terça-feira, 22 de março de 2016

Enterrando os vestígios da Guerra-Fria?

Hoje, o presidente dos EUA, Barack Obama, discursou em um teatro em Cuba no que pode ser considerado um avanço gigantesco na reaproximação das relações diplomáticas entre os EUA e Cuba. 

Em seu discurso, Obama pediu ao congresso norte-americano o fim do embargo econômico a Cuba e também deu aquele recado a Raúl Castro: "o governo de Cuba deve ser para os cubanos. Não tenham medo de ouvir a população cubana." 

O discurso de Obama, em Cuba, pode ser considerado uma retomada das relações prometidas  pelos dois países desde 2014, sendo também mais um passo em direção ao fim do embargo econômico que já sufoca a ilha há décadas. 

A questão aqui é como o congresso norte-americano vai reagir ao pedido de Obama. O presidente tem forte resistência no congresso, especialmente depois do "Obama Care". Não fosse o bastante, alguns congressistas simplesmente não tem simpatia por Cuba em virtude daquele pensamento bem arcaico da "ilha de comunistas". Se bem que em época de eleição e com grande parte da população a favor, pode ser que alguns congressistas se dobrem ao pedido de Obama em troca de alguns votos. 

O fim do embargo seria extremamente vantajoso para ambos. A ilha por ser livrar de um estrangulamento financeiro que dura mais de 40 anos, já os EUA e suas empresas terão mais um "novo mercado" para explorar (explorar em todos os sentidos). 

Apesar disso, espera-se que o embargo, tão caduco no tempo quanto sem sentido, chegue ao seu fim e que cubanos e norte-americanos possam retomar suas relações diplomáticas e que esse vestígio de Guerra-Fria seja finalmente enterrado. 

22 de março - Dia Mundial da Água.

Hoje é comemorado o dia mundial da água. Este recurso que apesar de não ser renovável, muitos o tratam como se fosse. 

Avaliado como possível motivo de futuras guerras, num futuro não tão distante assim, este precioso bem vem sendo desperdiçado nas mais variadas formas: de tubulações estouradas a àqueles que lavam suas calçadas quando deveriam varrer; parece que não se tem uma gota de consciência sobre o referido bem. 

O que nos parece soar mais contraditório nisso tudo é que o nosso país possui um conjunto de leis dos mais elogiados do mundo em relação aos nossos corpos hídricos e sua defesa e conservação. Alguns chegam a dizer que é o melhor conjunto de leis do mundo; pena que a execução dessas leis passam ao largo do que elas são no papel. 

Um exemplo disso que não pode deixar de ser citado é a tragédia de Mariana-MG causada pelo rompimento de barragens da mineradora Samarco, pertencente a Vale. Até agora, não se sabe se por esquecimento devido ao cenário político brasileiro ou até mesmo pela certeza da impunidade dos envolvidos, não vemos nada concretamente feito para punir os responsáveis e nenhum tipo de cobrança concreta por parte da justiça em relação a mineradora para minimizar (porque consertar não vão conseguir nunca) os danos causados pelo maior acidente ambiental da história do nosso país. 

Para fechar o primeiro texto da noite de hoje, deixo abaixo o clipe que o grupo Fala Mansa junto ao rapper Gabriel, O Pensador fizeram como forma de protesto a tragédia de Mariana-MG. Infelizmente, passamos por mais um dia mundial da água em que temos mais a lamentar do que a comemorar... Vamos torcer para que os próximos sejam bem diferentes. 






terça-feira, 15 de março de 2016

Quando a questão migratória na UE passa a virar moeda de troca entre o bloco e a Turquia

Na semana passada, fiz um post sobre o acordo entre a UE, a Turquia e a questão migratória dentro do bloco, aliás o maior fluxo migratório desde a segunda guerra mundial.

Ao que tudo indica, nos próximos dias, o acordo definitivo entre as partes será divulgado e, segundo o ministro europeu, "os dias de migração ilegal para a Europa estão contados". 

Otimismos fingidos à parte, o acordo foi uma bela moeda de troca dos turcos junto ao bloco que agora se veem mais pertos do que nunca de realizar um sonho antigo: a sua entrada na UE. 

Dentre os pontos do acordo que será divulgado nos próximos dois dias destacam-se:

  • A extradição para a Turquia, dos imigrantes ilegais que entrarem na Europa vindos da Grécia e da própria Turquia; com custos bancados pela UE.
  • Acelerar a isenção de vistos para os turcos entrarem em todos os países membros do bloco até o meio deste ano.
  • "um pra lá, um pra cá": cada sírio acolhido na Turquia será "trocado" por um sírio acolhido por um estado-membro da UE.
  • Acelerar a entrada na Turquia na UE.
  • Aumentar a cooperação da UE com a Turquia para acolhimento dos refugiados.

Como podemos ver nos pontos estabelecidos, ficou claro que essa questão migratória virou moeda de troca entre o bloco e o país candidato a membro. Se por um lado a Turquia conseguiu acelerar seu processo de entrada no bloco, transformando um histórico não, num possível sim em questão de tempo; a UE, por sua vez, consegue amenizar a questão migratória não só aumentando o controle sobre uma das principais portas de entrada para o bloco, como também deixando o problema "fora da casinha", já que a Turquia ainda não é membro.


