terça-feira, 12 de junho de 2012

Agora é a Espanha de pires na mão...

Mais um país da Zona do Euro está de pires na mão, a Espanha. O país pediu ajuda a União Européia e ao FMI que se mostraram a favor de um empréstimo, (engraçado, eles não foram tão favoráveis assim quando era a Grécia de pires na mão) que parece girar na casa dos 100 Bilhões de euros. 

Claro que o país terá que cumprir certas exigências, afinal de contas estamos falando do FMI, mas, não tão contundentes quanto as aplicadas a Grécia... (questão de prioridade né...). O dinheiro servirá para ajudar bancos espanhóis a se recuperarem da crise de 2008 (sim, ainda ela).

Pois é, parece que a crise dos bancos virou crise dos Governos... Mas, o Estado deveria atender os interesses de quem mesmo ?

MADRI (AFP) – A Espanha anunciou neste sábado 9 que pedirá ajuda financeira à zona do euro, que se mostrou disposta a conceder-lhe um empréstimo de até 100 bilhões de euros para sanear seu setor bancário, debilitado após o estouro da bolha imobiliária.

“O governo espanhol declara sua intenção de solicitar ajuda financeira europeia para a recapitalização dos bancos que a necessitarem”, afirmou o ministro de Economia, Luis de Guindos, durante coletiva de imprensa após uma teleconferência dos 17 ministros de Finanças da união monetária, na qual também participou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.

O Eurogrupo se mostrou disposto a responder “favoravelmente” ao pedido espanhol afirmando que “o montante a ser financiado deve cobrir as necessidades de capital com uma grande margem de segurança adicional, com uma soma estimada em até 100 bilhões de euros no total”.

“Após a solicitação formal, será realizada uma avaliação pela Comissão, conjuntamente com o BCE, o EBA (Autoridade Bancária Europeia) e o FMI, assim como uma proposta com as condições para o setor financeiro”, disse o Eurogrupo em um comunicado.

“O que se pede é um apoio financeiro, não tem nada a ver com um resgate”, disse De Guindos, antes de insistir que “as condições seriam impostas aos bancos e não à sociedade espanhola”, descartando que o empréstimo irá envolver mais medidas de austeridade para os espanhóis nem implicará em um resgate, ao estilo de Grécia, Irlanda ou Portugal.

“Não há nenhum tipo de condição macroeconômica, nenhum tipo de condição fiscal, nenhum tipo de reforma econômica fora do âmbito do setor financeiro”, afirmou o ministro.

O Eurogrupo, por sua vez, se declarou confiante de que a Espanha honrará seus compromissos de redução do déficit e relativos às reformas estruturais para corrigir os desequilíbrios macroeconômicos”.
“Os progressos serão vigiados muito de perto e com regularidade, paralelamente à assistência financeira” oferecida, disse.

De Guindos reforçou que “não haverá nenhum resgate à Espanha”, precisando que o financiamento será dirigido à parcela de 30% dos bancos espanhóis que têm mais dificuldades, eleitos pelo relatório do FMI publicado na sexta-feira à noite.

Tal relatório estima em ao menos 40 bilhões de euros as necessidades do setor, mas o ministro afirmou que o montante acordado com a Eurozona é uma quantidade máxima, que inclui uma margem de segurança importante.

Segundo o ministro espanhol, a cifra final pedida pelo governo dependerá do resultado da auditoria do banco espanhol realizada pelas empresas Roland Berger (alemã) e Oliver Wyman (norte-americana), que deverá ser entregue até o dia 21 de junho.

Ainda de acordo com De Guindos, os fundos de resgate europeus, o FEEF e o MEE, que entrarão em vigor em julho, injetarão diretamente capital no Fundo público de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB), que será encarregado de direcionar o capital às entidades com problemas.

Tal medida supõe uma solução intermediária que satisfaz a todos, já que o governo espanhol não vê sua soberania ameaçada, ao menos não por uma intervenção tão dura como a da Grécia, e Alemanha também restringe a ajuda aos meios dos fundos de resgate.

