terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O "coração" do mundo

Em tempos de emergência climática e onde cada vez mais países se juntam para propôr soluções e traçar metas para frear o aquecimento global, andamos na contramão do movimento ao criminalizar ONG´s, populações indígenas e ribeirinhas, além da tentativa pífia de legitimar um discurso na ONU usando uma indígena que tem tanta representatividade quanto um grão de areia no meio do deserto. 

Já postamos aqui, em outras oportunidades (1- 2 - 3) sobre a importância da Floresta Amazônica ser não só climática como também relacionada a sua biodiversidade. 

No entanto, os índices de desmatamento só aumentam e a escala destrutiva dos mesmos alcança escalas para além da Amazônia Legal, prejudicando até mesmo a Cordilheira dos Andes. Vale lembrar que é dela que surge a nascente do que, alguns quilômetros a frente, forma o rio amazonas. 

Entretanto o governo parece não enxergar isso e continua estimulando uma postura agressiva e contundente contra os povos da floresta, digna de um AI-5, que aliás já foi evocado publicamente por figuras da atual gestão. Algo que jamais deveria ser sequer comentado novamente, mas num país onde grande parte da população, desinformada e nada criteriosa com o que lê, é incitada constantemente a animosidade e não ao diálogo, não é se estranhar que este tipo de comentário fique impune. 

Enquanto isso, os povos da floresta, lutam, pagando até mesmo com suas vidas, para defender a floresta que tanto teimam em destruir sob o jargão de que a Amazônia é do Brasil. Algo que em si já é uma contradição, pois se bradam aos 4 ventos que a floresta é nossa, não deveriam destruí-la, mas protegê-la. 

Mas essa proteção só é feita de fato pelos que lá vivem e dela sobrevivem, mas de maneira sustentável. No entanto, são criminalizados, execrados e exterminados em silêncio já que os holofotes não estão lá, mas sim na próxima verborreia dita por alguma figura de Brasília que, intencionalmente, visa desqualificar a luta e suprimir os horrores que ocorrem na Região Amazônica. 

Diante dessa luta, extremamente desigual, vemos os povos da floresta resistindo em meio a massacres, invasões, estupros, perda de terras e ameaças de grileiros e fazendeiros que veem na floresta amazônica não o coração do mundo que bombeia milhões de litros para a atmosfera, mas um terreno amplamente favorável a especulação imobiliária e repleto de riquezas minerais em seu subsolo, apoiados pelo governo que, seja pela desinformação, entreguismo e/ou influência ($$) da bancada ruralista, instaura na floresta um AI-5 velado e, aos poucos, vai preparando o terreno para se apropriar da Amazônia da maneira mais destrutiva possível. 

A nós, cabe a resistência, a união de forças entre ambientalistas, povos da floresta e corpo acadêmico (sério), para manter a floresta "em pé", fazendo-os entender que a Amazônia pode não ser o pulmão do mundo, mas é o coração dele. Um coração que bombeia para atmosfera milhões de litros de água, de extrema importância para o clima e para a biodiversidade e um fator que nos remete a certa importância no cenário mundial, que precisa ser preservado para que as gerações futuras não testemunhem um mundo cada vez mais quente e caótico, construído pela ganância.  

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