segunda-feira, 21 de setembro de 2009

É inaceitavel que isto ainda aconteça nos dias de hoje

A comissão das Nações Unidas montada para investigar as operações bélicas israelenses durante os 22 dias de ataques a Gaza e no seu entorno concluiu os seus trabalhos, que serão analisados até o fim de setembro pela ONU. O relatório tem 575 páginas e vem instruído com 188 testemunhos, 1,2 mil fotografias e 10 mil páginas de documentos recolhidos em cinco meses de investigações.

Segundo a comissão, o exército de Israel, nos ataques ocorridos durante a chamada Operação Chumbo Derretido, entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, excederam, à luz do direito internacional, os limites da legítima defesa e consumaram crimes de guerra. Em alguns casos, a comissão não descarta a caracterização de crimes contra a humanidade.

Para a comissão, as milícias do Hamas também consumaram crimes de guerra e prováveis ilícitos contra a humanidade, ao arremessarem, durante longo período, foguetes Qassam (levam o nome de um falecido combatente palestino), cujas explosões resultaram na morte de mais de uma dezena de civis israelense
O relatório fala não só da desproporcional reação de Israel, mas de ataques sem observância das regras de segurança estabelecidas no direito internacional e atesta o emprego, nas bombas, do proibido, incendiário e desumano fósforo branco. No particular, foram atingidos, além de instalação da ONU destinada a abrigar refugiados palestinos, os repletos hospitais palestinos de Al-Quds e Al-Wafa.

Os trabalhos da comissão foram conduzidos pelo professor sul-africano Richard -Goldstone, um hebreu que já atuara como promotor das cortes das Nações Unidas para os genocídios, crimes humanitários e de guerra na ex-Iugoslávia e em Ruanda. Goldstone destacou-se como juiz na Corte Constitucional da África do Sul pós-apartheid, tendo, pela ONU, trabalhado em comissões voltadas a investigar massacres no Kosovo, nazistas na Argentina e fraudes nos programas da ONU e no Iraque, durante o embargo, e consistente na troca de petróleo por alimentos.

O balanço do número de mortos no conflito fala por si, no que toca à desproporcional reação: mais de 1.300 palestinos ante 13 israelenses. Dentre os palestinos, mais de 70% eram civis. Goldstone observou: “Sou um hebreu e mantenho ligações com Israel. Mas sou um hebreu profundamente indignado com o ocorrido no conflito”.

Extraído de cartacapital.com.br


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