Claro que nem tudo é visto com bons olhos, pois esse acordo pode gerar uma extradição em massa da UE para a Turquia, o que, se configurado, é proibido por lei através de acordos assinados pelos próprio bloco. 

Soma-se a isso uma certa resistência interna em acolhimento àqueles que pediram asilo político dentro do bloco, especialmente por parte da Inglaterra (novidade...) que já se pronunciou contra essa política. 

Em princípio, isso é o que se sabe sobre o acordo que deve ser divulgado em sua totalidade nos próximos dois dias. Mesmo assim, fica nítida a impressão de que ambos usaram os refugiados como moeda de troca para atender seus interesses. Temos então mais um exemplo de como a humanidade pode ser tão perversa...


Com informações do RFI.  

terça-feira, 8 de março de 2016

Mais um capítulo na saga migratória para a UE

A questão do fluxo migratório para a UE, o maior fluxo desde a segunda guerra mundial, ganhou mais um capítulo polêmico esta semana.

Enquanto o bloco tenta resolver suas diferenças entre aqueles que querem e não querem estabelecer cotas de imigrantes para cada país, o presidente do conselho europeu viaja pelo bloco e por países fora dele para tentar achar formas de conter o alto fluxo de imigrantes que, visivelmente, já anda incomodando alguns países como a Áustria, Macedônia, Croácia...

A questão deve mesmo estar sendo uma dor de cabeça para o presidente do conselho europeu, pois só isso justificaria a declaração mais do que direta dele pedindo aos imigrantes que simplesmente "não venham à Europa". Apesar da declaração ter um tom forte, esse ponto em particular dentro do bloco suscita um panorama que não justifica a declaração, mas vamos a ele:

Dentro do bloco não há consenso sobre o que fazer com os imigrantes. Em alguns países, como nos balcãs, há uma resistência. Não à toa eles já impuseram uma cota para aceitar imigrantes, o que tornou a Grécia um gargalo para os imigrantes que chegam cada vez ao país. 

Por outro lado, a Turquia já entrou na roda, mesmo fora do bloco, mas pedindo para entrar há anos no clubinho. O país que teve seu convite de entrada à UE recusado por, entre outros motivos, ser porta de entrada do bloco com o Oriente Médio, teve que entrar na roda de negociações do bloco exatamente por conta de sua posição geográfica. As negociações são para tentar amenizar a avalanche de imigrantes que chegam no bloco. Pelo menos para dar tempo de redistribuí-los entre os países da UE.

Há também a questão da preocupação com fortalecimento e proliferação de grupos de extrema direita dentro da União Europeia. Com a entrada maciça de imigrantes, muitos podem usar isso como pretexto para inflamar discursos de xenofobia sem um pingo de sentido e tentar se elegerem através deste fogo de palha. 

Fato é que o presidente do conselho está com uma bomba e tanto nas mãos. São muitos pontos divergentes a serem conciliados para tentar se chegar perto de um denominador que mesmo não sendo comum, seja aceitável pelos países membros do bloco. 


Com informações do O Globo.


terça-feira, 1 de março de 2016

As implicações do acordo entre a Grã-bretanha e a União Europeia

Há pouco tempo UE e a Grã-Bretanha firmaram um novo acordo que concede certas vantagens ao último dentro do bloco europeu. Embora, muitos países membros do bloco torceram o nariz para o novo acordo feito entre as partes, o mesmo foi anunciado timidamente por ambos. 

Em tese o acordo se limita basicamente a questões envolvendo o enorme contingente de imigrantes, principalmente vindos da Síria, que estão chegando ao continente europeu e que tem como objetivo maior se instalar em países como Alemanha, França, Inglaterra... Além de questões trabalhistas envolvendo, mais uma vez, os imigrantes que escolherem viver na terra da rainha. O país defende limitações aos benefícios cedidos aos imigrantes, além de um controle mais rígido aos que desejam ficar em território inglês, ou seja, uma redução no número de imigrantes acolhidos pelo país. (aquela pitada de xenofobia tão conhecida do atual primeiro-ministro inglês).

Para alguns a assinatura deste acordo abre uma brecha para que se crie uma UE diferente para cada país que possa, por ventura, resolver mudar os acordos a maneira que convém ao seu país, terminando por dissolver assim a unidade do bloco. 

Em contrapartida, se o acordo não agradou muito aos membros do bloco, dispensar um membro tão importante quanto os ingleses parece ser uma perda considerável demais para acontecer. A terra da rainha tem um enorme peso não só econômico, como também político e militar não só junto ao bloco, mas em termos mundiais também. Embora não seja vital para o andamento do bloco, que sofreria um baque enorme, mas continuaria a andar, a perda deste membro pode abalar seriamente a UE. 

Já para o lado inglês as perdas também possuem grandes proporções. Além de perder vantagens comerciais adquiridas por ser membro do bloco, o mercado consumidor da UE é de quase meio bilhão de pessoas, ou seja, grande demais para ser simplesmente desprezado. Soma-se a isso a perda de parcerias traçadas dentro do bloco em pesquisas, desenvolvimento tecnológico e científico dentre outras áreas. 

Ao que parece, em mais um xadrez político dentro do bloco, ambos os lados comemoram um acordo que deixou um sabor de derrota na boca de todos; e uma possível saída do país-membro do grupo ainda não está descartada. 

O jeito é esperar cenas dos próximos capítulos. 

Com informações do G1.com.br