mundo já ouviu antes.

"O Irã não terá sucesso em seus esforços de distrair e dividir. Os Estados Unidos e a grande maioria das nações aqui representadas vieram a esta conferência com uma pauta muito maior. Agora é hora de construir consenso, não de bloqueá-lo."

Ela citou a atuação dos EUA na questão da não-proliferação, o que inclui a recente assinatura de um novo tratado de redução de arsenais nucleares com a Rússia, e anunciou a doação de 50 milhões de dólares para ajudar a AIEA a promover o uso pacífico da energia atômica.

Além disso, a secretária disse que os EUA vão ratificar a proibição de armas nucleares na África e no Pacífico Sul, além de apoiarem "medidas práticas" para fazer do Oriente Médio uma zona livre de áreas de destruição em massa, o que pode contrapor Washington a seu aliado Israel, que supostamente possui o único arsenal nuclear da região.

Hillary, posteriormente, esclareceu a jornalistas que ainda não existem condições para considerar o Oriente Médio livre de armas de destruição em massa.

Para a secretária, o mundo está hoje em uma encruzilhada, que pode levar a um futuro de risco nuclear muito reduzido, ou à propagação de Estados e grupos com arsenais atômicos. Ela acrescentou que questões como o programa nuclear do Irã podem decidir qual caminho será seguido.

Extraído de msn.com.br

sábado, 1 de maio de 2010

Tráfico S.A.

Como senão bastassem termos que lidar com o poder paralelo diariamente no país, o mesmo agora resolveu dar uma de empresa multinacional e agora se instala pelo Paraguai com o intuito de controlar produção e venda de drogas se aproveitando para tanto da certa instabilidade em seu governo, muito por conta da questão da soja no país que ameaça até mesmo a questão do tráfico de drogas brasileiro no Paraguai.

Como se já não fosse suficiente os paraguaios sofrerem invasões da fazendeiros brasileiros em seu país pela questão da soja, agora o tráfico de drogas brasileiro também se estabelece no país.

É... aprendemos direitinho com o Tio San como sermos imperialistas dentro do nosso "quintal".

Fiz algumas reportagens no Paraguai. Para a CartaCapital, fui visitar a base aérea de Mariscal Estigarribia, no Chaco, cuja existência foi noticiada como sendo parte de uma expansão militar dos Estados Unidos na região. É estranho, mesmo, encontrar um aeroporto daqueles no meio de um lugar quase deserto. Mas o fato é que não há tropas americanas lá.
A base, para todos os efeitos, está desativada. Pousam apenas pequenos aviões, de gente que tem propriedades de terra na região.

O Chaco já foi disputado militarmente entre a Bolívia e o Paraguai. Mariscal foi uma espécie de “Brasília” do ditador Alfredo Stroessner. Uma das formas de garantir a soberania paraguaia naquela região, mais próxima da fronteira com a Bolívia do que de Assunção. O plano era de fazer infraestrutura para um futuro polo de desenvolvimento regional. Tornou-se um imenso elefante branco.

Voltei ao Paraguai para fazer uma reportagem sobre os barões da maconha, na região fronteiriça com o Brasil. O país é um dos grandes produtores mundiais. Foi o que atraiu Fernandinho Beira-Mar à região. O traficante carioca foi o primeiro a calcular que, se controlasse as duas pontas do negócio, teria lucros maiores. Baixaria o custo de produção da maconha e, controlando a ponta das vendas especialmente no Rio de Janeiro, teria o monopólio do negócio. Isso está na origem da matança que se seguiu à disputa pelo controle da produção em Capitán Bado, onde Beira-Mar eliminou a concorrência dos irmãos Morel. Uma disputa comercial resolvida à bala.

O PCC, baseado em São Paulo, e o Comando Vermelho carioca “dividiram” a região. O PCC atua mais na área de Ponta Porã (do lado paraguaio, Pedro Juan Caballero). O CV, na região de Capitán Bado. Porém, esse é um processo bastante dinâmico, dada a “alta rotatividade” dos executivos do tráfico, e às alianças locais, inclusive com autoridades, que se fazem e desfazem. Com o avanço da soja sobre o Paraguai, no entanto, a produção está ameaçada.
A soja, produzida especialmente mas não apenas por fazendeiros brasileiros, provoca devastação ambiental, deslocamento de populações locais e… a pressão sobre as terras onde se planta maconha. A produção está migrando aos poucos para o sul, onde há menos policiamento e mais terras desocupadas.

Tendo como base as cadeias paulistas, o PCC é hoje um “partido” internacional, que expande seus negócios em direção ao Paraguai e à Bolívia. Contaminou as instituições, no Brasil e fora dele.

Há quem acredite em um nexo entre o crime organizado e as atividades do Exército Popular Paraguaio, que levou o presidente Fernando Lugo a decretar estado de emergência em regiões fronteiriças com o Brasil. Ah, sim, também há quem diga que o EPP recebe apoio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as FARC.