Debilitados por sua alta exposição à bolha imobiliária que estourou em 2008, os bancos espanhóis acumulam em seus balanços 184 bilhões de euros em ativos problemáticos até o final de 2011, ou seja, 60% de sua carteira.

E o resgate histórico dos 23,5 bilhões de euros solicitados em maio pelo Bankia, terceiro maior banco do país em ativos, gerou pânico nos mercados, temerosos, de que a Espanha não pudesse fazer frente por si só às exigências financeiras de seu sistema bancário.

“É uma ajuda extremamente confiável, que tira qualquer dúvida sobre a capacidade de recapitalização do FROB”, disse De Guindos, depois do forte ceticismo demonstrado nas últimas semanas pelos mercados financeiros com relação à Espanha, que teve que pagar juros cada vez mais elevados para se capitalizar.

A decisão espanhola foi celebrada por vários de seus sócios como Alemanha, cujo ministro de Finanças, Wolfgang Schäuble, afirmou que a “Espanha está em um bom caminho”, enquanto que seu homólogo francês, Pierre Moscovici, afirmou que “trata-se de um bom acordo, de um forte sinal de solidariedade”.

Também os Estados Unidos e o FMI felicitaram a iniciativa de ajuda. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, o classificou de “confiável”.

Para De Guindos, o acordo alcançado neste sábado manifesta o “absoluto compromisso dos países do euro com o projeto do euro”.

Classe D e Idosos apresentam consumo expressivo

Pois é, quem diria que a classe D consumiria o equivalente ao PIB do Chile e os Idosos o equivalente ao PIB do Peru. 


É o que mostra a pesquisa de uma empresa na reportagem abaixo. De fato, estamos vendo uma (pequena) melhora social em nosso país; propiciada em grande parte por uma (pequena) melhora na distribuição de renda bem como na nossa economia. 


Não podemos negar que nossa economia prosperou, mesmo em época de crise, possibilitando a ascensão de muitas pessoas de uma classe para outra bem como tirando algumas pessoas da situação de pobreza extrema. 


Alguns vão dizer que foi por meio de políticas assistencialistas, em parte sim; mas não devemos tirar o crédito do Governo que também conseguiu alavancar nossa economia e melhorar, nem que seja um pouco, a distribuição de renda. 


Mas, se por um lado temos a celebrar essa notícia; por outro, temos algo a lamentar... 


Não é novidade pra ninguém que a "antiga classe média" anda se roendo por dentro e fazendo todo o tipo de protesto contra essa "nova classe média". Por diversas vezes, se mostraram incomodados com essa situação e vem fazendo seus patéticos protestos.

Sim, patético pois protestam como se "classe média" fosse um clube fechado onde a "tradição e bons costumes" jamais devem ser alterados... Pois é, mas as coisas mudam, vão se renovando; e evitá-las é simplesmente fechar os olhos para nossa realidade. Tudo bem que cada um tenha sua opinião, seus gostos e deve defendê-los, mas não tentando afogar os dos outros, afinal de contas, o direito de um começa onde o outro termina. 

A situação do país está mudando e uma nova classe média está se formando, mesmo com os protestos de quem ainda não se acostumou com as mudanças. É ótimo ver que cada vez mais pessoas estão ascendendo socialmente e que os idosos também representam boa parte disso. 

Contudo, é sempre bom lembrar que esse consumo deve ser feito de forma consciente e sustentável... A Rio+20 em tese tá aí pra isso... Não acho que sairá nada inovador ou talvez nem mesmo um simples acordo, mas vamos esperar pra ver... 


A classe D consumiu em 2011 o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) do Chile em produtos e serviços, segundo estudo da DataPopular divulgado nesta segunda-feira 11. Segundo a pesquisa, as famílias com renda per capita de 79 a 327 reais mensais gastaram 363,3 bilhões de reais durante todo o ano passado.

O consumo da classe D é menor do que os da classe B (488,9 bilhões) e da classe C (1,03 trillhões). A maior parte do consumo da classe D está concentrado na região sudeste (151,7 bilhões), seguido do nordeste (106,7 bilhões) e do sul (51,2 bilhões).

Segundo a pesquisa, o consumo da classe D supera o da classe B em algumas categorias. Na aquisição de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, o consumo da classe D é 25% maior do que a B. A classe D também gasta mais com transportes urbanos, alimentação dentro de casa, artigos de limpeza, medicamentos, bebidas, produtos de higiene e móveis.

Os dados foram obtidos a partir do cruzamento da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), ambas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Idosos vão movimentar 402,3 bilhões de reais

Outro estudo divulgado pelo instituto mostra que o total de rendimentos dos idosos neste ano deve atingir 402,3 bilhões de reais. O valor é maior do que o PIB do Peru. Segundo as estimativas atuais, o Brasil tem 22,3 milhões de idosos.

“Com os avanços da medicina e a melhoria das condições de vida dos brasileiros, a cada ano que passa verificamos um maior número de idosos. Se por um lado isso demonstra avanços importantes, por outro exige políticas públicas que atendam a uma realidade que se aproxima: menor população economicamente ativa. Identificamos 15,8 milhões de pessoas idosas consideradas chefes de famílias pelo país. O rendimento proveniente da aposentadoria é o principal para esse grupo econômico”, diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular.

Segundo o instituto 2,7 milhões de idosos vivem sozinhos no país. Entre os idosos, 3,3 milhões já aposentados ainda exercem algum tipo de trabalho.

terça-feira, 5 de junho de 2012

OTAN: se reinventando para não se tornar obsoleta

Criada para defender a Europa do "perigo vermelho" a OTAN ficou um tanto sem rumo com o fim da União Soviética, em 1991. 

Como o poderio militar e o orçamento investido até então eram gigantes, na verdade ainda são, a OTAN precisou se reinventar para ter alguma serventia (principalmente quando o principal país por trás do grupo baseia sua economia na guerra). 

Findada a antiga URSS, a OTAN tentou partir para o campo humanitário (sic!) e prestou "ajuda" a ONU, muito embora em outras vezes funcionasse como braço militar da ONU também. 

Isso quando não parecíamos ter voltado a época de guerra-fria quando Geórgia e Ucrânia solicitaram ingresso na OTAN e a Rússia se mostrou veementemente contra. 

Até "fora do quadrado" a OTAN andou atuando, quando realizou uma ação em Kosovo. Tudo em nome de uma causa humanitária, que, à época, realmente era...

Reinvenções à parte, sabemos que a OTAN jamais deixará de ser uma organização puramente militar que agora vai tentar se esgueirar por onde puder para não ser questionada sobre sua utilidade nos tempos atuais. E não me admira nada se essas reinvenções forem das mais inesperadas, pois, afinal de contas, uma organização que tem um país mentor que baseia grande parte da sua economia em guerras precisa de algum modo, manter esse engrenagem em funcionamento; nem que seja sob a camuflagem de missões de paz. 