Aqui eu entro no campo da opinião, pois não disponho de dados factuais sobre essas relações. Vi a expansão da soja no Paraguai. Testemunhei o ressentimento de paraguaios com a invasão brasileira. Se no Brasil a legislação ambiental não é respeitada, imaginem num país institucionalmente frágil como o Paraguai. Isso criou uma grande demanda por mudanças, da qual resultou o governo Lugo. E uma fração dos movimentos sociais, aparentemente, partiu para a luta armada, frustrada com o ritmo das mudanças. Lugo se equilibra sobre uma aliança frágil. Aparentemente, deu ao exército e à polícia liberdade para “pacificar” a região sojeira, onde o ressentimento com as condições materiais de vida é aguçado ainda mais pela presença ostensiva de brasiguaios bem sucedidos.

O que testemunhamos aqui é a expansão de grandes grupos econômicos, voltados para a exploração de recursos naturais e a exportação de água e comida, especialmente para atender ao mercado da China. E a fricção dos interesses deles com os interesses das populações locais, que tentam arrancar uma fatia desse bolo. Jogar o PCC e as FARC nessa mistura é politicamente conveniente para aqueles que acham que a questão social é um caso de polícia.



Extraído de cartacapital.com.br

Biodiesel e os Impactos Ambientais e Sociais

É claro que todos concordamos e sabemos que o biodiesel é menos poluente que o diesel comum e que para tanto sua utilização deve ser largamente promovida e, se puder, substituir de vez o diesel comum.

O problema são os impactos ambientais e sociais que o biodiesel vem causando no país e que podem até mesmo, se não forem sanados de forma correta, a danificar a imagem de paradigma da sustentabilidade que o biodiesel adquiriu.

O problema começa a surgir devido ao cultivo que atualmente responde por grande parte da matéria prima para o biodiesel, a soja. Se antes, com o cultivo da mesma apenas para uso alimentício, a soja já vinha levando produtores a avançar sobre a Amazônia e o cerrado agora com a utilização desta também para a produção do biocombustível o avanço se dá com uma rapidez maior ainda.

Também começam a surgir problemas relacionados as fazendas onde são cultivadas a soja. As mesmas apresentam irregularidades perante o governo além de transgredirem leis e normas contra o governo, como o desmatamento ilegal, e contra os seus semelhantes também, já que há casos de trabalho escravo nessas fazendas.

Em virtude deste problema que se agrava cabe a administração pública aumentar de forma quantitativa e qualitativa a fiscalização para que o país e seus cidadãos com um todo possam extrair apenas os aspectos positivos da produção do biodiesel.

A partir de janeiro deste ano, cada litro de diesel vendido nos postos passou a conter 5% de biodiesel. O consumo de fontes energéticas menos poluentes que os combustíveis fósseis pode ser considerado um bom sinal diante dos riscos relacionados às mudanças climáticas, mas os impactos socioambientais vinculados ao biodiesel também são capazes de surpreender quem imagina ter a culpa reduzida toda vez que enche o tanque do veículo.

De todo o volume de biodiesel produzido no país, cerca de 80% são extraídos a partir da soja. Das 48 usinas de processamento dedicadas especificamente à produção do agrocombustível atualmente em funcionamento, 42 utilizam a soja como matéria-prima. Quando lançado em 2004, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) prometia inclusão social de pequenos produtores rurais combinada com a disseminação de fontes alternativas (como a mamona). Mas desde que o país vem produzindo biodiesel em maior escala, o domínio da soja nunca chegou a ser ameaçado.

Além disso, o direcionamento do grão para o setor de geração de energia é cada vez maior. Em 2008, foram consumidos 3,5 milhões de toneladas de soja para a produção de biodiesel, o que representava cerca de 5,8% de toda a safra da época. Em 2010, 8,3 milhões de toneladas devem virar fonte de energia, quantidade que equivale a 12,3% do total produzido. Ou seja, em apenas dois anos, a proporção de soja para biodiesel mais do que dobrou.

"Mais do que o fracasso do programa oficial de inclusão de pequenos produtores de mamona e dendê na cadeia dos agrocombustíveis renováveis", revela o relatório "Os impactos da soja na safra 2009/10", produzido pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da Repórter Brasil, dados como esses indicam "que todos os problemas ambientais, sociais e trabalhistas ligados ao atual modelo de expansão da sojicultura colocam-se como obstáculos aos discursos empresariais e governamentais de que os agrocombustíveis brasileiros são paradigma da chamada ´energia limpa´".

O documento analisa aspectos da produção da cultura em regiões onde está consolidada, como o Mato Grosso, e onde ainda está se expandindo, como o Oeste baiano. Também avalia a relação de usinas de biodiesel com a cadeia produtiva do grão, e as tendências dos critérios de sustentabilidade, apontando alguns dos problemas que ainda são latentes no setor.

Mato Grosso
Maior produtor de soja do país, Mato Grosso abriga 11 usinas de biodiesel em funcionamento. O CMA apurou que o grão adquirido para produção do agrocombustível provém, em parte, de áreas com problemas fundiário e ambientais - grandes fazendas que constam da lista de embargos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e assentamentos embargados pelo órgão por desmatamento.