O fim da União Soviética (URSS) em 25 de dezembro de 1991, e consequentemente da Guerra Fria, esvaziou uma das mais importantes funções da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan): proteger a Europa e os países membros do inimigo externo, ou seja, à epóca, a ameaça socialista. Mais de duas décadas depois, a entidade retirou as tropas fortemente armadas e tanques da fronteira da Europa Ocidental. Perdeu parte de sua identidade, mas adaptou sua atuação a um novo contexto, com destaque à intervenção no Afeganistão (antiga zona de influência socialista), que teve o final anunciado nesta segunda-feira 21.
Na cúpula da Otan em Chicago ficou definida a transferência da responsabilidade pela segurança e operações de combate ao Afeganistão em 2013, além da saída das tropas estrangeiras do país no ano seguinte. Até a retirada dos cerca de 130 mil soldados, tropas do tratado ficarão encarregadas de garantir que os afegãos se adaptem “às suas novas responsabilidades”, e, depois, manterão “um sólido apoio político e prático de longo prazo ao governo afegão”, diz a organização.
Apesar de integrar uma guerra polêmica e de resultado inconclusivo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a Otan “sai mais forte de Chicago, mais capaz, e no centro da segurança global”. Tudo isso, embora diversos países tenham saído do combate antes da agenda oficial. Incluindo a França, que deve retirar seus cerca de 3,3 mil soldados do Afeganistão até o final de 2012.
A Otan passou por adaptações, mas ainda cumpre a função de prevenir a guerra entre os aliados e manter a paz na Europa, pois o ataque contra um membro é um ataque contra todos, explica Juliana Bertazzo, professora da Universidade de Oxford (Reino Unido), pesquisadora da London School of Economics e especialista em Otan. “Além disso, aliados não se atacam.”
Para a analista, a força da Otan se concentra na capacidade de adaptação e de trabalhar em conjunto com diversos países e organismos internacionais. A estrutura altamente equipada e bem localizada é outro benefício, muito útil aos EUA e aos Estados-membros.
Uma característica, destaca Bertazzo, a posicionar a Otan como uma força de apoio à organizações como a Onu, sem exército próprio. “Isso fica claro no Afeganistão com a dificuldade da Onu em enviar tropas. Os países ricos mandam dinheiro, mas não soldados. A Otan tem um recurso inestimável e, enquanto as Nações Unidas mantêm apenas uma operação civil e política no Iraque, fornece apoio e treinamento de tropas. Na prática, assume uma operação da Onu e isso é significativo.”
Além disso, possui outra característica interessante: atua fora de sua área original. Mas nem sempre é fácil controlar seu financiamento ou atuação conjunta, devido à pluralidade de interesses dos integrantes.
Na intervenção na Líbia no último ano, diversos países membros não participaram diretamente da missão – entre eles a Alemanha -, levando o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, a pedir mais apoio e solidariedade dos integrantes europeus. “Sempre houve um descompasso grande entre Europa e os EUA em termos de composição militar e orçamento. Algo que só mudou recentemente com a entrada da França para o componente militar”, explica Bertazzo, para quem a organização não possui custo mais elevado que outras entidades semelhantes.
Na busca por uma nova identidade, a organização defende operações de manutenção da paz – contidas no artigo 5º -, que prevê a intervenção em caso de possível ameaça à segurança dos membros. Um conceito que a permite atuar em todo o mundo em abordagens de relativizado interesse humanitário, como a missão aos países afetados pelos terremotos da Ásia em 2004. “Houve uma operação de apoio aos locais atingidos, porque aquela situação era tida como uma instabilidade internacional”, diz a analista.
Essa atuação empurra a Otan a participar de conflitos a envolver ameaças aos interesses nacionais de seus integrantes, que são distintos e definidos por consenso e não maioria. “Na Somália, há o interesse em garantir um tráfego marítimo para exportação e importação dos navios dos Estados membros que passam pela região. Os piratas afetam o fluxo do petróleo da Ásia e África, em uma das rotas mais utilizadas também para retirar produtos da China, Índia e Tigres Asiáticos. Isso atrapalha os membros da Otan, que vão pleitear uma operação.”
Após a Guerra Fria, a organização abriu algumas rodadas de filiação a novos países, que incluiu a Alemanha reunificada, por exemplo. Mas depois passou a exigir critérios rígidos para adesão. “A organização valoriza muitos países com democracias consolidadas. Por isso, a solidariedade com países onde isso não acontece”, afirma Bertazzo. E completa: “A análise é bem estudada, pois percebe-se que a Otan não funcionaria tão bem com um grupo muito diverso.”
Neste cenário, Ucrânia e Geórgia tentam se filiar com demonstrações públicas de interesse que remontam ao início dos anos 2000. Na organização, estariam protegidos militarmente da Rússia – que mantém apenas um representante fixo na Otan. A Georgia, por exemplo, teve um conflito com a Rússia em 2008 pelo controle da Ossétia do Sul.
A Rússia se opõe veementemente à iniciativa das duas ex-repúblicas soviéticas.
Com o tempo, a Otan passou a adotar de forma mais constante o conceito de intervenção humanitária.  O maior exemplo foi a ação unilateral em Kosovo em 1999. O conflito com a Sérvia provocava um fluxo intenso de refugiados e mortes de civis e, para evitar um massacre étnico semelhante ao ocorrido na Bósnia, a organização autorizou pela primeira vez uma “operação fora de área”.
Hoje, a Otan mantém parcerias com a Onu e a União Africana. “Isso para garantir que a instabilidade não afete os países-membros. Por isso, houve intervenções no Leste Europeu, África e Afeganistão”, ressalta a analista.




domingo, 3 de junho de 2012

Índia e China Invertendo Os Papéis

COPs, Rio+20, tratados, protocolos... São inúmeras as tentativas de se chegar a um acordo em escala global para uma economia mais sustentável. 

Não de hoje que a Terra vem dando sinais de que não podemos continuar no ritmo de produção em que nos encontramos, pena que só prestamos atenção nisso nos anos 60. Mas, antes tarde do que nunca. 

Diante dessa situação a palavra sustentabilidade passou a ser comum em nosso dia a dia e começou a levantar questões sobre como estamos utilizando os recursos do nosso planeta... E as respostas se mostraram cada vez mais negativas...  

No ritmo de crescimento pelo qual o mundo vem passando e com as emergências de potências do tamanho da Índia, China, Brasil e Rússia; as preocupações se tornaram cada vez maiores... Se todos os países emergentes, além dos citados, adotarem o mesmo modelo de crescimento que o europeu e o norte-americano o nosso planeta fatalmente entrará em colapso. 

Diante dessa situação, países como China e Índia (e a Ásia como um todo também), perceberam que devem adotar uma receita diferente para seus crescimentos, apoiada em um desenvolvimento sustentável e que pode servir de modelo para todo o mundo. 

Essa tomada de decisão por parte desses países pode ser fundamental para acabar com o jogo de empurra que acontece há tempos sobre a questão de como aplicar medidas sustentáveis e assim continuar provendo o crescimento econômico. 

Fato é que países que antes era vistos como sérias ameaças a questões ambientais (a China tinha previsões de se tornar o maior país poluidor do mundo em 2020, superando os Estados Unidos, mas conseguiu bater essa meta em 2008...) por conta de seu crescimento, estão agora fazendo a sua parte para que esse quadro se reverta e o seus crescimentos se deem da forma mais sustentável possível.

Claro que isso demandará um toque de criatividade e bastante engenhosidade, mas que serão muito bem-vindas se forem efetivas e, quem sabe, exportadas para todo o planeta.



Liderada pela Ásia, a participação dos mercados emergentes na economia global cresceu consistentemente nas últimas décadas. Para os países asiáticos - em especial seus gigantes em ascensão, China e Índia -, o crescimento sustentável já não é apenas uma questão distante. O desafio global de cuidar do meio ambiente, tornou-se algo estratégico para a manutenção do crescimento nacional. Isso assinala uma mudança radical na estrutura global dos incentivos para alcançar a sustentabilidade.

Nas próximas décadas, quase todo o crescimento mundial em energia, consumo, urbanização, uso de automóveis, viagens de avião e emissões de carbono virá de economias emergentes. Em meados do século, o número de pessoas vivendo no que serão então economias de alta renda crescerá do 1 bilhão atual para 4,5 bilhões. O produto interno bruto global, atualmente de cerca de 60 trilhões de dólares, pelo menos triplicará nos próximos 30 anos. Se as economias emergentes tentarem alcançar os níveis de renda de países avançados seguindo, aproximadamente, o mesmo padrão de seus antecessores, o impacto nos recursos naturais e no meio ambiente será enorme, arriscado e, possivelmente, desastroso. Um ou vários pontos críticos provavelmente causarão uma parada brusca no processo econômico e social. Segurança e custo da energia, qualidade do ar e da água, clima, ecossistemas terrestres e oceânicos, segurança alimentar e muito mais estariam ameaçados.