O relatório também aponta irregularidades no cumprimento das normas do Selo Combustível Social. Assentamentos parcial ou totalmente embargados pelo Ibama, como Mercedes I/II (em Tabaporã), Mercedes 5 (em Ipiranga do Norte), Itanhangá (em Tapurah), Pingo D´Água (em Querência), Nova Cotriguaçu (em Cotriguaçu) e Macife I (em Bom Jesus do Araguaia), por exemplo, fornecem soja para usinas de biodiesel.
De acordo com os assentados que cultivam o grão no assentamento Mercedes I/II, as usinas Fiagril, Coomisa e ADM tem adquirido a produção, mas a maioria dos agricultores afirma não ter recebido assistência técnica, como exige o Selo. Em relação aos contratos de compra e venda , que devem ser avalizados por entidade representativa dos agricultores (sindicatos ou cooperativas), os assentados afirmaram que as usinas fazem pré-financiamentos convencionais que incluem sementes, adubo e agrotóxicos (o que acaba viabilizando a atividade agrícola, uma vez que todas as políticas públicas de incentivo e financiamento estão paralisadas em função do embargo ambiental), mas não há participação da organização de classe no processo.

Apesar de acabar sendo muitas vezes uma opção econômica, o cultivo de soja nos assentamentos é considerado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como contrário aos objetivos da reforma agrária, em especial o da diversificação da produção de alimentos.

Bahia
A situação também é crítica no Oeste da Bahia, onde o cultivo da soja encontra-se em franco crescimento e já apresenta problemas relativos aos direitos trabalhistas e à legislação ambiental. Dos dez municípios que mais plantam soja no estado, seis são campeões de desmatamento do cerrado entre 2002 e 2008, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente: Formosa do Rio Preto, São Desidério, Correntina, Jaborandi, Barreiras, e Riachão das Neves.

No que se refere aos direitos trabalhistas, a região apresenta problemas graves. Entre 2003 e 2009, foram registrados 43 casos de propriedades flagradas com trabalhadores em situação análoga à escravidão no Oeste baiano. As autuações ocorreram principalmente em lavouras de algodão, pecuária, carvoaria, soja e milho. Atualmente, a "lista suja" do trabalho escravo conta com duas propriedades do Oeste da Bahia em que houve o flagrante de trabalho escravo na soja, uma delas em Formosa do Rio Preto e a segunda em São Desidério. Além desses dois casos, a "lista suja" inclui mais três propriedades com registros de caso de trabalho escravo no cultivo de soja no Piauí, duas no Tocantins e uma no Mato Grosso do Sul.

No lixão de Barreiras (BA), pólo do agronegócio da região, o CMA pode constatar a situação a que parte das pessoas da região está sujeita. Em seus relatos, trabalhadores demonstram que a superexploração, a coação, o constrangimento, a servidão, e, conseqüentemente, a escravidão, são aspectos comuns. Tanto que, ao comentar sua atual situação, de viver no lixão e obter sua renda da reciclagem dos materiais ali lançados, afirmam estarem em situação melhor hoje do que as enfrentadas anteriormente.

Por fim, o documento avalia as várias tentativas de acordos sobre critérios de sustentabilidade para a soja, apontando que, apesar dos esforços de espaços como as Mesas Redondas da Soja e do Biocombustível Sustentáveis, e da Moratória da Soja, o setor empresarial tem se afastado das discussões. A Abiove, representando as grandes traders, se afastou da Mesa Redonda da Soja, assim como a Aprosoja, representante dos produtores do Mato Grosso. Na Amazônia, apesar da Moratória, cresceu a produção de soja em áreas de desmatamento recente. Resta saber se, diante deste quadro, as empresas concordarão em estender o acordo, cujo prazo vence em julho de 2010.

Leia a íntegra do relatório "Os impactos da soja na safra 2009/10", do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA)

http://www.reporterbrasil.com.br/estudo_soja_cma_reporter_brasil_2010.pdf


Extraído de cartacapital.com.br

Comentários

Caros leitores do blog.

Infelizmente de uns tempos para cá tive que colocar os comentários feitos neste blog para serem aprovados por mim antes de serem publicados no mesmo.

Diante disso venho a vocês me justificar que o fiz não por medo de críticas ou coisas do gênero, até porque tanto críticas quanto elogios serão muito bem vindos. Ainda estou em processo de formação acadêmica e posso cometer meus erros neste blog, até mesmo depois de formado. O motivo pelo qual tomei esta decisão é por que há um mês atrás o meu blog vem sendo constantemente bombardeado por propagandas de uma marca de remédio que invadem todos os meus posts e se fazem por meio de comentários.

Em virtude disto é que tomei a decisão de moderar os comentários do blog.

Peço a agradeço a compreensão de vocês quanto a esta questão.

Sempre será muito bem-vinda a opinião de cada um de vocês e me coloco a disposição para debatermos as mesmas.