Por enquanto, quase todos os indicadores mostram uma tendência declinante em termos de concentração do poder econômico global. Mantendo-se essa tendência, o desafio da sustentabilidade se tornaria cada vez maior. Com mais países pressionando os recursos naturais, haveria um estímulo para que cada um esperasse os outros agirem para tirar de si a necessidade de se mexer. É um problema clássico na teoria dos jogos, batizado de "carona" - já que cada um tentaria "pegar carona" na solução ambiental jogando os custos para os outros. Nesse caso, seriam necessários complexos entendimentos globais que impusessem cobranças de acordo com as taxas de crescimento de cada país. A tendência à concentração se inverterá dentro de uma década em razão do tamanho e das taxas de crescimento de Índia e China, que juntas abrigam quase 40% da população mundial. Embora seu PIB combinado ainda seja uma parcela relativamente pequena da produção global (em torno de 15%), essa participação está crescendo de maneira acelerada. Até meados do século, os dois países terão 2,5 bilhões dos 3,5 bilhões de pessoas que serão adicionadas à parcela de habitantes do planeta com renda alta. Só esse fato fará o PIB global ao menos dobrar nas próximas três décadas, mesmo na ausência de crescimento em qualquer outro país.

EM BUSCA DE UM NOVO RUMO A boa nova é que a sustentabilidade virou questão-chave para o crescimento de longo prazo de Índia e China. Seus padrões e estratégias de crescimento, e as escolhas que elas fizerem no que diz respeito a estilo de vida, urbanização, transporte, meio ambiente e eficiência energética, determinarão, em grande medida, se as duas economias poderão completar a longa transição para níveis de renda avançados. Chineses e indianos sabem disso. Há uma consciência crescente entre dirigentes políticos, empresários e cidadãos nos dois países (e na Ásia de maneira mais ampla) de que os caminhos de crescimento histórico que seus antecessores seguiram simplesmente não funcionarão - e de que a rota antiga não servirá para uma economia mundial com o triplo do tamanho atual.

Consequentemente, esses países terão de inventar novos padrões de crescimento. Eles já são grandes demais para não pagar pelos recursos universais de que usufruem. Felizmente, os incentivos relacionados à sustentabilidade estão sendo assumidos como prioridade nacional. As percepções estão rapidamente se alinhando com a realidade de que a sustentabilidade deve se tornar um ingrediente crítico do crescimento. O velho modelo não funcionará.

É evidente que hoje ninguém sabe como alcançaremos a sustentabilidade com uma economia global três vezes (ou mais) maior que a atual. Esse objetivo será determinado por um processo de descoberta, experimentação, inovação e criatividade. Veremos um jogo de compensações ao longo do caminho. Mas o incentivo para ignorar essas questões terminou, independentemente do que outros países escolherem fazer e dos acordos globais que possam ser alcançados.

As grandes economias emergentes em acelerado crescimento têm algumas vantagens. Integrar a sustentabilidade às políticas e às estratégias de crescimento é de seu próprio interesse, e é consistente com seus horizontes de longo prazo. Os patrimônios legados que se encontram em países desenvolvidos - a maneira como as cidades estão configuradas, por exemplo - não precisam ser substituídos na mesma extensão. O 12o Plano Quinquenal da China baixa a projeção de crescimento (para 7%) para criar "espaço" para lidar com questões como equidade, sustentabilidade e meio ambiente. O processo de descobrir um novo caminho de crescimento já começou.

A emergência da sustentabilidade como um elemento crítico nas estratégias de crescimento nas futuras maiores economias do mundo é um fato extraordinariamente positivo, porque as necessidades, os objetivos e as prioridades nacionais continuam sendo incentivos muito mais poderosos que acordos internacionais.

Isso tudo pode parecer uma variante do senso comum. Como poderia a multiplicação do PIB global por 3 e a população de alta renda mundial por 4 ser uma boa notícia, com tudo o que a acompanha? Bem, depende do que se acredita ser a alternativa. Um crescimento global lento seria benéfico para os recursos naturais e o meio ambiente, é verdade. Mas é ilusão apostar nisso, a menos que haja um colapso nos suprimentos de recursos naturais e, de forma mais geral, na sustentação ambiental. Assim, o padrão é o alto crescimento de mercados emergentes, cujas chaves são a inovação e o ajuste ao caminho do crescimento.

À medida que os asiáticos caminharem para padrões mais sustentáveis, eles aumentarão os incentivos para que outros façam o mesmo - gerando novas tecnologias e reduzindo o custo ambiental do crescimento. Seria incorreto dizer que o problema do "carona" terminou ou que acordos multinacionais já não são desejáveis. Mas um progresso real, movido pela necessidade e pelo interesse próprio, está se tornando o caminho mais provável no médio prazo. Chineses e indianos lutarão cada vez mais pelo crescimento sustentável, para seu próprio bem. De quebra, ajudarão a salvar o planeta em que todos vivemos.

Extraído de planetasustentavel.com.br

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Estudos mostram que agrotóxicos podem modificar o comportamento das próximas gerações

Pois é... Cada vez mais conhecemos os problemas que o consumo de agrotóxicos trazem a nossa saúde. 

A bola da vez agora é a mudança de comportamento... Segundo um estudo pessoas expostas a um determinado tipo de agrotóxico ficam mais sensíveis ao estresse bem como a terem acessos  ansiedade. 

O estudo a princípio foi feito em ratos e essa manifestação se deu a partir da terceira geração dos mesmos. Contudo, segundos os pesquisadores, nós humanos estamos na terceira geração dos afetados por esse agrotóxico e reflexos disso já começam a se mostrar como o aumento do número de pessoas com autismo e transtorno bipolar... 

É... A cada dia mais e mais estudos são realizados sobre os malefícios dos agrotóxicos (que não possuem esse nome por acaso), mas nada é feito para que essa realidade mude... Pelo jeito só vão procurar tomar alguma atitude quando surtos de mortes por conta de uma substância dessas ocorrerem... 

Redação Internacional, 21 mai (EFE).- O contato com elementos ambientais tóxicos pode influir na resposta de futuras gerações ao estresse e causar desordens de conduta, segundo um estudo realizado nos Estados Unidos com ratos.

O estudo, realizado por pesquisadores das universidades de Washington e do Texas, comprovou que apenas uma exposição de fêmeas que esperavam filhotes a um fungicida utilizado em frutas e verduras, a vinclozolina, tinha consequências sobre a conduta da terceira geração de seus descendentes, apesar deles terem sido criados livres do agrotóxico.

Segundo os resultados do estudo, publicado nesta segunda-feira na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)", estes roedores se mostraram mais sensíveis às situações de estresse e experimentaram uma maior ansiedade do que os descendentes de ratos que não tiveram contato com o fungicida.

"Estamos atualmente na terceira geração humana desde o começo da revolução química, desde que os humanos ficaram expostos a estes tipos de toxinas", afirmou um dos autores da pesquisa, David Crews.
Até o momento, não se sabia que a resposta ao estresse pudesse depender dos fatores ambientais dos antepassados. Mas os mesmos pesquisadores já tinham demonstrado anteriormente que a vinclozolina podia afetar os genes.

Segundo o estudo, a socialização do indivíduo e os níveis de ansiedade com os quais ele reage perante ao estresse são condicionados não só pelos eventos de sua vida mas também pela herança ancestral epigenética (mudanças genéticas causadas por fatores externos ao organismo).

"Não há dúvida de que assistimos a um aumento real de problemas mentais como o autismo e o transtorno bipolar", declarou Crews, que opinou que isto não se deve apenas a vivermos num mundo mais frenético, mas também pelo efeito dos fatores ambientais.

Em seu estudo, os investigadores também observaram que os ratos cujos antepassados estiveram expostos à vinclozolina eram maiores e tinham níveis de testosterona mais altos. EFE.